quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Angra 1: auditoria do TCU alerta sobre riscos iminentes de faltar recursos para o projeto de extensão de vida útil da usina por mais 20 anos

 


O Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu uma auditoria nesta quarta-feira (27) que apontou que o programa de extensão da vida útil da usina nuclear de Angra 1 tem “risco iminente de não alcançar seus objetivos em vista da baixa disponibilidade de recursos financeiros”.

Coube à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que mantém as suas atribuições há décadas, embora criticadas desde o acidente com uma capsula de césio-137, em Goiânia, em 1987: de regular, licenciar e fiscalizar. 

Segundo o TCU, o projeto para aumentar a durabilidade operacional da usina por mais 20 anos foi iniciado em 2020 e tem orçamento total de R$ 3,5 bilhões, sendo que apenas R$ 518 milhões já foram executados. Quanto ao restante, a Eletronuclear tem tido dificuldade para viabilizar o financiamento. Na última semana, o governo federal autorizou a prorrogação do funcionamento da planta, cuja licença expiraria no final desse ano, condicionada à conclusão das intervenções necessárias. 

O processo foi relatado pelo ministro Antonio Anastasia, que afirmou que o risco do programa não ser concluído “poderá levar ao desequilíbrio e a perda de sustentabilidade da própria Eletronuclear”. Ele disse ainda que o desequilíbrio entre despesas e receitas da empresa contribui para o risco, além de carência de recursos técnicos e operacionais dos órgãos reguladores. 

DIVERGÊNCIAS - FUNDO DE DESCOMISSIONAMENTO


A auditoria do TCU também analisou a gestão do Fundo de Descomissionamento das usinas nucleares, que tem como objetivo garantir os recursos necessários para a desativação das usinas quando atingirem o fim de sua vida útil. Segundo o TCU, há divergências de entendimento sobre a tributação do fundo que têm ocasionado impactos econômico-financeiros diretos no caixa da Eletronuclear. 

A empresa realizou saque de mais de 10% dos recursos do fundo em abril desse ano e deu a sinalização de que pretende sacar mais de 40% como ressarcimento por encargos tributários. Essa conduta, segundo o relator, "certamente terá impacto à sustentabilidade econômico-financeira do fundo". O TCU determinou que a Eletronuclear se abstenha de realizar novos saques. 

(FONTE:– AGÊNCIA INFRA) – FOTO ANGRA 1 - ELETRONUCLEAR -

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terça-feira, 26 de novembro de 2024

Projeto de alunos da USP para reduzir barreiras e acelerar tratamento contra o câncer vence olimpíada nuclear brasileira

 


O grupo Nêutrons Politérmicos, da Escola Politécnica (Poli) da USP, foi o vencedor da categoria medicina nuclear nas Olimpíadas Nucleares Brasileiras de 2024, organizadas pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN). A competição teve início em abril deste ano e os vencedores foram anunciados no início de novembro, no evento Nuclear Summit 2024, com o desafio do tema Tratamento de câncer: como o Brasil pode avançar na implementação de novas tecnologias?. 

“Optamos por participar na categoria de medicina por ser algo novo para nós e por não termos tanto contato com esse setor na graduação”, conta Luana Gomes da Silva, uma das integrantes do grupo, do curso de Engenharia de Materiais. A equipe ainda tem os estudantes Álvaro Sant’Anna Ferreira Neto, Enzo Yamamoto, João Pedro Oliveira Glóder Prado e Thais Kaori Yazawa, todos da primeira turma do curso de Engenharia Nuclear da Poli, ingressantes de 2021. 

Eles desenvolveram a NPoli, um conjunto de softwares de agendamento de consultas médicas, exames e sessões de radioterapia que visa reduzir as barreiras e acelerar as etapas do tratamento nessa área da medicina. “Algumas das funções oferecidas pela plataforma são: o Agendamento Inteligente de Radioterapia; Integração com Sistemas de Regulação e Gestão de Exames; Painel de Controle para Médicos e Profissionais de Saúde; e Notificações Automatizadas e Interatividade com Pacientes”, explica Luana.

