quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Energia Nuclear: premiado brasileiro, doutorando na Pensilvânia (EUA), tem dicas na área atômica para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva

 


Natural de Vila da Penha, no subúrbio carioca, ele passou pelo Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, atraído pela área das pesquisas físicas, até chegar à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde acabou cursando Engenharia Nuclear, e se formando em 2019.   André Vidal, 26 anos, filho de professora e advogado, logo passou em processo seletivo e hoje é doutorando em Engenharia Nuclear na Universidade Estadual da Pensilvânia, uma das 10 melhores escolas de pós-graduação em na área, dos Estados Unidos. Sem abandonar a física e a pesquisa científica, Vidal participou do projeto de construção de um jogo de tabuleiro sobre energia nuclear, premiado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com sede em Viena, na Áustria. Nos EUA, onde o ritmo dos trabalhos é “frenético”, ele conta que tem vantagens como seguro saúde, dental, oftalmológico, e “salário suficiente para cobrir os gastos necessários para uma vida razoavelmente confortável e de qualidade”. 

Botafoguense, que adora samba e se arrisca na percussão, ele conversou com o BLOG, relacionou grandes diferenças entre os cursos, falou sobre as poucas oportunidades no mercado de trabalho brasileiro e deu dicas ao presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele acha que alguns projetos como o da usina Angra 3, o de propulsão nuclear e o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), podem alavancar o mercado nacional, sem deixar de mencionar os atrasos no campo nuclear no Brasil. Angra 3, por exemplo, "será um reator de geração II, sendo que hoje, já se fala em desenvolvimento de reatores de geração IV (há protótipos em operação na China e em construção nos EUA). Apesar de recentemente termos escutado sobre reatores modulares no Brasil, não se trata de uma tecnologia nacional e, sim, de importação". Eis a entrevista: 

BLOG: Quando ingressou na UFRJ para cursar Engenharia Nuclear? 

ANDRÉ VIDAL: Em 2013, mas não fui logo para cursar Engenharia Nuclear.  Comecei na licenciatura em Física em 2013 e no ano seguinte, na Engenharia Nuclear. 

BLOG: Por que escolheu Engenharia Nuclear? 

VIDAL: O principal motivo da escolha foi porque a nota de corte desse curso era uma das mais baixas entre as engenharias da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) no SiSU (Sistema de Seleção Unificada do MEC) naquele ano. Além disso, existe uma correlação forte entre Nuclear e Física, alinhando assim com os tópicos de meu interesse àquela época. 

BLOG: Qual foi a sua motivação? 

VIDAL: Desde o Ensino Médio gosto muito da área de Física, inclusive tive a oportunidade de ser membro de um grupo de pesquisa dessa disciplina. Atuei como bolsista de extensão durante o Ensino Médio em um projeto de pesquisa sobre Ensino de Física, o que me levou a escolher, como primeira opção, a Licenciatura em Física na UFRJ.

BLOG: Por que mudou? 

VIDAL: A grande desmotivação da sociedade perante aos cursos de Licenciatura, ainda mais em Física, fez com que meus planos mudassem para Engenharia. Essa mudança também foi influenciada pelo curso técnico em Telecomunicações que fiz concomitante com o Ensino Médio no CEFET (Centro Federal de Educação Tecnológica) de Nova Iguaçu. 

BLOG:  Quando se formou e desde quando está nos Estados Unidos? 

VIDAL: Me formei em Engenharia Nuclear no ano de 2019. Logo após a graduação na UFRJ, fui convocado pela Amazul, cujo concurso foi feito em 2018. No entanto, eu estava no processo seletivo da pós-graduação nos Estados Unidos e, assim, segui dando preferência à minha formação acadêmica.

 BLOG:  Nos EUA, o que e onde está estudando? 

VIDAL: Sou doutorando em Engenharia Nuclear na Universidade Estadual da Pensilvânia, uma das 10 melhores escolas de pós-graduação em Engenharia Nuclear dos Estados Unidos. 

BLOG: Quais são os planos? Ficar quanto tempo nos EUA? 

VIDAL: Sou bastante flexível e não me prendo tanto a nenhum objetivo específico. No momento, meu foco é concluir o PhD. 

BLOG: Está gostando? Está feliz? Pode avaliar? 

VIDAL: Estou gostando. O trabalho é bastante puxado e o ritmo de entrega de resultados é bem mais frenético do que no Brasil. Isso, às vezes, aflora um pouco os nervos e aumenta a ansiedade, o que não é bom. Por outro lado, a remuneração é suficiente para manter um padrão de vida com mais qualidade do que um acadêmico no Brasil, por exemplo. Além dos benefícios de seguro saúde, dental e de visão. Apesar do salário ser abaixo da média do país, é suficiente para cobrir os gastos necessários para uma vida razoavelmente confortável e de qualidade. 

BLOG: No Brasil, como avalia o mercado de trabalho para Engenharia Nuclear? 

VIDAL: É um mercado escasso e muito restrito. No mercado de energia, a fonte nuclear não ocupa uma porcentagem significativa na matriz elétrica – apenas 3% da energia gerada é proveniente das usinas de Angra. Portanto, o mercado de trabalho se apresenta de forma análoga - proporcional à porcentagem. O Brasil se fincou no seu potencial hidrelétrico e, agora, investe mais em energias eólica e solar. No meu ponto de vista, é evidente que haverá mais ofertas para esses setores. Além de contarmos com o projeto do pré-sal na Petrobras, o que gerou e gera muitos empregos ainda hoje. 

BLOG: No Brasil, como estão as novas tecnologias na área nuclear? 

VIDAL: Sobre as novas tecnologias nucleares: eu vejo o Brasil muito atrasado nesse quesito. Não há nenhuma startup nuclear promovendo novos produtos. Nossa próxima usina nuclear – Angra 3 – será um reator de geração II, sendo que hoje já se fala em desenvolvimento de reatores de geração IV (há protótipos em operação na China e em construção nos EUA). 

BLOG: Novidades nacionais? 

VIDAL: Apesar de recentemente termos escutado sobre reatores modulares no Brasil, não se trata de uma tecnologia nacional e, sim, de importação. Há, ainda, o mercado de defesa, no qual se encontra o desenvolvimento do submarino de propulsão nuclear – sendo esse, a maior fonte de emprego para os egressos de Engenharia Nuclear atualmente. 

BLOG: E os concurso da Eletronuclear e Indústrias Nucleares do Brasil (INB), com raras vagas? 

VIDAL: Acredito que deveria existir uma outra maneira de definir os requisitos de cada posição, uma vez que o engenheiro nuclear possui formação qualificada para atuar em diversas funções. Por exemplo, uma vaga dedicada aos cargos de engenheiro mecânico ou engenheiro químico pode ser muitas vezes ocupada por um engenheiro nuclear. Isso porque o currículo do curso de Engenharia Nuclear na UFRJ possui grande abrangência de áreas. O último concurso da INB de que me lembro não ofertou vagas para engenheiros nucleares e isso gerou um grande descontentamento na época. Nesse período, eu estava à frente da organização dos estudantes do curso – a SEEN (Seção Estudantil da Engenharia Nuclear) – e, em conjunto, escrevemos uma carta para a presidência da INB. A resposta que recebemos foi que esse concurso foi organizado há muitos anos, quando ainda não existiam engenheiros nucleares formados, e que, a partir do próximo concurso, a formação em Engenharia Nuclear seria incluída. 

