segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Ministro anuncia retomada de estudos visando identificar sítios para usinas nucleares

 


O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, reiterou nesta segunda-feira (29/11), que o MME está trabalhando na retomada dos estudos de localização de novos sítios nucleares, em parceria com o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL), do sistema Eletrobras. A meta, disse o ministro, é “intensificar esse trabalho para que tenhamos a identificação de áreas preferenciais, que permitam ao Governo propor ao Congresso Nacional a implantação de novas centrais nucleares, importantes para o desenvolvimento e segurança do sistema de energia elétrica do Brasil”. 

O ministro participou da abertura da décima edição da International Nuclear Atlantic Conference - INAC-2021- (Conferência Internacional Nuclear do Atlântico), realizada pela Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), no formato virtual. Bento Albuquerque afirmou também que o setor nuclear vai começar uma nova etapa da atividade de regulação, fiscalização e licenciamento, de forma independente, com as ações que estão sendo desenvolvidas pelo Governo para a expansão do setor energético no País. 

“Destacamos a criação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), que terá grandes desafios com a retomada do Programa Nuclear Brasileiro e a expansão esperada em todos as áreas desde a mineração até a aplicação final na energia elétrica, no Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE) da Marinha; na fabricação de radiofármacos, na radiação de alimentos, e no futuro o reator multipropósito, que vai concentrar as pesquisas  relacionadas a todos os setores”, comentou. 

A cerimônia de abertura contou com a participação do presidente da ABEN, Carlos Henrique da Costa Mariz; Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da International Atomic Energy Agency (IAEA); Wiliam  Magwood, diretor-geral da Nuclear Energy Agency (NEA); Marco Antonio Saraiva Marzo, secretário da Agência Brasileira-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC); e Sérgio Freitas de Almeida, secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). 

O tema da Conferência é “Tecnologia nuclear: redução da nossa pegada de carbono e aumento da qualidade de vida". Trata-se de uma iniciativa multidisciplinar e visa promover uma discussão sobre o papel essencial da ciência nuclear e da tecnologia de todas as suas aplicações em benefício e desenvolvimento da sociedade. 

O presidente da ABEN, Carlos Moriz, prestou homenagem ao ex-presidente da Associação, Rogério Arcuri Filho, que faleceu vítima de Covid-19, em 11 de maio de 2021. 

Segundo Mariz, o INAC está em sintonia com as preocupações da sociedade com o aquecimento global, conforme metas do Acordo de Paris. “Compreendemos o grande papel que a geração nuclear tem como forte alternativa para produção de energia de base, com mínima emissão de gases de efeito estufa e em substituição à produção com combustíveis fósseis”, assunto amplamente discutido na recente COP-26, em Glasgow”. “Destacamos a importância do setor nas aplicações na medicina, agricultura, produção de alimentos, no combate às pragas, na proteção dos nossos mares, por exemplo”, comentou Mariz. 

O diretor-geral da International Atomic Energy Agency (IAEA), Rafael Mariano Grossi, reiterou a importância do debate sobre esses temas, argumentando que existem milhares de pessoas no mundo que ainda não têm acesso à eletricidade. “Aliviar a pobreza tem que fazer parte do nosso plano, e isso significa que a demanda por energia vai crescer, e que a demanda por energia nuclear vai aumentar, sendo necessário desenvolver ações para aumentar matrizes energéticas com baixo teor de carbono”. disse Grossi. Depois, completou: “Precisamos que a matriz energética consiga fazer duas coisas em simultâneo, evitar poluentes que causam mudanças climáticas e doenças respiratórias e fornecer combustível de forma confiável a um custo acessível para impulsionar o crescimento econômico”. 

FOTO: Usina Angra 3 - Eletronuclear - 

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sexta-feira, 26 de novembro de 2021

INAC-2021 debate: reator pode produzir radioisótopos para a medicina nuclear x quebra de monopólio

 


O avanço da discussão sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC- 517), na Câmara dos Deputados, que propõe a flexibilização do monopólio da União na fabricação de radiofármacos (medicamentos com radiação contra o câncer), mostrou a urgência de o país construir o mais breve possível o seu Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). O coordenador técnico do RMP, José Augusto Perrota, falará sobre o tema na próxima quarta-feira (1/12), às 7h20, na International Nuclear Atlantic Conference (INAC-2021), promovida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), de 29/11 a 03/12, no formato virtual.

Os radioisótopos são importados de países como a África do Sul, Holanda e Rússia, pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN/CNEN/SP). Com eles, são produzidos os radiofármacos utilizados para diagnosticar e tratar vários tipos de câncer, em clínicas particulares e do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Recentemente, por falta de verbas para a importação dos radioisótopos, o tratamento de milhares de pacientes foi interrompido gerando uma grave crise sem precedentes. Com a liberação dos recursos, o abastecimento se normalizou. Mas veio à tona o lobby para a quebra do monopólio da produção dos medicamentos. O RMB dará a autossuficiência ao Brasil que não precisará mais importar os insumos. 

