Com a
capacidade das piscinas de combustíveis usados (urânio enriquecido) chegando ao
limite, começou esta semana a transferência do material da usina nuclear Angra
1, para a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS), dentro da central nuclear de
Angra dos Reis (RJ). O trabalho está sendo feito com apoio da empresa norte-americana
Holtec, fornecedora da tecnologia da UAS, sob a coordenação da Eletronuclear,
gestora das usinas. O empreendimento envolve cerca de US$ 50 milhões, conforme
o blog noticiou em 2018.
Até o momento, dois cascos – conhecidos como Hi-Storms,
com 37 elementos cada – foram armazenados no depósito. Serão transferidos para
a UAS o total de 222 elementos combustíveis da usina, inseridos nesses
recipientes. A atividade deve ser concluída até março, informou a
Eletronuclear. Além dos dois Hi-Storms de Angra 1, o depósito já conta com nove
invólucros de Angra 2, contendo 288 elementos combustíveis usados da usina,
transferidos no ano passado. A transferência realizada nas duas plantas abrirá
espaço nas piscinas de armazenamento para mais cinco anos de operação de cada
unidade geradora. No entanto, a UAS comporta até 72 módulos, com capacidade
para armazenar combustível usado até 2045.
Todo material usado e produzido pelas usinas
nucleares de Angra passa pelo crivo da Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA), com sede em Viena, na Áustria, liderada pelas grandes potências
atômicas, como os Estados Unidos. As piscinas de Angra 1 e 2 contam apenas com
combustíveis usados. Esse material não é considerado rejeito porque ainda
existe energia que “pode ser aproveitada no futuro, por meio do processo de
reprocessamento do combustível”.
A UAS é considerada um armazenamento
complementar ao das piscinas existentes dentro das usinas. Os rejeitos de baixa
e média atividade são armazenados em repositórios próprios, localizados dentro
do terreno da central nuclear. VIDA ÚTIL - A usina Angra 1, comprada da
norte-americana Westinghouse, opera comercialmente desde 1985, já poderia estar
desligada, mas há estudos para prorrogar a sua vida útil por mais 20 anos, com
investimento de cerca de US$ 27 milhões.
Angra 1
já produziu 3.166 metros cúbicos de rejeitos sólidos (de baixa e média
atividade), guardados em 7.602 tambores e caixas metálicas no Centro de
Gerenciamento de rejeitos. Cada recarga de Angra 1 custava aproximadamente R$
188 milhões, sem contar os investimentos com o transporte. Em 2018, o custo
total da parada para a troca de combustível, incluindo mão de obra, era de
cerca de R$ 80 milhões.
Angra 1 produz 650 MW, quando funciona com 100% de sua
potência sincronizada ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Angra 2, comprada
pelo acordo nuclear Brasil Alemanha, em 1975, entrou em operação em 2001. A
segunda usina tem capacidade para gerar 1.350 MW. Angra 2 mantém em
sua piscina, 888 elementos combustíveis usados. Armazena 201 metros cúbicos de
rejeitos sólidos, embalados em tambores e caixas metálicas. Até às 15h desta quinta-feira,
a usina permanecia desconectada do sistema interligado por falha o
turbogerador.
FOTO: Técnicos transferem o combustível usado. Eletronuclear.
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