quarta-feira, 27 de abril de 2022

Eletronuclear: arquivado inquérito contra ex-presidente

 

Foi arquivado o inquérito que investigava o ex-presidente da Eletronuclear Pedro José Diniz Figueiredo por “ausência de irregularidades e falta de provas”, segundo a estatal acaba de informar. Pedro José Diniz havia sido afastado da empresa por ordem judicial em virtude de inquérito policial que investigava suposta interferência do executivo nas investigações da Operação Pripyat, um desdobramento da Lava-Jato. As investigações comprovaram que o ex-presidente não praticou qualquer crime e/ou irregularidade. O contra-almirante Othon Luiz Pinheiro, que presidiu a estatal de 2005 a 2015, continua respondendo a processo sob acusações de corrupção nas obras da usina nuclear Angra 3. 

As obras foram suspensas em 2015, e recentemente retomadas. Othon se diz vítima de esquema para prejudicá-lo por ter sido um dos mais importantes comandantes do programa nuclear paralelo, que levou o Brasil a dominar o ciclo do combustível, enriquecendo urânio a 20%, no Centro Experimental de Aramar, em São Paulo. Mas as acusações envolvem desvio de verbas nas obras de Angra 3, quando ele presidia a Eletronuclear. 

Othon foi condenado em primeira instância pelo juiz Marcelo Bretas a uma pena de 43 anos e ficou preso na Base de Fuzileiros Navais do Rio Meriti, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.[3] Ele foi libertado por um habeas corpus concedido em outubro de 2017 pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região.[4] Em 2022 o Tribunal Regional Federal da 2ª Região revisou a condenação e substituiu a pena de prisão por restrições de direitos. 

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segunda-feira, 25 de abril de 2022

Medicina nuclear: IPEN inaugura laboratório com microscópio capaz de visualizar câncer cervical

 


O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-SP) inaugura nesta sexta-feira (29/4), às 14h30, o seu primeiro laboratório com microscópio que terá capacidade de visualizar câncer cervical em áreas grandes, além de outras atividades como a realização de análise dos modos de vibração de uma molécula. O microscópio sub-nano a laser com tecnologia francesa: o SNOM (Near-field Scanning Optical Microscopy), se destina a desenvolver novos radiofármacos (insumos utilizados no diagnóstico e combate ao câncer). O IPEN obteve cerca de R$ 16 milhões através de edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), com o projeto “Capacitação cientifica, tecnologia e em infraestrutura em radiofármacos e radiações a serviço da Saúde”. 

Segundo o coordenador responsável pelo projeto, Marcelo Linardi, o IPEN, Instituto da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) será a terceira instituição a adquirir o equipamento SNOM deste tipo no mundo, e o mínimo que se espera do equipamento são resultados de ponta. "Para termos ideia do alto nível de caracterização que o equipamento fornece, os grupos de pesquisa que o utilizam publicam com relativa frequência na Nature, uma das mais prestigiadas revistas científicas, com grande fator de impacto. Agora o IPEN terá condições técnicas para produzir trabalhos na área e radiofarmácia e nanotecnologia de alto nível", avaliou Linardi. 

UMA INFINIDADE DE APLICAÇÕES - 

Os pesquisadores Anderson Zanardi de Freitas, coordenador do projeto Multiusuário FAPESP no qual esse equipamento foi enquadrado; e Niklaus Ursus Wetter, do Centro de Lasers e Aplicações, que abriga o laboratório, são os responsáveis pelo equipamento SNOM. Segundo Wetter, são inúmeras as possibilidades de aplicações. "Fica até difícil mencionar as vantagens desse equipamento, tamanha a sua diversidade, desde visualização de câncer cervical em áreas grandes até a visualização de uma única molécula e análise dos modos de vibração desta molécula", informou. 

