sexta-feira, 29 de março de 2024

Angra 1 volta a operar. Licença para funcionamento expira em dezembro, como o blog informou em 2018.

 


A usina Angra 1 foi reconectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), às 22h47 desta quarta-feira (27), após trabalhos de manutenção dos transmissores de fluxo de uma bomba de refrigeração e no sistema de instrumentação dos detectores de potência do reator, informou a Eletronuclear. Segundo a companhia, a central atômica passa por um processo de elevação gradual de potência antes de atingir 100%. Angra 1 foi desligada na terça-feira (26/3), quando sensores elétricos do equipamento emitiram um alerta como se a bomba de refrigeração não estivesse ligada, o que posteriormente foi verificado que não procedia. Dessa forma, o sistema automático de segurança desligou a usina preventivamente, segundo a companhia. 

Angra I funciona comercialmente desde 1985. A atual licença de operação da unidade expira em dezembro de 2024. Segundo a direção da companhia, são necessários R$ 3 bilhões para o projeto de extensão de vida útil da usina por mais 20 anos, que já consumiu US$ 27 nos últimos cinco anos antes de 2018, conforme divulgado na época.

VIDA ÚTIL - 

Em abril de 2018 o BLOG noticiou que Angra I, estava sendo preparada para ter vida útil prolongada por mais 20 anos.  A empresa norte-americana Westinghouse, que vendeu a usina para o Brasil em 1970, havia sido contratada para participar do trabalho de avaliação, que devia durar até 2019, mas ocorre ainda hoje. Há cerca de duas décadas, a projeção era de que a unidade atômica estaria em funcionamento até 2018. 

Como parte desse programa, foram realizadas várias substituições. Foram trocados os dois geradores de vapor e a tampa do vaso de pressão do reator, além do armazenamento da antiga. A tampa do vaso de pressão do reator e um mecanismo de inserção e extração das barras de controle foram fabricados pela empresa japonesa Mitsubishi Heavy Industries (MHI), que contratou a norte-americana Aquilex WSI Nuclear Services para realizar os serviços de troca, e a canadense Transco Plastic Industries, para fornecer o novo isolamento térmico. A empresa admitia naquela época que precisaria buscar recursos adicionais para viabilizar a extensão de vida de Angra 1, capaz de produzir 640 MW, quando funciona 100% sincronizada ao sistema elétrico.

(FOTO: Eletronuclear ) –

 COLABORE COM O BLOG – SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX: 21 99601-5849 – CONTATO: malheiros.tania@gmail.com 

quinta-feira, 28 de março de 2024

Unidade de produção de urânio com depósitos de materiais perigosos, degradação de estradas e rios gera processos do Ibama

 


Resíduos perigosos, degradação estrutural em recipientes elevando riscos de disposição do meio ambiente, potencias de poluição de solo e água, conflito de gestão dos impactos ambientais, são algumas das ocorrências verificadas na Unidade de Concentração de Urânio (URA) da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Caetité (BA), em vistorias do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizas no início e final de 2023. As ocorrências geraram duas multas. Uma, conforme auto de infração de 20/11/2023, de R$ 2.809.300,00 e outra que pode chegar a R$ 10.000.000,00. São mencionados problemas de assoreamento de leito de curso hídrico (Córrego do Engenho) relacionados à Mina do Engenho, e estrada de acesso ao local, entre outros. 


Segundo a literatura disponível, resíduos perigosos são aqueles que apresentam características de inflamabilidade, corrosividade, toxicidade, reatividade ou patogenicidade e que podem causar a morte. 

O documento do Ibama informa: “sobre os resíduos com contaminação radiológica, a empresa (INB) mantém estruturas de descontaminação nos domínios do pátio de britagem, controlado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), de forma independente do depósito de resíduos sólidos”. 

Em janeiro deste ano, um vendaval paralisou a produção de urânio da URA, que depende de autorização da CNEN para voltar a operar. Segundo informações, a unidade continua parada porque ainda não atendeu às determinações da CNEN. 


As vistorias do Ibama, antes do vendaval, apresentam um quadro preocupante na instalação. O Parecer Técnico nº 106/2023 – relativo ao Processo 02001.021153/2023-19, na qualificação da infração, consta a potencial consequência para a saúde pública. E aponta irregularidades e a necessidade de a INB dar continuidade à execução de programas ambientais, com gerenciamento de resíduos sólidos das áreas administrativas e de apoio. Consta, por exemplo, que no programa “são postuladas diretrizes para a gestão de resíduos recicláveis, orgânicos, perigosos, não recicláveis, de logísticas reversa e construção civil”. 

REPAROS NA LONA – RUPTURA - 

Durante a inspeção, o Ibama constatou: “... foram evidenciados problemas nos galpões destinados ao armazenamento de resíduos perigosos, uma vez que tais estruturas encontravam-se desprovidas de devida cobertura, possibilitando a exposição de tais resíduos às intempéries. Além disso verificou-se alguns recipientes (bombonas) de guarda dos resíduos que não se encontravam devidamente lacrados, além de outros recipientes dispostos de forma isolada (latas)”, potencializando ainda mais a exposição. 

O Ibama entendeu como agravante da situação o fato de a INB não ter atentado para observações anteriores, “que embora não tivesse registrado inconformidade, já apontava a necessidade de reparos na lona de cobertura em um dos galpões de armazenamento de resíduos perigosos, que havia apresentado “pequena ruptura”. 

DEGRADAÇÃO ESTRUTURAL – POLUIÇÃO DE SOLO E ÁGUA - 

O Ibama acrescentou: “O fato concreto é que, mesmo decorridos 15 meses desde relatório, o reparo não ocorreu e a situação se agravou a ponto de se ter na atualidade, dois galpões desprovidos de cobertura com efetiva exposição dos resíduos perigosos às intempéries”. Por isso, a situação pode resultar na degradação estrutural desses recipientes, portanto, elevando os “riscos de disposição dos resíduos não inertes no meio ambiente, além de criar condições potenciais e poluição de solo e água”. 

