sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Eletrobras lança Plano de Demissão Voluntária

 

A Eletrobras anunciou há pouco que lança na próxima terça-feira (1º) seu novo Plano de Demissão Voluntária (PDV), o primeiro desde a capitalização da companhia, realizada em junho. Em todas as empresas Eletrobras, há 2.312 colaboradores elegíveis ao plano. O PDV tem custo da ordem de R$ 1 bilhão e payback estimado de 11,2 meses. 

O plano, que está sendo implantado simultaneamente nas empresas Eletrobras CGT Eletrosul, Chesf, Eletronorte e Furnas, além da própria holding, é voltado para empregados aposentados pela previdência oficial ou aposentáveis até 30 de abril de 2023, considerando critérios do próprio INSS – idade e tempo de contribuição exigidos respectivamente para os anos de 2022 e 2023. 

Segundo a Eletrobras, o compromisso de abertura de PDV está presente na proposta do Tribunal Superior do Trabalho (TST) para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2022/2024 e inclui o oferecimento de condições superiores às ofertadas na última versão do PDV, lançado pela empresa em 2019. 

Entre os incentivos que fazem parte do pacote estão as pecúnias equivalentes a três anos de plano de saúde e um ano de auxílio-alimentação, o incentivo indenizatório de nove salários, além dos valores referentes à demissão sem justa causa. O período de adesão será de 1º a 18 de novembro, e os desligamentos ocorrerão em turmas escalonadas entre dezembro de 2022 e abril de 2023. Casos excepcionais poderão ter saídas posteriores, a critério da Eletrobras. 

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Plano de emergência nuclear em Angra foi virtual, no CCCEN, no shopping Piratas Mall

O evento ocupou uma sala do Centro de


Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN), no Shopping Piratas Mall. O cenário do exercício apresentaria um conjunto de situações hipotéticas, encadeadas de maneira a desafiar as organizações que participam da resposta a uma situação de emergência na Central Nuclear, que abriga as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, em funcionamento; e Agra 3, em obras desde 1984. 

Segundo informações de Angra, as simulações ocorrem com alternâncias: em alguns anos são nas estradas, com voluntários, e cenas quase reais. Em outros, não.  Segundo a companha,  o Exercício Parcial de Resposta à Emergência Nuclear, pretendia avaliar a eficácia da estrutura de resposta e dos procedimentos do Plano de Emergência Externo do Estado do Rio de Janeiro (PEE/RJ) da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), que visa a proteger a população, o meio ambiente, os trabalhadores e as instalações. 

Durante o exercício, seriam ativados o Centro Nacional de Gerenciamento de Emergência Nuclear (Cnagen), localizado em Brasília; o Centro Estadual de Gerenciamento de Emergência Nuclear (Cestgen), no Rio de Janeiro; o Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN), bem como o Centro de Informações de Emergência Nuclear (Cien), ambos localizados em Angra dos Reis. “Pretende-se demonstrar a capacidade de comando, coordenação e controle das organizações envolvidas”. 

O planejamento das ações do exercício foi realizado pelo Comitê de Planejamento de Resposta a Situações de Emergência Nuclear no Município de Angra dos Reis (Copren/AR), é composto por representantes de vários órgãos e instituições. O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), órgão central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron), é o responsável pela supervisão da atividade. 

FOTO: CCCEN - Angra - 

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terça-feira, 25 de outubro de 2022

Plano de emergência nuclear mobiliza civis e militares em Angra amanhã e quinta-feira


Uma grande operação envolvendo várias entidades civis e militares começa nesta quarta-feira (26/10), com a realização de um exercício parcial simulado do plano de emergência nuclear na Central Nuclear de Angra dos Reis. O simulado, que termina quinta-feira (27/10) prevê a mobilização de uma rede de cerca de 50 instituições, com centenas de profissionais, nos três níveis de governo: municipal, estadual e federal. Uma das entidades participantes é a Eletronuclear, que acaba de substituir toda a sua diretoria. 

