sexta-feira, 26 de julho de 2024

"CNEN pede socorro", segundo nota divulgada por associações representativas de funcionários.

 


“As Associações que representam os trabalhadores da Comissão Nacional de Energia Nuclear/CNEN vêm a público externar sua preocupação com a situação crítica e precária que seus Institutos estão enfrentando, em especial pela falta da recomposição de seus quadros de servidores. Esta situação foi agravada por 10 anos sem concurso – período em que mais da metade de sua força de trabalho atingiu as condições para aposentadoria.

A CNEN é uma Autarquia Federal vinculada ao MCTI, com atuação em 18 localidades em todo o Brasil, onde trabalham 1.408 servidores efetivos. São esses servidores que cumprem as tarefas da Comissão, que é a responsável por estabelecer normas e regulamentos de radioproteção, e pela regulação, licenciamento e fiscalização da produção e uso da energia nuclear. 

O último concurso para a CNEN foi realizado em 2014. Ao longo destes 10 anos, a Instituição vem reiteradamente solicitando, ano após ano, autorização do governo federal para a realização de novos concursos, PORÉM SEM ÊXITO ATÉ A PRESENTE DATA. 

Isso fragiliza, cada vez mais, a Comissão no cumprimento de suas atribuições, o que, na prática, significa uma ameaça para o país. Como exemplo, os casos amplamente noticiados do desaparecimento de duas fontes radioativas de uma mineradora em Minas Gerais em julho/2023, e o roubo de um veículo com carga radioativa em São Paulo julho/2024 – já recuperados. Foi graças a rápida atuação dos servidores da CNEN que garantiu o resgate do material radioativo extraviado e a implementação das medidas necessárias para proteger a população e o meio ambiente. 

Outro exemplo, que significa um risco para toda população, A CNEN através de seus institutos localizados em São Paulo, Minas Gerais e Recife, opera a única Rádio Farmácia Pública do Brasil que atende o sistema SUS e a rede privada, essencial à realização de mais de 2 milhões de exames anuais, em todo país. 

A realização de concurso público para a CNEN é uma urgência nacional. Como continuar a prover o necessário desenvolvimento e uso seguro de nossa área nuclear sem recursos humanos? Os setores burocráticos da área de planejamento e gestão do Estado Brasileiro precisam entender que recursos humanos da CNEN não são gastos, mas investimentos necessários que não podem mais serem contingenciados. A soberania nacional está em risco, pois a escassez de recursos humanos compromete a execução das funções regulatórias, emergenciais e de pesquisa, desenvolvimento e inovação realizadas pela CNEN e por seus institutos de pesquisa. 23/07/2024 “. Assinam a nota: Associação dos Servidores da CNEN de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Poços de Caldas (MG), e IPEN/SP. 

Leia no Blog as matérias sobre o furto de material radioativo para a medicina nuclear e de veículo corrido em SP, no dia 29/6 e divulgado em 4/7.  O desaparecimento de fontes em Minas Gerais também foi amplamente divulgado pelo BLOG no ano passado. 

FOTO: CNEN – LOCAL ONDE PARTE DO MATERIAL RADIOATIVO TERIA SIDO ENCONTRADO -  

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quinta-feira, 25 de julho de 2024

Mais de 11.500 equipamentos de Angra 3 estocados há décadas. Eletronuclear: "estão conservados"

 


Pelo menos 11.500 equipamentos destinados a Angra 3 estão estocados há décadas para serem montados e instalados na usina nuclear, em construção desde 1984. Enquanto uma parte dos equipamentos fica na Nuclep, em Itaguaí, a maioria está mantida em galpões no sítio da Central Nuclear, em Angra dos Reis. Todos os itens são inspecionados e estão conservados, garante o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, que esteve ontem na estatal, percorreu a linha de produção, o local onde encontram-se o vaso do reator e quatro geradores de vapor. 

Não foram divulgadas informações sobre o valor dos equipamentos, quanto custa a manutenção e se tudo é feito sem a participação de técnicos estrangeiros. Angra 3 tem 65% das obras civis concluídas. A usina já consumiu R$ 8 bilhões, depende de R$ 20 bilhões para ser inaugurada até 2030 e deve pelo menos R$ 6.6 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF). 

“É importante que o Raul Lycurgo veja de perto o trabalho desenvolvido pela Nuclep e espero que se efetive um programa nuclear com outras usinas no futuro, mas precisamos nesse momento tratar de Angra 3. Ela realmente tem que sair do papel”, comentou o presidente da Nuclep, Carlos Henrique Silva Seixas, que no ano passado foi alvo de funcionários contrários a sua permanência no posto, desde a gestão anterior. No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retirou a Nuclep do programa nacional de privatização. 



ACORDO BRASIL -ALEMANHA - 

A Nuclep nasceu a partir do acordo nuclear Brasil-Alemanha, firmado pelo presidente Ernesto Geisel, em 1975, que originou a holding Nuclebras, e diversas subsidiárias, como a empresa em Itaguaí. Previa-se, na época, a construção de oito usinas atômicas e o enriquecimento de urânio pelo método “Jet nozle”, que sequer a Alemanha dominava. Com o passar do tempo, mais precisamente no final da década de 80, a Marinha conseguiu enriquecer urânio por ultracentrifugação, utilizando verbas secretas, como a “Delta 3”, no Centro Experimental de Aramar, São Paulo. 

A Nuclep já enfrentou muitos problemas porque não havia demandas para as usinas: apenas a norte-americana Angra 1 e a alemã Angra 2 foram inauguradas. Já Angra 3, a segunda unidade pelo acordo, começou a ser erguida em 1984 e permanece em construção. A Nuclep passou a atender às demandas de submarinos convencionais e do protótipo do submarino nuclear. Além disso, expandiu as suas atividades para outras áreas. Produz equipamentos pesados e estratégicos à diversos setores da indústria, atuando nas áreas nuclear, offshore, químico/petroquímico, naval, siderúrgica, mineração, hidrelétrica, termoelétrica, petróleo e gás. 