BLOG: Hoje, o Brasil oferece oportunidades de trabalho aos formados em Engenharia Nuclear? 

VIDAL: As oportunidades existem, mas são poucas. Assim como o curso é pequeno, as vagas também. Proporcionalmente, o curso de Engenharia Nuclear na UFRJ possui uma alta taxa de inserção de egressos no mercado se comparada com outras engenharias. Destaco aqui a importância da Amazul, empresa de defesa criada em 2013, que vem absorvendo a maioria dos formados. Além disso, existem alguns outros órgãos, empresas e instituições que podem absorver os formados. São elas: Marinha do Brasil, Comissão Nacional de Energia Nuclear, NUCLEP, Eletronuclear e, futuramente (espero eu), INB. Também existem opções internacionais – temos exemplos de formados hoje trabalhando para Westinghouse (norte americana) e Framatome (francesa). Apesar de não ser tratado como “mercado” (no Brasil), existe a opção de continuar os estudos e ingressar na carreira acadêmica através dos programas de pós-graduação (mestrado e doutorado). 

BLOG: E nos EUA? 

VIDAL: Os EUA possuem um mercado muito mais maduro e, por isso, existem muitas oportunidades de ingressar na carreira de engenheiro nuclear. Equivalente ao Brasil, também existem diversas instituições de diferentes origens. A diferença é a proporção dessas oportunidades. O que acho interessante destacar na diferença entre Brasil e Estados Unidos é que a carreira acadêmica nos EUA é considerada como um carreira profissional comum, na qual os estudantes de pós-graduação são tratados como empregados da universidade, ou seja, possuem direitos trabalhistas e tem parte do salário retido no imposto de renda, assim como qualquer outro emprego regular. Eu acho que isso é levado em consideração quando um estudante de Engenharia Nuclear termina a graduação por aqui. Enquanto no Brasil, o estudante de mestrado e doutorado tem que lutar por uma bolsa extremamente defasada, que não dá condições nenhuma para o indivíduo se sustentar e ter uma vida digna. Fora o não reconhecimento como tempo de serviço e falta de direitos - são diversos casos de estudantes mulheres que tiveram de atrasar ou desistir da pós-graduação por conta de uma gravidez, por exemplo. Esse efeito também acontece na graduação, mas é mais frequente nos cursos de pós, na minha opinião. 

BLOG: O que sugere a quem pretende estudar Engenharia Nuclear no Brasil? 

VIDAL: Buscar engajamento desde o princípio com a seção estudantil e se envolver com as atividades extracurriculares. Esse passo é importante para que o estudante conheça o quanto antes sobre a área escolhida e tenha tempo de sobra para decidir sobre seu futuro dado o panorama do mercado e as oportunidades que existem. O currículo de Engenharia Nuclear pouco toca no assunto nuclear durante os primeiros dois anos de curso, portanto buscar fontes fora do currículo é essencial para conhecer a área. 

BLOG:  Tem planos para voltar ao Brasil? Objetivo? 

VIDAL: Sim. Atualmente, minha vontade é voltar ao Brasil daqui a 2 ou 3 anos, a fim de continuar na carreira acadêmica. Porém, estou sempre aberto a novos desafios. 

BLOG: Conte um pouco a sua história. 

VIDAL: Tenho 26 anos. Cresci na Vila da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Sou filho de professora e de advogado. Sou botafoguense nato e membro ativo da Torcida Jovem do Botafogo. Amo samba e percussão, já me arrisquei em instrumentos como pandeiro, tantan, chocalho, reco-reco e mais recentemente surdo (de 2ª e de 3ª). 

BLOG: E os estudos iniciais? 

VIDAL: Fiz Ensino Médio e Técnico no CEFET-RJ unidade Nova Iguaçu, onde comecei minha trajetória no mundo da pesquisa. Desde o 2º ano, participei do grupo de pesquisa em física e lá aprendi muito sobre física e metodologia em pesquisa científica. Hoje sou colaborador externo desse mesmo grupo e tive a oportunidade de participar no projeto de construção de um jogo de tabuleiro sobre energia nuclear. O jogo recebeu premiação internacional da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em 2020 e duas publicações científicas foram redigidas sobre o assunto. 

BLOG: Conte um pouco sobre o seu doutorado. 

VIDAL: No meu doutorado, pesquiso sobre salvaguardas em reatores a sal fundido (de 4ª geração) através de simulações computacionais e consequente observação na mudança em variáveis físicas dados cenários de operação regular e operação com desvios de material nuclear abruptos e contínuos. O projeto também engloba análise da incerteza dos resultados oriunda dos processos de Monte Carlo e também do uso de tabelas de dados nucleares. 

BLOG: Estamos a poucos dias da posse do presidente da República eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Poderia contribuir com sugestões para o novo governo no campo nuclear. Por exemplo, o que pode ser feito para melhorar a situação dos alunos que cursam engenharia nuclear, em termos de mercado de trabalho no Brasil? 

VIDAL: Acredito que existem diversas maneiras de o governo federal melhorar a situação dos alunos de engenharia nuclear no Brasil, porém restringindo para o mercado de trabalho, eu vejo que a continuação da construção de Angra 3 é um investimento primordial para o desenvolvimento do país em segurança energética e diminuição de emissões. Isso vai gerar inevitavelmente novas oportunidades no setor nuclear e torço para que as vagas disponíveis incluam os engenheiros nucleares. Existem também os projetos do submarino a propulsão nuclear e do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB); dois investimentos que devem ter um enfoque muito grande na próxima gestão. Espero que com esses projetos, mais vagas para engenheiros nucleares sejam oferecidas. 

BLOG: O Brasil investe na formação de profissionais, como na área da engenharia nuclear, depois, por falta de oportunidades, ou de oportunidades mais atraentes eles vão para o exterior. O que acha que o novo governo pode fazer para manter esses profissionais no país? 

VIDAL: Acredito que um plano de carreira mais sólido e remunerações mais bem ajustadas sejam dois atrativos, além da oferta de vagas. Como sempre tenho dito, a multidisciplinaridade do curso de engenharia nuclear possibilita o graduado atuar em diversas áreas e assim acredito que mais vagas poderão ser ofertadas quando essa flexibilidade de formação for aplicada. Não sei até que ponto o governo federal poderá interferir nisso, mas acho que cabem as instituições um estudo mais completo das atribuições do engenheiro nuclear para que as vagas possam contemplar nossa formação. 

FOTO: Acervo pessoal – 

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terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Fusão Nuclear: mais 10 anos de desafios até que a sociedade precise dela. Por Leonam Guimarães

 


O Sol alimenta a vida na Terra há bilhões de anos, nos enviando radiação sob forma de luz e calor produzida pela fusão nuclear. Dado essa incrível potência e longevidade, parece que dificilmente pode haver uma maneira melhor de gerar energia do que aproveitar os mesmos processos nucleares que ocorrem em nossa própria estrela e em todas as outras.