Em relação às questões relacionadas à licença de renovação da INB de 30/07/2021, com vigência até 20/01/2026, o Ibama relaciona problemas que a estatal teria que apresentar como a revisão do projeto de recuperação de taludes, mapeamento de das áreas alvo de recuperação, cronograma de execução das atividades; programa de manutenção das estradas com a manutenção do leito, conservação do sistema de drenagem, implantação de bacias de contenção demais ações necessárias ao correto disciplinamento de águas pluviais e controle de processos erosivos. 

ESTRUTURA MAIS CRÍTICA - 


Segundo o Ibama, essas exigências visam a assegurar no escopo do licenciamento ambiental da URA, que a INB mantenha protocolos para “mitigação dos impactos ambientais” associados com às estradas que a empresa utiliza, por exemplo. “Importa registrar – assegura o Ibama - que em decorrência da implantação da Mina do Engenho e da efetiva exploração dessa estrutura a partir do final de 2020, a estrada de acesso a essa Mina demanda da estrada de acesso a Mina do Engenho, que passou a constituir a estrutura viária mais crítica da URA quanto ao uso e a intensidade de tráfego. 

ACESSO DANIFICADO - O

s processos do Ibama registram outros graves problemas em torno da URA. O sistema de drenagem da estrada de acesso a Mina do Engenho encontra-se danificado, resultado inclusive em feições erosivas. Isso, com efeito significativo no  carreamento de materiais para o leito o curso hídrico, “caracterizando não atendimento ao que determina condicionantes da licença de operação, bem como implicando em efeitos negativos para o meio ambiente (assoreamento)”, além de trechos da rampa com um “canal de drenagem cujos arrestes de materiais tem implicado em efeitos indesejáveis na rede de drenagem natural, caracterizando assoreamento no curso hídrico e comprometimento da linha talvegue do leito do rio com material carreado. 

Em suas conclusões o Ibama sustenta que a situação das estruturas de armazenamento temporário de resíduos não inertes da URA conflita e estão em desacordo com “as premissas de gestão dos impactos ambientais, postuladas no licenciamento ambiental da URA”. A situação do sistema de drenagem da estrada de acesso à Mina do Engenho mostra que medidas mitigadoras não foram executadas de forma satisfatória. Isso, informa o Ibama, mostra que a empresa deixou de cumprir as medidas que a própria empresa prometeu executar, o que levaria o caso às instâncias superiores. 

URA – INB -

A Unidade de Concentração de Urânio (URA), situada no município de Caetité (BA), está implantada a única mineração de urânio em atividade no país, segundo a própria INB. Nela são realizadas as duas primeiras etapas do ciclo do combustível nuclear: a mineração e o beneficiamento do minério, que resulta no produto chamado concentrado de urânio ou yellowcake. A unidade ocupa uma área de 1.700 hectares, localizada em uma província mineral com recursos que chegam a 87 mil toneladas de urânio e onde estão identificados 17 depósitos minerais. De 2000 a 2015, a INB Caetité produziu 3.750 toneladas de concentrado de urânio a partir da extração a céu aberto de uma dessas jazidas – a mina Cachoeira. A mina que se encontra em operação hoje é a mina do Engenho. “Para assegurar a qualidade do meio ambiente e preservar a saúde de seus empregados e da população que mora nas proximidades da mineradora, a INB desenvolve permanentemente programas de monitoração ambiental e de proteção radiológica”, informa a empresa em seu site. E mais: “O concentrado de urânio produzido pela INB é transportado até o porto de Salvador, de onde segue para a Europa, onde é submetido a outro processo do ciclo do combustível nuclear: a conversão, que é a transformação do concentrado em gás (hexafluoreto de urânio – UF6). Somente em forma de gás o urânio pode ser enriquecido”. 

FOTOS: IBAMA- INB- FONTES – 

COLABORE COM O BLOG – SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX; 21 996015849 – CONTATO: malheiros.tania@gmail.com  

quarta-feira, 27 de março de 2024

Associação de Fiscais do setor nuclear pede ao Presidente Lula para implementar a Autoridade Nacional de Segurança Nuclear com quadro técnico

 


O diretor presidente da Associação dos Fiscais de Radioproteção e Segurança Nuclear (AFEN), formada por servidores da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, Neilson Marino Ceia,  divulgou nesta quarta-feira (27/3) carta aberta que será encaminhada ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, solicitando a implementação imediata da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), tendo como base a Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS), da própria CNEN. A ANSN foi crida m 2021, mas até hoje não saiu do papel. Marino Ceia informou na carta a importância de a ANSN ficar sob a responsabilidade da DRS porque cabe ao setor o licenciamento e fiscalização de instalações nucleares e radiativas no País. 

“A nossa solicitação vem, de acordo com a política adotada pelo Governo do Presidente Lula, acompanhada da forte recomendação em priorizar que técnicos de carreira da DRS sejam indicados para presidência e diretorias da ANSN”, informou na carta. 

Lembrou que a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), expressa pelo acordão 240/2024, “também anseia pela imediata nomeação do Diretor Presidente da ANSN, ato que possibilitará a entrada em funcionamento do novo Órgão com o objetivo de preservar, garantir e ampliar, de forma independente, a segurança nuclear para a sociedade, trabalhadores, público e meio ambiente”. 

E acrescentou: “É importante ressaltar a necessidade que haja uma harmonia entre os três diretores técnicos com um profundo conhecimento da conjuntura atual da Diretoria de Segurança Nuclear, para que seja feita a implantação do novo órgão, com a expertise de quem conhece a “casa”. Para o diretor presidente da AFEN, “uma indicação política em uma das três diretorias, poderá trazer consequências inimagináveis na criação desse órgão”. 

Assinalou que  a ANSN é um órgão de Estado, técnico, não político, voltado para o licenciamento e fiscalização do setor nuclear, o qual se vê envolto, além da intensa rotina atual, em novos e complexos desafios como a concessão da extensão de vida útil da usina Angra 1, o licenciamento do empreendimento de mineração de Santa Quitéria, a continuidade do licenciamento da Usina Angra 3, o licenciamento do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), as discussões relacionadas ao submarino nuclear brasileiro, a área médica e industrial, dentre muitos outros. “Mais uma vez insistimos na urgência da nomeação do presidente e dos diretores da ANSN, prioritária e unicamente com servidores egressos do quadro da DRS”, completou. 