O que justifica viabilizar esse empreendimento da ordem de U$ 500 milhões? Ser o principal empreendimento de base científica e tecnológica da área nuclear do país e permitir dobrar imediatamente o número de procedimentos anuais realizados em medicina nuclear; garantir a estabilidade no fornecimento de radioisótopos; contribuir para ampliação do número de clínicas e hospitais que oferecem serviços de medicina nuclear; e promover economia de mais de U$15 milhões/ano com custos de importação de insumos. São alguns dos pontos que José Augusto Perrota vai destacar em sua conferência no INAC- 2021.

 Atualmente, o IPEN/CNEN-SP produz mais de 30 diferentes tipos de radiofármacos. Cerca de 2 milhões de procedimentos são realizados, por ano, para atender a mais de 400 clínicas atuando em medicina nuclear, sendo 1,5 milhão para a área privada e somente 500 mil para o SUS. 

“A medicina nuclear per capita oferecida no SUS é 1/10 do que é disponibilizado na área privada” – calcula Perrotta. O IPEN/CNEN-SP arrecada, com essa venda, cerca de R$ 120 milhões/ ano, que são depositados no caixa único do Governo Federal. 

Ele aponta que a situação atual do setor é de muita preocupação: “O IPEN/CNEN-SP já teve mais de 1600 funcionários e hoje são menos que 600 por falta de reposição das vagas. Os laboratórios estão encerrando atividades e a manutenção e transferência do conhecimento estão comprometidas. O desenvolvimento do RMB sente por demais essa perda das equipes técnicas. Por sua vez, o interesse do setor privado é comercial. Não vai se interessar na pesquisa ampla”. 

SUPORTE PARA PESQUISADORES - 

O empreendimento RMB terá, além do reator nuclear de pesquisa, toda uma infraestrutura de laboratórios para realizar as finalidades propostas, localizada em Iperó (SP) em 2 milhões de metros quadrados. Os principais laboratórios associados são: laboratório de processamento e manuseio de radioisótopos; laboratório de feixe de nêutrons; laboratório de análise pós-irradiação; laboratório de radioquímica e análise por ativação, além de instalações suporte para pesquisadores. Na forma concebida, será o catalisador para um grande centro de pesquisa nacional de aplicação de radiações para benefício da sociedade e da manutenção do conhecimento da tecnologia nuclear. 

Essa tecnologia está presente em diversas aplicações para a sociedade, com ênfase em aplicações em especialidades médicas como a cardiologia, oncologia, hematologia e a neurologia. Com ela, é possível realizar diagnósticos precisos de doenças e complicações como embolia pulmonar, infecções agudas, infarto do miocárdio, obstruções renais, demências. 

“É uma das melhores e mais eficientes maneiras de detectar o câncer, pois define o tipo e extensão de um tumor no organismo, o que ajuda na decisão sobre qual o tratamento mais adequado para cada caso”, comentou. 

O RMB também será usado para testar combustíveis nucleares para os reatores de potência utilizados no Brasil, e promover pesquisas básicas e tecnológicas em aplicações as mais diversas, como na indústria, na agricultura e no meio ambiente, dentre outras. Hoje o empreendimento possui as condições técnicas de iniciar a construção, mas não dispõe de recursos financeiros e humanos para sua realização. 

FOTO: Ílustração do prédio do PRMB - 

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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Usina nuclear espanhola: vazamento de gás deixa um morto e três feridos, informa a Sputnik Brasil

 

“Um vazamento de dióxido de carbono (CO2) na usina nuclear Ascó, na região espanhola da Catalunha, matou um trabalhador e feriu outros três. Segundo a corporação de bombeiros da Catalunha, o incidente não está relacionado à atividade radiológica”. A informação foi divulgada quarta-feira (24/11) pela Sputnik Brasil. 

“Os funcionários realizavam trabalhos de manutenção no sistema de incêndio no momento em que ocorreu o vazamento. Dos três homens feridos, acredita-se que um esteja em estado crítico”, informa a agência. 

"O aviso foi feito às 18h55, no horário espanhol (às 14h55, no horário de Brasília), e sete bombeiros compareceram ao local. Em seguida, a segurança na usina pôde ser restabelecida. Ainda estão sendo realizadas medições para determinar a extensão do vazamento de gás. Acredita-se que o vazamento tenha se originado em um prédio de quatro andares longe do local radiológico da usina. Dessa forma, não haveria qualquer tipo de problema para o funcionamento da instalação, nem mesmo riscos radiológicos", segundo a Sputnik Brasil. 