O cenário do exercício apresenta um conjunto de situações hipotéticas, encadeadas de maneira a desafiar as organizações que participam da resposta a uma situação de emergência na Central Nuclear, que abriga as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, em funcionamento; e Agra 3, em obras desde 1984. Segundo a companha,  o Exercício Parcial de Resposta à Emergência Nuclear, objetiva !avaliar a eficácia da estrutura de resposta e dos procedimentos do Plano de Emergência Externo do Estado do Rio de Janeiro (PEE/RJ) da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), que visa a proteger a população, o meio ambiente, os trabalhadores e as instalações”. 

Durante o exercício, são ativados o Centro Nacional de Gerenciamento de Emergência Nuclear (Cnagen), localizado em Brasília; o Centro Estadual de Gerenciamento de Emergência Nuclear (Cestgen), no Rio de Janeiro; o Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN), bem como o Centro de Informações de Emergência Nuclear (Cien), ambos localizados em Angra dos Reis. “Pretende-se demonstrar a capacidade de comando, coordenação e controle das organizações envolvidas”. 

O planejamento das ações do exercício foi realizado pelo Comitê de Planejamento de Resposta a Situações de Emergência Nuclear no Município de Angra dos Reis (Copren/AR), é composto por representantes de vários órgãos e instituições. O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), órgão central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron), é o responsável pela supervisão da atividade. 

FOTO: Central Nuclear – ABDAN – 

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Morre o professor Zieli Dutra Thomé Filho, um dos criadores do projeto de segurança para Angra 1

 


Coordenador do projeto de Interface Homem-Máquina, gerando um Sistema de Supervisão de Parâmetros de Segurança para a Usina Angra 1, o professor Zieli Dutra Thomé Filho, morreu nesta segunda-feira (24/10), aos 79 anos. Um dos criadores do Programa de Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ, (em 1968), participou na formação de pessoal para todo o setor nuclear brasileiro num projeto acadêmico entre a Coppe e a Nuclebrás, denominado Projeto Urânio. Presidiu a Eletronuclear (2003-2005), além de atuar como vice-presidente do International Nuclear Safety Group (INSAG), vinculado à Agencia Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU em 2005. 

Mestre em Engenharia Nuclear pela Coppe (1970) e Doutor em Física pela PUC-Rio (1974), Zieli tornou-se Professor Titular da UFRJ, em 1985, e Livre Docente da mesma universidade em 1989, atuando em Física de partículas, Física de reatores, Métodos perturbativos e Física nuclear. Foi nomeado para integrar uma comissão designada pelo reitor da UFRJ, Nelson Maculan, em março de 1991, para elaborar a política de radioproteção para ser adotada pela universidade. 

Foi também um dos responsáveis pela criação da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), em 1992, hoje Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, para formação de redes de internet para a comunidade acadêmica brasileira. Um dos diretores da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado do Rio de Janeiro (Faperj), foi aindai um dos pioneiros da parceria estabelecida entre a Coppe e a Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (Cern), entre outras. 

Zieli estava internado em CTI com problemas de infecção urinária. O velório será nesta quarta-feira (26/10) às 12h30, na capela 7, no Caju; e o sepultamento às 14h30, no Crematório e Cemitério da Penitência. 

Foto e informações: Divulgação e Assessoria de Imprensa da COPPE/UFRJ. 

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terça-feira, 18 de outubro de 2022

CDTN comemora um ano do primeiro medicamento com átomos radioativos para diagnosticar câncer de mama

 


O Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) anunciou nesta terça-feira (18/10) que está comemorando um ano da comercialização do medicamento Radiofes®, com exclusividade. O medicamento atua na detecção de tumores que expressam receptores de estrogênio, identificados em um dos tipos de câncer de mama. Os radiofármacos são medicamentos com átomos radioativos que funcionam, com alta precisão, como traçadores no exame de Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET). 

No diagnóstico e acompanhamento do câncer, o uso desses fármacos permite identificar o aumento ou regressão de células tumorais, processo decisivo para definir as estratégias de tratamento de doença em cada paciente. Desde sua comercialização, o CDTN forneceu doses do medicamento em cinco estados no Brasil. O Radiofes® é capaz de identificar tumores menores e de forma específica, oferecendo aos profissionais de medicina respostas terapêuticas mais rápidas e mais eficazes para cada paciente. “Este é o primeiro radiofármaco específico para câncer de mama comercializado no Brasil, nos Estados Unidos e na França. 