Para liberar parte da energia de ligação dos núcleos atômicos em energia útil, na fusão nuclear átomos leves são unidos. Seu oposto, na fissão nuclear átomos pesados são separados. As usinas nucleares comerciais de geração elétrica usam a fissão nuclear para gerar calor e eletricidade. Embora energia nuclear por meio da fissão seja cada vez mais segura e econômica, a fusão promete vantagens importantes.

A fissão nuclear produz resíduos radioativos que são efetivamente gerenciados de forma segura por longos períodos. Os resíduos produzidos pela fusão nuclear são em menor quantidade e atividade, requerendo gerenciamento mais simples e por períodos menores. A maioria dos experimentos de fusão usa hidrogênio, que pode ser extraído de forma barata da água do mar e do lítio, o que significa que o suprimento de combustível pode durar milhões de anos. 

Os reatores de fusão nuclear foram concebidos ao final dos anos 50 e visam replicar as estrelas fundindo átomos de hidrogênio para criar hélio, liberando energia na forma de calor tal como os reatores de fissão vem efetivamente fazendo a pelo menos quase setenta anos. Sustentar a fusão em grande escala por longos períodos tem o potencial de constituir uma fonte de energia segura, limpa e quase inesgotável, essencial para mitigar as mudanças climáticas pela transição energética. 

A fusão nuclear pode ser uma fonte de energia sustentável essencial para complementar as principais energias limpas, que são as renováveis e a de fissão nuclear. A busca pelo seu emprego industrial começou décadas atrás, mas será que uma velha piada de que a fusão nuclear está sempre a 30 anos de distância pode começar a parecer ultrapassada? 

Cientistas dos EUA alcançaram recentemente um marco importante em suas tentativas de aperfeiçoar o processo de fusão na instalação experimental NIF, baseado no conceito de “confinamento inercial”. Usaram com sucesso um laser de 192 feixes para transformar uma pequena quantidade de hidrogênio em uma quantidade de energia maior do que a energia que acionou os lasers.

Enquanto isso, o maior experimento de fusão do mundo, o reator ITER que é baseado no conceito de “confinamento magnético”, está sendo construído na França por um projeto colaborativo entre 35 nações. Espera-se que sua produção se inicie em 2035.

Apesar de uma série de avanços promissores nos últimos anos, a fusão nuclear em larga escala ainda está certamente a mais de uma década de distância. Os resultados dos EUA constituem um verdadeiro avanço apontando que muito mais trabalho é necessário antes que a fusão nuclear possa ser usada para fornecer energia para residências, comércio, indústria e transporte.

Como disse certa vez Lev Artsimovich, “pai do tokamak”, primeira máquina onde se conseguiu a fusão nuclear por confinamento magnético, “a fusão estará lá quando a sociedade realmente precisar dela”, da mesma forma que a fissão nuclear já está aqui respondendo hoje por 30% da energia elétrica de baixo carbono gerada no mundo, com mais de 400 usinas em operação e 50 em construção. 

PERFIL- LEONAM DOS SANTOS GUIMARÃES:  Doutor em Engenharia Naval e Oceânica pela USP e mestre em Engenharia Nuclear pela Universidade de Paris XI; Assessor especial da Eletrobrás Eletronuclear, onde ocupou a presidência de 2017 até recentemente; membro do Grupo Permanente de Assessoria em Energia Nuclear do Diretor Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA e do Conselho de Representantes da World Nuclear Association (WNA). Foi presidente da Seção Latino Americana da Sociedade Nuclear Americana, diretor técnico-comercial da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa SA (AMAZUL), e coordenador do Programa de Propulsão Nuclear do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP). 

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terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Prefeitura de Angra recorre à Justiça para impedir atracação de porta aviões com amianto e vestígio de material radioativo em todos os portos da cidade

 


A Procuradoria Geral do município de Angra dos Reis, RJ, informou há pouco ao BLOG, que já está entrando com medidas judiciais para impedir a atracação do porta aviões São Paulo em todos os portos da cidade. “A carga do porta aviões São Paulo representa uma ameaça ao equilibro ambiental da Baia da Ilha Grande”, afirmou a Prefeitura. 

O porta aviões São Paulo, transportando o cancerígeno amianto, com vestígios de materiais radioativos, que vagueia há cerca de quatro meses pelo Oceano Atlântico, poderá, portanto, não chegar ao Porto de Angra dos Reis, como está sendo planejado. Segundo as denúncias, a embarcação já esteve envolvida em testes nucleares no Oceano Pacífico, promovidos no passado pelos militares franceses. 

A intervenção para que a embarcação não chegue ao Rio foi solicitada esta semana pelo presidente da Comissão de Representação para acompanhar o Cumprimento das Leis da Assembleia  Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), e autor da Lei 357/01, que proíbe o amianto no Estado do Rio de Janeiro, deputado estadual Carlos Minc (PDB), ao procurador-chefe da Procuradoria da República no Rio de Janeiro, Sérgio Luiz Pinel Dias, e ao secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha. 

O parlamentar afirma que a intervenção precisa ser adotada para impedir a atracação da embarcação nos portos cariocas, pois há o risco de “graves danos ambientais e à saúde da população do estado”. Em ofícios, Minc relata o problema do porta aviões, que mobiliza organizações ambientais nacionais e internacionais, entre elas, a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA), dirigida pela fiscal do Trabalho, Fernanda Giannasi. 

Segundo as denúncias, relata o deputado, todos acompanham há meses o imbróglio do deslocamento da carcaça do antigo e desativado porta aviões São Paulo, o maior navio militar brasileiro, de 266 metros e comprimento, que está inativo há mais de cinco ano. “Fomos informados que a referida embarcação foi impedida de atracar em portos e estaleiros nacionais e internacionais em função de transportar toneladas de amianto e bifenilas policloradas (PCBs), produtos cancerígenos e proibidos em vários países, inclusive no Brasil, além de compostos de chumbo, cádmio, e arsênio, considerados ecotóxicos ao meio ambiente marinho e à saúde, além de apresentar vestígios de materiais radioativos, já que esteve envolvido em testes nucleares no oceano pacífico, promovidos pelos militares franceses”, relata o arlamentar.

Segundo a denúncia, acrescentou Minc, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) autorizou a viagem para a Turquia, para desmanche do navio, aceitando um Inventário Parcial de Materiais Perigosos (IHM, na sigla em inglês), atestando a existência de apenas 9,6 toneladas de amianto, que vem sendo contestada por diversos organismos internacionais. Isto fere, disse ele, possivelmente, o que dispõe a Convenção da Basileia, da qual o Brasil é signatário e que trata do Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito. 

“Um mês depois que o governo turco proibiu a entrada do comboio no país, o IBAMA não teve outra alternativa que não fosse a de suspender a autorização para exportação e ordenou o retorno do navio ao Brasil, sob risco de ser caracterizado tráfico ilegal, já que trafegava com produtos perigosos sem mais ter autorização do exportador e do importador”, ressaltou o parlamentar. 