A agência informou também que as usinas nucleares de Ascó e as vizinhas Vandellos II respondem por aproximadamente 50% da rede elétrica da Catalunha. Em agosto de 2021, a usina nuclear Vandellos II sofreu uma anomalia em um transmissor de pressão que fornece um sinal em um painel de desligamento remoto. "A Espanha deu início ao processo de desativação gradual de suas usinas nucleares até 2035, em uma tentativa de fornecer energia ao país usando apenas fontes renováveis até 2050". 

Fonte: Agência Sputnik Brasil – 

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quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Cientista mexicano fala de contenção de encostas com radionúcleos em evento sobre energia nuclear

 


Uma das aplicações de radiação nuclear mais curiosa será apresentada pelo cientista mexicano Alexander Esquivel, autor de trabalho reconhecido no setor sobre contenção de encostas com radionúcleos de origem natural. Ele vai falar sobre a sua descoberta durante a 10º Conferência Internacional Nuclear do atlântico (INAC-2021), que será realizada de 29/11 a 1º/12, de forma virtual, na Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), que promove o evento. 

O cientista apresentará o trabalho durante o Encontro Nacional de Aplicações Nucleares (ENAN), que faz parte do INAC, às 17h20, do dia 01/12. Os estudos sobre as encostas já foram realizados em Londrina (PR) e Piracicaba (SP) e os resultados publicados em revistas de elevado rigor científico, segundo a ABEN. 

O papel da ciência e tecnologia nuclear em todas as suas aplicações para o desenvolvimento da sociedade, inclusive medicina e agricultura, reunirá técnicos, pesquisadores, professores e estudantes ligados a faculdades, universidades, centros de pesquisa e indústria, envolvidos em trabalhos relacionados com a área nuclear e abordados pelos temas do evento. 

Entre os apoiadores estão as Universidades Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade Federal de Pernambuco, além de empresas e instituições do setor nuclear. 

O evento, que se realiza a cada dois anos, inclui três encontros integrados, o XXII Encontro de Física e Termohidráulica de Reatores (XXII ENFIR), o XIV Encontro de Aplicações Nucleares (XV ENAN), o VII Encontro da Indústria Nuclear (VII ENIN) , a exposição ExpoINAC e a 9ª edição do Junior Poster Technical Sessions (sessão de pôster para alunos de graduação).

O INAC é o maior evento do setor nuclear da América Latina, reunindo mais de mil inscrições e três mil participantes e diversas empresas e universidades de todo o país. 

FOTO: Cientista mexicano – ABEN – 

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terça-feira, 23 de novembro de 2021

Governo inaugura mais uma etapa do enriquecimento de urânio

 


A capacidade de o Brasil enriquecer urânio será ampliada nesta sexta-feira (26/11), com a inauguração da 9ª cascata de ultracentrífugas, na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), no município de Resende (RJ), conforme o blog anunciou em 29/10. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, deverá participar da inauguração, às 15h. 

Segundo a INB, com a entrada em operação da 9ª cascata, a empresa atingirá a capacidade instalada de produção de 65% da demanda para o abastecimento da usina nuclear Angra 1, no município de Angra dos Reis (RJ), “reduzindo a necessidade de compra do material no exterior para a produção de combustível das usinas nucelares do Brasil”. 

Hoje, além de Angra 1, apenas Angra 2, está em funcionamento. Angra 3 está com 67% das obras civis concluídas e se não ocorrer mais atraso, entrará em operação comercial em 2026. 

A inauguração da 8ª Cascata, no dia 29 de novembro de 2019, envolveu investimentos da ordem de R$ 600 milhões. A tecnologia de enriquecimento isotópico de urânio é dominada apenas por um grupo seleto de países. 

Atualmente, em sua primeira fase de implantação, a Usina de Enriquecimento de Urânio conta com quatro módulos construídos, planejados para abrigar um total de dez cascatas de ultracentrífugas. As informações estão em relatórios da INB pesquisados pelo blog. 

“ A implantação da Usina de Enriquecimento deve prosseguir até que, ao final de sua segunda fase, seja alcançada com a Usina Comercial  de Enriquecimento de Urânio (UCEU), com capacidade de suprir com produção nacional, a demanda anual de urânio enriquecido para as usinas de Angra dos Reis: angra 1 e Angra 2, em funcionamento”. 

Até o momento, com oito cascatas comissionadas a Usina de Enriquecimento encontra-se com uma capacidade nominal instalada de cerca de 54.000kg UTS/ano, o que equivale a aproximadamente 60% da necessidade anual estimada da Usina Angra 1. Com o comissionamento da 9ª Cascata, esta capacidade terá um aumento de cerca de 18%, chegando a 63.500kg de UTS/ano. Com a 10ª Cascata, a capacidade deverá chegar a 70.000 kg de UTS/ano.