A empresa ocupa uma área de 1.5 milhão de metros quadrados, com 85 mil metros quadrados de área fabril, localizada no município de Itaguaí, com acesso para três grandes capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.  

(FOTOS: EQUIPAMENTOS E NUCLEP) – 

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sexta-feira, 19 de julho de 2024

ANGRA 3: prorrogado o resultado de consulta pública para retomada das obras iniciadas em 1984

 


As empresas que participam da consulta pública ao contrato de licitação e minutas do edital visando à conclusão das obras da usina Angra 3, terão que aguardar mais 45 dias. Hoje, a Eletronuclear divulgou que prorrogou o prazo da divulgação dos resultados até 19 de agosto, “em função da quantidade e natureza das contribuições recebidas durante a consulta pública”. Especialistas lembram que há exatos 30 dias a Eletronuclear rescindiu contrato com o Consórcio Ferreira Guedes - Matricial - Adtranz, por descumprir cláusulas importantes do negócio. Estariam em desacordo valores de R$ 262 milhões, além de multas ao consorcio, entre outros problemas. 

Sobre a prorrogação anunciada hoje (19/07/2024) a Eletronuclear informou que não impacta o planejamento da empresa. Até porque Angra 3 começou a ser construída em 1984. Portanto, aguardar mais um mês, comentaram especialistas, não causará grandes estragos. “Com apoio técnico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a consulta pública buscou obter sugestões de melhorias nos documentos relacionados aos serviços de Engenharia, Gestão de Compras e Construção (EPC, em inglês), incluindo a Matriz de Risco e outros complementos contratuais”, informou a companhia. Atualmente, a Eletronuclear aguarda a finalização de estudos independentes desenvolvidos pelo BNDES.  Segundo a companhia, os estudos serão analisados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo Ministério de Minas e Energia e pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que ficarão responsáveis por definir a outorga e aprovar a tarifa de comercialização da energia gerada por Angra 3. 

RESCISÃO DE CONTRATO - 

Há um mês (17/06/2024) a Eletronuclear divulgou mais uma notícia nada animadora sobre Angra 3: a companhia havia rescindido o contrato DAN.A-4500052810 com o Consórcio Ferreira Guedes - Matricial - Adtranz, firmado no dia 9 de fevereiro de 2022 com objetivo de reiniciar a construção da central atômica e realizar as obras civis no âmbito do Plano de Aceleração da Linha Crítica da unidade. O consórcio, segundo a companhia, descumpriu cláusulas importantes do negócio. Estariam em desacordo valores de R$ 262 milhões, além de multas ao consorcio, entre outros problemas.

“O distrato unilateral ocorre conforme a cláusula 23 do contrato e artigo 95 do Regulamento de Licitações e Contratos da Eletronuclear, com a devida aplicação de sanções, conforme art. 96 do Regulamento, art. 82 da Lei 13.303/2016 e cláusula 24 do vínculo em questão. O Consórcio descumpriu, reiteradamente, as cláusulas 5 e 6, que abordam a ordem de execução e o cronograma, além da 22ª”, informou a Eletronuclear em nota. E mais: “Não cumprimento ou o cumprimento irregular das cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos intermediários e finais; cometimento reiterado de faltas na execução do contrato, devidamente anotadas em registro próprio conforme subitem 10.2.4 e lentidão do cumprimento do contrato, levando a Eletronuclear a comprovar a impossibilidade da sua conclusão no prazo estipulado." 

Conforme a companhia informou na ocasião, além da rescisão, será aplicada uma multa correspondente a 10% do valor do contrato, conforme item 33.2 da cláusula 33 - o valor deste contrato é igual ao seu custo final, considerando eventuais reajustes - e suspensão de seis meses de licitar, com inclusão no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS). A decisão, portanto, afirma a companhia, é consequência de um extenso processo administrativo, que provou a inexecução do projeto contratado e a incapacidade do Consórcio em atingir os níveis de qualidade e exigência para uma obra nuclear. 

 “O escopo originalmente alocado ao Consórcio foi incluído como opcionalidade na minuta do contrato do EPC principal, a ser selecionado em futura licitação e que passou recentemente por uma Consulta Pública, encerrada no dia 17 de maio”. 

A Eletronuclear informou que aguardava a finalização de estudos independentes que estão sendo conduzidos pelo BNDES, para avaliar as condições técnica, econômica e jurídica do projeto. “Após esta etapa, a empresa espera que as obras civis deslanchem”, garantiu a companhia. Tais estudos serão analisados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo Ministério de Minas e Energia e pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que ficarão responsáveis por definir a outorga e aprovar a tarifa de comercialização da energia gerada por Angra 3. As mesmas informações divulgadas hoje, ao mesmo tempo que informa a prorrogação do resultado. 

ANGRA 3 -  

Angra 3 faz parte do pacote do acordo Nuclear Brasil-Alemanha, firmado em 1975, que revia a construção de oito usinas atômicas. Até o momento, apenas Angra 2 funciona. Angra 1, em operação, foi comprada antes da Westinghouse norte-americana. Angra 3 já consumiu R$ 8 bilhões e depende de mais R$ 20 bilhões para entrar em operação, até 2030. A dívida com o BNDES e a Caixa Econômica Federal (CEF), por conta de juros de envolvendo a compra de equipamentos, por exemplo, chega a R$ 6.6 bilhões.  

(FONTE – FOTO: ELETRONUCLEAR - ANGRA 3) - 

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quinta-feira, 18 de julho de 2024

Concurso abrirá 220 vagas na Agência Nacional de Mineração, sem contemplar todas as necessidades. Exigências em vistorias nas barragens de Caldas continuam em análise

 



O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos acaba de autorizar concurso para a contratação de 220 servidores para a Agência Nacional de Mineração (ANM). Serão 180 vagas para especialistas em recursos minerais; e 40, analistas administrativos, ambos com nível superior. Mas o concurso anunciado esta semana no Diário Oficial da União não contempla todas as necessidades da ANM. 