No dia 5 de outubro, o governo do Estado de Pernambuco recomendou ao Porto do Suape não permitir a atracação por temer a contaminação da região pelos produtos contidos na embarcação. “A Agência considerou o fato de que a embarcação em questão teve sua licença de exportação cancelada pelo IBAMA e, inclusive, foi impedida de navegar e atracar em outras regiões”, completou Minc. O navio segue para o Espírito Santo e depois para Angra dos Reis, Estado do Rio. “Temos que impedir este absurdo, antes que o estado do Rio de janeiro, sua população e meio ambiente sejam vítimas de uma tragédia sem precedentes”, alertou o parlamentar. 

FOTO: ABREA – 

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segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

MP pode proibir chegada de porta aviões com amianto e vestígios de material radioativo ao Rio. Minc alerta sobre riscos de graves danos ambientais

 


O porta aviões São Paulo, transportando o cancerígeno amianto, com vestígios de materiais radioativos, que vagueia há cerca de quatro meses pelo Oceano Atlântico, poderá não chegar ao Porto de Angra dos Reis, como está sendo planejado. Segundo as denúncias, a embarcação já esteve envolvida em testes nucleares no Oceano Pacífico, promovidos na década de 90 pelos militares franceses, no atol de Mururoa. A intervenção da embarcação acaba de ser solicitada pelo presidente da Comissão de Representação para acompanhar o Cumprimento das Leis da Assembleia  Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), e autor da Lei 357/01, que proíbe o amianto no Estado do Rio de Janeiro, deputado estadual Carlos Minc (PDB), ao procurador-chefe da Procuradoria da República no Rio de Janeiro, Sérgio Luiz Pinel Dias, e ao secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha. O parlamentar afirma que a intervenção precisa ser adotada para impedir a atracação da embarcação nos portos cariocas, pois há o risco de “graves danos ambientais e à saúde da população do estado”. 

Em ofícios, Minc relata o problema do porta aviões, que mobiliza organizações ambientais nacionais e internacionais, entre elas, a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA), dirigida pela fiscal do Trabalho, Fernanda Giannasi.  Segundo as denúncias, relata o deputado, todos acompanham há meses o imbróglio do deslocamento da carcaça do antigo e desativado porta aviões São Paulo, o maior navio militar brasileiro, de 266 metros e comprimento, que está inativo há mais de cinco ano. “Fomos informados que a referida embarcação foi impedida de atracar em portos e estaleiros nacionais e internacionais em função de transportar toneladas de amianto e bifenilas policloradas (PCBs), produtos cancerígenos e proibidos em vários países, inclusive no Brasil, além de compostos de chumbo, cádmio, e arsênio, considerados ecotóxicos ao meio ambiente marinho e à saúde, além de apresentar vestígios de materiais radioativos, já que esteve envolvido em testes nucleares no oceano pacífico, promovidos pelos militares franceses”, relata o parlamentar. 

Segundo a denúncia, acrescentou Minc, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) autorizou a viagem para a Turquia, para desmanche do navio, aceitando um Inventário Parcial de Materiais Perigosos (IHM, na sigla em inglês), atestando a existência de apenas 9,6 toneladas de amianto, que vem sendo contestada por diversos organismos internacionais. Isto fere, disse ele, possivelmente, o que dispõe a Convenção da Basileia, da qual o Brasil é signatário e que trata do Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito. “Um mês depois que o governo turco proibiu a entrada do comboio no país, o IBAMA não teve outra alternativa que não fosse a de suspender a autorização para exportação e ordenou o retorno do navio ao Brasil, sob risco de ser caracterizado tráfico ilegal, já que trafegava com produtos perigosos sem mais ter autorização do exportador e do importador”, ressaltou o parlamentar. 

No dia 5 de outubro, o governo do Estado de Pernambuco recomendou ao Porto do Suape não permitir a atracação por temer a contaminação da região pelos produtos contidos na embarcação. “A Agência considerou o fato de que a embarcação em questão teve sua licença de exportação cancelada pelo IBAMA e, inclusive, foi impedida de navegar e atracar em outras regiões”, completou Minc. O navio segue para o Espírito Santo e depois para Angra dos Reis, Estado do Rio. “Temos que impedir este absurdo, antes que o estado do Rio de janeiro, sua população e meio ambiente sejam vítimas de uma tragédia sem precedentes”, alertou o parlamentar. 

FOTO: Divulgação ABREA – 

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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

As falácias da MP que autoriza o setor privado a explorar minérios nucleares, por Célio Bermann

 


"Tive a oportunidade de tecer considerações sobre as atividades de pesquisa e lavra de minérios nucleares e as (in)competências e irresponsabilidades históricas de diversas ordens da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em matéria publicada neste blog em 6 de outubro de 2020. Agora, voltamos ao assunto por conta da Medida Provisória (MP 1.133/2022), que desde a semana passada autoriza a participação do setor privado na exploração de minérios nucleares, entre outras providências referentes ao tema.

Recordei fatos ocorridos ainda em 1987 quando eu trabalhava como consultor no projeto Itataia, e conheci de perto a irresponsabilidade e o descaso com que a Nuclebrás administrava os trabalhos de prospecção da mina. Na época, era a Nuclebrás a empresa estatal nuclear que atuava nas atividades de pesquisa e lavra de minérios nucleares como o urânio. Ainda, a Nuclemon era outra empresa estatal nuclear que processava as areias monazíticas para a obtenção de cloreto de terras raras, gerando um subproduto com alta concentração de urânio e tório conhecido como torta II. A torta II processada também dá origem ao mesotório, produto altamente radioativo.

Ambas empresas deram lugar à INB que hoje possuí um elevado passivo ambiental nuclear. São muitos os conflitos e embates em localidades como Itu (SP), onde o sítio Botuxim armazena 3.500 toneladas de rejeito radioativo (torta II), ou Caldas (MG), onde a antiga exploração do minério de urânio deixou uma barragem com 12 mil toneladas de rejeitos que colocam em risco a região em caso de rompimento.

A Medida Provisória (MP 1.133/2022) aprovada pelo Senado em 7 de dezembro deste ano, que autoriza a participação do setor privado na exploração de minérios nucleares deve ser analisada neste contexto. Como atividades de pesquisa e lavra de minérios nucleares que historicamente sempre apresentaram sérios problemas de segurança e saúde pública quando foram sujeitas ao descaso e irresponsabilidade de empresas estatais, passarão ser objeto de participação de empresas privadas? 

Cabe ressaltar que tais empresas estatais jamais poderão ser classificadas como “empresas públicas” pois nunca estiveram sujeitas ao controle social. Nestas condições, o risco destas atividades serem desenvolvidas sem controle e fiscalização, pois se estas existissem o país não teria esse passivo nuclear ambiental. 

A alegada justificativa de que, com essa MP se viabiliza a independência financeira da INB e a garantia da entrega do combustível para as usinas de Angra sem a necessidade de recursos do Tesouro Nacional, como procura indicar a mensagem do Ministério de Minas e Energia, não tem fundamento.

