sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Prefeito de Angra dos Reis fala sobre usinas nucleares e cobra mais recursos para a cidade

O prefeito do município de Angra dos Reis, Fernando Jordão (MDB), espera que o novo presidente da República conclua as obras da usina nuclear Angra 3, paralisadas desde 2015, por conta das investigações da Lava-Jato, entre outros problemas, como a falta de recursos e definição política. Engenheiro de formação, empresário e comerciante, ele apoia o projeto para que Angra 1 tenha mais 20 anos de vida útil. Mas espera que o novo governador contribua em todos os setores, principalmente na área da segurança pública da cidade, uma das mais ricas em beleza natural do país. O prefeito comentou também a respeito das contrapartidas socioambientais, em torno de R$ 200 milhões, que espera receber; e dos problemas no plano de emergência devido à falta de manutenção das estradas, por exemplo. Eis a entrevista:

O senhor é a favor da continuidade das obras da usina nuclear Angra 3?

Claro que sou. Primeiro já se investiu muito na construção das três usinas nucleares e depois entendo que é importante a matriz energética nuclear para o desenvolvimento do país.

Angra I teria que ser desligada este ano, mas a via útil da unidade será prorrogada por mais 20 anos, segundo a Eletronuclear. Qual a sua opinião? Por quê?

É importante utilizar de novas tecnologias que podem ampliar a vida útil das usinas, cumprindo as normas ambientais. Menos custos e mais geração de energia para o país.

A geração de energia elétrica com matriz nas usinas Angra I e Angra II está diretamente vinculada ao sistema nacional. O que o município recebe de benefícios por abrigar a Central Nuclear Álvaro Alberto? 

São contrapartidas socioambientais. Mas, infelizmente a Eletronuclear nos deve cerca de R$ 200 milhões em projetos e programas que não estão sendo cumpridos. (*)

O que o governo deveria fazer e não faz?

Como deputado Federal que fui, tenho um Projeto de Lei (976/11) tramitando em Brasília, que propõe conceder desconto de 50% nas tarifas de energia elétrica a consumidores que possuam renda familiar igual ou inferior a cinco salários mínimos e residam nos municípios mais próximos do Complexo Nuclear, que são: Angra dos Reis, Rio Claro, Paraty e Mangaratiba.

Na greve dos caminhoneiros foi decretado estado de emergência. O senhor poderia fazer um balanço dos problemas e informar se foram solucionados?

Foi decretado emergência porque Angra é uma cidade que tem uma situação geográfica excepcional. Nós temos usinas nucleares e por isso não podem parar a saúde e os serviços essenciais. E Angra foi atendida de primeira hora com o reabastecimento dos postos de gasolina, das ambulâncias e nós não paramos em nenhum momento.

Angra está preparada para evacuar a população em caso de acidente? Como estão as estradas? E o Plano de Emergência?

O Plano de Emergência é o melhor que existe hoje. Mas eu questiono o atual, porque nós não podemos fazer plano de emergência com a estrada em estado de calamidade em que se encontra. Entramos, inclusive. com uma ação na Justiça Federal, cobrando ao DNIT o conserto da estrada. Agora estão consertando porque entramos na Justiça.

Já houve alguma ameaça da criminalidade em relação às usinas?

O que soubemos e que foi noticiado pela mídia nacional, é que, no início do ano, na Vila residencial de Praia Brava, localizada ao lado das usinas nucleares, bandidos armados invadiram e explodiram dois caixas eletrônicos da agência bancária local. Acredito que a segurança no complexo nuclear seja maior do que a empreendida na Vila Residencial e que depois deste fato, deve ter sido ampliada.

O senhor recebe todos os informes sobre o funcionamento das usinas?

Sim

O que espera do novo governador?

Que possa nos ajudar em todos os setores e principalmente na área de segurança

O que espera do novo Presidente da República?

Que ele possa concluir Angra 3, fortalecer a indústria naval, encontrar um caminho definitivo para o Porto de Angra para gerar emprego. Também esperamos que o governo Federal nos ajude a desenvolver o turismo da nossa cidade e tornar a Rio-Santos, uma estrada decente. 

Foto:  Comunicação Social - Prefeitura de Angra dos Reis. 