(FOTO: Santa Quitéria/INB ) - 

COLABORE COM O BLOG - SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE - CONTRIBUA VIA PIX: 21 996015849 - CONTATO: 21 - 996015849  

 

Site da Eletronuclear ficou 15 dias fora do ar; Angra 2 voltou a operar e Angra 1 continua parada.

 


O site da Eletronuclear, gestora das usinas Angra 1 e Angra 2, e Angra 3,em construção, ficou fora do ar entre os dias 2 e 3 de março até 18/3, quando voltou a operar. A companhia não informou de imediato o problema em sua página, mas podia-se observar que algo fora do habitual ocorria com tantos dias de paralisação do site. Angra 2 voltou a operar no dia 14/3, mas a companhia não retornou as diversas solicitações feitas pelo BLOG via whatsapp, o que ocorreu nesta quarta-feira (27/3). 

 “Nos dias 2 e 3 de março, um dos servidores da contratada que gerencia o site enfrentou dificuldades técnicas. Desde então, uma equipe multidisciplinar vem tentando restaurar os serviços. Na manhã desta segunda-feira, dia 18, o site retorna, porém ainda não em sua totalidade”, informou a Eletronuclear. Segundo a companhia, o processo inicial de restauração dos servidores foi concluído e a aplicação está sendo reconfigurada. 

“A contratada está usando a base de dados disponível em backup para atualizar o conteúdo”, informou. E acrescentou que a o ocorrido e a equipe que gerencia o site está trabalhando para que a ferramenta volte ao normal. “Caso identifique algum conteúdo desatualizado, pedimos a gentileza que informe ao desenvolvedor”. NOTA BLOG: Lembramos que neste caso, informações importantes como essa sobre Angra 2, poderiam ter sido transmitidas ao BLOG via e-mail ou WhatsApp. Reiteramos que nos dias 11 e 12 de março o BLOG solicitou informações à Eletronuclear sobre Angra 2, sem nenhum retorno. 

(FOTO: Eletronuclear -

 COLABORE COM O BLOG - SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE - CONTRIBUA VIA PIX: 21 996015849 - Contato: malheiros.tania@gmail.com 

terça-feira, 26 de março de 2024

Angra 1 novamente desligada hoje; com Angra 2 também parada, o país está sem energia nuclear no momento

 


A usina nuclear Angra 1 foi novamente desligada na manhã desta terça-feira (26/3). Angra 2 continua desligada. Sobre esta parada de Angra 1, credita-se aos sensores elétricos do equipamento que emitiram um alerta como se a bomba de refrigeração não estivesse ligada, o que posteriormente foi verificado que não procedia. Dessa forma, o sistema de segurança desligou a usina automaticamente de forma preventiva, informou a Eletronuclear. Segundo a companhia, o desligamento temporário ocorreu após um trabalho de manutenção dos transmissores de fluxo de uma bomba de refrigeração. 

Angra 1 não dá descano aos técnicos da companhia.  Na semana passada noticiamos que havia entrado água do mar no condensador da usina. Após manutenções no equipamento, a usina atômica voltou a operar em sua capacidade máxima, na madrugada da quarta-feira passada (20/3). Durante o reparo, a Eletronuclear precisou reduzir a carga da usina para 75%, na noite desta segunda-feira (18). 

ANGRA 2 - A Eletronuclear não informou no site se a usina Angra 2 já voltou a operar. Para evitar riscos elétricos para os trabalhadores, após identificação de pontos quentes em conexões do transformador do gerador elétrico principal de Angra 2, a usina nuclear estava sendo preparada para ser desligada na quarta-feira (13/03). O problema foi verificado durante uma inspeção termográfica de rotina, na área externa da unidade atômica.

Os trabalhos precisam que o transformador seja desenergizado, evitando riscos elétricos para os trabalhadores, segundo a companhia que está com o site fora do ar há vários dias. O procedimento está solicitado ao ONS e a redução de potência está prevista para começar às 23h de terça-feira (12/3). Se a usina voltou a operar, nada foi informado. 

ANO NOVO VELHOS PROBLEMAS - 

Depois de alguns desligamentos no segundo semestre do ano passado, 2024 mal começou e a usina nuclear Angra 1 precisou ser novamente paralisada na terça-feira (16/1) para a realização de um reparo na turbina da unidade.  Profissionais da Eletronuclear detectaram problemas técnicos em uma das válvulas de bloqueio de vapor do circuito secundário. As causas estão sendo apuradas.  Logo depois, a usina foi religada. Angra 1 está sendo preparada para durar mais 20 anos. Leia abaixo alguns episódios sobre a primeira usina nuclear que o Brasil comprou dos Estados Unidos na década de 70.  

Voltemos aos fatos recentes. Angra 1 vinha apresentando outros problemas desde sábado (13/1): “houve uma falha mecânica em uma das bombas de água de alimentação principal para os geradores de vapor de Angra 1”, informou a companhia. Segundo a empresa, o problema nada tem a ver com o defeito apresentado nesta terça-feira. E, portanto, mais um defeito. “É importante destacar que o evento do final de semana - que não provocou desligamento da usina - não tem relação com o episódio mais recente desta terça-feira (16/01/2024)”. E acrescentou: “No dia 13/01/2024, apenas a bomba de água precisou ser desligada e, seguindo procedimentos operacionais, a carga do reator da usina foi reduzida para 48% até o domingo (14), conforme programação com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Este episódio também ocorreu no circuito secundário, ou seja, sem nenhum perigo radiológico envolvido”.

DESLIGAMENTOS E OUTROS FATOS - 

​No dia 19 de julho de 2023, Angra 1 foi desconectada do Sistema Interligado Nacional (SIN), às 14h32. Segundo a Eletronuclear, “o episódio é resultado do desarme do reator ocorrido durante teste de operabilidade das barras de controle”.  

MAIS 20 ANOS - Angra 1 foi comprada em 1970 da norte-americana Westinghouse. Depois de uma série de adiamentos, a central nuclear foi inaugurada em 1981. Outros entraves fizeram com que a usina entrasse em operação comercial em 1985. Em 1994, preia-se que Angra 1 poderia durar 24 anos, ou seja, até o ano de 2018. Hoje, a usina está sendo preparada para durar mais 20 anos. Em março do ano passado de 2023, o prefeito Fernando Jordão cobrou explicações do então presidente da estatal, Eduardo Grand Court, sobre vazamento de água radioativa ocorrido na usina em setembro do 2022, noticiado pelo jornal O Globo. “Em nenhum momento fui informado sobre o caso, nem a Defesa Civil ou o Centro Integrado de Informações Estratégicas em Saúde. 