“A Superintendência de Segurança de Barragens de Mineração (SBM) da Agência Nacional de Mineração (ANM), tem em seu quadro 71 Especialistas em Recursos Minerais distribuídos em seis unidades administrativas, entre elas o eixo central que fiscaliza e acompanha as barragens de mineração no município de Caldas/MG. O concurso anunciado não contempla todas as necessidades da ANM”, informou a Agência. 

As barragens da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) INB, que no ano passado foram alvo de diversos questionamentos e denúncias de parlamentares e ambientalistas passaram por três ações de fiscalização nas seguintes datas: 20/06/2023 e 21/06/2023; 26/09/2023 e 27/09/2023; 09/04/2024 e 10/04/2024.”As ações tiveram os objetivos gerais de verificar o estado de conservação e o andamento das adequações legais das estruturas em relação à legislação”, informou a ANM. 

DOZE EXIGÊNCIAS ESTÃO EM ANÁLISE -

As fiscalizações notificaram a INB a uma série de medidas de proteção. As notificações foram atendidas? Desde o início do processo de fiscalização das barragens da INB, foram emitidas um total de 36 exigências, das quais 24 encontram-se encerradas, quatro encontram-se em prazo de cumprimento e oito, que tiveram prazos encerrados recentemente, encontram-se em análise pela ANM. Ou seja, 12 exigências ainda estão sendo analisadas. 

Mas a população pode ficar tranquila. Segundo a ANM não existe comunidade na ZAS (Zona de Autossalvamento) das estruturas da INB. Segundo a literatura, estas regiões estão imediatamente a jusante da barragem, em que se considera não haver tempo suficiente para uma adequada intervenção dos serviços e agentes de proteção civil em caso de acidente, como rompimento de barragens. “Além disso, na data da última vistoria, as estruturas encontravam-se, em geral, em bom estado de conservação e com obras e estudos em andamento objetivando o atendimento da legislação de segurança de barragens”, garantiu. 

Embora estejam fora das atribuições da ANM, foi constatado que as águas das bacias próximas à Unidade de Descomissionamento de Caldas, da INB, foram contaminadas por urânio ao longo do tempo, com a extração do mineral a partir da mina de cava, desativada. O BLOG vem tentando contato com a INB sobre este e outros assuntos, sem retorno, desde o ano passado. 

LEIA NO BLOG DIVERSAS MATÉRIAS SOBRE AS VISTORIAS DA ANN EM CALDAS. 

(FOTO: BARRAGENS – INB – Caldas) - COLABORE COM O BLOG. SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX: 21 99601-5849. CONTATO: malheiros.tania@gmail.com     

terça-feira, 16 de julho de 2024

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação informa os valores destinados ao Reator para Medicina Nuclear

 


O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) acaba de informar os valores já liberados e previstos para o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), destinado à Medicina Nuclear. O total do projeto RMB até 2030 é de R$ 2,7 bilhões. Os recursos no valor de R$ 306 milhões para este ano foram autorizados e serão liberados até o final do ano.

Seguem os valores investidos do Novo PAC (via Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / FNDCT) no projeto do RMB, informou o MCTI: 

2023: R$ 158 milhões (já realizados); 2024: R$ 306 milhões (já autorizado, que será liberado até o final do ano); 2025: R$ 300 milhões (previstos); 2026: R$ 300 milhões (previstos); e 2027: R$ 220 milhões (previstos). De 2023 até 2025. O valor é de R$ 764 milhões. O total do projeto RMB até 2030: 2,7 bilhões. Os resultados do estágio atual são: fase de reformulação de projetos em conclusão, início da fase de compras e importação de insumos e equipamentos.

Leia no BLOG: Em 16/07/2024 – Projeto do Reator para a Medicina Nuclear ainda na dependência de recursos.  

(FONTE: MCTI) – FOTO: maquete do RMB – CNEN- 

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Projeto do Reator para Medicina Nuclear ainda na dependência da liberação de recursos

 


O projeto de construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), destinado à produção de radioisótopos para a medicina nuclear, foi tema de debate durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém do Pará, encerrada esta semana. Participaram o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Wilson Calvo; a especialista em medicina nuclear e membro da atual diretoria da Associação Nacional de Empresas de Medicina Nuclear (ANAEMN), Daniela Oda; e o consultor técnico do RMB no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), José Augusto Perrotta.

 


“A ideia é que nos próximos meses seja construída uma ponte e abertas e pavimentadas as vias de acesso a área do futuro reator e demais prédios auxiliares a serem construídos, mas isso depende da liberação de recursos para a obra que deve ficar pronta em 2030”, revelou Perrotta, um dos pioneiros no projeto estratégico para a CNEN e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). 

O RMB continua orçado em US$ 500 milhões e está em fase de retomada após quatro anos parado. O RMB, como tem sido divulgado, será construído num terreno de 2 milhões de metros quadrados próximo ao município de Iperó, no interior de São Paulo; está com os licenciamentos exigidos para sua construção concluídos. O projeto do RMB recebeu uma injeção de ânimo por ter sido incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como prioridade no financiamento através do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). 

“Estamos desenvolvendo um diálogo tanto no MCTI quanto na Casa Civil, quem coordena o PAC, para juntos verificarmos como fazer a implantação tendo em vista os números grandiosos do projeto”, comentou Perrotta. A especialista em medicina nuclear, Daniela Oda, apresentou um panorama sobre a aplicação da medicina nuclear teranóstica (para fins de diagnóstico e tratamento) e os desafios do mercado que envolve a medicina nuclear brasileira em clínicas particulares. Ela chamou a atenção para a necessidade da modernização e ampliação da produção de radiofármacos e o papel do IPEN, da CNEN e do RMB no futuro deste processo. Também apresentou números que indicam uma diminuição de tratamentos, principalmente de câncer no Brasil, enquanto a doença cresce em muitos países.