Sua aplicação resulta na melhoria da qualidade de vida das pacientes e em economia em termos de investimentos com procedimentos médicos”, afirma Marina Bicalho, chefe da Unidade de Pesquisa e Produção de Radiofármacos. A disponibilização do fármaco pelo CDTN e a certificação pela Anvisa são passos importantes para o desenvolvimento da radiofarmácia e da medicina nuclear brasileira. “Consideramos o Radiofes® um agente no combate ao câncer de mama, e por isso é muito significativo podermos celebrar este um ano de comercialização do fármaco junto à campanha do Outubro Rosa”, avalia Marina. 

USO DO MEDICAMENTO - 

A solicitação do Radiofes® deve ser feita exclusivamente pelo médico responsável pelo tratamento, através de contato com a Unidade de Pesquisa e Produção de Radiofármacos (UPPR). Em Belo Horizonte (MG), o exame pode ser realizado na rede pública de saúde por meio do Centro de Tecnologia de Medicina Molecular, vinculado à Faculdade de Medicina da UFMG. 

ESTUDOS INTERNACIONAIS - 

O Radiofes® já é utilizado em outros países. No CDTN, ele começou a ser desenvolvido em 2016, a partir de estudos realizados na UPPR. Marina Bicalho explica que “o processo produtivo e o controle de qualidade foram validados e a certificação de boas práticas de fabricação foi concedida pela Anvisa. Paralelamente, foram elaborados procedimentos e protocolos que comprovassem todas as etapas realizadas, permitindo o registro e rastreabilidade da qualidade do produto, e posterior aprovação pela Agência em 2021”. 

Além do Radiofes®, o Centro é responsável pela produção e comercialização de outros dois radiofármacos: o Radionaf®, utilizado para o diagnóstico de tumores ósseos; e o Radioglic®, que permite diagnosticar diferentes tipos de câncer e dispõe de uma maior atividade metabólica de acordo com a extensão do tumor. 

CDTN - 

O CDTN é uma instituição vinculada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia federal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Com destaque na atuação em Saúde, Meio Ambiente, Minerais, Materiais e Reatores em Minas Gerais e no Brasil. As aplicações resultadas de técnicas nucleares incluem a produção de radiofármacos, a esterilização de produtos médicos e farmacêuticos, a esterilização de hemocomponentes, o atendimento a emergências radiológicas e o recebimento de rejeitos radioativos. 

O CDTN conta ainda com um Programa de Pós-Graduação para contribuir com a pesquisa nacional e internacional, que hoje forma mestres e doutores em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais. Criado como Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR), em 1952, o Centro está localizado no campus da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, e possui uma vasta gama de interlocuções com setores da academia, indústria e inovação. 

FOTO E INFORMAÇÕES: CDTN – 

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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Conheça o novo presidente da Eletronuclear, Eduardo Souza Grivot de Grand Court, eleito hoje (13/10)

 


O novo presidente da Eletronuclear, eleito hoje (13/10) pelo Conselho de Administração da empresa, Eduardo Souza Grivot de Grand Court é graduado em Gestão da Informação e Marketing Estratégico e Bacharel em Administração pela Universidade Estácio de Sá, com MBA em Gestão de Negócios e Tecnologia da Informação pela FGV. É formado em Engenharia de Software pela Universidade Estácio de Sá; e Engenharia de Manutenção e Gestão de Ativos pela Faculdade de Administração, Humanas e Exatas. 

Ao longo de sua carreira, exerceu os cargos de Chief Information Officer; superintendente de Licenciamento e Meio Ambiente; Assistente da Diretoria de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente; Coordenador Geral da Diretoria Técnica; e Coordenador Geral da Presidência, na Eletrobras Eletronuclear. Foi também assistente para Governança do Setor Nuclear e Assessor do Ministro, no Ministério de Minas e Energia. É membro do World Institute for Nuclear Security – WINS desde 2016. Integra o Conselho de Administração da Eletrobras Eletronuclear. 