As responsabilidades precisam ser apuradas. Em situações como esta, a notificação é compulsória e imediata, mas a estatal demorou 21 dias para comunicar ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), consta na nota divulgada pela Prefeitura. “Além disso, a Eletronuclear primeiro negou o vazamento, mas depois admitiu que cerca de 90 litros de água contaminada escorreram para o mar. 

OUTRA PARADA -  

​Angra 1 entrou em estado de Evento Não Usual, o primeiro da escala de emergência da Central Nuclear, às 8h50, de 22 de novembro do ano passado, quando os operadores da sala de controle perceberam uma falha na alimentação de um barramento elétrico de 4.16 Kv, que alimenta equipamentos auxiliares da usina. Angra 1 estava desligada e, segundo a Eletronuclear, de imediato foram tomadas providências para recuperar a condição operacional do barramento, o que ocorreu às 11h52. “A usina se encontra em situação segura e os trabalhos da parada de reabastecimento prosseguem normalmente. O incidente não representou nenhum risco radiológico para os trabalhadores e o meio ambiente’, informou a nota da companhia. 

VAGA- LUME - 

Angra 1 foi um dos empreendimentos mais criticados do governo militar. Dados oficiais do governo naquela época estimavam que Angra 1 tenha custado US$ 2 bilhões. Isso, sem levar em conta os gastos com a manutenção e os reparos de equipamentos. Ao longo dos anos a central atômica já foi desligada umas 35 vezes por problemas técnicos, defeitos em equipamentos e ações judiciais. Por causa desse acede e apaga, a usina ganhou o apelido de “vaga-lume”. A Eletronuclear garante que a instalação é uma das mais seguras do mundo e destaca a sua performance: em 2016, produziu 5,1 milhões de MWh, “a melhor geração da sua história”. Depois, gerou 4,2 milhões de MWh, “uma de suas melhores marcas, a despeito de ter ficado parada por quase 60 dias, entre agosto e outubro de 2017, por conta da troca dos seus transformadores principais, durante a parada para reabastecimento”.

 FOTO:  Eletronuclear - 

Leia no Blog: Em 18/04/2018, “Angra 1 deve ter mais 20 anos de vida útil”; em 08/08/2019, “Angra 1: mais 20 anos de vida útil”; em 06/08/ 2020, “Angra 1: problemas técnicos desligam a usina duas vezes em menos de 30 dias”, entre outras. COLABORE COM O BLOG – SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX: 21 99601-5849 – CONTATO: malheiros.tania@gmail.com

 

sábado, 23 de março de 2024

Niteroiense comanda pesquisa inédita sobre técnica de combate ao câncer, no Instituto de Engenharia Nuclear (IEN-CNEN). Leia a entrevista exclusiva

 


Niteroiense do bairro de Itacoatiara, o doutor em Biotecnologia Ralph Santos-Oliveira, lidera um grupo de pesquisadores do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), no Rio, que desenvolveu e patenteou pesquisa inédita cujos resultados prometem ser promissores no combate a alguns tipos de câncer passíveis de tratamento a partir de radioembolização. A técnica envolve a entrega precisa de microesferas carregadas com produtos radioativos até a região específica do tumor, reagindo de maneira mais segura e precisa à radioterapia, especialmente em casos de tumores no fígado que não permitem cirurgia. Sob a sua responsabilidade a patente: BR 10 2023 023825-4, com o título: “Reciclagem de vidro para fins médicos: produção de microesferas de matriz vítrea dopadas com 166Hólmio para radioembolização hepatocelular”, foi desenvolvida no Laboratório de Nanorradiofármacos apresenta um produto 100% nacional e com grande impacto social. “O Brasil tem seus altos e baixos, e estamos na ascendência novamente, visto o maior volume de financiamento. Contudo, isso precisa ser contínuo, assim como o Brasil precisa investir de forma mais robusta em projetos como esse, que mesmo com recursos mínimos demonstrou grandes resultados”, disse. Eis a entrevista exclusiva com Ralph Santos-Oliveira, 45 anos, filho de profissional de contabilidade e de professora universitária, que estudou na Universidade Federal Fluminense (UFF) e agora alcança importantes vitórias na ciência e tecnologia. 

BLOG: O BLOG noticiou a pesquisa inovadora; conte mais sobre este feito. 

RALPH SANTOS-OLIVEIRAA pesquisa conseguiu dois avanços importantes: primeiro, a produção, em laboratório, de microesferas a partir de vidro reciclável, uma matéria-prima abundante no Brasil e que pode desafogar a cadeia produtiva de impacto ao meio ambiente; o outro insight foi dopar as microesferas com 166Hólmio por trata-se de um radioisótopo subestimado, mas que apresenta uma ótima capacidade de usos em terapias oncológicas. 

BLOG: Os casos de câncer são impressionantes. 

RALPH: De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 704 mil casos novos de câncer devem ser registrados no Brasil em 2024. Este número reflete a necessidade constante de pesquisas sobre a doença, que pode afetar várias partes do corpo humano, e também estratégias de tratamentos que sejam eficazes e mais acessíveis à população, sobretudo devido ao aumento de ocorrências em todas as idades. 

BLOG: Conte um pouco a sua história acadêmica, especialidade. e há quanto tempo se dedica à pesquisa divulgada agora. 

RALPH: Sou farmacêutico industrial mestrado em Tecnologia Energéticas e Nucleares e Doutorado em Biotecnologia, atuando há mais de 19 anos na área de radiofarmacia.  O Laboratório de Nanorradiofármacos do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) tem se dedicado com afinco para fazer o Brasil ainda mais forte na área de Radiofarmacia e nanotecnologia de fronteira. Nesse projeto em específico, estamos trabalhando há mais de três anos nele. 

BLOG: Desafios? 