 Conforme o blog também anunciou, o governo quer expandir a Usina de Enriquecimento. Para isso, deve concluir o detalhamento do Projeto Básico e Planilhas de Quantitativos para a implantação da segunda fase da unidade. Estão previstos levantamento topográfico cadastral e planejamento georreferenciado do terreno onde se dará a ampliação e a sondagem do solo em profundidade. 

Há dois anos, quando anunciou a inauguração da 8ª Cascata, o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, comentou: “Tivemos altos e baixos. Mas estamos vivendo um momento promissor. Pela primeira vez estamos vendo um governo dizer que a energia nuclear é prioridade de Estado”, afirmou o ministro. Na época, afirmou também que a intenção é viabilizar o ciclo completo do combustível, da mineração até a finalização com o enriquecimento. 

Na mesma época, o presidente da INB, Carlos Freire Moreira, disse que, com a entrada em operação da 8ª Cascata, a empresa aumentava em 20% a produção de urânio enriquecido no país.  “A 8ª cascata faz parte da 1ª fase de implantação da Usina de Enriquecimento de Urânio, prevista para ser concluída em 2021 com a instalação da 9ª e 10ª cascatas”, mas a 10ª não deverá ocorreu este ano. 

A implantação dessa 2ª fase contemplará três etapas. Esse contrato abrange a Etapa 1 que consiste na instalação de 12 cascatas de ultracentrífugas. Quando estiver concluída, a INB alcançará uma capacidade de enriquecimento de urânio que atenderá plenamente as necessidades de combustível nuclear das usinas de Angra I e Angra 2. 

A Unidade da INB, em Resende, está situada no Distrito de Engenheiros Passos, abrangendo uma área total de aproximadamente 600 hectares. Destes, somente 60 hectares eram efetivamente ocupados pela FCN, constituída pelas Unidades de Produção de Serviços de Enriquecimento Isotópico de Urânio, de Produção de Pó e Pastilhas de Urânio e de Produção do Elemento Combustível. A Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio ocupa cerca de 20% da área da FCN, ou seja, cerca de 12 hectares. 

FOTO - Parte da área de enriquecimento - FCN -

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quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Avança o Projeto de Lei proibindo a transferência de material radioativo de São Paulo para Minas Gerais

 


A Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou nesta quarta-feira (17/11) o parecer favorável ao Projeto de Lei 3152/2021, de autoria da deputada Beatriz Cerqueira, (PT-MG),  que proíbe a entrada de rejeito radioativo e a instalação de depósito de lixo atômico no território de Minas Gerais. 

A intenção da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) de transferir material radioativo (Torta II, entre outros) para o município de Caldas, foi divulgada com exclusividade pelo blog no dia 27 de agosto.  O material produzido pela extinta Nuclemon, que funcionou no Brooklin paulista, está armazenado na Usina de Interlagos (USIN) e no sitio em Botuxim, em Itu, todos da INB. Ao longo desse tempo, uma parte desse material foi transferida para a unidade da empresa, em Caldas, clandestinamente. 

A INB, no entanto, vem enfrentando dificuldades para terminar o serviço, com o posicionamento contrário da sociedade, de ambientalistas e parlamentares mineiros. O PL da deputada Beatriz Cerqueira foi apresentado após audiência pública (21/09/21), que debateu a intenção de transferência das mais de 1,7 toneladas do material de São Paulo para Minas. 

Representantes de seis prefeituras e de três câmaras municipais fizeram apelo unânime contra o depósito, que atingiria toda a região. Após aprovação na Segurança Pública, o PL passará por avaliação e votação nas comissões de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) e irá a plenário para votação em primeiro turno.

 FOTO: Vista aérea - Instalação em Caldas – 

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Eletrobras registra lucro liquido de R$ 965 milhões no terceiro trimestre do ano e investe R$ 375 milhões em Angra 3

 


A Eletrobras registrou lucro líquido de R$ 965 milhões no terceiro trimestre do ano, enquanto o resultado líquido recorrente foi de R$ 3,7 bilhões. Os investimentos realizados no período foram os maiores do ano, atingindo R$ 1 bilhão. Na geração de energia, foram investidos R$ 570 milhões no terceiro trimestre, sendo R$ 375 milhões destinados a usina nuclear Angra 3 e R$ 139 milhões para manutenção. Para a transmissão de energia, o investimento foi de R$ 378 milhões no trimestre, dos quais R$ 300 milhões voltados para reforço e melhorias. 

O resultado, divulgado na noite deste terça-feira (16/11), foi impactado positivamente pelo forte desempenho operacional da companhia, com destaque para o segmento de transmissão. “O resultado também foi positivamente afetado pela repactuação do risco hidrológico, no montante de R$ 4,2 bilhões, decorrente das resoluções Aneel nº 2.932 e 2.919/21, que homologaram a extensão dos prazos de outorgas de diversas usinas hidrelétricas da Eletrobras. Destaca-se também a reversão de impairments de R$ 454 milhões”. 