Mesmo a ideia de que a exploração do minério de urânio pela iniciativa privada, cujo potencial é estimado em 309.200 toneladas, o que situa o país como uma das maiores reservas do mundo, resultaria numa renúncia de recursos não se sustenta. 

O fato é que o preço do minério no mercado internacional não deixou de cair, notadamente após o acidente de Fukushima no Japão, em março de 2011. O minério é comercializado no mercado internacional na forma de concentrado de urânio (U3O8), também denominado yellowcake. Ele é cotado em dólares por libra-peso (US$/lb). Sua cotação já alcançou 140 US$/lb em junho de 2007. Em janeiro de 2011, antes do acidente de Fukushima, sua cotação era de 72,50 US$/lb, mas em agosto daquele ano caiu para 49,15 US$/lb. A partir daí, não parou de cair, chegando a atingir apenas 17,75 US$/lb, em novembro de 2016. Hoje (novembro/2022), está cotado a 49.88 US$/lb (spot price). Qual o interesse dos agentes financeiros privados de entrar num mercado que só tende a se restringir? 

Por fim, e não menos importante, é o fato de que não houve debate no processo de aprovação desta MP, nem no Senado nem na Câmara dos Deputados. O expediente da utilização de uma Medida Provisória para fazer valer um projeto de um Governo que vive seu estertor, não deve se consumar. 

Apenas o debate, que inclua instituições como a Associação Nacional dos Trabalhadores da Produção de Energia Nuclear (ANTPEN), pode consubstanciar a democracia sobre um tema tão relevante". 

CÉLIO BERMANN: É Professor Associado 3 do Instituto de Energia e Ambiente da USP, doutor em Engenharia Mecânica na área de Planejamento de Sistemas Energéticos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mestre em Engenharia de Produção na área de Planejamento Urbano e Regional pela COPPE/UFRJ e graduado em Arquitetura e Urbanismo pela USP.  

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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Crea-SP homenageia servidora que luta pelo banimento do amianto no Brasil e no mundo

 


A engenheira civil e de segurança do trabalho Fernanda Giannasi recebeu o Diploma de Mérito do Crea-SP - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia. A homenagem é concedida anualmente a profissionais e pessoas jurídicas que tenham se destacado por suas ações em prol da área tecnológica. 

A diplomação de Giannasi, que aconteceu no dia 7 de dezembro, é um reconhecimento à sua trajetória de 30 anos como auditora fiscal no Ministério do Trabalho e Emprego em São Paulo, com destaque para sua luta pela erradicação do amianto. 

Na função pública, ela atuou na inspeção das condições de saúde e segurança no trabalho, com ênfase na insalubridade, letalidade e periculosidade de agentes cancerígenos, como o amianto, substâncias nucleares e sílica, e tóxicos, como os poluentes orgânicos persistentes. 

A servidora pública aposentada também é fundadora da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA) e ocupante da cadeira número 5 da Academia de Letras, Ciências e Artes (ALCA), da AFPESP. 

O presidente da associação, Artur Marques, declarou que o trabalho da engenheira evidencia a importância do funcionalismo público perante a sociedade, na prestação de serviços fundamentais para que a população, portanto, na sua opinião, é “muito justo” o reconhecimento do Crea-SP. “Para nossa associação é uma honra e uma grande alegria a homenagem prestada à acadêmica da ALCA, que merece nosso aplauso”, finalizou.

FONTE E FOTO: REDAÇÃO CREA-SP - 

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domingo, 11 de dezembro de 2022

Cerca de 600 vítimas do cancerígeno amianto têm seus nomes gravados na História: Osasco inaugura memorial

 


As cerca de 600 vítimas do cancerígeno amianto foram homenageadas neste sábado (10/12), em Osasco, São Paulo, com a inauguração de um memorial criado pelo artista brasilense W. Hermusch, que reuniu representações do Brasil e do mundo. A criação do memorial foi uma parceria da Prefeitura de Osasco, por meio da Secretaria de Emprego, Trabalho e Renda (SETRE), com a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA). O memorial é uma escultura chamada “Árvore-Pulmão”, que materializa metaforicamente a luta pela vida de milhares de vítimas do mineral, que no final da vida não conseguem mais respirar em virtude das doenças provocadas pela fibra mortal. 

“É com imensa emoção que estamos aqui inaugurando esta obra, que representa muito para todos nós do movimento anti-amianto. Ela é majestosa e cheia de significado, pois além de homenagear nossos amigos mortos,  celebra a vida, que tanto nossos heróis buscaram em suas lutas diárias contra as terríveis doenças do amianto”, comentou a engenheira civil e de Segurança do Trabalho, Fernanda Giannasi, uma das fundadoras da ABREA, ativista reconhecida internacionalmente por seu trabalho pelo banimento do amianto, que lhe conferiu o Prêmio Faz a Diferença de O Globo de 2017. 

Giannasi também destacou: “Foi a luta destes heróis que tombaram envenenados por esta fibra maldita que é o amianto, assassinados por empresas inescrupulosas que, quando se instalaram em nosso país, já sabiam de sua nocividade, aproveitando-se da boa-fé de nossa gente e, mais ainda, contando que, pelo nosso atraso tecnológico, subserviência e dependência econômica, não iríamos nos contrapor à sua produção suja e perigosa”. 

Além da Árvore-Pulmão, com sete metros de altura, o Memorial em um painel com o nome de mais de 600 pessoas que morreram em virtude da exposição ao amianto. “Nesta tragédia do amianto, os obreiros entregavam inocentemente o seu cotidiano ao trabalho, que acreditavam estar garantindo o seu sustento e de suas famílias e, por conseguinte, a vida. A cada dia, entretanto, estavam sendo lentamente envenenados. Esta contradição cruel é o que a Árvore-Pulmão expressa”, lembrou Hermusch. 

O Memorial está instalado na Praça Expedicionário Mario Buratti, nas proximidades de onde se situava a Eternit, a maior das unidades da multinacional suíça nas Américas, conhecida produtora de telhas, tubulações, caixas d'água e outros artefatos de cimento-amianto, e que permaneceu na cidade por 56 anos, entre 1937 a 1993, deixando para trás um enorme passivo socioambiental, um legado de contaminação e morte, como fez em vários países, principalmente Itália e Bélgica. O local escolhido para plantar esta ÁRVORE-PULMÃO foi em frente de onde se instalou a maior fábrica do grupo suíço-belga, ETERNIT, fora da Europa.

 “Era sua galinha dos ovos de ouro! Numa área de 150 mil metros quadrados, explorando nossos fartos recursos naturais, instalaram-se em 1939 e por aqui ficaram 54 anos, deixando-nos uma herança maldita de doenças e rejeitos da produção de cimento-amianto espalhados por aí. Vira e mexe alguém nos traz pedaços de telhas quebradas encontradas nos cursos dos rios, em especial o Buçocaba, tão próximo de nós e que desagua no Tietê, depois de percorrer seus 5 km, e onde a ETERNIT despejava sem pruridos seus resíduos tóxicos a céu aberto, poluindo nossos cursos d´água como fazia diuturnamente com o nosso ar, sem se preocupar se isto poderia causar impactos ao meio ambiente ou produzir doenças”, relembrou Giannasi. 