RALPH: Um dos principais desafios foi desenvolver uma metodologia adequada usando vidro reciclado. Para nós do Laboratório, o impacto ambiental sempre é levado em consideração. Outra dificuldade foi a padronização do tamanho da microesfera, que também consumiu um tempo considerável da pesquisa.  Gostaria de aproveitar e fazer um agradecimento aos órgãos de fomento, em especial a FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que vêm acreditando nas pesquisas do nosso grupo e têm nos ajudado com fomentos. Contudo, é importante que a manutenção orçamentária seja constante, para que possamos elevar e dar continuidade à pesquisa

BLOG: Como poderá chegar ao Sistema Único de Saúde (SUS)? 

RALPH – A chegada pode se dar tanto pela progressão da pesquisa, como pela incorporação do novo medicamento ao rol de procedimentos aprovados pelo SUS. Um ponto importante é que somos um órgão público e, portanto, a transferência de tecnologia e de produtos é mais facilitada. Outro ponto também muito importante é o preço. Atualmente, devido ao alto custo da radioembolização, é impensável se ter esse procedimento junto ao SUS. Contudo, com nosso produto, que é muito mais barato que o mercado tem disponibiliza, essa realidade pode mudar. 

BLOG: A importância para o Brasil e o mundo

RALPH A importância para o Brasil é enorme, pois a pesquisa pode representar a independência total do Brasil de fornecedores internacionais. Além disso, coloca o Brasil em posição de destaque pois integramos o rol dos poucos países que dominam a técnica da produção de microesferas radioativos no mundo! Para o mundo, representa mais um fornecedor de um produto de alto valor agregado, que pode impactar nos preços cobrados e mudar o cenário global de tratamento de tumores hepáticos, ampliando a assistência e cobertura desse exame numa população ainda maior. 

BLOG: O investimento está de acordo com as necessidades?

RALPH: Como disse anteriormente, o Laboratório de Nanorradiofármacos tem sido encarado pelos órgãos de fomento com muita seriedade e isso se reflete na aprovação de projetos de alta complexidade. Por exemplo, acabamos de aprovar junto ao CNPq, no Edital de Medicina de Precisão, um projeto de enorme impacto. Estamos desenvolvendo pequenas sequências de ácido RNA nanoencapsulado radiomarcados com isótopos de interesse médico, para o desenvolvimento de um teranóstico ultra potente. 

BLOG: Pode explicar?

RALPH: É capaz de reprogramar as células cancerígenas para elas não sejam mais cancerígenas, assim como diagnosticar com precisão máxima pequenos focos tumorais possibilitando o diagnóstico de alta precisão e minimamente invasivo. Contudo, os projetos precisam de suporte contínuo, em especial quando se pensa em produto para a população brasileira. A entrega de um produto requer um investimento maior, que o Brasil não costuma fazer. Mas acredito que ações de divulgação como essa sensibilizam os gestores e propiciam o influxo de suporte. 

BLOG: Como analisa o futuro da ciência no Brasil? 

RALPH: Penso que o Brasil tem seus altos e baixos, e estamos na ascendência novamente, visto o maior volume de financiamento. Contudo, como já disse, isso precisa ser contínuo, assim como o Brasil precisa investir de forma mais robusta em projetos como esse, que mesmo com recursos mínimos demonstrou grandes resultados.

BLOG: O Brasil pode avançar muito nesta área? Por quê? 

RALPH: O Brasil é plenamente capaz de avançar e se consagrar nessa área. Com o processo de produção nacionalizado e sendo um dos poucos países a dominar a energia nuclear de forma plena, não há razões que nos impeçam de seguir e conquistar esse importante mercado internacional

BLOG: Como se sente diante de um passo tão importante para o Brasil? 

RALPHComo servidor público, me sinto cumprindo minha missão e dando retorno à população brasileira do investimento feito na nossa pesquisa. Como pesquisador, me sinto honrado e liderar um grupo de pesquisadores tão jovens, tenazes e dedicados, que comungam de um objetivo comum, que é fazer o Brasil um país melhor para todos

BLOG: Quais os seus planos na área que se dedica? 

RALPH: Aqui, não paramos nunca e seguimos o lema: fazer o máximo é o mínimo que podemos fazer. Assim, além de continuar avançando nesse produto, estamos investindo uma boa dose de dedicação ao projeto do nano-siRNA radiomarcado, assim como levando à frente outra dúzia de projetos, na certeza de que pelo menos um ou dois gerem produtos viáveis. 

BLOG: Outros planos

RALPH:  Sempre estamos com planos. Atualmente, temos nos dedicado a analisar o quadro geral e focar nas bordas à procura de um novo desafio. Então, além do nano-siRNA radiomarcado e das microesferas de hólimio, estamos trabalhando sistemas de pontos quânticos de grafeno para Alzheimer, esse também com resultados preliminares bastante promissores. 

BLOG: Com tão boas notícias, conte por que escolheu o caminho da pesquisa? 

RALPH: Fiz Farmácia Industrial na Universidade Federal Fluminense (UFF) por pura paixão. Sou absolutamente apaixonado pela pesquisa e na sua conversão em ato social e curativo como esse projeto. Além disso, a pesquisa proporciona algo que talvez nenhuma outra área permita de maneira tão natural, o contato com o novo, o jovem, e o fresco, em todos os sentidos. Esse trabalho está sob minha batuta, mas é um trabalho de equipe, e uma equipe muito jovem. Então, poder ver esses novos talentos virarem novos pesquisadores críticos, conscientes, tecnicamente sólido consagra a minha escolha também. 

BLOGProva de que valeu pena

RALPH: Sou suspeito para falar, pois como já disse, sou muito feliz com o que faço. Mas, óbvio que já tive momentos de pensar e repensar, em especial quando se trabalha na fronteira do conhecimento. Tentar alcançar a fronteira e demonstrar que sua pesquisa vale a pena e é de ponta é muitíssimo duro.  Mas valeu e vale a pena. Atender à população brasileira me deixa feliz, ver um estudante virar pesquisador me deixa feliz, ver o reconhecimento que sua pesquisa está no caminho certo me deixa feliz... e isso não vale a pena? Vale muito! 

BLOG: Você é bem jovem, e já pode deixar uma mensagem para os iniciantes. 