(*) Nota oficial da Eletronuclear:
“Os termos de compromisso da Eletronuclear com as prefeituras da Costa Verde são referentes às condicionantes de Angra 3. Com o município de Angra dos Reis, a empresa celebrou, inicialmente, um Termo de Compromisso em 05/10/2009, no valor de R$ 150.444.000,00, para execução de projetos, que seriam viabilizados através de convênios, de acordo com as condições estabelecidas pelo Ibama por intermédio da Licença Prévia nº 279/2008 e de Instalação nº 591/2009, relativas à usina. Em 02/07/2014, foi celebrado o aditamento 2 a esse termo, elevando o valor total para R$ 187.043.535,46. Lá, estão listados títulos de 43 projetos, com valores estimados para cada um.

Com a paralisação das obras da usina, a empresa solicitou junto ao Ibama prorrogação do prazo para atender as contrapartidas com os municípios, inclusive Angra dos Reis. No momento, a celebração de convênios para atendimento às condicionantes socioambientais do licenciamento para Angra 3 encontra-se suspensa e só retornará após a retomada do empreendimento. A previsão é de que as obras da unidade sejam reiniciadas em junho de 2021.

(...) para que esses títulos sejam viabilizados por meio de convênios, a prefeitura precisa apresentar projetos detalhados em planos de trabalho e atender a uma série de exigências, que incluem a aprovação pela Eletronuclear, estar de acordo com o estipulado nas condicionantes e apresentar certidões para verificação dos requisitos fiscais.  (...) a Eletronuclear atendeu diversas solicitações de apoio do município de Angra dos Reis, como a reforma da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Japuíba, entre outras obras menores, por entender sua responsabilidade com o município”.






Estudantes de Engenharia Nuclear da UFRJ realizam evento visando futuro profissional

Auditórios lotados, com a presença de técnicos de grandes empresas e instituições, além de estudantes. Palestras apresentando o panorama da energia nuclear aos novos alunos, para que possam receber informações sobre as possibilidades de trabalho depois da graduação. Resumindo: um sucesso. Essa é avaliação de André Vidal, co-presidente da Seção Estudantil da Engenharia Nuclear (SEEN), um dos idealizadores e organizadores da VI Semana da Engenharia Nuclear, da Coppe/ Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizada de 15 a 19 de outubro. De olho no futuro, eles buscam estágios e empregos, interagindo desde já com as empresas do setor.

Nesse sentido, a missão da SEEN, disse Vidal, é basicamente apoiar o corpo discente do curso de graduação nas suas funções de representatividade acadêmica.   Mas a visão de futuro, de perspectiva de trabalho, leva os estudantes a pensar mais adiante.

"Temos uma linha de atuação bem forte no quesito de divulgação e comunicação com o público sobre a existência do nosso curso e dos benefícios do uso pacífico das tecnologias nucleares, para o desenvolvimento econômico e social de uma nação. Assim, fazemos um trabalho de representação focado em todos os eventos, como congressos e conferências da área nuclear do país. Estamos presentes em praticamente todos", comentou Vidal.

Com esse foco a SEEN tem a possibilidade de realizar "networking" com os profissionais do setor. "Agora estamos buscando contato com empresas para intensificar as nossas oportunidades de estágio e emprego, cobrando mais vagas específicas nos editais de concursos públicos e também recursos para melhorar a infraestrutura das nossas salas de aula e laboratórios".

O evento, em sua sexta edição, teve 230 alunos inscritos, 39 palestrantes e contou com patrocínio da Eletrobras/Eletronuclear; Nuclep, Abacc, Rosatom, Westinghouse, Framatome e ProEng - Soluções e  Empreendimentos. Vinte e três estudantes participaram: 10, na organização e 13, na realização. Fui convidada a participar do Painel 8, sobre "Comunicação no setor nuclear", relacionando o tema ao meu livro "Bomba atômica! Pra quê? Brasil e energia nuclear", em lançamento, pela Editora Lacre. Na foto, com as jornalistas Cássia Helena, da CNEN e Tariana Brocardo, da USP, e Carolina Dutra, da organização do evento. E com os estudantes, sendo que André Vidal, ao meu lado.