 Para o diretor de pesquisa e desenvolvimento da CNEN, Wilson Calvo, que apresentou as questões legais e normativas que envolvem o setor nuclear brasileiro, o RMB é essencial para propiciar custos mais baixos aos insumos, e consequentemente, aos tratamentos da população, conseguindo assim atingir um número maior pessoas que não podem esperar muito tempo pelos procedimentos médicos envolvidos. “Vimos aqui que os radiofármacos são um insumo extremamente estratégico e nós precisamos deles para que um número maior de pacientes seja atendido e ainda para que possamos evitar os riscos de desabastecimentos, como ocorreu no passado devido a uma série de fatores”, ressaltou. 

(FONTE: IPEN-CNEN) 

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76ª Reunião Anual da SBPC registra recorde de público, na UFPA, em Belém do Pará

 


A 76ª Reunião Anual da SBPC registrou o maior público estimado pela Comissão Local Organizadora em torno de 50 a 60 mil pessoas circulando pelas centenas de atividades realizadas de 8 a 13 de julho no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, o evento colecionou recordes. E o mais importante: conseguiu, de fato, colocar a região amazônica no centro das atenções de todo o País (veja aqui os números da RA). 

Na sessão de encerramento, na última sexta-feira, Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, celebrou os resultados da semana de superlativos e a efervescência no campus, com pessoas de todas as idades participando com entusiasmo nas tendas, nos auditórios, nos debates, por todo o campus, todos os dias. “Acho que poderia até dizer que foi a maior e melhor Reunião Anual que a SBPC já realizou”, avaliou. Janine Ribeiro destacou a participação das três ministras na Reunião Anual, Luciana Santos, Nísia Trindade e Marina Silva no evento. Todas falaram para auditórios lotados, ovacionadas pelas plateias e trazendo mensagens importantíssimas. 

O presidente da SBPC também ressaltou a abrangência de públicos e de temas discutidos ao longo da semana. Desde o espaço inédito “Infâncias Mairi”, uma tenda com atividades de iniciação científica exclusivamente voltadas a crianças de até cinco anos de idade, até as quase 160 discussões da programação científica. “Tivemos educação científica, políticas públicas, meio ambiente, novas tecnologias, saberes tradicionais, saúde, muitas trocas de conhecimentos. Porque todos nós somos leigos em alguma coisa e é importante que nos embebamos nas outras especialidades. Essa é uma das funções das Reuniões Anuais e da SBPC”, disse. 

O tema central desta 76ª Reunião Anual foi “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo contrato social com a natureza”, e sobre isso, Janine Ribeiro refletiu sobre a crise climática e a importância de uma reconexão do homem, da ciência com a natureza da qual somos parte. “Com a natureza, a gente aprende a viver melhor. Aqui na Amazônia, a gente reúne a riqueza real e potencial dessa natureza.

O objeto de estudo da ciência diz respeito a esse potencial. Essa é uma região que abriga mais de 300 campi de ensino superior e pesquisa. Uma expertise de altíssima qualidade, que precisamos para enfrentar os desastres climáticos que vemos se intensificar em todo o País”. O presidente da SBPC lembrou da situação trágica no Rio Grande do Sul e em outras regiões do País, e apontou a necessidade de proteger quem mais sofre os efeitos do descaso ambiental – as populações mais vulneráveis –, justamente quem menos impacto negativo provoca sobre a natureza. Outra função central da SBPC e seus encontros, conforme ressaltou Janine Ribeiro, é a de incentivar a participação pública na vida política do País, na elaboração de políticas públicas. “Este é um espaço de discussão plural, com base científica. É isso que defendemos”, concluiu. 

A Secretária-geral da SBPC e coordenadora da 76ª Reunião Anual, Cláudia Linhares Sales ressaltou a grandeza do evento. “Nós ainda vamos comparar os números de participantes e de atividades desta edição com as edições anteriores. O que podemos adiantar é que são números impressionantes, é uma Reunião Anual que já entrou para a história. Não há dúvidas de que, se essa não foi a maior edição, foi uma das maiores edições da Reunião Anual da SBPC entre as suas 76 edições!” Linhares Sales também agradeceu à equipe da SBPC pelo auxílio na condução do evento. “A nossa equipe sabe da minha gratidão pessoal à dedicação e ao empenho de cada um. É uma garra e um amor que eles têm, e esse amor é pela missão da SBPC, de difundir a Ciência, e isso é muito mais importante do que um amor ao nome da SBPC. É uma missão que apaixona, que mobiliza essa equipe e que mobiliza nós da Diretoria também.” A secretária-geral agradeceu nominalmente a equipe técnica da UFPA envolvida na 76ª Reunião Anual e as instituições patrocinadoras e apoiadoras do evento (ver no final da matéria).

 “Uma escuta que nunca tivemos antes” 

O reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, falou da importância do evento para a comunidade científica da Amazônia. “Significou muito para nós, para todas as pessoas da UFPA e das outras instituições da Amazônia. Significou, de modo especial, uma escuta que possivelmente nunca tivemos antes. Obrigado por nos ouvirem tão atentamente”, disse Tourinho. Além de ouvidos, o reitor destacou a importância de também abrir as mentes para conhecer a Amazônia e integrá-la na busca das soluções para os problemas da sociedade brasileira, desde as mais básicas, como acesso a água, energia e internet, até as mais avançadas, como saúde, educação, segurança e cidadania. 

Tourinho enfatizou ainda a diversidade do Brasil como sua maior força, capaz de gerar soluções inovadoras para problemas globais. “Vimos nesta reunião que não faltam criatividade e capacidade técnica no Brasil para vencer os desafios da sustentabilidade e da inclusão. A ciência brasileira é potente, é capaz de sustentar um projeto de nação com conquistas civilizatórias avançadas para todas e todos.” O reitor também expressou entusiasmo com os resultados do evento. “Saímos daqui animados com o que ouvimos, com o que vimos, com os encontros, conversas e, quiçá, até com a chuva, que deu o ar de sua graça – afinal, estamos em Belém do Pará.” 

Próxima parada: UFRPE .