Segundo a Eletrobras, os efeitos positivos do trimestre foram impactados pelas provisões para contingências de R$ 9,4 bilhões, sendo R$ 9 bilhões referentes a incremento de empréstimo compulsório. 

O Ebitda (sigla em inglês para lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), ficou em R$ 5,6 bilhões e o indicador dívida líquida/Ebitda atingiu o valor 0,9, o menor dos últimos anos, “reforçando o compromisso da empresa com sua disciplina financeira”. 

Os investimentos realizados no período foram os maiores do ano, atingindo R$ 1 bilhão. Na geração de energia, foram investidos R$ 570 milhões no trimestre, sendo R$ 375 milhões destinados a Angra 3 e R$ 139 milhões para manutenção. Para a transmissão de energia, o investimento foi de R$ 378 milhões no trimestre, dos quais R$ 300 milhões voltados para reforço e melhorias. 

FOTO: Angra 3 – Eletrobras - 

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terça-feira, 9 de novembro de 2021

Caldas enfrenta a INB contra depósito de material radioativo. No passado, a operação era clandestina

 


No passado, para transferir material radioativo (Torta II e rejeitos) produzidos em São Paulo para serem armazenados em Minas Gerais, clandestinamente, a estratégia era a seguinte: agentes do governo enganavam os trabalhadores que levavam caminhões carregados com materiais radioativos da Usina de Santo Amaro (Usam), da Nuclemon, no bairro paulista de Brooklin, até a unidade de exploração de urânio em Caldas, Sul de Minas, onde eram despejados. Tudo foi feito na calada da noite. Hoje, embora tente terminar o serviço, a estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), sucessora da Nuclemon (extinta em 1992), enfrenta várias barreiras. 

A população, políticos locais e ambientalistas estão mobilizados para impedir que o restante da herança maldita, principalmente a que permanece no depósito da Usina de Interlagos (USIN), da INB, seja transferida para Caldas. A INB ameniza o problema, tenta se livrar do lixão radioativo, para que possa vender o terreno da USIN, como fez com o da Nuclemon, anos atrás. 

O blog consultou corretores de imóveis e segundo eles, a Lei de Zoneamento do município de São Paulo, aponta que o terreno de 60 mil metros quadrados da USIN tem capacidade para a construção de até 120 mil metros quadrados de área construída. O gabarito de altura é de até 28 metros. Poderiam, por exemplo, erguer 2.400 apartamentos, com valor de mercado de R$ 300 mil cada unidade, rendendo cerca de R$ 700 milhões aos cofres da construtora que comprar o terreno. Caso aconteça, será um negócio muito rentável. Mas nem tudo são flores nesse campo radioativo, até bem pouco tempo, repleto de plantações de goiabas e taiobas. 

No registro de imóveis da Prefeitura de São Paulo, o local consta como “área contaminada”, o que engessa qualquer venda para construtora. Além disso, precisa de um laudo da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), informando todas as condições do terreno. Eles lembraram que a área abarca parte de lençol freático certamente contaminado, um grande complicador. Mas dependendo das negociações, alertaram, o mercado pode se interessar pelo imóvel. 

Enquanto os entraves relativos ao terreno não se desenrolam, a estatal se depara com outros obstáculos: a mobilização política de Caldas, que se amplia e fortalece contra os planos de transferência dos rejeitos para a cidade. 

PROJETO DE LEI - 

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou nesta terça-feira (09/11) o parecer pela constitucionalidade, juridicidade e legalidade do Projeto de Lei 3152/2021, de autoria da deputada Beatriz Cerqueira (PT), que proíbe a entrada do rejeito radioativo e a instalação de depósito de lixo atômico no território de Minas Gerais. 

O PL foi apresentado após grande audiência promovida pela Comissão de Administração Pública (21/09/21), que debateu a decisão de transferência do lixão. Na reunião, representantes de seis prefeituras e de três câmaras municipais fizeram apelo unânime contra o depósito, que atingiria toda a região.

 AUDIÊNCIA PÚBLICA -

 Nesta quarta-feira (10/11), às 15hs, a Câmara dos Vereadores de Caldas realiza mais uma audiência Pública para discutir as questões relacionadas a intenção da INB de transferir os rejeitos para o Planalto de Poços de Caldas, transformando Caldas em depósito de rejeito de material radioativo. A audiência foi proposta pela vereadora Regina Cioffi (PP – Caldas), uma das lideranças à frente de luta contra depósito em Caldas.