                             


 


quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Presidente da INB fala sobre vendas de urânio à Argentina, expectativas para 2019 e manda mensagem para o próximo presidente da República

O Brasil fechou a venda de urânio para a Argentina, nos últimos 12 meses, faturando cerca de R$ 20 milhões. A terceira venda, que já está sendo negociada, deverá render mais R$ 13 milhões. As informações são do presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), engenheiro Reinaldo Gonzaga, que fala com exclusividade para o Blog sobre os planos da empresa para 2019. Às vésperas das eleições, ele comenta: "Que o novo presidente da República tenha muito sucesso na condução dos destinos do Brasil. Espero que o setor nuclear brasileiro seja considerado como um importante parceiro no processo de retomada do desenvolvimento, que precisará aumentar a geração de energia elétrica, fundamental para todo o pais". Eis a entrevista:

Qual o balanço das atividades da INB em 2018? 

É positivo. Conseguimos reduzir a dependência da empresa com o Tesouro Nacional, hoje, em torno de 30%. Aperfeiçoamos processos internos e aumentamos as receitas da empresa, sem comprometer a segurança e a qualidade do nosso produto final: o combustível nuclear que abastece as usinas de Angra dos Reis. Buscamos novas receitas, além das relacionadas à produção das recargas de Angra 1 e 2.

Em relação à Argentina? 

Realizamos duas exportações de pó de urânio para a Argentina, que renderam à INB cerca de R$ 20 milhões. Já estamos negociando a terceira exportação, que renderá mais R$ 13 milhões. Essas exportações representam um verdadeiro marco na história da empresa e um passo importante para consolidar sua posição no mercado exportador de urânio. O objetivo da INB é ainda mais audacioso: queremos participar também do mercado  exportador de componentes do elemento combustível e de serviços em reator. 

Outros negócios...

Sim. Trabalhamos no sentido de promover o desenvolvimento de fornecedores nacionais de componentes do elemento combustível, tais como grades, espaçadores e molas, que são utilizados na montagem dos elementos combustíveis das usinas brasileiras, reduzindo, com isso, o custo do nosso produto. Queremos participar competitivamente desse mercado, em parceria com empresas internacionais, como a francesa Framatome, a norte-americana Westinghouse e a KNT Coreana.

A INB está investindo em capacitação? 

A empresa conta hoje com uma equipe de técnicos especializados em serviços em reator: movimentação, carregamento, descarregamento de recargas, por exemplo. Estamos em fase final de negociação para incluir uma pequena equipe da empresa no grupo da Westinghouse para prestação de serviços em recargas de usinas norte-americanas. É um contrato ainda pequeno, em termos de receita, porém, com potencial muito grande para o futuro.

O que a INB precisa do próximo presidente da República para alavancar os trabalhos em 2019? 

O setor nuclear espera que o novo presidente da República reconheça que o aumento da participação nuclear na matriz energética brasileira é fundamental para a retomada do desenvolvimento do Brasil. É um importante passo em direção a outras necessidades, como investimentos nos projetos do setor, capitaneado pela retomada das obras de Angra 3. No caso da INB, é bom lembrar que das 18 empresas estatais dependentes de recursos do Tesouro Nacional, ela é a de menor índice de dependência. Resultado dos ajustes efetuados em busca de maior eficiência na aplica~]ao dos seus recursos. Aliás, seguindo as diretrizes traçadas em nosso Planejamento Estratégico 2017/2026: "Gerar lucro operacional sem aporte de recursos do governo".

Qual a expectativa em relação à mina de Caetité, na Bahia? 

Esperamos contar com investimentos necessários para que possamos aumentar a nossa produção de minério de urânio, em Caetité. Foram investidos R$ 27 milhões nos últimos dois anos na unidade de Caetité, que abrange não só a mina, como também as suas instalações industriais. Para o próximo exercício estão previstos R$ 20 milhões de investimentos na unidade.

Quais as perspectivas de funcionamento de novas jazidas em 2019? 

Precisamos, primeiro, retomar a mineração em Caetité, o que esperamos que aconteça em breve. Em relação as jazidas, a INB está em constante prospecção de novas ocorrências uriníferas, visando atender as necessidades do Programa Nuclear Brasileiro no presente e no futuro. Cabe ressaltar que o Brasil detém a sexta maior reserva de urânio do mundo, com apenas 35% do território prospectado.

Planos para o empreendimento em Resende?