Também foi anunciada na cerimônia a próxima sede do encontro: Recife. A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) foi escolhida para receber a 77ª da Reunião Anual da SBPC e a reitora Maria José de Sena foi pessoalmente à Belém apresentar a instituição. Sena falou do papel da universidade que corta o estado e transformou a região. “A UFRPE tirou da miséria vários jovens a partir do programa de interiorização, o que mostra a importância da Ciência”, afirmou. Sena agradeceu a confiança da SBPC em escolher a UFRPE para sediar a próxima Reunião Anual, e afirmou que corresponderá à grandeza desse evento. “Eu acho que a gente demonstra a força da Ciência em momentos como a Reunião Anual da SBPC. E a gente também repassa para a sociedade o quão importante é o investimento em Ciência. Sem investir na Ciência, não existe a menor possibilidade de termos um País desenvolvido, forte e combativo.”. A reitora encerrou sua fala convidando todos a se programarem para, em julho de 2025, participar e conhecer essa universidade de 112 anos, quatro campi, 1200 professores e mais de 15 mil estudantes. “Teremos muita ciência, muito frevo no pé e muita tapioca no prato!”. 

Apoiadores . 

A 76ª Reunião Anual foi uma realização da UFPA e da SBPC, que tem como sócios institucionais a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM). Os patrocinadores foram a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), a Finep, Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Essa edição teve como parceiros institucionais a Universidade do Estado do Pará (Uepa), o Instituto Federal do Pará (IFPA), a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Contou, também, com o apoio da Prefeitura de Belém, da Semec, da Secretaria de Estado de Cultura-SECULT-PA, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Educação, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Ministério de Desenvolvimento Social. 

(FONTE: Transcrição reportagem de Daniela Klebis e Rafael Revadam – Jornal da Ciência. FOTO: SBPC )  

segunda-feira, 8 de julho de 2024

A insegurança nuclear no Brasil: até quando?; por Célio Bermann

 


Enquanto o roubo de uma picape Saveiro que transportava cinco unidades de blindagens de geradores com as fontes radioativas está se transformando numa angustiante sucessão de notícias sobre os destinos do material radioativo, amplamente noticiado neste BLOG pela jornalista Tania Malheiros, várias questões devem ser levantadas. A começar pela quantidade de unidades que estavam sendo transportadas. A primeira informação era de que havia quatro unidades. Depois, a nova informação mais detalhada indicava que se tratavam de cinco unidades, sendo quatro de 99Mo/99mTc já utilizadas (exauridas), e uma quinta contendo uma dose de 27,9 mCi de atividade do gerador de 68Ge/68Ga, ainda a ser utilizada. 

A primeira questão é sobre as condições de transporte de materiais radioativos. Conforme o boletim de ocorrência do caso, lavrado no 49º Distrito Policial de São Mateus, o motorista da picape alegou que estacionou o veículo na noite de sábado (29) em frente a sua residência, na Rua Félix Bernadelli, no Jardim Bandeirante, na Zona Leste de São Paulo. O roubo do veículo foi no domingo, dia 30 de junho. O motorista do veículo deu-se conta do roubo apenas ao acordar na manhã do domingo, e foi responsabilizado por não ter deixado o veículo com o material no IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), localizado no campus da USP no Butantã. 

EVENTUAL ACIDENTE DE TRÁFEGO - 

O motorista da Saveiro é funcionário da empresa de transporte MEDICAL ALD (Medical Armazenagem Logística e Distribuição Ltda), que utiliza um veículo como a Saveiro, que não possuía nenhuma forma de segurança para evitar roubo, nem tampouco num eventual acidente de tráfego. Apesar dessas fragilidades, e do fato do transporte ser feito apenas por um funcionário, a Medical ALD alega ser regulamentada pela CNEN e ANVISA. De fato, a CNEN afirma que o cadastro da empresa transportadora está regular junto ao órgão regulador, estando autorizada a realizar operações de transporte de materiais radioativos. 

Quais são os critérios que a CNEN utiliza para regulamentar as atividades de transporte, e que permitem tais fragilidades? Com certeza, não devem ser os critérios definidos pelo Código de Conduta em Segurança de Fontes Radioativas da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), que preconiza a utilização de veículos dotados de proteção para suportar acidentes e define a necessidade de mais de um funcionário no transporte para evitar exaustão de um só indivíduo na condução do veículo. E com que base a CNEN responsabiliza o motorista por “imprudência”, quando a empresa de transporte parece não oferecer treinamento para o transporte apesar de contar com o aval da CNEN, e prefere ter apenas um motorista para o transporte, o que reduz seus custos na prestação dos serviços de transporte de material radioativo. 

A segunda questão é sobre a demora no tempo para que o fato fosse notificado pela CNEN. Embora o roubo tenha acontecido no domingo (30/6) a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), só divulgou uma pequena nota sobre o caso na última quinta-feira (4/7). Porque esta demora? Talvez com a finalidade de evitar um pânico na população que mora na região do roubo? Demora que foi acompanhada por uma deliberada omissão da grande imprensa que se eximiu de tornar público o ocorrido. 

MANIPULAÇÃO INADEQUADA - 

A CNEN, órgão vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, veio a público para informar que ““o material radioativo furtado com o veículo estava acondicionado em embalagens de chumbo blindadas para evitar irradiação no meio ambiente”, alertando que “a manipulação inadequada pode vir a causar danos à saúde”, orientando que, uma vez encontrando as fontes radioativas, havia a necessidade de manter distância segura e que fosse contatada imediatamente a Comissão e também a Polícia. 

Ao mesmo tempo a CNEN não divulgou as características do veículo e indicava que não havia riscos, pois “essa fonte, por sua baixa atividade, se enquadra na categoria 4, representando risco radiológico muito baixo para a população e o meio ambiente”. 

Vamos aos fatos! 