Inspirada nas principais soluções privadas internacionais, como o Varian’s ARIA e a Elekta’s Mosaiq, e nos sistemas utilizados no SUS, como o Sisreg e o e-SUS APS, a NPoli apresenta uma interface simplificada, facilitando o seu uso por diversos públicos, e integra-se aos sistemas de regulação de saúde já existentes no Brasil. A ideia foi criar um sistema que se adaptasse à realidade descentralizada do SUS, atendendo tanto a grandes centros quanto a regiões menos favorecidas. Outro diferencial é que, ao contrário das soluções privadas, o foco da NPoli está na inclusão e acessibilidade, facilitando a comunicação com pacientes. A plataforma também oferece a possibilidade de gerenciar o uso de recursos hospitalares, como máquinas de radioterapia, otimizando sua utilização e reduzindo o tempo de espera.

Acesso desigual ao tratamento: 

Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, o câncer é a segunda principal causa de morte no Brasil, podendo se tornar a primeira em 2030. Com este cenário, se destaca a desigualdade no acesso à radioterapia, tratamento que atende 52% dos pacientes oncológicos na fase inicial. No Brasil, em que mais de 75% da população depende do SUS, apenas 25% dos atendimentos de medicina nuclear, essencial para o diagnóstico, são realizados pelo sistema público de saúde e cerca de 70% dos serviços de medicina nuclear e radioterapia se concentram nas regiões Sul e Sudeste.

Para desenvolver a plataforma, o grupo passou por diversas etapas que incluíram testes, palestras e reuniões mensais com mentores – indicadas pela ABDAN e divididas nas subáreas das Olimpíadas  – para direcionar o desenvolvimento das ideias e discutir possíveis soluções. Os estudantes também tiveram a oportunidade de participar de palestras com especialistas renomados do setor de radioterapia, que trouxeram uma visão técnica e prática sobre os desafios dessa área no Brasil. 

Ao longo do processo, os grupos tiveram que desenvolver um artigo científico e apresentar suas ideias e avanços em formato de pitches (apresentação curta em vídeo) para os mentores e coordenadores. “Não apenas adquirimos um conhecimento técnico aprofundado sobre a área de radioterapia, um campo até então desconhecido para nós, como também tivemos contato com a realidade enfrentada pelos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirma Luana. 

O projeto está no estágio de desenvolvimento de Produto Mínimo Viável e apresenta viabilidade econômica, com potencial de escalabilidade, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. “Acreditamos que iniciativas como essa são fundamentais para conectar a ciência e a engenharia a soluções reais que podem impactar positivamente a sociedade”, afirmam os integrantes do grupo. 

Olimpíadas Nucleares Brasileiras: 

As Olimpíadas Nucleares Brasileiras têm duração de oito meses. Ao final, cada equipe apresenta um artigo científico escrito e um vídeo-pitch explicando a solução proposta. Um painel composto de cinco especialistas para cada tema analisa os artigos de acordo com critérios estabelecidos. 

O objetivo é impulsionar a indústria nuclear ao promover a interação entre representantes da indústria, reguladores, academia e outros stakeholders (indivíduos e organizações impactados pelas ações de uma empresa). A competição cria bases para um ecossistema nuclear com resultados importantes para o Brasil e busca atrair jovens motivados e com potencial para serem os futuros gestores de projetos complexos na área nuclear.

Em 2024, a competição contou com um número recorde de participantes, com um total de 78 candidatos elegíveis de 29 universidades, distribuídos em oito estados e no Distrito Federal. Além do grupo da Poli, os vencedores da edição foram o NucleAtech – que propôs soluções para acelerar a construção de usinas nucleares – e a ANVerde – que buscou soluções para aumentar a sustentabilidade dos projetos de mineração de urânio. 