Leia a matéria anterior sobre a nova diretoria da Eletronuclear. 

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Conselho de Administração da Eletronuclear elege novos titulares. Eduardo de Souza Grivot Grand Court assume a presidência no lugar de Leonam Guimarães

 

O Conselho de Administração da Eletronuclear, reunido nesta quinta-feira (13/10), decidiu alterar a composição da Diretoria Executiva da empresa, elegendo novos titulares. Para a presidência da Eletronuclear, o eleito é Eduardo de Souza Grivot Grand Court, atual presidente do Conselho de Administração da empresa e diretor de Gestão Corporativa e Sustentabilidade da ENBPar, que substituirá Leonam Guimarães, no cargo desde 2017, responsável pela continuidade das obras de Angra 3, projeto para armazenar os combustíveis usados de Angra 1 e 2, e extensão da vida útil de Angra 1. Considerado grande gestor e técnico do setor nuclear no Brasil e exterior, segundo fontes, tem se mantido longe de políticas partidárias. 

As mudanças ocorrerão num prazo máximo de 30 dias e atingem todas as diretorias. Os nomes dos candidatos passaram pela avaliação das instâncias de governança da companhia, bem como da Casa Civil e da Presidência da República. A decisão consta da Deliberação do Conselho de Administração (DCA) n° 489.001/22, expedida nesta quinta-feira. Para a Diretoria de Operação e Comercialização, o novo titular é Ricardo Luis Pereira da Silva, atual diretor Técnico, que continuará acumulando a Diretoria de Angra 3. 

Assume a Diretoria Técnica Sinval Zaidan Gama, ex-diretor de Operação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e ex-presidente da Chesf. A Diretoria Administrativa será ocupada pelo almirante Hélio Mourinho Garcia Júnior, que ocupou recentemente o cargo de subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do Ministério de Minas e Energia (MME). Marcello Cabral continua como diretor Financeiro. No próximo dia 24, acontecerá uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) de acionistas que irá deliberar sobre a revisão do estatuto social e eleger novos membros para os conselhos de Administração e Fiscal. COLABORE COM O BLOG. PIX: 21 99601-5849.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Um programa nuclear estratégico para o Estado Brasileiro, por Olga Simbalista

 


O contexto global passou a ser da maior relevância para as questões energéticas das nações. A pandemia ensejada pela Covid-19 desnudou a incapacidade mundial de se defender de um novo inimigo que surgiu do desconhecido, desafiando indústrias farmacêuticas, os sistemas de saúde públicos e os conhecimentos científicos sobre pandemias. Descobriu-se, inclusive, que vírus não tem fronteiras, nacionalidades ou classes sociais preferenciais. Não só o Brasil, mas o mundo, não estavam preparados para uma pandemia global. No Brasil, centros de excelência em pesquisas se engajaram em uma grande corrida, na busca de vacinas, mas sequer tínhamos seringas injetáveis esterilizadas em número e qualidade, disponíveis em nossos centros de excelência nuclear. 

A pandemia foi uma centelha que acelerou transformações latentes nas sociedades, inclusive, acentuando as desigualdades sociais, face ao pagamento de seus custos pelo desemprego e a falta de atendimento social. Após um aparente controle da pandemia fomos surpreendidos pela invasão russa à Ucrânia, dois países europeus considerados irmãos, em termos culturais e de idioma, mas com rachaduras que requerem uma pausa operacional para se negociar. A Europa/União Européia há tempos desconhecia uma guerra de tais proporções em seu território, fenômeno  que levou, principalmente nações ocidentais a imporem sanções contra o invasor, incluindo bloqueio de contas bancárias, proibições de tráfego aéreo por seus aviões em seus tetos, embargos da importação de produtos , em particular energéticos como petróleo, gás e carvão, causando um cataclismo no setor energético e com conseqüências mundiais superiores às crises do petróleo dos anos de 1970. 