Para a ativista, a inauguração do memorial é um marco: “É o momento de celebrarmos juntos aos familiares e ex-empregados da Eternit, Brasilit, Lonaflex, Thermoid e de tantas outras empresas que se utilizaram do cancerígeno amianto e que permanecem impunes, utilizando-se de todos os subterfúgios e da morosidade de nossa Justiça para fugir de suas responsabilidades de tratar e indenizar suas vítimas”. Segundo ela, a data da inauguração não foi escolhida por acaso: “É a celebração em todo o mundo do Dia Internacional dos Direitos Humanos. Será o quinto Memorial das Vítimas do Amianto em todo o mundo, onde as vítimas deixarão definitivamente de ser meros números de estatísticas de doenças profissionais do INSS e nunca mais anônimos”. 

O secretário de Emprego, Trabalho e Renda de Osasco, Gelso Lima, também lamentou: “É uma tristeza sermos conhecidos como a capital nacional das vítimas do amianto, e em nada este memorial repara a perda dessas vidas, mas nossa intenção é eternizar seus nomes num espaço público para que sirvam de exemplo e que suas famílias saibam que reconhecemos a luta. Quem sai de casa todo dia em busca do sustento do lar, e morre em função do trabalho que desempenha, é um verdadeiro herói, e nada mais justo que haja um memorial em homenagem a isso”. 

Para o presidente da ABREA, Eliezer João de Souza, o Memorial visa manter viva a memória destas vítimas inocentes e representa um símbolo de resistência e luta contra o mineral que mata milhares de pessoas anualmente, não só no Brasil como em todo o mundo. “'É mais um momento histórico na luta contra o amianto, contra empresas, contra o capital, que visam apenas o lucro em detrimento da saúde e vida de seus trabalhadores. O Memorial é uma homenagem aos que se contaminaram com a fibra assassina e um alerta para as futuras gerações, para que possam evitar que tragédias como essa não se repitam. Essa catástrofe sanitária do século XX não pode se repetir”, finalizou. 

FOTO: INAUGURAÇÃO MEMORIAL – ABREA – 

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Angra 1 foi desligada para manutenção preventiva

 


Desligada às 4h deste domingo (11/12) para manutenção preventiva em diversos equipamentos - visando a aprimorar a sua confiabilidade operacional, a usina nuclear deverá ser reconectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) às 4h desta segunda-feira (12).

Segundo a Eletronuclear, o desligamento – programado junto ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – foi necessário porque vários dos serviços não podem ser feitos com a planta em operação. A previsão é de que Angra 1 permaneça desligada durante 24 horas. 

Angra 1 poderia ter sido desligada, mas está sendo preparada para operar por mais 20 anos, conforme o BLOG noticiou em 2018. 

FOTO: acervo Eletronuclear. COLABORE COM O BLOG. PIX: 21 99601-5849

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Senado aprova MP que autoriza setor privado a explorar minérios nucleares; Brasil detém uma das maiores reservas de urânio do mundo

 


O Senado aprovou ontem (07/12) a Medida Provisória (MP 1.133/2022), após mudanças na Câmara (PLV 29/2022), que altera disposições sobre as atividades de pesquisa e lavra de minérios nucleares e as competências da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A medida autoriza a participação do setor privado na exploração de minérios nucleares, entre outras providências referentes ao tema. A MP foi acatada em Plenário apesar das divergências sobre a falta de debate no Senado. 

Segundo a mensagem do Ministério de Minas e Energia, a MP enviada pelo governo federal viabiliza a independência financeira da INB e garante a entrega do combustível para as usinas de Angra sem a necessidade de recursos do Tesouro Nacional. Mas a matéria recebeu críticas em Plenário sobre a escolha do governo de promover diversas alterações em órgãos públicos por meio de uma MP. O senador Alessandro Vieira, do PSDB de Sergipe, foi um dos que se manifestaram: 

“Trata-se de matéria que não completa sequer os requisitos constitucionais para utilização do recurso da medida provisória. Não existe urgência na apreciação da matéria. Trata-se de matéria de profundo relevo, que envolve questões de segurança nacional, segurança ambiental, interesses econômicos de altíssimo quilate”. A MP, afirmou Alessandro Vieira, traz outras mudanças no Código de Mineração, uma série de questões que exigem uma análise mais refletida. 

“Fosse só a criação das vagas e a regularização dos salários, contaria com meu voto, mas essa é uma medida que tem uma grande incidência no mercado bilionário”, afirmou Alessandro Vieira. O relator, senador Vanderlan Cardoso, do PSD de Goiás, a MP permite a expansão do mercado da INB, “redefine suas competências e permite que ela comercialize produtos e serviços para entidades nacionais e estrangeiras, públicas ou privadas, no país ou no exterior. São previstas novas formas de contratação e de obtenção de receitas”. 

RESERVAS DE URÂNIO - 

O Brasil possui recursos significativos de urânio, o que leva o país a ocupar posição de destaque no ranking mundial. Os recursos são da ordem de 244.788 toneladas de urânio contido (U3O8), distribuídas entre os estados da Bahia, do Ceará e outros. Estima-se que os recursos sejam ainda maiores, já que menos de um terço do território brasileiro foi alvo de pesquisas minerais. A região Norte do país tem potencial para abrigar mais de 300 mil toneladas de urânio. 

Já foram identificados potenciais áreas em Pitinga (Amazonas), onde o urânio encontra-se associado a outros minerais, e no Pará. Os países com maior potencial de recursos de urânio são: Austrália, Cazaquistão, Canadá, Rússia, Namíbia, África do Sul, Brasil, Niger e China, segundo a World Nuclear Association. 

FONTES: Sobre a MP, Agência e Rádio Senado - Janaína Araújo. 

FOTO: Mina de Lagoa Real -Bahia - INB – 

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Osasco entrega memorial em homenagem às vítimas do amianto

 


A Prefeitura de Osasco, em São Paulo, por meio da Secretaria de Emprego, Trabalho e Renda (SETRE), em parceria com a ABREA (Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto), entrega neste sábado (10/12), às 10h, um memorial em homenagem às vítimas do cancerígeno amianto. Estão confirmadas as presenças de delegações de outros estados brasileiros e de países que também lutam pelo banimento do amianto. 

Composto pela obra do artista brasilense W. Hermusch, o memorial terá uma escultura chamada “Árvore-Pulmão”, que materializa metaforicamente a luta pela vida de milhares de vítimas do mineral cancerígeno, que no final da vida não conseguem mais respirar em virtude das doenças provocadas pela fibra mortal. Além da Árvore-Pulmão, com sete metros de altura, o Memorial terá um painel com o nome de mais de 600 pessoas que morreram em virtude da exposição ao amianto. 

“Nesta tragédia do amianto, os obreiros entregavam inocentemente o seu cotidiano ao trabalho, que acreditavam estar garantindo o seu sustento e de suas famílias e, por conseguinte, a vida. A cada dia, entretanto, estavam sendo lentamente envenenados. Esta contradição cruel é o que a Árvore-Pulmão expressa”, lembrou Hermusch. 