As soluções vencedoras foram homenageadas no evento Nuclear Legacy 2024, organizado pela ABDAN, no Rio de Janeiro, nos dias 5 e 6 de novembro de 2024. Além disso, foram selecionadas para participar de um período de incubação durante seis meses, de março a setembro de 2025, no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), localizado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). “Estamos determinados a dar continuidade ao desenvolvimento da plataforma, que acreditamos ter o potencial de transformar a realidade da radioterapia no Brasil”, conclui Luana. 


(REPRODUÇÃO JORNAL DA USP – FOTO: CAROLINA BORIN – TEXTO -Estagiária sob supervisão de Thais H Santos e Claudia Costa) – 

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Ex-aluno de Universidade Pública disponibiliza meio milhão de reais em equipamentos para fomentar Ciência e Inovação no Brasil

 


Com o objetivo de promover e apoiar o desenvolvimento da Pesquisa Científica e Inovação no país, o empreendedor Bruno Mena Cadorin torna público edital para a seleção de projetos de pesquisa científica que contribuam com o avanço da ciência e inovação no ambiente produtivo e social. Chamado de WIER Catalisa, o Programa de Fomento à Ciência, Tecnologia e Inovação é uma forma que o empresário encontrou de retribuir o apoio pelas bolsas de pesquisa recebidas do CNPq, CAPES e Ciências sem Fronteiras, desde a graduação (na Universidade Federal de Santa Catarina) até o doutorado (na Itália), e de se manter ainda mais perto da ciência e do Brasil, além de fomentar a colaboração estreita com universidades, centros de pesquisa e a comunidade científica, fornecendo equipamentos geradores de ozônio, em regime de comodato, para a realização de projetos de relevância científica e tecnológica.

“Estamos disponibilizando meio milhão de reais em equipamentos para fomentar a pesquisa científica no Brasil em linhas temáticas envolvendo as tecnologias de plasma frio e de ozônio a fim de otimizar a ciência e inovação em nosso país”, afirma o empreendedor. 

Serão apoiados projetos que contemplem pesquisas aderentes à linhas temáticas como: tratamento de água ou efluentes líquidos; descontaminação do ar ou de superfícies; aplicação de Ozônio em câmaras frias; Ozonioterapia e variadas aplicações do ozônio na área da saúde; remoção de agrotóxicos de alimentos; entre outros temas. 

Podem participar do edital grupos de universidades e de centros de pesquisa que atendam a requisitos como: Possuir infraestrutura adequada para a instalação e utilização dos equipamentos fornecidos; apresentar um projeto de pesquisa detalhado, demonstrando a relevância científica e a viabilidade técnica do uso dos equipamentos geradores de ozônio; demonstrar como o projeto contribuirá para a sustentabilidade e o impacto social positivo, alinhando-se com os objetivos de desenvolvimento sustentável; além de comprometer-se a enviar relatórios semestrais de progresso da pesquisa, incluindo dados preliminares, desafios enfrentados e resultados obtidos. 

INSCRIÇÃO

Para se inscrever, os interessados devem enviar a proposta para o email:contato@wier.com.br. A análise de mérito das propostas será realizada pelo Comitê de Avaliação constituído pela equipe científica e de engenharia da empresa comandada por Bruno Mena, a WIER. Após o envio do projeto, o Comitê de Avaliação tem até 60 dias para comunicar se o referido projeto foi aprovado. 

O edital foi lançado em 9 de outubro. A data não foi escolhida por acaso, conforme explica Bruno Mena: “A data de lançamento foi escolhida propositalmente por ser a data que costuma ser divulgado o Prêmio Nobel de Química”, e complementa: “O Brasil ainda não tem nenhum laureado, enquanto os EUA têm mais de 400. Reclamar, não adianta. A iniciativa privada precisa ajudar”. 

