quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Angra 1 será desligada sábado para troca de combustível (urânio enriquecido) e 4.354 tarefas


A usina nuclear Angra 1, em Angra dos Reis (RJ), será desligada sábado (11/01) do Sistema Interligado Nacional (SIN) para a troca de combustível (urânio enriquecido, de 3% a 5%). Durante 37 dias a usina permanecerá desligada, conforme programado com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O custo de uma recarga de Angra 1 era de cerca de R$ 188 milhões, há dois anos. A empresa não informou os custos dessa parada, mas naquela época foi de R$ 80 milhões, incluindo mão de obra. 

A empresa também não informou o valor dessa carga transportada da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Rezende (RJ), até a central nuclear em Angra. Mas no ano passado, ficou em R$ 70 milhões, “o valor de cada carga transportada (combustível mais contêiner), em cinco caminhões”. Pode ser que todo o transporte tenha sido feito em uma única vez. Porém a informação não foi disponibilizada. 

Cerca de um terço do combustível nuclear será recarregado, informa a empresa, além de serem realizadas atividades de inspeção e manutenção periódicas e também instalações de diversas modificações de projeto, que precisam ser feitas com a usina desligada. No total, 4.354 tarefas foram programadas para o período. 

Angra 1 opera normalmente com cerca de 600 empregados concursados. Para executar essas mais de quatro mil tarefas, foram contratadas empresas nacionais e internacionais, que irão disponibilizar 1.200 profissionais, sendo 102 estrangeiros, para atuar em conjunto com os profissionais da Eletronuclear. 

Outras tarefas estão previstas para serem feitas com a usina desligada, como melhorias técnicas nos transformadores principais de 500 kV para aumento de confiabilidade, revisão geral da chave de conexão da usina ao SIN, troca do rotor da excitatriz do gerador elétrico principal, teste de performance de descarga dos bancos de baterias principais, teste de inspeção nos tubos dos geradores de vapor e manutenção e inspeção por ultrassom em uma das turbinas de baixa pressão. 

Também serão realizadas inspeções com levantamento de dados visando à extensão da vida útil de Angra 1, prevista para operar por mais 20 anos. Nos últimos cinco anos foram investidos US$ 27 milhões na modernização do empreendimento. “A empresa norte-americana Westinghouse, que vendeu a usina para o Brasil, na década de 70, foi contratada para participar do trabalho de avaliação, que deve durar até 2019”, informou a estatal, um ano antes. 

O desligamento de Angra 1, sábado, não afetará o fornecimento de energia, garante a empresa. “Durante o período, o ONS despachará a energia de outras usinas do sistema interligado de forma a garantir um abastecimento seguro de energia elétrica para o país”. A usina tem capacidade para gerar 650 Megawatts quando opera sincronizada 100% ao sistema, o equivalente a 10% do consumo da cidade do Rio de Janeiro. 

PARADAS RECENTES - 

Em cerca de 12 meses (outubro de 2018 a outubro de 2019), Angra 1 foi desligada três vezes. No dia 27 de outubro de 2018, por conta da troca de combustível, mas ficou parada por mais cinco dias após o previsto, por “dificuldades na montagem do gerador elétrico principal”. Na época, a empresa informou que “a montagem do equipamento é complexa e meticulosa, de forma a manter a estanqueidade de seu gás de resfriamento que fica confinado numa pressão elevada. A usina voltou a operar no dia 5 de dezembro daquele ano. 

No dia 12 de março de 2019, um princípio de incêndio na canaleta dos cabos disjuntores em uma subestação de Furnas, provocou o desligamento automático da usina nuclear Angra I. A informação foi divulgada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).  A estatal atribuiu o desligamento automático “em função de uma falha na subestação de Furnas, localizada na própria Central Nuclear”. Segundo a empresa, “com o evento, a usina perdeu a conexão com o sistema de linhas de transmissão de 500 kV ficando alimentada pelo sistema de 138kV”. O desligamento foi medida de segurança, assegurou. 

No dia 6 de outubro de 2019, Angra 1 foi desligada mais uma vez. Foram necessários reparos na válvula de controle de nível de um dos geradores de vapor a central atômica.  A usina foi sincronizada ao Sistema Interligado Nacional no dia seguinte. 

COMBUSTÍVEL USADO - 

O combustível usado de Angra 1 (urânio enriquecido), que será trocado a partir de sábado (11/01/2020), ficará em uma piscina localizada dentro do complexo nuclear de Angra. A Eletronuclear informa que o esgotamento da capacidade de armazenamento das piscinas de combustíveis usados acontecerá em dezembro de 2021, no caso de Angra 1, e julho de 2021, no que se refere a Angra 2. 

A estatal está construindo a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS) para receber os combustíveis usados (queimados) das usinas Angra 1 e Angra 2. O empreendimento custará cerca de R$ 246 milhões. “A previsão é de que as obras comecem no início e 2019 e durem aproximadamente 18 meses”, anunciava a direção da empresa há meses. “A previsão é de que os elementos combustíveis usados da piscina de Angra 1 sejam transferidos para o novo repositório até início de 2021, e os de Angra 2, devem ser transferidos até o final de 2020”, acrescentou a direção. 

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