O Memorial será instalado na Praça Expedicionário Mario Buratti, nas proximidades de onde se situava a Eternit, a maior das unidades da multinacional suíça nas Américas, conhecida produtora de telhas, tubulações, caixas d'água e outros artefatos de cimento-amianto, e que permaneceu na cidade por 56 anos, entre 1937 a 1993, deixando para trás um enorme passivo socioambiental, um legado de contaminação e morte, como fez em vários países, principalmente Itália e Bélgica.

 “É uma tristeza sermos conhecidos como a capital nacional das vítimas do amianto, e em nada este memorial repara a perda dessas vidas, mas nossa intenção é eternizar seus nomes num espaço público para que sirvam de exemplo e que suas famílias saibam que reconhecemos a luta. Quem sai de casa todo dia em busca do sustento do lar, e morre em função do trabalho que desempenha, é um verdadeiro herói, e nada mais justo que haja um memorial em homenagem a isso”, lamentou Gelso Lima, Secretário de Emprego, Trabalho e Renda. 

Para o presidente da ABREA, Eliezer João de Souza, o Memorial visa manter viva a memória destas vítimas inocentes e representa um símbolo de resistência e luta contra o mineral que mata milhares de pessoas anualmente, não só no Brasil como em todo o mundo. “'É mais um momento histórico na luta contra o amianto, contra empresas, contra o capital, que visam apenas o lucro em detrimento da saúde e vida de seus trabalhadores. O Memorial é uma homenagem aos que se contaminaram com a fibra assassina e um alerta para as futuras gerações, para que possam evitar que tragédias como essa não se repitam. Essa catástrofe sanitária do século XX não pode se repetir”, completou. 

FOTO: MEMORIAL – ABREA – 

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Presidente da INB admite que acusada de racismo e transfobia é sua amiga e madrinha de casamento

 


O Presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Carlos Freire Moreira, admitiu, em audiência à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, anteontem (30/11), que a funcionária em cargo de confiança, Claudia Rangel Guimarães, investigada por denuncia de racismo e homofobia, é sua amiga e madrinha de casamento, e que vai aguardar o resultado das investigações. 

A Comissão pretendia esclarecer, em audiência pública,  as graves denúncias de racismo e transfobia feitas por Claudia contra um candidato aprovado em concurso, inicialmente recusado pela acusada, conforme denúncia publicada pelo blog no dia 27 de setembro: “Racismo e transfobia provocam indignação nas Indústrias Nucleares do Brasil em Resende”, é o título da matéria. Nos dias seguintes, outras matérias foram divulgadas no Blog e na mídia em geral. 

“Negro e veado” traria “vergonha à empresa” foi a justificativa da funcionária para tentar adiar a contratação do profissional aprovado em concurso público. 

Claudia foi afastada temporariamente, porque responde a sindicâncias contra ela. Na época, foram gravados vídeos com a Claudia desafiando as práticas contra o racismo. Não havia mais condições de Claudia permanecer na INB, porque o vídeo foi amplamente divulgado nas redes sociais, após a denúncia do BLOG. A realização da audiência foi solicitada pelo deputado Áureo Ribeiro, do Solidariedade/RJ. 

Foi o vice-presidente do Sindicato dos Mineradores de Brumado e Microrregião, Lucas Mendonça, que formalizou a denúncia de racismo e transfobia contra a Claudia - que ocupava o cargo de chefia da Gerência de Comunicação Institucional da INB - junto à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADIP) e ao Ministério Público do Rio de Janeiro. 

Funcionários que presenciaram as ofensas, inclusive negros, fizeram a denúncia à Ouvidoria e ao Conselho de Ética, além da diretoria de finanças e administração, mas foi em vão.  Houve prevaricação. Segundo Mendonça, o crime de racismo e transfobia vinha sendo mantido em sigilo pela empresa, mas já se tornara público entre os empregados que estão indignados. 

O caso ocorreu dentro da Unidade da INB, em Resende, na Rodovia Presidente Dutra KM 330 – em Engenheiro Passos. 

No dia 28 de setembro, o blog publicou: “INB confirma denuncia de racismo e transfobia praticados contra profissional negro transgênero. “A INB “não coaduna com nenhum ato de discriminação de gênero, identidade sexual, raça e etnia, condição física, classe social, procedência geográfica, estado civil, idade, religião, cultura e convicção política”, informava a empresa. E acrescentava: “Este princípio basilar está fixado no Item 2.1.2 do Código de Ética, Conduta e Integridade da empresa”. O BLOG publicou outras matérias sobre o caso. 

Funcionários da INB estão revoltados também com as regalias a uma outra funcionária, com cargo de confiança e salário de R$ 23 mil, que pouco aparece na empresa, pois comanda uma loja, no bairro do Leblon. E que seria casada com um outro funcionário afastado da INB. 

FOTO: INB – RESENDE – 

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Angra 2 volta a operar depois de duas paradas em novembro

 


A usina nuclear Angra 2 foi reconectada ao Sistema Integrado Nacional (SIN), na noite de anteontem (30/11), depois de passar 15 dias desligada. O motivo teria sido o desarme automático do conjunto turbogerador, na parte não nuclear da planta, “causado pelo acionamento da proteção de falha para terra do rotor do gerador principal”, segundo a Eletronuclear, gestora da central atômica. 

Em novembro, Angra 2 teve duas paradas: a primeira, no dia 9, quando ficou cinco dias fora do SIN. Voltou a operar no dia 14/11, tendo sido desligada no dia seguinte, conforme o BLOG noticiou. Ainda não há informações da empresa sobre todos os motivos que paralisaram a usina, o que provocou em termos de prejuízos ao SIN, e investimentos nos reparos.  

FOTO: Angra 2 – Acervo Eletronuclear – 

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Das cloacas da Roma antiga à privada de Bill Gates: livro conta a história do saneamento básico no Brasil e no mundo. Autores Aspásia Camargo e Márcio Santa Rosa. Lançamento segunda-feira (5/12)

 


Correndo escondido sob o solo, misturado por séculos às águas limpas dos rios e do mar, renegado ao segundo plano urbanístico de governos e nações, o saneamento se impõe como pauta emergencial após uma tradição de descaso. As graves consequências da invisibilidade, o contexto por trás dos fatos e os principais agentes desta trajetória são tema do livro “A Epopeia do Saneamento: da revolução sanitária às tecnologias do futuro”, Letra Capital Editora, de Aspásia Camargo e Márcio Santa Rosa. Uma obra que reúne história, engenharia sanitária, política, urbanismo e economia e apresenta caminhos para um desafio que une toda a humanidade. Como escreve no texto de apresentação Gesner Oliveira, professor e coordenador do Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais da Fundação Getúlio Vargas, “Epopeia do Saneamento” é “um dos relatos mais ricos sobre a história do saneamento no país”. 