 Foram convidados representantes da INB, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a auditora fiscal Fernanda Giannasi, que trabalha no caso desde o início, tendo sido a profissional que mais fiscalizou e autuou a INB. 

Na audiência anterior, em 20/10, o superintendente de desenvolvimento da Diretoria de Recursos Minerais da INB, Diógenes Salgado Alves, disse que não estava esgotada a possibilidade de Caldas se tornar depósito definitivo para o lixo radioativo produzido em São Paulo, acirrando o embate sobre o caso. Depois, ele recuou e afirmou que tudo estava em estudo. 

“Atualmente a solução proposta para remediar a situação é o armazenamento de toda a Torta II em novos galpões. Nessa proposta todos os tambores e bombonas deverão ser reembalados. O que está a granel deverá também ser acondicionado em tambores. Mas continuará sendo uma solução intermediária”, afirmou o superintendente. Durante a audiência, ele também informou planos para contratação se serviços em 2022, e ações em 2023. 

As ações em curso para o armazenamento da Torta II, segundo ele, são: remediação da situação de 1.100 tambores e 400 bombonas, com prazo de abril de 2022, a troca das coberturas dos silos; contratação do projeto executivo do novo Ponto de controle, estudos para a identificação de local preferencial  para a alternativa de armazenamento de longo prazo. E mais:  reembalar os tambores metálicos deteriorados até dezembro de 2023, por exemplo. 

“BANHO MARIA” - A discussão sobre a transferência da torta II de São Paulo para Caldas nunca saiu da mídia. Estava sendo levada em “banho Maria”, até voltar à tona no dia 27/8, quando o blog divulgou a intenção da estatal de fazer a transferência. No dia seguinte, a empresa confirmou estar dialogando sobre o assunto com o Ministério Público Federal de São Paulo e de Pouso Alegre. A ideia, confirmou, era transferir mais Torta II para a sua unidade em Caldas. O material radioativo sairia da USIN e de sua unidade de Estocagem de Botuxim (UEB), que fica numa área de 300 mil metros quadrados, no Sítio São Bento, município de Itu, onde abriga 3.500 toneladas de Torta II, armazenadas em sete silos. O material é também proveniente da USAM/Nuclemon.

 ANTPEN RESISTE - 

Os rejeitos radioativos fazem parte do estoque acumulado durante mais de 20 anos da Nuclemon. A longa história gerou prejuízos materiais e humanos incalculáveis, como a contaminação de trabalhadores da empresa, que durante décadas, sem saber, manusearam materiais radioativos. Inclusive aqueles que trabalharam carregando e descarregando o material radioativo, em caminhões, levados clandestinamente. na calada da noite, de São Paulo para Caldas. 

Até hoje o caso  da radiação na Nuclemon revolta os ex-trabalhadores, que sobreviveram ao fechamento da empresa, em 1992. Abandonados pelo poder público, as vítimas e familiares – pois muitos já morreram-, em 2006, fundaram a ANTPEN (Associação Nacional dos Trabalhadores da Produção de Energia Nuclear), para lutar pela causa. São dezenas de pedidos de indenização na Justiça Paulista. Até hoje, o máximo que as vítimas conseguiram foi o pagamento de um plano de saúde. Plano de Saúde que a INB tem lutado para retirar das vítimas, conforme tem sido denunciado pelo blog. 

FOTOS: Tambores com Torta II - Caldas - 

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segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Justiça rejeita pedido da INB para excluir plano de saúde a vítimas da radioativa Nuclemon

 


O juiz titular da 20ª Vara do Trabalho de São Paulo (Zona Sul), Mauricio Marchetti, indeferiu pedido da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), para excluir seis ex-funcionários da antiga Usina de Santo Amaro (USAM), da extinta Nuclemon, do direito vitalício ao Plano de Saúde, utilizado para tratamentos de doenças profissionais contraídas no período em que permaneceram trabalhando na empresa, no Brooklin paulista. Além de não excluir o grupo, o magistrado incluiu mais onze ex-empregados.

A INB é a sucessora da Nuclemon, fechada no início da década de 90, após denúncias de contaminação feitas pela imprensa. Deixou um incontável número de doentes. A empresa beneficiava areias monazíticas contendo material radioativo como urânio e tório. Os empregados foram expostos à radiação e a diversos agentes químicos, sofrendo até hoje de doenças relacionadas ao trabalho, como o câncer e severos problemas pulmonares, além de outras doenças. Muitos já morreram sem receber qualquer assistência ou indenização.

Na Ação Civil Pública nº 1001511-81.2018.5.02.0720, movida pela Associação Nacional dos Trabalhadores da Produção de Energia Nuclear (ANTPEN), contra a INB, o juiz considerou que documentos comprovam o vínculo de todos esses ex-empregados da Nuclemon com a estatal através da Carteira de Trabalho e Previdência Social. Presidida por José Venâncio, a ANTPEN foi criada em 2006 para defender às vítimas da empresa.  

