“Os reatores modulares
pequenos (SMRs) poderão desempenhar um papel crucial na descarbonização de
setores de difícil redução de emissões, como as indústrias siderúrgicas, de
cimento, alumínio e no transporte marítimo e aéreo, de várias maneiras:
fornecimento de calor de alta temperatura; produção de hidrogênio limpo;
eletrificação e cogeração; descarbonização do transporte marítimo; fornecimento
de energia para processos de captura e armazenamento de carbono (CCUS);
transporte aéreo e combustíveis sintéticos”. Quem garante é o engenheiro
nuclear Leonam dos Santos Guimarães, Assessor da Diretoria da Amazul – Amazonia
Azul e diretor técnico da Associação Brasileira para o Desenvolvimento das
Atividades Nucleares (Abdan). O especialista vai participar do
2º Workshop
SMR Brasileiro, que começa nesta segunda-feira (25/11) e se estende até o
dia 26 de novembro, na sede da Seaerj, no Rio (Rua do Russel, Nº 1,
Glória).
Segundo Leonam Guimarães, os SMRs têm o potencial de desempenhar
um papel transformador na descarbonização de setores de difícil redução ao
oferecer fontes de calor de alta temperatura, eletricidade limpa e produção de
hidrogênio. “Sua flexibilidade, modularidade e capacidade de operar em locais
mais diversos tornam-nos particularmente adequados para apoiar a transição
energética nesses setores intensivos em carbono”.
O SMR BRASILEIRO -
Parceria
da
Aben, Amazul e Casa Viva, o
2º Workshop SMR Brasileiro acontecerá
de forma integrada ao
Seminário Múltiplas Aplicações da Energia Nuclear
e das Radiações, que vai debater os benefícios socioeconômicos e ambientais
da tecnologia nuclear e terá como tema central “O projeto do pequeno Reator
Modular Brasileiro (SMBR), Aplicações, Licenciamento, Financiamento e Aceitação
Pública”.
A proposta é dar seguimento ao debate iniciado no 1º Worrkshop
realizado durante o XV SIEN, em agosto, e avançar mais nessa discussão
rumo à consolidação do projeto do primeiro SMR Brasileiro. A tecnologia de SMRs
e suas possibilidades têm sido amplamente discutida, no Brasil e no exterior, e
mais de 80 projetos de SMR estão em avaliação no exterior.
"Diante da
necessidade de conter o aumento da temperatura no planeta, os Pequenos Reatores
Modulares (SMRs) vem ganhando papel estratégico. A tecnologia traz uma mudança
de paradigma com a oportunidade de reduzir o tempo de construção e os custos
iniciais de implantação associados às grandes centrais nucleares. Em
consequência, levará a uma maior participação da energia nuclear na matriz
energética global, com efeitos positivos para atual necessidade de redução de
emissões de carbono, com segurança energética pela diversificação das fontes e
garantia do abastecimento para atendimento das pessoas e da economia", segundo
os organizadores do evento.
Fonte de calor para a indústria - Eles
defendem que muitas indústrias, especialmente a siderúrgica e a de cimento,
requerem calor em altas temperaturas para seus processos produtivos. “Os SMRs,
particularmente aqueles projetados para fornecer calor além de geração de
eletricidade, como os reatores de alta temperatura (HTRs), podem suprir essa
necessidade. O uso de calor nuclear substitui combustíveis fósseis em processos
industriais, como a produção de aço e cimento, reduzindo significativamente as
emissões de carbono”.
“A captura e armazenamento de carbono (CCUS) é uma
tecnologia que pode ser aplicada em indústrias como a de cimento e siderurgia,
mas demanda grande quantidade de energia. SMRs poderiam fornecer a energia
necessária para esses processos de forma sustentável, contribuindo para a
redução líquida de carbono desses setores. Os SMRs também podem ser utilizados
para gerar hidrogênio através da eletrólise da água ou processos termoquímicos,
sem a emissão de carbono, ao contrário da produção de hidrogênio a partir de
gás natural (a forma predominante atualmente). Esse hidrogênio pode ser usado
como insumo em processos industriais, como na produção de aço com base em
hidrogênio (DRI - Direct Reduced Iron), e também como combustível para
transporte marítimo e aéreo, promovendo a descarbonização desses setores”.
Outro
ponto positivo, segundo eles, é o fato de que os SMRs podem fornecer
eletricidade limpa e calor simultaneamente (cogeração), atendendo a indústrias
que demandam ambas as formas de energia. Isso não só proporciona uma fonte de
energia livre de carbono, como também pode aumentar a eficiência energética dos
processos industriais. A eletrificação de processos industriais intensivos em
energia e asubstituição de fontes fósseis por energia nuclear pode reduzir
consideravelmente as emissões de CO₂.
Descarbonização dos transportes - Defendem
também que, no transporte marítimo, que depende fortemente de combustíveis
fósseis, os SMRs poderiam ser usados para fornecer energia nuclear a
embarcações, similar ao que já ocorre em submarinos e navios quebra-gelo. “Essa
abordagem poderia ser expandida para navios comerciais, reduzindo drasticamente
as emissões associadas ao transporte marítimo”.
Transporte aéreo e
combustíveis sintéticos - “Embora o transporte aéreo seja um dos setores
mais difíceis de descarbonizar diretamente com energia nuclear, SMRs poderiam
apoiar a produção de combustíveis sintéticos, como combustíveis líquidos a
partir de CO₂ capturado e hidrogênio produzido com energia nuclear. Isso
ofereceria uma alternativa de baixo carbono para a aviação, que atualmente
depende de combustíveis fósseis”.
Em
defesa da opção pelos reatores modulares, informam que a Petrobrás, inclusive, “já está estudando a possibilidade de
usar reatores nucleares modulares de pequeno porte (SMRs) como fonte de energia
de baixo carbono para as atividades de produção de petróleo e gás. A informação
foi divulgada no Site da Agência EPBR e é parte do esforço da companhia para
reduzir as emissões nas operações e ganhar competitividade com a extração de um
petróleo com menos emissões associadas. No momento, o trabalho está na fase de
levantamento de potenciais rotas tecnológicas e os desafios associados, assim
como as potenciais aplicações nas operações.
(FOTO: ACERVO PESSOAL E ARQUIVO GAZETA DO POVO) – FONTE: CASA VIVA
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