PERFIL: Bruno Mena -

Nascido em Nova Trento, cidade do interior de Santa Catarina, Bruno Mena trabalha desde os 11 anos de idade. Seus pais o incentivaram a fazer faculdade, porém, por não possuir poder aquisitivo, a única opção era cursar universidade federal, por ser gratuita. Buscou na universidade a forma de desenvolver algo inovador, mas que pudesse ser aplicado ao meio ambiente, pois não se conformava com a constante mudança de cor do rio da cidade, resultado da atividade têxtil. Com o auxílio de bolsas de pesquisas na graduação, mestrado, doutorado e doutorado sanduíche na Itália, Bruno desenvolveu a tecnologia que viria a se converter na WIER. Uma empresa com 13 anos de mercado, atuação em todos estados do Brasil, produtos em mais de 20 países, além de certificações ISO 9001 e INMETRO obtidas. 

(FOTO/FONTE:  Assessoria de Imprensa) – 

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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

SBPC alerta: corte de recursos na ciência e educação pode comprometer futuro do país

 


A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) promoverá nesta segunda-feira (25/11) um importante debate online como parte da Jornada pela Ciência e Educação. O evento tem como objetivo alertar sobre os riscos dos cortes de recursos destinados a esses setores, que podem comprometer o futuro do país. A SBPC convida as Sociedades Afiliadas, além da comunidade científica e acadêmica, a se unirem na luta por mais investimentos nas áreas essenciais para o desenvolvimento nacional. 

Mais de 10 entidades programaram atividades para esta data.  A mobilização contará com ações como mesas-redondas, conferências, rodas de conversa, vídeos, entrevistas, nos quais especialistas de diversas áreas destacarão a importância da ciência e da educação para o bem-estar e o progresso da sociedade. 

Além disso, a ação visa sensibilizar a população e os parlamentares sobre os impactos dos cortes orçamentários na sustentabilidade e no crescimento do Brasil. A SBPC promoverá, às 10h, uma atividade online que reunirá presidentes de entidades representativas, como a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), entre outras, com destaque para personalidades e parlamentares. A sessão será transmitida pelo canal da SBPC no Youtube (www.youtube.com/canalsbpc). 

A urgência desta Jornada se deve aos insistentes rumores, espalhados pela imprensa, que ameaçam cortes não apenas nos benefícios destinados aos cidadãos mais vulneráveis – como o auxílio-desemprego e o Benefício de Prestação Continuada – mas também em tudo o que constrói nosso futuro, em especial a educação e a ciência. “A SBPC e a comunidade acadêmica e científica não podem assistir, paradas, a essa ofensiva contra a inteligência e contra a realização das potencialidades, naturais e humanas, de nosso País”, afirmou o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro. Ele observa ainda que a união da educação e da ciência brasileiras tem sido fundamental para resistir a essas ameaças e avançar na luta por mais investimentos. 

“Estamos vendo uma tentativa de corte de verbas do Orçamento da União, justamente nas áreas mais cruciais para o futuro do país, como educação, saúde, meio ambiente e ciência”, afirma. Para ele, enquanto setores mais conservadores buscam retirar recursos dessas áreas fundamentais, é preciso que a sociedade se una para garantir que o país invista nas bases do seu futuro. Janine Ribeiro afirma ainda que a prioridade do governo – e do País – deve ser vencer a miséria e superar a pobreza, oferecendo ao seu povo condições de vida dignas e oportunidades de progredir. 

“Nosso país tem um enorme potencial, não apenas em termos de biodiversidade, mas também em termos de Inteligência Artificial, ciência, cultura e inovação. Isso precisa ser cuidado e nutrido para que o Brasil construa um futuro próspero”, completa. Claudia Linhares Sales, secretária-geral da SBPC, destacou que a expectativa com essa mobilização é que ela sensibilize o Congresso Nacional sobre a importância de blindar os recursos destinados à ciência e à educação.

 “A meta é não apenas reverter os cortes orçamentários, mas também garantir que os recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal fonte de financiamento da pesquisa científica no Brasil, sejam integralmente aplicados neste setor.” 