Planejamos instalar novas cascatas na Usina de Enriquecimento de Urânio na nossa Fábrica de Combustíveis Nucleares (FCN). Assim, reduziremos a quantidade de matéria prima adquirida no exterior, economizando divisas, e serviços de enriquecimento, respectivamente, para que possamos baixar ainda mais os nossos custos operacionais.

A oitava cascata de ultracentrifugas deverá ser inaugurada em 2019? O que representará? 

A oitava cascata deverá ser comissionada e, em seguida, entrar em operação plena no primeiro trimestre de 2019. Representará a adição de 9.500 kg UTS/ano à atual capacidade de produção de 45.000 kg UTS/ano. Portanto, com a oitava cascata em operação, a INB passará a contar com  uma capacidade de produção de cerca de 55.000 kg UTS/ano, que representa cerca de 60%da necessidade de urânio enriquecido de uma  recarga anual da usina de Angra 1.

Os recursos foram suficientes em 2018? Quanto será preciso em 2019?  

Os recursos de 2018 foram suficientes para atender os compromissos firmados pela INB no ano. Para 2019, estamos dialogando com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação  Comunicação (MCTIC) para os incrementos absolutamente necessários para o cumprimento das obrigações de 2019, especialmente a entrega de combustíveis às usinas  nucleares brasileiras.

Alguma mensagem ao novo presidente da República? 

Que ele tenha muito sucesso na condução dos destinos do Brasil. Espero que o setor nuclear brasileiro seja considerado como um importante parceiro no processo de retomada do desenvolvimento, que precisará aumentar a geração de energia elétrica, fundamental para todo o País.
         



Usina nuclear Angra 1 tem parada programada para este sábado


A usina nuclear Angra 1 começa a ser desligada do Sistema Integrado Nacional (SIN),  à zero hora, deste sábado (27/10), para a troca de combustível, conforme o Blog havia anunciado no início do ano. Segundo a Eletronuclear, gestora das usinas atômicas, em Angra dos Reis, Angra 1 deverá permanecer desligada durante 37 dias.

A parada programada de Angra 1 visa o reabastecimento de um terço do combustível (urânio enriquecido) do reator da unidade. Serão realizados também serviços de inspeção e manutenção periódicos, além de tarefas visando à extensão da vida útil por mais 20 anos. A usina tem capacidade para produzir cerca de 640 MW de energia elétrica, quando opera a 100% de sua potência. 

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Energia nuclear e debate político (artigo)

"Ausente no debate político que se travou em todo o país entre os presidenciáveis no primeiro turno das eleições, a geração de energia elétrica, fundamental para a retomada do desenvolvimento, convive com riscos eventuais de suprimento, em razão da falta de investimentos no setor. Como todos sabem, a retomada do ritmo de crescimento da economia exige vigoroso desenvolvimento energético, sem o qual, o Brasil não avança. Eis ai, portanto, uma interessante pauta para o debate final no segundo turno das eleições presidências.

Esgotado o sistema hidrelétrico sul-sudeste e diante da inviabilidade, por razões 
ambientais, tecnológicas e econômicas, da transmissão da hidroeletricidade amazônica para os grandes centros consumidores, uma das alternativas segura que resta ao Brasil, são as grandes reservas de urânio, mineral estratégico utilizado para geração de energia elétrica, via usinas nucleares.

A energia nuclear é hoje a terceira maior fonte de produção de energia elétrica do mundo. E o Brasil ocupa posição privilegiada entre os países detentores de reservas desse mineral. É o sexto no mundo.  Portanto, a solução do nosso problema energético está em nossas mãos.

Chegou a hora de o setor nuclear saltar os obstáculos e com coragem  mostrar o papel que pode desempenhar no desenvolvimento do Brasil. Um papel que envolve como ideia principal o entendimento da sua dimensão como força geradora de grandes blocos de  eletricidade. Nesse sentido, há anos a INB – Indústrias Nucleares do Brasil, empresa responsável pela produção do combustível que abastece as usinas de Angra, vem dando preciosa contribuição. Prepara-se para retomar ainda esse ano a produção de urânio em Caetité/BA e continua avançando no domínio completo do chamado ciclo do combustível nuclear. Em setembro desse ano, inaugurou mais uma cascata do processo de enriquecimento de urânio, a sétima.