Ao destacar a importância do IPEN, Linardi lembrou também que o Centro de Radiofarmácia (CECRF) é uma área estratégica do Instituto, que desenvolve e produz radioisótopos e radiofármacos para a realização de diagnósticos e terapia em medicina nuclear. “Para ser uma instituição de vanguarda na pesquisa, desenvolvimento e produção de radiofármacos em prol da qualidade de vida humana, o IPEN deverá estar preparado para atender à demanda de comercialização dos radiofármacos, mesmo que crescente, e preparar-se para a introdução de novos produtos, mantendo o estado da arte no desenvolvimento de radiofármacos”, comentou. 

O IPEN E A NANOTECNOLOGIA - No mesmo evento está programado o lançamento do livro institucional “O IPEN e a Nanotecnologia” da autoria de Linardi, pesquisador emérito do Instituto. A publicação resume todas as atividades do Instituto no campo da ciência e tecnologia, que permeia as inúmeras e diversificadas atividades do IPEN, nas áreas de saúde, energia, materiais e ensino. 

O livro foi prefaciado pelo professor Ado Jorio de Vasconcelos do Laboratório de Nano-Espectroscopia, do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Nos últimos dois séculos, economia mundial tem exibido ciclos de crescimento ligados às revoluções industriais. Estas revoluções são precedidas por desenvolvimentos técnico-científicos disruptivos que mudam significativamente a nossa forma de vida. A primeira revolução industrial deu-se com o aparecimento da máquina a vapor, seguida de revoluções geradas pela introdução do sistema ferroviário, da energia elétrica, da indústria petroquímica e, por último, da tecnologia da informação. A próxima revolução tecnológica já exibe suas facetas, e apresenta-se relacionada ao desenvolvimento da nanotecnologia.”. 

FOTO: PESQUISADORES IPEN - 

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terça-feira, 12 de abril de 2022

Rocha apreendida pela PF não indica a presença de urânio (material radioativo), assegura o IPEN

 


O material apreendido pela Polícia Federal, no último dia 8, é uma rocha de ocorrência na natureza, e não indica a presença de Urânio; portanto, não representa qualquer ameaça à saúde, segundo análises preliminares do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN/SP). Os valores de taxa de dose medidos são muito baixos e, do ponto de vista de Radioproteção, o risco é considerado desprezível, segundo informou Demerval Leônidas Rodrigues, coordenador de Segurança Nuclear, Radiológica e Física do IPEN/CNEN. 

“Todo material radioativo pertence à Classe 7, na classificação de produtos químicos perigosos, que vai de 1 a 9. Contudo, a periculosidade dos materiais radioativos depende de vários fatores, o principal é a atividade radioativa em Bq “Becquerel” do material (antiga unidade Ci “Curie”). Pelo laudo apreendido junto ao material pela Polícia, esse material teria o equivalente a 87g de Urânio, com taxa de dose muito baixa, o que, ainda assim, não apresenta risco à saúde”, afirmou. 

Rodrigues se refere à classificação da Organização das Nações Unidas (ONU), que separa os produtos químicos em nove classes: (1) explosivos; (2) gases; (3) líquidos inflamáveis; (4) sólidos inflamáveis; (5) substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos; (6) substâncias tóxicas e substâncias infectantes; (7) material radioativo; (8) substâncias corrosivas; E (9) substâncias perigosas diversas. No caso dos materiais radioativos, de acordo com Rodrigues, os efeitos nocivos que podem causar danos à saúde humana decorrem da dose de radiação recebida por um indivíduo e essa, por sua vez, depende diretamente dos valores das taxas de exposição, da distância do indivíduo em relação ao material e do tempo de permanência próximo. 

Além disso, a dose de radiação recebida por um indivíduo também pode ser resultante da contaminação interna ou externa por materiais radioativos. Essa rocha apreendida, em particular, apresentou valores de taxa de dose muito baixos, similares àqueles encontrados no meio ambiente, e o material não passou por nenhum processo de beneficiamento, ou seja, é apenas uma pedra com suspeitas de conter Urânio e Tório. Portanto, de acordo com Rodrigues, não foi necessária implementar qualquer medida de proteção, como, por exemplo, isolamento de área e do próprio material. 