Já o vice-presidente da SBPC, Paulo Artaxo, alerta que esta instabilidade no orçamento pode comprometer a capacidade do Brasil de enfrentar os desafios do futuro. “Sem o investimento necessário em ciência, várias questões importantes para a sociedade brasileira podem ficar em aberto. Por isso, cada sociedade/instituição precisa fomentar discussões estratégicas em suas áreas, mostrando à população o quanto a ciência é essencial para o nosso desenvolvimento”, afirma. Confira a programação na página da SBPC. 

 (FOTO: JANINE RIBEIRO – SBPC) – 

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domingo, 24 de novembro de 2024

Evento debate opção por reator nuclear modular de pequeno porte

 


“Os reatores modulares pequenos (SMRs) poderão desempenhar um papel crucial na descarbonização de setores de difícil redução de emissões, como as indústrias siderúrgicas, de cimento, alumínio e no transporte marítimo e aéreo, de várias maneiras: fornecimento de calor de alta temperatura; produção de hidrogênio limpo; eletrificação e cogeração; descarbonização do transporte marítimo; fornecimento de energia para processos de captura e armazenamento de carbono (CCUS); transporte aéreo e combustíveis sintéticos”. Quem garante é o engenheiro nuclear Leonam dos Santos Guimarães, Assessor da Diretoria da Amazul – Amazonia Azul e diretor técnico da Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan). O especialista vai participar do 2º Workshop SMR Brasileiro, que começa nesta segunda-feira (25/11) e se estende até o dia 26 de novembro, na sede da Seaerj, no Rio (Rua do Russel, Nº 1, Glória).  

Segundo Leonam Guimarães, os SMRs têm o potencial de desempenhar um papel transformador na descarbonização de setores de difícil redução ao oferecer fontes de calor de alta temperatura, eletricidade limpa e produção de hidrogênio. “Sua flexibilidade, modularidade e capacidade de operar em locais mais diversos tornam-nos particularmente adequados para apoiar a transição energética nesses setores intensivos em carbono”. 

O SMR BRASILEIRO - 


Parceria da Aben, Amazul e Casa Viva, o 2º Workshop SMR Brasileiro acontecerá de forma integrada ao Seminário Múltiplas Aplicações da Energia Nuclear e das Radiações, que vai debater os benefícios socioeconômicos e ambientais da tecnologia nuclear e terá como tema central “O projeto do pequeno Reator Modular Brasileiro (SMBR), Aplicações, Licenciamento, Financiamento e Aceitação Pública”. 

A proposta é dar seguimento ao debate iniciado no 1º Worrkshop realizado durante o XV SIEN, em agosto, e avançar mais nessa discussão rumo à consolidação do projeto do primeiro SMR Brasileiro. A tecnologia de SMRs e suas possibilidades têm sido amplamente discutida, no Brasil e no exterior, e mais de 80 projetos de SMR estão em avaliação no exterior.  

"Diante da necessidade de conter o aumento da temperatura no planeta, os Pequenos Reatores Modulares (SMRs) vem ganhando papel estratégico. A tecnologia traz uma mudança de paradigma com a oportunidade de reduzir o tempo de construção e os custos iniciais de implantação associados às grandes centrais nucleares. Em consequência, levará a uma maior participação da energia nuclear na matriz energética global, com efeitos positivos para atual necessidade de redução de emissões de carbono, com segurança energética pela diversificação das fontes e garantia do abastecimento para atendimento das pessoas e da economia", segundo os organizadores do evento. 

Fonte de calor para a indústria - Eles defendem que muitas indústrias, especialmente a siderúrgica e a de cimento, requerem calor em altas temperaturas para seus processos produtivos. “Os SMRs, particularmente aqueles projetados para fornecer calor além de geração de eletricidade, como os reatores de alta temperatura (HTRs), podem suprir essa necessidade. O uso de calor nuclear substitui combustíveis fósseis em processos industriais, como a produção de aço e cimento, reduzindo significativamente as emissões de carbono”. 