As unidades de blindagens de geradores com as fontes radioativas são latas ou baldes que contém o material radioativo acondicionado por embalagens de chumbo. Se estas embalagens forem abertas, quem tiver contato tem risco de desenvolvimento de câncer e, em alguns casos, esse contato pode ser letal. Isso porque as chamadas unidades de blindagem contendo 99Mo/99mTc já utilizadas (exauridas) são resultantes do processo de conversão do Molibdênio (99Mo) que, quando exposto em exames de diagnóstico de câncer utilizado como contraste, é transformado em uma segunda substância: o Tecnécio (99mTC). 

Nos exames, o material é manipulado antes e, só depois de ser transformado, é que o paciente tem contato. Por isso, não há risco à saúde. O problema é que a substância de origem, o Molibdênio (99Mo), é radioativa e perigosa para à saúde, e a reação no processo de exposição para a obtenção do Tecnécio (99mTC) pode não ter sido completa. Isso explica os cuidados necessários observados quando na última sexta-feira (5/7) policiais do 49º Distrito Policial de São Mateus, em São Paulo, encontraram a primeira unidade violada num desmanche de veículos roubados no Jardim Marilu, Zona Leste, onde também foi encontrada depenada a própria picape de transporte, a polícia isolou a área por treze horas enquanto uma equipe de Produtos Perigosos do Corpo de Bombeiros, técnicos da CNEN e técnicos do IPEN analisavam o material encontrado utilizando trajes de proteção à radiação (Tyvek) que poderia alcançar altos níveis pela eventual presença da substancia Molibdênio no material definido inicialmente como exaurido. 

Entretanto, uma questão grave é que a primeira unidade foi encontrada vazia, sem o 99Mo/99mTc, pois só o balde utilizado para transporte do material radioativo e sua tampa foram encontrados. Da mesma forma, na tarde do sábado (6/7) foi encontrado em uma loja de baterias na Avenida Itaquera, 2753 - Jardim Maringá, na zona leste da cidade, mais um desses baldes, também violado e sem a substância radioativa, junto a peças de chumbo utilizadas para a blindagem. Ou seja, este material radioativo denominado como exaurido pela CNEN ainda não foi encontrado! E ainda, contrariamente ao que supõe a polícia, em suas manifestações à imprensa, o furto pode não ter sido feito por ladrões que desconheciam a natureza do material que estavam furtando. Pelo contrário, trata-se de um material que ainda pode ser processado e convertido em radioisótopos para variadas finalidades, incluindo objetivos criminosos que podem pôr em risco a segurança e saúde da população. 

DEMONSTRAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA - 

Todavia, a questão é ainda mais grave é na unidade de blindagem que contém o 68Ge/68Ga. O Germânio (68Ge) é um elemento químico radioativo que se transforma em Gálio 68 (68Ga). Nessa transição, feita em laboratório, são dispersadas várias partículas radioativas. Ele é usado como contraste em exames de diagnóstico por imagem para câncer de próstata, metástase do câncer de próstata e linfomas. Segundo as informações da Medical LDA, este material estava sendo transportado para ser utilizado como fonte geradora de radiofármacos nas cidades de Curitiba/PR e Blumenau/SC para uso médico. Também aqui, a preocupação com o destino final do furto deve ser destacada por se tratar de material radioativo não utilizado. 

Na segunda-feira, (8/7), dias depois do furto ter ocorrido, a CNEN comunicou que localizou a coluna de Ge-68 (fonte) e que a coluna foi encontrada integra no mesmo ferro-velho que vendeu das peças de chumbo para uma loja de baterias em Itaquera. No comunicado a CNEN indicou que não houve rompimento do material, dispersão ou contaminação. Quais foram as provas, as comprovações desse achado? Fotos do ferro-velho com a coluna dentro de um balde envolvida com a blindagem de chumbo? Podemos sim, colocar em descrédito a CNEN, por toda sua demonstração de incompetência na divulgação dos fatos - demora, insuficiência nas informações (características do veículo furtado cuja aproximação ofereceria riscos), falta de clareza ao procurar ilustrar os fatos e suas consequências. 

Vale relembrar o sumiço de duas ampolas, cada uma com oito gramas de urânio enriquecido, nas instalações das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende (RJ), em setembro de 2023, fato que foi “esquecido” pois até hoje não se tem ideia do destino do urânio altamente radioativo, dada a omissão da CNEN. 

Apesar do que temos levantado neste artigo, acerca das incertezas e dúvidas que cercam o roubo em questão, o comunicado do “achado” da CNEN desta segunda-feira termina afirmando: “Com isso, a CNEN encerra essa ocorrência no âmbito de sua competência”. Como assim? Encerra a ocorrência? Considerar o caso encerrado, apesar de ainda haver material radioativo não encontrado – as quatro unidades contendo o Molibdênio (99Mo), que é radioativo e perigoso para à saúde – consideradas pela CNEN como “"sem apresentar riscos".

Por fim, a terceira questão diz respeito à ausência de uma agência de regulação das atividades nucleares no nosso país. A CNEN, criada em 1956, ainda exerce as funções de estabelecer normas e regulamentos em proteção radiológica e de ser responsável por regular, licenciar e fiscalizar a produção e a utilização da energia nuclear no Brasil.

RAPOSA TOMANDO CONTA DO GALINHEIRO - 

No entanto, a CNEN também atua na operação de instalações nucleares e radiativas. Ou seja, na estrutura atual a CNEN desempenha o papel da “raposa que toma conta do galinheiro”, para utilizar uma prosaica citação popular. Quanto tempo ainda o país tem de esperar para que a Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), criada em 15 de outubro de 2021 pela Lei nº 14.222, e regulamentada em 21 de julho de 2022 por intermédio de Decreto nº 11.142, seja efetivada para possibilitar que assuma concretamente sua atribuição de cuidar dos aspectos regulatórios relacionados ao uso seguro das radiações ionizantes? 

Para tanto, é preciso ainda a aprovação dos nomes de seus dirigentes pelo Senado Federal, por meio de sabatina na Comissão de Constituição e Justiça. Quanto tempo a população brasileira deverá ainda esperar para que o Senado Federal inclua na sua pauta um assunto cuja importância parece não sensibilizar os parlamentares? A existência de uma ANSN vai proporcionar que normas sejam criadas para que furtos de material radioativo não ocorram mais por transporte em condições inadequadas. 