A  Europa, dependente em cerca de 40% de tais insumos e vendo  os preços dos derivados do petróleo disparando e causando uma inflação desconhecida desde o final da Segunda Guerra Mundial, seguida de  queda no crescimento econômico, é o local que mais sofre com a crise energética. O país europeu mais afetado é a Alemanha, que depende de 60% da importação de gás russo para suas indústrias, aquecimento residencial e, em particular, de eletricidade, pois equivocadamente, iniciou a desativação de seu parque gerador nuclear, as de melhor tecnologia e desempenho do mundo, após o acidente de Fukushima, para garantir à Chanceler Merkel o apoio do Partido Verde para sua sustentação no governo, após seu crescente desgaste político desde a crise econômica de 2008. 

Deve-se também ressaltar que a Alemanha, nas últimas décadas, passou a investir massiçamente em fontes renováveis intermitentes, como eólicas e solares que requerem a existência de fontes de geração de base, quando não existem ventos, ou luz solar, base esta suprida por nucleares, gás ou carvão, este na contra mão dos preceitos antipoluição ambiental, de acordo com os preceitos daquela que passou a ser conhecida pela denominada de “Nação Verde”. 

Deve-se, ainda, salientar que o preço do gás natural aumentou cerca de 700%, desde o início do ano passando e que seu uso é da maior relevância para o aquecimento durante o inverno europeu, bem como para a economia global, mesmo para países auto suficientes como os Estados Unidos da América – EUA que, em seu mercado interno, pratica preços internacionais, analogamente ao Brasil, bem como de petróleo, mas que tem enormes reservas estratégicas e auto-produção. Entretanto, os EUA não são auto-suficientes em combustível nuclear, importando mais 90% de suas necessidades de urânio levemente enriquecido para seu parque de geração de eletricidade e que é o maior do mundo, cerca 90 usinas em operação, mas sem dispor, sequer, hoje, de planta industrial de conversão de U3O8 em UF6.  Por este motivo, a exportação deste insumo não são incluídos no pacote de  boicotes à Rússia. 

Em 2021, os EUA importaram mais de US$ 1 bilhão, transformando, de combustíve nuclear levemente enriquecido de países como Rússia, Cazaquistão, Ubesquistão e, assim transformando, Ironicamente, o legado dos “Átomos para a Paz”, em Àtomos para Putin”. O maior perdedor da salgada conta do boicote à Rússia tem sido a União Européia, onde recessão e inflação andam de braços dados. 

Essa retrospectiva indica um futuro completamente diferente dos anos pretéritos e as capacidades nacionais de gerenciar suas deficiências em qualquer setor passam a ter a maior relevância e estão concentradas em seus centros de pesquisas, em particular, daqueles dedicados às tecnologias de ponta, aí incluídos a tecnologia nuclear, espacial e do fundo do mar, sendo grandes propagadores de tecnologia em todo o mundo. 

No que se refere à tecnologia nuclear, suas principais áreas de atuação, no Brasil, estão concentradas no setor de geração de energia , quer eletricidade para o suprimento da rede, quer para a propulsão naval, alimentando o submarino nuclear e reatores de pesquisas. Isto, para a produção do combustível nuclear, em todas as suas etapas, desde a prospecção de minério de minerais nucleares, produção de concentrado  de urânio - U3O8, sua transformação em gás -UF6 em escala piloto, enriquecimento isotópico do urânio com tecnologia desenvolvida pela Marinha do Brasil. 

Além da produção de elementos combustíveis na unidade industrial da INB em Resende e no IPEN, medicina nuclear incluindo o credenciamento de profissionais e de instalações que fazem uso de radiação, produção de radiofármacos, realização de exames específicos para prevenção e eliminação de doenças como o câncer, aplicações na indústria em controle de qualidade, agricultura em particular na conservação de alimentos, meio ambiente, irradiação de gemas preciosas, conservação de acervos históricos, tratamento e armazenamento de rejeitos radioativos. 

Também nas plantas industriais e institutos de pesquisas, segurança e proteção radiológica da população, pesquisas e ensino relacionados a esta tecnologia, transporte de material radioativo, medição de dose de radiação em profissionais a ela expostos, controle e salvaguarda de plantas nucleares, engenharia e projeto de instalações nucleares e radioativas, transmissão ao público em geral de todos estes elencos de funções da tecnologia nuclear tão necessários ao Brasil, dentre vários outros. O desenvolvimento da tecnologia e de insumos está concentrado, principalmente, em institutos de pesquisas, universidades, laboratórios, agências distritais e escritórios regionais, distribuídos por, praticamente, todo o País. 