INB É RECORRENTE - 

Não é a primeira vez que a INB tenta excluir o Plano de Saúde às vítimas. Em maio de 2020, em plena pandemia do coronavirus (COVID-19), graças ao desembargador federal do Trabalho, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região, em São Paulo, Marcos César Amador Alves, a situação não ficou ainda mais grave. Na época, o desembargador indeferiu o pedido de liminar ajuizado pela INB tentando se eximir do pagamento do plano de saúde vitalício para cerca de 200 ex-empregados. Desse total, apenas 115 conseguiram, dos quais, 20 já morreram. A INB recorreu da decisão do juiz titular da 20ª Vara do Trabalho de São Paulo, Eduardo Marques Vieira Araújo, na ação civil pública inicial ajuizada pela ANTPEN. 

COVID-19 - 

A pandemia pelo coronavírus (A COVID-19) pesou na decisão de Vieira Araújo, determinando a concessão do plano de saúde para as vítimas. O magistrado levou em conta que a maior parte dos trabalhadores têm mais de 50 anos e é extremamente vulnerável, “devido à fragilidade do sistema imunológico, tornando o caso ainda mais delicado”. 

Além de lutar pela sobrevivência, as vítimas vêm enfrentando interrupções no tratamento por conta de paralisações do atendimento, em decorrência da falta de pagamento pela INB. A decisão do TRT ratifica a determinação do juiz Vieira Araújo, divulgada em abril de 2020. 

DOSES DE RADIAÇÃO - 

A falta de transparência da Nuclemon, ao longo de décadas, ficou provada para a Justiça em documentos mostrando que os efeitos da radiação “podem eclodir tardiamente”, como ocorreu com diversos trabalhadores da empresa. Entre a documentação comprobatória, a ANTPEN anexou relatório da própria Nuclemon, reconhecendo que, em 1987, um grupo de 59 trabalhadores recebeu doses de radiação superiores ao imite permitido à população em geral. Além disso, nos registros da própria empresa, entre 1973 e 1989, aparecem casos de trabalhadores que receberam doses anuais muito acima do limite ocupacional permitido pelas normas legais. 

A Justiça se respaldou em relatórios sobre as consequências orgânicas provenientes da manipulação de elementos químicos como urânio e tório, elaborados pelo Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). 

DESCASO - 

“Não se trata de um fato isolado de descaso e exposição da população e o meio ambiente a riscos de contaminação radioativa”, frisou o juiz. A própria Nuclemon, desde 1990, já vinha sendo objeto de acompanhamento por parte da Delegacia Regional do Trabalho em São Paulo, a partir de denúncia de seus próprios empregados e de entidades como o Sindicato dos Trabalhadores na Industrias Químicas, sobre os riscos de contaminação radioativa. 

A advogada Érica Coutinho, que representa a ANTPEN, lembrou que antes da decisão do juiz Vieira Araújo, apenas 65 associados, que integram uma outra ação, movida pelo advogado Luis Carlos Moro, estavam assistidos pelo plano de saúde.  

MORTES AO LONGO DO PROCESSO - 

A advogada lembrou que muitas vítimas da Nuclemon, atual INB, morreram ao longo do processo, que ainda depende de uma sentença final, sobre a indenização pelos danos causados durante os anos trabalhados. A Nuclemon funcionou no bairro paulistano do Brooklin, entre as décadas de 40 e 90. 

O trabalho de alguns órgãos foi fundamental para que o caso chegasse à opinião pública, como o extinto Ministério do Trabalho, através da auditora fiscal Fernanda Giannasi; a direção do Sindicato dos Químicos de São Paulo; o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) de Santo Amaro e o Ministério Público Estadual. 

Eles realizaram várias inspeções e comprovaram contaminação na USAM e na Usina de Interlagos (USIN), para onde o material radioativo era também transportado e armazenado. As inspeções identificaram mais de 150 trabalhadores doentes. A médica Maria Vera Cruz de Oliveira Castellano, diretora do CEREST, atuou na identificação dos trabalhadores contaminados e permanece realizando o acompanhamento das vítimas até hoje. 

FOTO: Nuclemon - Tambores com material radioativo - 

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quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Angra 2 retorna ao sistema elétrico nesta quinta-feira (4/11)

 


Técnicos da Eletronuclear conseguiram concluir o reparo no gerador elétrico principal de Angra 2 antes do previsto. Dessa forma, a unidade foi sincronizada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) nesta quinta-feira (4), às 20h30, três dias antes da estimativa inicial da empresa. A previsão é que a usina atinja 100% de potência às 3h desta madrugada. 