É o que se espera! Fontes radioativas podem matar! 

CÉLIO BERMANN - Doutor em Engenharia Mecânica na área de Planejamento de Sistemas Energéticos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mestre em Engenharia de Produção na área de Planejamento Urbano e Regional pela COPPE/UFRJ e professor associado do Instituto de Energia e Ambiente da USP. 

FOTO: Acervo pessoal - 

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CNEN encontra material radioativo intacto. Quatro geradores com as fontes, exauridos, continuam desaparecidos, "sem apresentar riscos", diz a Comissão que encerra o caso.

 


A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) informou há pouco que localizou a coluna de Ge-68 (fonte) que havia sido furtada, com atividade. A coluna foi encontrada integra em um ferro-velho que teria sido responsável pela venda das peças de chumbo para uma loja de baterias em Itaquera. Segundo a Comissão, não houve rompimento do material, dispersão ou contaminação, pois estava intacto. “Com isso, a CNEN encerra essa ocorrência no âmbito de sua competência”, afirmou.


Mas CNEN ainda desconhece o destino dos quatro geradores com as respectivas colunas, espécie de fonte com o material radioativo, furtadas com um Saveiro no dia 30/6.  Esse material continha colunas com os isótopos Mo-99, estavam exauridas e retornariam ao fabricante. A Comissão considera o caso encerrado porque o material não oferece risco, informou. Os materiais foram furtados com um Saveiro no dia 30/6 . A divulgação ocorreu dias depois.  A CNEN fez um alerta à população para manter-se longe do carro, em divulgar a marca e a placa do veiculo, divulgados pelo BLOG.  



(FONTE e FOTOS: CNEN – COLABORE COM O BLOG – SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX; 21 996015849 -

sábado, 6 de julho de 2024

CORREÇÃO: Policia encontra blindagens desmanteladas de geradores em loja de peças em Itaquera (SP). Material radioativo pode estar nas imediações. Local está sendo isolado

 


A Polícia está isolando áreas próximas a uma loja de peças na Avenida Itaquera 2753 - Jardim Maringá,  São Paulo, onde foram encontradas há pouco blindagens desmanteladas de geradores, que continham material radioativo quando foram furtados com um Saveiro prata, em SP, no dia 30/6. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) informou que falta encontrar as fontes radioativas. A Comissão vai verificar se o gerador de Ga-68 está no local com o material desmantelado e se tem alguma contaminação. 

LEIA NO BLOG;

 Em 06/7/2024: Geradores com material radioativo continuam desaparecidos em SP. CNEN faz varreduras em locais suspeitos

Em 05/07/2024 - Motorista é responsabilizado por roubo de veículo com fontes radioativas. Grupo de combate ao tráfico de material nuclear do Mercosul foi comunicado; 

Em 4/7/2024) - Veiculo com fontes radioativas é roubado em São Paulo. A população deve manter-se distante do veículo, recomenda a CNEN. Polícia investiga; 

Em 04/07/2024 - Motorista de carro roubado com fontes radioativas sofreu violência em SP; materiais destinavam-se a pacientes no PR e SC.

(FOTOS: FONTES: CNEN)

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Geradores com material radioativo continuam desaparecidos em SP. CNEN faz varreduras em locais suspeitos

 


A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) foi acionada no final da tarde deste sábado (6/7), pois peças de chumbo foram encontradas em uma loja de baterias no interior de São Paulo, e podem pertencer aos geradores contendo material radioativo para uso médico furtados com o Saveiro prata placa RF 1873 no dia 30/06. Se o fato for confirmado pode ter ocorrido desmanche dos equipamentos. Na manhã de hoje (6/7), a CNEN realizou uma operação  para monitoramento de radiação no local de desmanche de carros roubados no Jardim Iguatemi, Zona Leste de São Paulo, onde o veículo foi encontrado depenado, além de um balde vazio de gerador de 99Mo/99Tec e a tampa que foram apreendidos e levados para o Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (IPEN-CNEN). As fotos divulgadas pela CNEN estão sendo analisadas e podem pertencer ao carro ou a uma blindagem. 

A área, que esteve isoladas das 20h de sexta-feira (/7) até às 9h40 deste sábado, foi liberada. As investigações do caso permanecem pelo 49º DP, que realiza diligências visando à identificação da autoria e recuperação total da carga. Caso seja encontrado o restante do material ou parte dele, a CNEN deverá ser acionada, para nova operação de monitoramento, informou a Comissão. Uma equipe de Produtos Perigosos do Corpo de Bombeiros participou da remoção de material pesado, nos trabalhos de varredura no local do desmanche. 


Segundo a CNEN, a embalagem continha blindagem de gerador de 99Mo/99mTc exaurido (já utilizado), que, no entanto, não foi encontrada. “Também não foram ainda localizadas outras três embalagens com o mesmo material (também já exauridos) e uma quarta contendo uma dose de 27,9 mCi de atividade do gerador de 68Ge/68Ga, que seria utilizada para um único exame de cintilografia, dose muito baixa e um volume muito pequeno”, garantiu a Comissão. A empresa de Transporte MEDICAL ALD, responsável pelo veículo e as fontes radioativas teria sido avisada pela polícia sobre o veículo encontrado. O motorista do Saveiro que transportava geradores com o material radioativo foi responsabilizado pela CNEN, porque teria mudado o trajeto do veículo.

Na quinta-feira (4/7), o BLOG divulgou o fato e informações como o modelo e a placa carro. Hoje, a Comissão informou que o caso foi comunicado ao Grupo de Trabalho de Combate ao Tráfico Ilícito de material nuclear radioativo do MERCOSUL  LEIA NO BLOG: 

Em 05/07/2024 - Motorista é responsabilizado por roubo de veículo com fontes radioativas. Grupo de combate ao tráfico de material nuclear do Mercosul foi comunicado;  

Em 4/7/2024 - Veiculo com fontes radioativas é roubado em São Paulo. A população deve manter-se distante do veículo, recomenda a CNEN. Polícia investiga

Em 04/07/2024 - Motorista de carro roubado com fontes radioativas sofreu violência em SP; materiais destinavam-se a pacientes no PR e SC.