A despeito dos desafios econômicos pelos quais o País vive, ele precisa de um Estado com visão estratégica e capaz de sensibilizar as classes políticas sobre o papel e importância das áreas de radiações e geração nuclear, que podem criar empregos de alto valor agregado, bem como a criação de plataformas científicas com elevados conhecimentos de ponta. Em função da atual restrição de recursos, aquelas atividades e projetos que demandam menor quantidade de recursos e atingem um maior contingente da população devem ter prioridades, na seguinte sequência: 

Ensino, pesquisas, aplicações nos inúmeros setores anteriormente citado, a partir da medicina nuclear: conclusão do Reator Brasileiro Multipropósito (RBM) que já dispõe de local licenciado, e projetos básico e detalhado e que, como seu nome diz se presta a uma infinidade de funções, mas em particular à produção de radiofármacos, cuja produção nacional não é capaz de atender toda a demanda, a qual é importada de alguns países. 

O RMB terminará inclusive a exportação de radiofármacos, com geração de receita para seu funcionamento, desenvolvimento tecnológico e criação de sinergia em sua área de localização que já abriga o centro Tecnológico da Marinha em Aramar e, assim, as futuras instalações da USP em área contígua, doada pelo Governo de São Paulo; O aumento das reservas nacionais de materiais radioativos, com a retomada do programa de prospecção em áreas promissoras já identificadas, com a participação da iniciativa privada, com vistas, inclusive à produção de fertilizantes, com a geração de recursos suplementares e o reposicionamento do País no ranking mundial, a produção de U3O8 para o mercado interno a preços competitivos e exportação de excedentes; 

Domínio da tecnologia de conversão do U3O8 em UF6, em escala industrial, no mínimo com a capacidade para alimentar nossas unidades de enriquecimento atualmente existentes e expansões no curto prazo, evitando o tanslado do U3O8 para o exterior e posterior internalização para ser enriquecido domesticamente; Quanto ao enriquecimento isotópico no País, realizado por meio da tecnologia de ultracentrifugação, desenvolvida de forma autônoma, pela Marinha do Brasil, e atualmente realizado em instalações industriais na INB e capazes de atender mais da metade da demanda de Angra 1, o ideal era dispor de capacidade para cobrir as três unidades definidas para Angra dos Reis, Angra1, 2 e3; Dar continuidade ao protótipo em terra do reator do submarino brasileiro, bem como a fabricação dos componentes encomendados à NUCLEP, a qual também está com encomenda de importantes componentes para Angra 3, encomendas da indústria do petróleo e do setor elétrico, relativas a sistemas de transmissão. 

A empresa também poderá ocupar nichos no mercado externo criados com cancelamentos na Ucrânia, em particular se contar com um parceiro setorial musculoso; Conclusão da Usina Angra 3, com ou sem a participação de parceiro estrangeiro, mas baseada em um esquema de financiamento realista, inclusive de eventual parceiro; Preparação de um programa de longo prazo, em consonância com o planejamento elétrico governamental, avaliando locais candidatos, novas tecnologias, incluindo reatores de pequeno e médio porte, com especial atenção aos seus processos de licenciamentos nuclear e ambiental, uma vez que se tratam de tecnologias desconhecidas no país. 

Nesse contexto, é da maior relevância a intensificação do treinamento de pessoal, como indicado de forma prioritária anteriormente, não só para as reposições oriundas de intenso desligamento de pessoal, mas principalmente pelos novos desafios. 

Estamos certos de que um País com a grandiosidade e importância estratégica do nosso, não pode deixar de incluir em suas prioridades as atividades radiológicas e nucleares, tão importantes e de agora em diante mais restritas a transferência de tecnologias, conforme ressaltado na introdução, o que requererá um esforço autônomo muito maior, onde nossas organizações de pesquisas e desenvolvimento passarão a ter muito maior relevância. 