RALPH: Tenho 45 anos e desejo que os mais jovens sejam bons, muito bons, ótimos. Amem o que façam e ajude-se. A pesquisa é uma fraternidade invisível. 

(FOTO: ASCOM-IEN/CNEN - 

COLABORE COM O BLOG - SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE - CONTRIBUA VIA PIX: 21 996015849 - CONTATO: malheiros.tania@gmail.com 

sexta-feira, 22 de março de 2024

Angra 3: consulta pública é mais uma tentativa para concluir a usina com obras iniciadas em 1984

 


A Eletronuclear tenta mais uma vez uma saída para a retomada das obras da usina Angra 3. Para tanto informa que disponibilizou, nesta quinta-feira (21/3), a consulta pública às minutas do edital e do contrato para a licitação dos serviços de Engenharia, Gestão de Compras e Construção (EPC, em inglês), que tem este objetivo, incluindo a Matriz de Risco e outros complementos contratuais. Até agora a usina já consumiu R$7,8 bilhões e depende de outros R$20 bilhões para entrar em operação em 2028, caso não haja mais um atraso. A usina tem 67% de suas obras civis concluídas. 

Quanto à consulta pública, os documentos foram enviados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ficarão disponíveis no site da Eletronuclear a partir de segunda-feira (25/3) até o dia 26 de abril. “A consulta pública busca obter contribuições e melhorias de todos os interessados no processo de licitação, incluindo agentes do setor elétrico, empresas, especialistas e sociedade em geral”, informou a companhia. “O BNDES segue a revisão dos demais estudos relacionados à retomada da construção de Angra 3, como o orçamento do empreendimento e o cronograma, que servirão como base para o cálculo do preço de energia a ser analisado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)”, acrescentou a Eletronuclear.

DÍVIDAS ACUMULADAS -

Em fevereiro de 2021, a Eletronuclear divulgou a sua dívida, fruto de financiamentos de Angra 3, com o BNDES e a Caixa Econômica Federal (CEF):  R$ 6,6 bilhões.  A empresa vinha pagando, mensalmente, R$ 30,1 milhões ao BNDES. Já a CEF, pagava R$ 24,7 milhões mensais.  Tratava-se de operação nada fácil de ser decifrada. 

Em 2019, por exemplo, informações da companhia eram de que equipamentos e serviços contratados no mercado nacional estavam sendo custeados por meio desse financiamento junto ao BNDES, na época, no valor de R$ 6,1 bilhões. O contrato fora assinado em fevereiro de 2011. Desse valor, a Eletronuclear havia sacado R$ 2,7 bilhões, entre junho de 2011 e junho de 2015. Ao BNDES, a empresa pagava R$ 30,9 milhões por mês desde outubro de 2017. 

Já o financiamento para a aquisição de máquinas, equipamentos importados e serviços realizados no exterior advinham de outro contrato entre a Eletronuclear e a CEF, no valor de R$ 3,8 bilhões, assinado em junho de 2013, tornando-se efetivo em julho de 2015.  Desse valor, teriam sido retirados R$ 2,8 bilhões, entre junho de 2015 e julho de 2017. 

PARCERIAS INTERNACIONAIS - 

Ao longo dos anos, a Eletronuclear manteve contatos com empresas detentores mundiais da tecnologia para construção e operação de usinas nucleares. Foram realizados contatos com o gigante consócio franco-nipônico EDF/MHI (Électricité de France / Mitsubish Heavy Industries); a sul-coreana KEPCO (Korea Electric Power Corporation) empresa que então responsável pela construção de quatro usinas nucleares nos Emirados Árabes Unidos; as atuais controladoras da norte-americana WEC (Westinghouse Electric Corporation), empresa precursora mundial na construção de usinas termonucleares; a russa Rosatom; a chinesa CNNC (China National Nuclear Corporation); e o grupo consorciado chinês SNPTC/SPIC (State Nuclear Power Technology Company / State Power Investment Corporation). Tudo indica que não houve avanço. 

O próximo passo é o governo a avaliar o modelo para a escolha do parceiro privado que concluirá a obra, informava a companhia.  O cronograma considerava o reinício das obras para junho de 2021. Além da falta de verbas para que se cumprisse o cronograma, uma ação na Justiça de Angra dos Reis empacou as obras ainda hoje. A Eletronuclear deve cerca de R$ 264 milhões à Prefeitura de Angra, dívida de uma contrapartida sócio ambiental relacionada à obra. 

1984: INICIO DAS OBRAS

Angra 3 faz parte do pacote do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, assinado pelo presidente da República, general Ernesto Geisel, em 27 de junho de 1975. As obras começaram em 1984, com diversas interrupções, até hoje. Continuam sendo executadas atividades de preservação das instalações do canteiro de obras e das estruturas e equipamentos da usina. Quando entrar em operação comercial, a usina atômica, com potência de 1.405 megawatts, poderá gerar cerca de 10 milhões de megawatts/hora por ano. Com Angra 3, a energia nuclear passará a gerar o equivalente a 70% do consumo do estado do Rio de Janeiro, o equivalente a três por cento do consumo nacional. 

(FOTO: ELETRONUCLEAR) – 

COLABORE COM O BLOG – SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX: 21 99601-5849 – CONTATO: malheiros.tania@gmail.com   

quinta-feira, 21 de março de 2024

Entrou água do mar no condensador de Angra 1, que já opera a 100% de potência; Angra 2 continua desligada

 


Entrou água do mar no condensador de Angra 1. Após manutenções no equipamento, a usina atômica voltou a operar em sua capacidade máxima, na madrugada desta quarta-feira (20/3). Durante o reparo, a Eletronuclear precisou reduzir a carga da usina para 75%, na noite desta segunda-feira (18). 

“O evento foi devidamente identificado e isolado por profissionais da empresa, que também realizaram a limpeza do equipamento seguindo integralmente os procedimentos operacionais e de segurança”, informou a Eletronuclear. Com o site fora do ar durante cerca de 15 dias, a empresa não estava prestando informações sobre as usinas. 

 “É importante ressaltar que o evento ocorreu no circuito convencional da usina, ou seja, sem qualquer contato com a área nuclear. Destacamos ainda que não houve qualquer prejuízo ao meio ambiente, aos trabalhadores e à população”, divulgou hoje em seu site. Angra 1 está sendo preparada para durar pelo menos 20 anos. Mas segundo técnicos, deveria ter sido desligada há muito tempo. 