Rodrigues também afirmou que não existem quaisquer riscos resultantes ou associados a este material a moradores que vivem próximos à residência onde o material foi apreendido. Para uma conclusão mais segura, estão sendo empregadas diferentes técnicas de análise, em diferentes laboratórios do IPEN/CNEN. 

O Laboratório de Cristalografia Aplicada à Ciência de Materiais, do Centro de Ciência e Tecnologia dos Materiais (CCTM), está empregando a técnica fluorescência de raios X, sob a responsabilidade do físico Luis Gallego Martinez e do engenheiro Jesualdo Luiz Rossi. 

Segundo as análises feitas, a rocha contém compostos de silício, alumínio, potássio, cálcio e ferro, comuns em rochas e solos. Também seguiu amostra para o Laboratório de Análise Radiométrica, do Centro de Metrologia das Radiações do IPEN/CNEN, com a técnica de Espectrometria Gama de Alta Resolução, sob a responsabilidade de Marcelo Francis Maduar. Após essas análises, o IPEN/CNEN vai elaborar o relatório conclusivo. 

FOTO: CNEN. Crédito nota: Assessoria de Imprensa IPEN.  

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quinta-feira, 7 de abril de 2022

IPEN contesta acusações da SBMN sobre "interrupções frequentes" do fornecimento de radioisótopos para tratar pacientes com câncer

 


A nota oficial do presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), médico George Coura Filho, com “acusações” ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN), responsabilizando a entidade por “interrupções frequentes" do fornecimento de radioisótopos para tratar pacientes com câncer, gerou mal estar. Ele diz na nota que recebeu com “muita satisfação” a aprovação, pela Câmara dos Deputados da PEC-517-2010, que autoriza a privatização da produção de radioisótopos (medicamentos com radiação para combater o câncer). Até aí, tudo bem, segundo os servidores - "é questão de opinião". Nos bastidores, contudo, contam que pode haver dificuldade na execução das parcerias entre as duas instituições.  A SBMB tem convênio com a  Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com repasses de verbas através do IPEN. 

O blog contatou o gerente do Centro de Radiofarmácia do IPEN, o farmacêutico Emerson Bernardes, que tem mestrado e doutorado em Imunologia Básica e Aplicada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Segundo ele, foram aportados recursos pela AIEA da ordem de 755 mil EUROS (cerca de RS 4 milhões), divididos de forma igualitária entre o IPEN, CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) e SBMN. “Os recursos repassados para a SBMN, através da parceria com o IPEN-AIEA, serão utilizados para produção de Lutécio-177-PSMA, um novo radiofármaco para tratamento de um tipo de câncer de próstata mais agressivo (câncer de próstata metastático resistente à castração)”, informou, ao descartar o rompimento da parceria, que vem sendo comentada nos bastidores do IPEN..  

Quanto às acusações da SBMN, não desculpou: “O que deixou perplexa a maioria dos servidores do Centro de Radiofarmácia não foi o posicionamento da SBMN a favor da PEC 517-2010, mas sim a forma desrespeitosa com a qual se referiram ao IPEN. É uma inverdade, para não dizer leviandade, afirmar categoricamente que interrupções frequentes de fornecimento pelo IPEN prejudicaram a população brasileira”. 

Emerson Bernardes assegura que, nos últimos cinco anos, a única interrupção na produção de geradores foi devido à pandemia, a partir de 2020. Mesmo assim, afirmou, a instituição foi afetada apenas nas primeiras semanas quando não havia voos para o transporte de radioisótopos vindo do exterior. (O Brasil importa radioisótopos da Rússia, África do Sul e Holanda). 