Mas, a ousadia brasileira nessa sofisticada tecnologia nuclear, não para por ai. Caminha em processo de licenciamento a implantação da Usina Comercial de Enriquecimento de Urânio (UCEU), no parque industrial da INB em Resende. 

A UCEU vai ampliar a capacidade de produção de urânio enriquecido no Brasil, de forma a atender plenamente a demanda nacional e ainda exportar o excedente, gerando divisas para o país. O enriquecimento de urânio é uma realidade no Brasil. E como tal, precisa crescer! 

Ao alcançar esse patamar, com base no conhecimento técnico genuinamente brasileiro, o setor nuclear manda um respeitoso recado ao futuro presidente do Brasil: “não tem volta!” É irreversível o avanço da tecnologia nuclear no Brasil, nas suas múltiplas aplicações. É incontestável a sua contribuição para a matriz energética brasileira. Ela garante a estabilidade e o equilíbrio do sistema, hoje fundamentalmente assentado na hidroeletricidade. A energia de origem térmica soma apenas cerca de 5% à energia elétrica produzida no País, mas estima-se que essa participação deverá subir para 10% nos próximos anos, principalmente na região Sul – Sudeste. Há necessidade de uma das pontas do sistema gerador possuir base térmica, com vistas à sua maior confiabilidade e segurança. 

Fica claro, portanto, que a conclusão de Angra 3 se torna indispensável para o Brasil, não só porque é a única fonte disponível no momento capaz de gerar energia em grandes blocos, como pela necessidade de se manter a tecnologia conquistada pelo País.


A utilização da fonte nuclear para geração de energia elétrica ainda é vista com injustificável incompreensão, oriunda basicamente pela desinformação e pelo preconceito, estimulados por grupos de pressão, muitos dos quais de âmbito multinacional. Mas o setor nuclear está atento, trabalhando com responsabilidade, expandindo as informações, desenvolvendo programas de comunicação com a sociedade, expondo-se à transparência, em busca de cada vez maior credibilidade. Esse é o caminho".

Engenheiro Reinaldo Gonzaga 
Presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB)

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Aprovada a nova tarifa para usina nuclear Angra III

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou ontem (09/10) o valor da nova tarifa para a usina nuclear Angra III. O preço de energia, que servirá de referência para as próximas etapas do projeto, passou de R$ 244,00 MWh para R$ 480,00 por MWh. O valor anterior, considerado defasado, não remunera os investimentos feitos pela Eletronuclear, nem o custo do financiamento, inviabilizando a retomada das obras, paralisadas em 2015, por alguns problemas, como denúncias de corrupção a partir da Operação Lava-Jato.

A decisão do Conselho é a maior injeção de ânimo para o setor elétrico, que defende a continuidade das  obras junto aos dois candidatos à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). O valor total previsto para o investimento, segundo a Eletronuclear, é de cerca de R$ 21 bilhões, sendo que R$ 7 bilhões já foram realizados. Para concluir a usina, portanto, o governo  terá que investir mais R$ 14 bilhões, com ou sem parceiros.

Angra III tem 65% de suas obras civis concluídas, se o novo governo decidir pela conclusão, iniciando a mobilização do canteiro de obras em janeiro de 2020, o cronograma da Eletronuclear considera que a usina ficará pronta em 2025. Há conversações com a chinesa China National Nuclear Corporation, a russa Rosatom, e a francesa EDF.

"A retomada das obras da usina é uma questão de sobrevivência não só para a Eletronuclear, mas para o uso da energia nuclear no Brasil. Se não tivermos um sócio, o empreendimento fica inviável", ressaltou recentemente o presidente da empresa, Leonam dos Santos Guimarães.

Angra III foi comprada pelo acordo Brasil-Alemanha, assinado pelo general Ernesto Geisel, em Bonn, no dia 27 de junho de 1975, que previa a construção de oito usinas nucleares, entre outros empreendimentos. Por diversos problemas, entre eles, a falta de decisão política e de recursos, apenas Angra II foi construída e está em funcionamento. Angra I, foi comprada da Westinghouse, empresa norte-americana, entes do acordo. 

(Leia mais sobre as usinas nucleares em "Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear", da jornalista, pela Editora Lacre)

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