ANGRA 2 - 

A Eletronuclear não informou no site se a usina Angra 2 já voltou a operar. Para evitar riscos elétricos para os trabalhadores, após identificação de pontos quentes em conexões do transformador do gerador elétrico principal de Angra 2, a usina nuclear estava sendo preparada para ser desligada na quarta-feira (13/03), O problema foi verificado durante uma inspeção termográfica de rotina, na área externa da unidade atômica. 

Os trabalhos precisam que o transformador seja desenergizado, evitando riscos elétricos para os trabalhadores, segundo a companhia que está com o site fora do ar há vários dias. O procedimento está solicitado ao ONS e a redução de potência está prevista para começar às 23h de terça-feira (12/3). Se a usina voltou a operar, nada foi informado. 

(FOTO: ABDAN) – 

COLABORE COM O BLOG – SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX: 21 996015849 – CONTATO: malheiros.tania@gmail.com)

segunda-feira, 18 de março de 2024

Dia 27/3: Lula e Macron em lançamento de submarino no Rio, enquanto brasileiros fazem treinamento em submarinos nucleares na França

 


Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e da França, Emmanuel Macron participam da cerimônia de lançamento do terceiro submarino convencional brasileiro, o Tonelero (S-42), em Itaguaí (RJ), no dia 27/3, fruto de parceria entre os dois países, iniciada em 2008. O fato que vem sendo guardado a sete chaves é que militares da Marinha brasileira já estão embarcados em submarinos nucleares franceses para receber treinamento. Formar a tripulação para comandar o submarino de propulsão nuclear nacional é mais um desafio, além de concluir toda a montagem do submarino, com previsão de lançamento em 2033. 

Durante a solenidade da aula Magna na COPPE/UFRJ, pela manhã, o almirante de esquadra Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar, diretor do Programa de Submarinos (Prosub), foi perguntado por alunos sobre a questão da tripulação, quando revelou a informação sobre o treinamento na França, que faz parte da parceria estratégica. “Se não tivermos gente qualificada, nós vamos ter problemas”, comentou o almirante. 


EDITAL FINEP – PLANTA INDUSTRIAL PARA O HEXAFLURETO - 

Alunos também perguntaram sobre a questão do desenvolvimento do combustível (urânio enriquecido) para alimentar o reator do submarino nuclear, que passa pela etapa do ciclo do combustível, quando o urânio é transformado em hexafluoreto (urânio na forma de gás). O almirante anunciou que a Marinha participa de edital na FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) visando passar o hexafluoreto da fase experimental para a industrial. Tudo vem sendo realizado no Centro Experimental de Aramar, em Iperó, São Paulo, dentro do PROSUB (Programa de Submarinos). Ele disse que o reator está em fase de montagem. 


O projeto de construção do edifício para abrigar a Usina-Piloto de demonstração Industrial para a Produção de Hexafluoreto de Urânio (USEXA) foi concluído pela Marinha na década de 90. Custou US$ 60 milhões e conta com três subunidades operando desde 2012. Além dessas, desde aquela época, havia uma outra em fase de comissionamento e duas em fase de testes para começar a operar em 2019. Na época, também, a Marinha informava sobre planos de emergência para a USEXA. Nada mais foi dito sore o assunto. 

PARCERIA BRASIL E FRANÇA - 

O PROSUB faz parte do programa estratégico do Estado Brasileiro, concebido em 2008 por meio de parceria estabelecida entre Brasil e a França. O projeto baseado na engenhara simultânea contempla a construção desde a infraestrutura industrial e de apoio à operação e manutenção de submarinos, a construção de quatro submarinos convencionais e o projeto e a construção do primeiro submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear brasileiro. 

O primeiro submarino convencional do programa com a França, o Riachuelo (S-40), foi lançado ao mar em dezembro de 2018 e entregue ao Setor Operativo da Marinha em setembro de 2022. O Submarino Humaitá (S-41) foi lançado ao mar em dezembro de 2020. Na semana que vem (27/3), o terceiro, Tonelero; depois, o Angostura (S43) e finalmente, o nuclear, se não tiver mais atrasos, em 2033. 

COMPLEXO NAVAL - 

O complexo naval de Itaguaí que Macron vai conhecer tem mais de 750 mil metros quadrados e abriga diversas instalações. Inaugurada em março de 2013, a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) representa “um marco na construção naval brasileira”. É o local onde começa de fato a construção dos submarinos, com a fabricação de industrial de alta tecnologia, com a fabricação de peças estruturais, tubulações, dutos e suportes, assim como instalações dos equipamentos, sistemas, componentes e estruturas internas nos submarinos.

A Base Naval é dividida entre as áreas norte e sul, que estão interligas por um túnel. A área norte fica a 3,5 quilômetros de distância da UFEM. São 103 mil metros quadrados que abrigarão um terminal rodoviário, um Batalhão de Defesa Nuclear, Biológica Química e Radiologia, entre outros. A área Sul abrange 487 mil metros quadrados destinados a montagem, lançamento, operação e manutenção dos submarinos. O conjunto possui um departamento de treinadores e simuladores, centro de manutenção de sistemas e um elevador de navios com capacidade para suportar 8 mil toneladas, por exemplo. 

O complexo terá três cais, três diques e um prédio destinado a troca de combustível do submarino nuclear, com projeto básico em andamento, segundo o almirante Petrônio que vai para a reserva nos próximos meses. No futuro, ele acredita que o Brasil só terá submarinos nucleares. “Precisamos matar os leões que aparecem em nossas frentes”, comentou, referindo-se às dificuldades financeiras, entre outras. 

(FOTOS: Reprodução da apresentação do almirante feita pelo BLOG - Lula e Macron, foto arquivo da EBC) – 

COLABORE COM O BLOG – SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX: 21 996015849 - CONTATO: malheiros.tania@gmail.com - 

sexta-feira, 15 de março de 2024

MCTI pediu concurso público para a CNEN, que registra alto déficit de fiscais e demais servidores

 


O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), comandado pela ministra Luciana Santos, informou ao BLOG que já encaminhou ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) pedido para a realização de concurso para o preenchimento das vagas existentes na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Mas ainda não há previsão de data para o concurso, informou o MCTI. O próprio presidente da CNEN, Francisco Rondinelli, falou sobre o déficit de mais de 1000 servidores durante o Seminário Resultados do Projeto Centena, realizado no auditório do CDTN (Centro de Desenvolvimento Tecnológico Nuclear (CDTN), da Comissão, no dia 4 de dezembro de 2023.