“Nessa situação de pandemia, qualquer grupo privado que já estivesse estabelecido no Brasil sofreria as mesmas consequências. Fora a pandemia, tivemos o problema recente com a falta de orçamento para o IPEN em setembro de 2021, que já não vem ao caso neste momento. Portanto, sinto muito dizer que a SBMN e a sociedade brasileira dependem da importação da maior parte dos radioisótopos necessários para produção dos radiofármacos utilizados em cerca de 80% dos procedimentos de medicina nuclear e não há grupo privado que vá alterar essa situação de dependência internacional”, comentou. 

Na avaliação do gerente do Centro de Radiofarmácia, a falta de conhecimento leva a afirmações que acabam colocando a população brasileira contra o Instituto. “Nesse sentido, gostaria de destacar que o IPEN trabalha há mais de 60 anos, tendo sido pioneiro na produção e introdução de novos radiofármacos no Brasil. Se agora o momento for de abertura, se o Congresso Nacional  entendeu isso - não pelos motivos corretos-, se a população brasileira e a SBMN apoiam essa decisão, então que venham os novos tempos”, comentou.  

E foi adiante: “Por que acusar o IPEN, que vem sobrevivendo sem investimentos, e não questionar os grupos políticos, partidos políticos que deixaram esquecida a PEC por 10 anos? Além de ter seus servidores se aposentando, sem a devida reposição, mantendo a produção com trabalhos aos finais de semana e feriados atendendo a sociedade”. 

Sobre os preços que serão praticados pela iniciativa privada, questionou: “não serão os mesmos preços praticados pelo IPEN; obviamente serão muito mais altos. Ora, se é consenso que os preços serão mais altos, por que então a SBMN diz estar preocupada com o SUS (Sistema Único de Saúde)”? - 

CARTA DA SBMN - 

A SBMN – Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, recebe com muita satisfação a aprovação da PEC 517/2010, em seu inteiro teor, que autoriza a produção privada de radioisótopos de uso médico. Nos últimos cinco anos, muitos pacientes deixaram de realizar exames de cintilografia e tratamentos com radioisótopos por interrupções frequentes de fornecimento pelo IPEN - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares.

A possibilidade da produção destes insumos pela iniciativa privada é um alento para milhares de pacientes e uma esperança para inúmeros serviços de medicina nuclear, que oferecem esses exames a pacientes do SUS - Sistema Único de Saúde e das operadoras de saúde, bem como geram empregos diretos e indiretos. Reforçamos o entendimento do caráter autorizativo da medida, o que não exclui que a União continue a investir tanto no IPEN, como nos diversos institutos da CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear, visando não apenas a manutenção da produção atual, o retorno de insumos que não estão sendo produzidos, bem como o desenvolvimento de pesquisas na área, objetivo que está no DNA da fundação do próprio Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares. 

Esperamos que as empresas interessadas na produção de radiofármacos possam trabalhar lado a lado com o IPEN, complementando o mercado de radioisótopos para fins médicos onde ele está deficitário. A quebra do monopólio estatal permitirá o crescimento da Medicina Nuclear como especialidade médica, a exemplo do que ocorreu previamente na questão dos radiofármacos de meia vida curta. Desta forma, a SBMN não acredita que a PEC 517/2010 represente o fim do IPEN, que continuará fundamental, como sempre foi, no desenvolvimento da medicina nuclear brasileira. (Presidente George B. Coura Filho). 

FUTURO DO IPEN: PROJETO PARA QUATRO MIL PACIENTES - 

Sobre o futuro do IPEN, ele garantiu que o Instituto continuará buscando reafirmar a sua marca na inovação. “Hoje mesmo estávamos (alguns de nós) participando de um encontro científico promovido pela AIEA e tivemos a oportunidade de mostrar nosso trabalho, coordenado pelo IPEN e com a parceria do CNPEM e da própria SBMN! 

“Estamos trabalhando num projeto. O IPEN planeja demonstrar a viabilidade de produzir o radionuclídeo Actínio-225 a partir de materiais contidos em rejeito radioativo. O Actínio-225 tem mostrado resultados melhores em casos onde o radionuclídeo Lutécio-177 não foi efetivo em eliminar o tipo de câncer de próstata mais agressivo (câncer de próstata metastático resistente à castração)”. 