A informação foi divulgada há pouco pela companhia. O que teria causado o problema e os custos da parada da usina devem ser informados também. 

FOTO: Angra 2 - Eletronuclear - Este blog faz Jornalismo Independente. Contribua com o trabalho iniciado em 2018. A sua colaboração é muito importante. PIX: 21 99601-5849.

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Angra 2: falha elétrica no gerador principal desconectou a usina. O que provocou a falha?

 


Uma falha elétrica no gerador principal que fornece energia para a rede de transmissão provocou o desarme do conjunto turbogerador, desconectando  Angra 2, do Sistema Interligado Nacional (SIN), no último dia 29/10, conforme o Blog apurou nesta quarta-feira (3/11). A falha pode estar relacionada ao tempo de vida da instalação e indica que algo importante aconteceu na parte elétrica. Técnicos da Eletronuclear e Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), estão investigando a raiz do problema, o que teria provocado a falha, sem ligação com a parte nuclear da usina.

Oficialmente, a Eletronuclear informou que a usina foi desconectada do SIN, “pela atuação automática de um circuito de proteção do gerador elétrico principal”, sem entrar em detalhes. A previsão é de que Angra 2 seja reconectada ao SIN até domingo (7/11). 

“O evento não apresentou qualquer risco à segurança da usina, aos trabalhadores da empresa, à população ou ao meio ambiente”, segundo a companhia. Na segunda-feira (01/11), a estatal informou que seus técnicos haviam identificado as causas da “falha no gerador elétrico principal de Angra 2 e iniciaram os reparos. A questão, segundo especialistas precisa ser mais detalhada, visando maior transparência dos fatos perante à sociedade.

Angra 2 é a primeira usina do pacote do acordo nuclear Brasil-Alemanha, assinado pelo presidente Ernesto Geisel em 1975. A usina começou a ser construída em 1984 e entrou em operação comercial em 2001. 

FOTO: ANGRA 2 – Empregados na área controlada. Eletronuclear - 

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terça-feira, 2 de novembro de 2021

Angra 2 continua desconectada do sistema interligado nacional. Qual é a raiz do problema?

 


O desarme do conjunto turbogerador, que desconectou Angra 2, do Sistema Interligado Nacional (SIN), no último dia 29/10, foi provocado pela atuação automática de um circuito de proteção do gerador elétrico principal. A informação é da Eletronuclear, que a partir de agora deverá informar o que provocou a mencionada atuação automática, que teria sido a raiz do problema.  

A previsão é de que Angra 2 seja reconectada ao SIN até domingo (7/11). 

“O evento não apresentou qualquer risco à segurança da usina, aos trabalhadores da empresa, à população ou ao meio ambiente”, segundo a companhia. Na segunda-feira (01/11), a estatal informou que seus técnicos haviam identificado as causas da falha no gerador elétrico principal de Angra 2 e iniciaram os reparos necessários para o retorno da unidade ao SIN. A questão, segundo especialistas precisa ser mais detalhada. 

ELEMENTOS COMBUSTÍVEIS TRANSFERIDOS - 

A parada mais recente de Angra 2 (29/10) ocorreu dois dias depois (27/10) da conclusão da transferência dos combustíveis usados (urânio) da usina para a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS). A atividade de transferência foi iniciada em abril e interrompida por conta do reabastecimento da usina em junho, sendo retomada em seguida. Assim, a estatal começou a retirar combustíveis usados da piscina de Angra 2, que chegou ao limite de sua capacidade, abrindo espaço para os que foram descarregados do reator durante a parada. 

CORROSÃO EM TUBOS - No dia 10 de julho de 2020, a Eletronuclear confirmou a informação divulgada pelo BLOG, sobre problemas ocorridos durante o reabastecimento de combustível (urânio), em Angra 2, que havia sido desligada no dia 22 de junho. Durante a inspeção foi detectada, uma oxidação (corrosão) inesperada no revestimento dos tubos que contém as pastilhas de urânio enriquecido, nos elementos combustíveis da usina. (VEJA AS FOTOS DA CORROSÂO). Os elementos combustíveis são de responsabilidade da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e da francesa Fromatome, que também opera na Alemanha. Até hoje nenhuma informação foi divulgada sobre as causas e responsabilidades pelo problema, que deixou a usina parada quase um mês além do tempo previsto. Na semana passada, técnicos da INB viajaram à Alemanha para reuniões com a Fromatome. Na pauta, provavelmente, a corrosão, mais de um ano depois de o problema ter sido revelado. 

Angra 2 é a primeira usina do pacote do acordo nuclear Brasil-Alemanha, assinado pelo presidente Ernesto Geisel em 1975. 


A usina começou a ser construída em 1984 e entrou em operação comercial em 2001. FOTO: Detalhes da Oxidação - Usina ANGRA 2 – 

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