Também no setor energético, após o fim dos vultosos subsídios governamentais que alavancaram os setores de energias eólica e solar, torna-se necessário investir em uma energia de base, como a nuclear, para firmar o suprimento, em conjunto com nossos reservatórios de hidroelétricas, que ficará responsável por compensar a as intermitências das duas fontes e que representam as mais eficientes baterias perseguidas para tal compensação. 

Nesse contexto a produção de Angra 3 será da maior relevância, pois agregará ao sistema cerca de !400 Mw, juntamente com as de Angra 1 e Angra 2. de quase 2100 mW. Além disso, a nuclear não apresenta volatilidade de custos relativos a aspectos climáticos, como vento, luz e chuvas, além de sua contribuição à descarbonização evidenciada na COP 26. 

Assim, enfatizo que a elaboração desse texto é porque confio no entendimento de todos aqueles que ensejam o que há de melhor para os brasileiros, façam seu uso sem medo de restrições. 

OLGA SIMBALISTA – Engenheira elétrica e nuclear, faz parte da diretora da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN); do Instituto Ilumina e do Board da American Nuclear Society, já recebeu doze prêmios por sua atuação na promoção dos direitos da mulher e, em 2014, e foi eleita Personalidade do Ano 2014 pela WEB da ONU. Com mestrado em engenharia nuclear, Olga Simbalista, comemora 41 anos de trabalho no setor. Recebeu também o Prêmio Full Energy de Personalidade do ano, em 2017, e, em 2018. 

FOTO: Arquivo pessoal .  

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quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Cerca de 16 mil tambores enferrujados com material radioativo começam a ser reembalados em Caldas

 


Para evitar vazamento de Torta II (material radioativo contendo urânio e tório) na Unidade de Descomissionamento de Caldas (UDC), em Caldas (MG), a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), desde 28/9, voltou a reembalar 16.100 tambores metálicos enferrujados, trabalho que deve durar de 12 a 14 meses. No início do ano, outros 3.500 tambores foram reembalados, além de 400 bombonas plásticas. 

A empresa contratou um leito de hospital em Poços de Caldas, destinado à descontaminação de vítima de um eventual acidente durante o trabalho. A operação conta com equipamentos e profissionais próprios e contratados. “Como sobreembalamos 3.500 tambores no início do ano, temos um parâmetro de como a operação deve acontecer e a previsão do tempo de término”, explicou o gerente da INB, João Viçozo da Silva Júnior. “Nessa operação também ocorrerá a pesagem e retirada de amostras para análises laboratoriais, objetivando aprimorar o inventário da Torta II”, informou. 

Os profissionais envolvidos na operação passaram por treinamentos antes do início da atividade no dia 28 de setembro passado. Para os funcionários do hospital contratado, foram ministrados treinamentos de proteção radiológica e de atendimento à emergência radiológica. 

RISCOS DE CONTAMINAÇAO - 

Em junho do ano passado, sob risco de contaminação radioativa, a empresa começou a substituição das coberturas (telhado) dos sítios de Torta I, na área AA-171 da unidade de Caldas. Havia riscos de disseminação radioativa via contaminação do solo, água de chuva e ar.  “Um dos acidentes que pode ocorrer é a queda de telhas com suspensão de Torta II no ar durante as atividades de troca de telhas, com ou sem vítimas. Abalroamento, cortes, esmagamentos, fraturas, atropelamentos, asfixias também são possíveis”, consta em documento a que o blog teve acesso com exclusividade. 

O local abriga os milhares de tambores com Torta II, armazenados há anos em Caldas, em condições nada seguras, cobertos por telhados danificados pelo tempo, chuvas e ventos. O material é herança maldita da extinta Nuclemon, em São Paulo, onde durante décadas o Brasil operou com material radioativo das areias monazíticas subtraídas do litoral da Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo. As várias atividades envolvendo a troca do telhado estão sendo acompanhadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). A unidade de Caldas está instalada numa de área de cerca de 18 km2, onde funcionou a primeira unidade de mineração e beneficiamento de urânio do Brasil. 

FOTO: Galpões da unidade de Caldas – INB – 

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