(FOTOS: FONTES: CNEN)

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sexta-feira, 5 de julho de 2024

Polícia encontra uma fonte radioativa violada e veículo depenado em desmanche de carros roubados em SP. Outras quatro fontes continuam desaparecidas

 


Policiais do 49º Distrito Policial de São Mateus, em São Paulo, encontraram uma das cinco fontes radioativas violada e o Saveiro prata placa RF 1873 depenado num desmanche de veículos roubados no Jardim Marilu, Zona Leste de São Paulo. A informação foi confirmada há pouco pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Equipe da Comissão irá neste sábado (6/7) ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) onde estaria a fonte violada. As outras quatro não foram encontradas. Os riscos à saúde e ao meio ambiente que a fonte violada pode causar não foram informados.  

O motorista do Saveiro que transportava geradores com o material radioativo foi responsabilizado pela CNEN, porque teria mudado o trajeto do veículo, roubado no dia 30/06. O BLOIG divulgou ontem (4/7) o fato e informações como o modelo e a placa carro. Hoje, a Comissão informou que o caso foi comunicado ao Grupo de Trabalho de Combate ao Tráfico Ilícito de material nuclear radioativo do MERCOSUL”. 

A empresa de Transporte MEDICAL ALD, responsável pelo veículo e as fontes radioativas teria sido avisada pela polícia sobre o veículo encontrado com o material violado. 

LEIA NO BLOG: 

Em 05/07/2024 - Motorista é responsabilizado por roubo de veículo com fontes radioativas. Grupo de combate ao tráfico de material nuclear do Mercosul foi comunicado

Em 4/7/2024) - Veiculo com fontes radioativas é roubado em São Paulo. A população deve manter-se distante do veículo, recomenda a CNEN. Polícia investiga.

Em 04/07/2024 - Motorista de carro roubado com fontes radioativas sofreu violência em SP; materiais destinavam-se a pacientes no PR e SC

(FOTOS: CNEN) 

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Motorista é responsabilizado por roubo de veículo com fontes radioativas. Grupo de combate ao tráfico de material nuclear do Mercosul foi comunicado

 


O motorista do Saveiro prata, placa RF I873 que transportava geradores com material radioativo é o responsável pelo roubo do veículo e das fontes com radiação, ocorrido em São Paulo, na segunda-feira (30/6)). A culpa ao motorista foi creditada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), nesta sexta-feira (5/7), pois ele foi imprudente ao levar o carro para outro lugar e não para o pátio do IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares). O caso foi comunicado ao Grupo de Trabalho de Combate ao Tráfico Ilícito de material nuclear radioativo do MERCOSUL. 

“Por imprudência do motorista, que decidiu levar o automóvel para local diverso do pátio seguro onde o veículo deveria ficar abrigado durante à noite, o veículo foi furtado”, afirmou a CNEN. A Comissão não comentou sobre a sua parcela de responsabilidade no caso, muito menos por que não divulgou as características do veículo, divulgados pelo BLOG, ao fazer alerta para que a população contatasse a Comissão e a polícia ao avistar o carro, sem dizer qual. 


Segundo a CNEN, a empresa de Transporte MEDICAL ALD, possui supervisor de Proteção Radiológica em Transporte e Plano de Proteção Radiológica para Transporte aprovado pela Comissão, e trabalhava para a R2PHARMA - Radiofarmácia Centralizada LTDA. Ambas teriam informado o caso às 21h57 do dia 30/06/2024, e não no dia seguinte, como a Comissão divulgou. O veículo roubado continha quatro unidades de blindagens de geradores de 99Mo/99mTc exauridos. “O veículo transportava a fonte geradora de radiofármacos rumo as cidades de Curitiba/PR e Blumenau/SC para uso médico. Essa fonte de Germânio/Gálio (68Ge/68Ga) foi fabricada pela empresa Eckert & Ziegler e possui uma atividade corrigida de 29,73mCi, segundo sua última calibração realizada em 11/12/2023”, divulgou a Comissão nesta sexta-feira (5/7) em seu site. 

Ontem (4/7) a CNEN informou que “o material radioativo furtado com o veículo estava acondicionado em embalagens de chumbo blindadas para evitar irradiação no meio ambiente”. No entanto, “a manipulação inadequada pode vir a causar danos à saúde”, admitiu a Comissão, que fez um alerta à população para que, uma vez encontrando as fontes radioativas, “mantenha distância segura” e contacte imediatamente a Comissão pelos telefones (21) 98368-0734 ou (21) 98368-0763 e também a Polícia.

 


Nesta sexta-feira, informa que segundo o Código de Conduta em Segurança de Fontes Radioativas da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) essa fonte, por sua baixa atividade, se enquadra na categoria 4, representando risco radiológico muito baixo para a população e o meio ambiente”. 

Um boletim de ocorrência foi aberto pelo representante da empresa na MEDICAL ALD junto à 49º D.P. SÃO MATEUS, no dia 01/07/2014 às 12h22, relatando o ocorrido. A CNEN não se manifestou sobre as informações de agressão ao motorista. Na primeira nota a CNEN mencionou que houve roubo (com arma) mesclando a expressão roubo com furto (sem arma).

LEIA NO BLOG: 

Em 4/7/2024) - Veiculo com fontes radioativas é roubado em São Paulo. A população deve manter-se distante do veículo, recomenda a CNEN. Polícia investiga.

Em 04/07/2024 - Motorista de carro roubado com fontes radioativas sofreu violência em SP; materiais destinavam-se a pacientes no PR e SC. (FOTOS: CNEN) COLABORE COM O BLOG – SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX: 21 99601-5849 – CONTATO: malheiros.tania@gmail.com 

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