“A captura e armazenamento de carbono (CCUS) é uma tecnologia que pode ser aplicada em indústrias como a de cimento e siderurgia, mas demanda grande quantidade de energia. SMRs poderiam fornecer a energia necessária para esses processos de forma sustentável, contribuindo para a redução líquida de carbono desses setores. Os SMRs também podem ser utilizados para gerar hidrogênio através da eletrólise da água ou processos termoquímicos, sem a emissão de carbono, ao contrário da produção de hidrogênio a partir de gás natural (a forma predominante atualmente). Esse hidrogênio pode ser usado como insumo em processos industriais, como na produção de aço com base em hidrogênio (DRI - Direct Reduced Iron), e também como combustível para transporte marítimo e aéreo, promovendo a descarbonização desses setores”. 

Outro ponto positivo, segundo eles, é o fato de que os SMRs podem fornecer eletricidade limpa e calor simultaneamente (cogeração), atendendo a indústrias que demandam ambas as formas de energia. Isso não só proporciona uma fonte de energia livre de carbono, como também pode aumentar a eficiência energética dos processos industriais. A eletrificação de processos industriais intensivos em energia e asubstituição de fontes fósseis por energia nuclear pode reduzir consideravelmente as emissões de CO₂. 

Descarbonização dos transportes - Defendem também que, no transporte marítimo, que depende fortemente de combustíveis fósseis, os SMRs poderiam ser usados para fornecer energia nuclear a embarcações, similar ao que já ocorre em submarinos e navios quebra-gelo. “Essa abordagem poderia ser expandida para navios comerciais, reduzindo drasticamente as emissões associadas ao transporte marítimo”. 

Transporte aéreo e combustíveis sintéticos - “Embora o transporte aéreo seja um dos setores mais difíceis de descarbonizar diretamente com energia nuclear, SMRs poderiam apoiar a produção de combustíveis sintéticos, como combustíveis líquidos a partir de CO₂ capturado e hidrogênio produzido com energia nuclear. Isso ofereceria uma alternativa de baixo carbono para a aviação, que atualmente depende de combustíveis fósseis”.  

Em defesa da opção pelos reatores modulares, informam que a Petrobrás, inclusive, “já está estudando a possibilidade de usar reatores nucleares modulares de pequeno porte (SMRs) como fonte de energia de baixo carbono para as atividades de produção de petróleo e gás. A informação foi divulgada no Site da Agência EPBR e é parte do esforço da companhia para reduzir as emissões nas operações e ganhar competitividade com a extração de um petróleo com menos emissões associadas. No momento, o trabalho está na fase de levantamento de potenciais rotas tecnológicas e os desafios associados, assim como as potenciais aplicações nas operações. 

(FOTO: ACERVO PESSOAL E ARQUIVO GAZETA DO POVO) – FONTE: CASA VIVA 

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Usina nuclear Angra 2 está desligada

 


A usina Angra 2 está desligada, sem gerar energia, desde 8/11, conforme o BLOG antecipou que ocorreria no dia 25/10. A parada foi agora divulgada em “fatos relevantes” da página da Eletronuclear. O desligamento ocorreu para a troca de combustível (urânio enriquecido). Até ontem a usina estava gerando energia, segundo "fatos relevantes". O BLOG perguntou à companhia sobre a previsão de retorno de Angra 2 ao Sistema Integrado Nacional (SIN) e o valor pago pelo combustível à Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A parada, segundo a companhia, vai durar 46 dias.  
 Novos equipamentos foram implementados em Angra 2 em 2017.  

Em março deste ano, visando evitar riscos elétricos para os trabalhadores, após identificação de pontos quentes em conexões do transformador do gerador elétrico principal de Angra 2, a usina nuclear foi desligada. O problema foi verificado durante uma inspeção termográfica de rotina, na área externa da unidade atômica. Os trabalhos precisaram que o transformador fosse desenergizado, evitando riscos elétricos para os trabalhadores. 