O livro tem início com uma homenagem. Na verdade, 120 homenageados são destacados por sua atuação relevante no setor. O primeiro deles, Dom Pedro II. Visionário, amante da ciência, curioso em relação a tecnologias, o imperador do Brasil foi o responsável por trazer ao país uma nova maneira de tratar o esgoto e a água potável que acabara de surgir na até então fétida Londres. O Rio de Janeiro foi, de acordo com os autores, a terceira cidade do mundo a viver a revolução sanitária surgida pouco tempo antes na Inglaterra e adotada também por Hamburgo, na Alemanha. 

- Dom Pedro II é o nosso herói. Um homem verdadeiramente à frente do seu tempo, que vislumbrou a importância do saneamento para a manutenção da vida. Só lamentamos que tivemos que esperar mais de um século e meio para ver o sonho do imperador começar a se realizar – conta Aspásia. 

O caminho percorrido pelo saneamento, que começa séculos antes de Cristo, é revelado em texto e imagens. Das primeiras cloacas públicas na Roma antiga, passando pelo famoso “trono” de Elizabeth I, todas as conquistas e mazelas são dissecadas. O livro aprofunda a análise das decisões equivocadas tomadas ao longo desse percurso pelos governantes, assim como as omissões e a falta de políticas públicas eficazes que levaram o mundo a viver hoje dois grandes paradoxos: a água que sofre com a extrema poluição se tornou a maior commodity da atualidade, e o sistema de esgoto, criado para não ser visto, não pode mais ser ignorado e se impôs pela sua falência. 

- São 20 capítulos que devem ser lidos aos poucos, de gota em gota. Uma viagem fascinante por diferentes aspectos deste tema que é tão complexo e vital – afirma Aspásia. 

Apesar dos longos períodos de estagnação e retrocesso, a civilização registra marcos históricos que fizeram avançar o debate e as iniciativas para reduzir o impacto da falta de coleta adequada e de tratamento do esgoto sobre a saúde da população e o meio ambiente. No cenário global, o livro destaca, por exemplo, a criação de políticas mundiais para as questões ambientais, capitaneadas pela Organização das Nações Unidas, com o lançamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (o ODS 6 trata de água potável e saneamento para todos), a realização dos Fóruns Mundiais da Água e a disseminação do conceito da economia verde. 

No caso do Brasil, a publicação enaltece o papel heroico de pessoas e instituições que empunharam e empunham a bandeira do saneamento universal, denunciando fracassos e apontando caminhos. A frase destacada do jornalista Fernando Gabeira, por exemplo, dita em 2010 (“O saneamento é uma conquista do século XIX, que ainda não conseguimos realizar em pleno século XXI. Esta é uma derrota da nossa geração”) reflete sua reação diante da constatação do fracasso do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara. 

Em termos de trabalho institucional positivo, o livro aponta a criação do Instituto Trata Brasil, dedicado a produzir dados confiáveis sobre saneamento no país, e a Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Rio que, sob a presidência de Aspásia, produziu um relatório completo sobre a situação do saneamento no Estado do Rio de Janeiro. Também valoriza o papel da imprensa para a comunicação pública do tema e dá dois exemplos bem próximos dos fluminenses, implantados há tempo suficiente para mostrar resultados animadores: a concessão dos serviços na área da AP5 (parte da Zona Oeste do Rio) e no município de Niterói, líder no ranking das melhores cidades do estado e que tem no saneamento ambiental seu pilar mais forte. 

Um dos pontos altos do livro é a reconstrução das misérias do saneamento no Estado do Rio e as mudanças que ocorreram, com o plano estratégico de Jaime Lerner e o planejamento proposto pelo Instituto Rio Metrópole, sob o comando de Vicente Loureiro. Tais mudanças culminaram com o leilão da Cedae e o início do trabalho dos consórcios vencedores, uma atuação que já está mudando o panorama ambiental fluminense. 

O novo Marco Legal do Saneamento surge como excelente oportunidade para resolver o problema brasileiro, permitindo a realização dos leilões e a concessão dos serviços à iniciativa privada, sem tirar do poder público sua responsabilidade de criar as políticas que deverão ser adotadas. 

- Estamos vivendo um grande momento em que a universalização é uma possibilidade com mais potencial de realidade do que nunca. E a nossa obstinação por fazer um trabalho tão denso e extenso como este é o nosso testemunho de que acreditamos na universalização, mesmo com o prazo curto de entrega até 2033. Mas deixamos claro no livro as condições para que isso aconteça, além das cláusulas determinadas nos contratos das concessionárias, que terão que ser materializadas para que o processo se conclua – afirma Márcio Santa Rosa. 

A obra aborda ainda o potencial que esta área reserva em relação à economia circular. O texto traz análises de novas tecnologias ligadas à sustentabilidade como a busca por um sistema de descarga financiado pelo bilionário americano Bill Gates, que promete revolucionar o setor. Tudo contado e analisado por dois especialistas que viveram de perto, nas últimas décadas, o debate e os marcos do saneamento brasileiro, e do Rio de Janeiro em particular. Um trabalho feito por dois “sonhadores”, como os próprios autores se definem por acreditarem que, mais do que nunca, existe solução para essa questão.

 O engenheiro civil Márcio Santa Rosa, técnico e pesquisador da água, trouxe na bagagem a sua militância nos comitês de bacias hidrográficas, além de sua participação nos programas de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) e de Saneamento dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (Psam) e na coordenação do Plano de Gestão Ambiental e Sustentabilidade da candidatura do Rio para os Jogos Olímpicos de 2016. Já Aspásia Camargo, doutora em Sociologia pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais da Universidade de Paris, foi também presidente do IPEA e secretária-executiva do Ministério do Meio Ambiente no governo Fernando Henrique, quando coordenou a Comissão de Desenvolvimento Sustentável que produziu a Agenda 21 Brasileira. Participou ainda das negociações com a Secretaria Nacional de Recursos Hídricos para aprovação da Lei das Águas, em 1997, que criou o comitê de bacias hidrográficas e a agência de águas, regionalizando a gestão participativa dos recursos hídricos. 

Para completar o debate iniciado com o “A Epopeia do Saneamento”, Aspásia e Márcio gravam uma série de podcasts com convidados que são expoentes na área. Livro e podcasts trazem à tona um alerta: o tempo para transformar o saneamento básico no Brasil, onde 50% não contam com rede de coleta de esgoto e 15% não têm acesso à água potável, se esgotou. Os autores deixam clara a mensagem de que é urgente a necessidade de adoção de medidas transformadoras com a vigência do Marco Legal do Saneamento. É preciso exigir saneamento básico em todas as 5.570 cidades brasileiras. Uma batalha digna do título do livro. “Epopeia” é um gênero literário que versa sobre acontecimentos históricos ou míticos considerados fundamentais para a formação das culturas. Uma realidade que se impõe no Brasil e no mundo.

 A publicação tem o patrocínio da Águas do Rio, Aegea, Rio 2030, Cedae e Glória Mariani. 

A Epopeia do Saneamento -Lançamento: Segunda-feira, 5 de dezembro de 2022, a partir das 19h - Livraria da Travessa do Shopping Leblon - 

Assessoria de Imprensa: Dupla - Celia Abend – 21 99318-0249 – celia.abend@duplasolucao.com.br e Daniela Matta – 21 99172-6216 – daniela.matta@duplasolucao.com.br 

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