O fato de o MCTI não ter uma definição sobre o concurso para a CNEN é uma espécie de “balde de água fria” em muitas áreas da Comissão, responsável por um dos mais relevantes trabalhos, que é o de fiscalização do setor nuclear. 


A falta de fiscalização fez com que o Brasil registrasse em 1987 o maior acidente radiológico do mundo: o acidente com uma cápsula de césio-137 (material altamente radioativo), em Goiânia (GO), que, oficialmente  deixou quatro mortes, embora associações locais contabilizem cerca de 60, além de centenas de contaminados e seis mil toneladas de rejeitos radioativos. 

Segundo fontes do setor contatadas pelo BLOG, “a situação da fiscalização da utilização da energia nuclear no país é muito difícil, em função da extrema escassez de recursos humanos”.

Sem concurso há dez anos, do total de 3.254 (ocupadas e vagas) 1447 formam a força de trabalho, sendo que 1.370 são servidores ativos dos quais 675 do total estão aptos à  aposentadoria. A área responsável pelas tarefas de licenciamento e fiscalização de cerca de 3500 instalações – nucleares, radiativas, depósitos de rejeitos e atividades de segurança física e transporte de materiais radioativos- conta com pouco mais de 150 servidores, 30 % dos quais já podem se aposentar. 

A grande maioria dos servidores atualmente conta com mais de 55 anos e, sem a reposição necessária para a transmissão dos conhecimentos acumulados ao longo de anos de experiência, a área de fiscalização enfrenta muitas dificuldades. “Mesmo que realizemos um concurso neste ano, tememos que o tempo decorrido entre a aprovação de novos servidores e a sua entrada em exercício já seja insuficiente para que exista tempo hábil de convivência, entre a nova geração e os mais experientes”, diz outra fonte.

Responsável por grandes projetos, como o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), recentemente incluído no PAC, e o projeto CENTENA (depósito definitivo para rejeitos de baixa e média radioatividade), fundamental para que as usinas nucleares de Angra dos Reis não venham a paralisar até 2028, entre outros. Enquanto isso, há dois anos, o governo mantém no papel a criação da Autoridade Nacional de Segurança Nacional (ANSN), até hoje sem a indicação de seu diretor-presidente, apesar das centenas de instalações nucleares que precisam de fiscalização. Segundo fontes do setor, a CNEN tem tentado manter alguns servidores por meio de uma solução frágil, que é a concessão de bolsas para especialistas, o que não é suficiente para resolver os problemas que poderão ocorrer interferindo na saúde de trabalhadores, população e meio ambiente. 

(FOTO – LUCIANA SANTOS E FRANSCISCO RONDINELLI – DIVULGAÇÃO) – 

COLABORE COM O BLOG – SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX: 21 996015849 – CONTATO – malheiros.tania@gmail.com  

quarta-feira, 13 de março de 2024

Alexandre Silveira quer mapeamento geológico dos recursos minerais do país

 


O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, assinou uma portaria que institui o Plano Decenal de Mapeamento Geológico Básico e Levantamento de Recursos Minerais (PlanGeo), nesta quarta-feira (13/03), durante a inauguração do complexo mineroindustrial da Eurochem no Triangulo Mineiro, com a presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva. O documento estabelece as diretrizes e orientações sobre o planejamento e execução das atividades pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). 

“Esse planejamento vai permitir que a mineração do país saiba para onde está indo. Com esse mapeamento, seremos capazes de aproveitar o solo de forma mais eficiente e produtiva”, afirmou o ministro. Segundo pesquisadores, há décadas, o Brasil não realiza um mapeamento de seu solo e subsolo. Daí, pouco se conhece sobre o potencial mineral do País. No caso do urânio, por exemplo, estima-se que o Brasil tenha a sétima maior reserva do mundo, mas há bem pouco tempo, a estimativa era de quarta maior reserva e depois, quinta.

“Também estamos confirmando, sob a orientação do presidente Lula, a instalação do Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM). Na primeira reunião do CNPM, já no próximo mês, vamos propor o Programa de Mineração para Segurança Alimentar. Vamos priorizar o mapeamento geológico dos minerais fundamentais, tanto críticos quanto fertilizantes”, completou Silveira.

URÂNIO E FERTILIZANTES - 

Há anos o projeto denominado Consórcio Santa Quitéria - contestado por ambientalistas e estudiosos– poderá avançar agora com essas iniciativas do governo. Formado pelas empresas Galvani Fertilizantes e Indústrias Nucleares do Brasil (INB) com o objetivo de implantar um projeto conjunto de mineração em Santa Quitéria (CE), onde o fosfato, bem mineral preponderante na Jazida de Itataia, está associado ao urânio. Segundo a Galvani, o empreendimento irá produzir fertilizantes de alto teor destinados à agricultura, fosfato bicálcico, utilizado como suplemento para ração animal, e concentrado de urânio para geração de energia elétrica. 

A empresa pública INB é detentora dos direitos minerários da jazida, descoberta na década de 1970 e localizada nos domínios da Fazenda Itataia. Após a realização de estudos que confirmaram os recursos minerais contidos no local, a INB buscou, na iniciativa privada, empresas da área de fertilizantes para formar parceria. Em 2009, foi assinado o Contrato de Consórcio com a Galvani. Mas o projeto andou em passos lentos por conta de questões ambientais, como a liberação de documentos. O empresário Galvani participou do evento de inauguração no Triângulo Mineiro, e foi aplaudido na primeira fila.

(FOTO- PROJETO SANTA QUITÉRIA) - COLABORE COM O BLOG - SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX: 21 996015849 – CONTATO: malheiros.tania@gmail.com  

Em destaque

Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear - Editora Lacre

O livro “Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear”, da jornalista Tania Malheiros, em lançamento pela Editora Lacre, avança e apr...