Em novembro de 2022, Angra 2 foi desligada: Um desarme automático do conjunto turbogerador, na parte não nuclear de Angra 2, devido ao “acionamento da proteção de falha para terra do rotor do gerador principal”, desconectou a usina nuclear do Sistema Interligado Nacional (SIN). A unidade operava a 100% de potência quando ocorreu o problema. A informação foi confirmada pela Eletronuclear nesta quinta-feira (10/11). 

Segundo a companha, todos os sistemas de segurança atuaram adequadamente, tendo o reator de Angra 2 permanecido em funcionamento com 23% de potência, conforme previsto em projeto. “O episódio não representou qualquer risco aos trabalhadores da central nuclear, à população ou ao meio ambiente”, informou a Eletronuclear. 

ANO 2020 – OXIDAÇÃO - 

Em julho, conforme o BLOG divulgou, problemas ocorreram durante o reabastecimento de combustível (urânio enriquecido), em Angra 2, que havia sido desligada no dia 22/6. Segundo a estatal, na inspeção foi detectada, “nos elementos combustíveis carregados no último ciclo, uma oxidação inesperada no revestimento dos tubos que contém as pastilhas de urânio enriquecido”. 

UM POUCO DA HISTÓRIA - 

A segunda usina nuclear do governo brasileira começou a operar comercialmente em 2001. Com potência de 1.350 megawatts, o equivalente a 20% da energia elétrica consumida na cidade do Rio de Janeiro. A usina conta com um reator de água pressurizada (PWR) de tecnologia alemã da Siemwns/KWU (hoje Areva NP), fruto de acordo nuclear entre Brasil e Alemanha, assinado em 1975. Angra 2 começou a ser construída em 1981, mas teve o ritmo das obras desacelerado a partir de 1983, parando de vez em 1986. A unidade foi retomada no final de 1994 e concluída em 2000. O custo da produção da usina não costuma ser revelado, nem as despesas com as paradas por problemas técnicos, muito menos, com a troca de combustível. Há cerca de cinco anos, o combustível custava R$ 286 milhões. 

(FOTO: ELETRONUCLEAR)  - 

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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

CNEN autoriza a operação de Angra 1 por mais 20 anos

 


A usina nuclear Angra I, em Angra dos Reis (RJ), foi autorizada nesta quinta-feira (21/11) a operar por mais 20 nos, pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Às vésperas de completar 40 anos, a decisão vinha sendo esperada pelo setor nuclear. Angra 1 começou a operar em 1985, mas foi desligada várias vezes por defeitos, problemas técnicos e ações judiciais. Foram tantos os desligamentos que chegou a ser batizada de “vagalume”. 

A Eletronuclear já admitiu que precisará buscar recursos adicionais para viabilizar a extensão de vida de Angra 1, capaz de produzir 640 MW, quando funciona 100% sincronizada ao sistema elétrico. A atual licença de operação da unidade expira em 24 de dezembro, mas a CNEN já estava com a autorização pronta,  segundo fontes. 

A empresa norte-americana Westinghouse, que vendeu a usina para o Brasil em 1970, foi contratada para participar do trabalho de avaliação, previsto para terminar em 2019, mas continuou.  Há cerca de duas décadas, a projeção era de que a unidade atômica deveria parar de funcionar até 2018. Mas nos últimos cinco anos foram investidos US$ 27 milhões na modernização do empreendimento, segundo a Eletronuclear, responsável pelas usinas nucleares.

Como parte desse programa foram realizadas várias substituições, como a troca de dois geradores de vapor e a tampa do vaso de pressão do reator, além do armazenamento da antiga. A tampa do vaso de pressão do reator e um mecanismo de inserção e extração das barras de controle foram fabricados pela empresa japonesa Mitsubishi Heavy Industries (MHI), que contratou a norte-americana Aquilex WSI Nuclear Services para realizar os serviços de troca, e a canadense Transco Plastic Industries, para fornecer o novo isolamento térmico. 

(FOTO: ABDAN) -

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