A boa notícia é que já fizemos os cálculos. “Em princípio, temos rejeito radioativo material suficiente para produzir o Actínio -225, capaz de tratar mais de quatro mil pacientes, pensando em 4 ciclos de tratamento por paciente. Obviamente, os desafios são imensos, mas temos expertise, interesse, e financiamento da AIEA para buscar soluções para os desafios. E qual a finalidade maior disso tudo?  Voltarmos a ser pioneiros em pesquisa e desenvolvimento, onde a atividade privada ainda não vislumbra lucro, ou seja: função de estado, função do IPEN”.

Mas afinal, o que são esses rejeitos que poderão ser tão bem utilizados? “São agulhas de Rádio-226 que eram usadas para braquiterapia há décadas, mas que foram descartadas. São fontes radioativas seladas deixadas em depósitos de rejeito radioativo. O Rádio-226 tem meia vida muito longa (1600 anos), e pode ser usado como alvo para produção de um outro radionuclídeo (Actínio-225) de muito interesse atual na medicina nuclear. 

FOTO: Acervo do Centro de Radiofarmácia do IPEN - Leia no blog diversas matérias sobre o caso PEC-517/2010; o afastamento do superintendente do IPEN, Wilson Calvo; o projeto sem verbas do reator multipropósito (RMB) que daria autonomia ao Brasil na produção de radiofármacos; o desabastecimento em agosto do ano passado, entre outras. 

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quarta-feira, 6 de abril de 2022

Câmara aprova privatização da produção de radioisótopos, remédios para combater o câncer. Setor público sai derrotado

 


Foram em vão os alertas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entre outras entidades; deputados e especialistas para que a produção de radiofármacos (medicamentos com radiação usados no combate ao câncer), fosse mantida no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN/CNEN). A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (05) a Proposta de Emenda à Constituição 517/10, do senador Álvaro Dias (Podemos-PR), que quebra esse monopólio, permitindo a fabricação pela iniciativa privada de todos os tipos de radioisótopos de uso médico. A matéria irá à promulgação. A matéria foi aprovada em dois turnos de votação com o parecer favorável da comissão especial, de autoria do deputado Gerenal Peternelli (União-SP). 

A Constituição já autoriza, sob regime de permissão, a comercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso médico. A produção por empresas privadas, no entanto, só é permitida no caso de radiofármacos de curta duração (meia-vida igual ou inferior a duas horas). Segundo o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), “nem todos os parlamentares sabem, mas, na medida em que uma empresa privada puder registrar sua produção, o IPEN não será mais autorizado a continuar produzindo”. Por isso, disse ele, “vamos sufocar uma empresa pública, tirar sua função de mediar o preço para baixo, causando aumento dos preços dos radiofármacos”. 

O site da Câmara dos Deputados divulgou à noite a derrota dos que lutaram pela manutenção da produção no sistema público. Radioisótopos ou radiofármacos são substâncias que emitem radiação usadas no diagnóstico e no tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer. Um dos mais conhecidos é o iodo-131, que emite raios gama e permite diagnosticar doenças na glândula tireoide. Meia-vida é o tempo necessário para que a taxa de decaimento de uma amostra radioativa seja reduzida à metade do seu valor inicial. A meia-vida curta é definida como tendo menos de duas horas. 

Na opinião do deputado Ivan Valente (Psol-SP), A PEC 517/2010 vai vaziar a conclusão do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), instalação destinada a produzir insumos hoje importados. “O diretor do Ipen, Wilson Calvo, foi demitido porque queria fazer uma farmácia pública de radiofármacos a preços mais em conta que a iniciativa privada”, afirmou. Em audiência pública na comissão especial, Calvo disse que o Ipen produz um gerador de molibdênio (substância para produzir radiofármaco) por R$ 6,8 mil, enquanto, na iniciativa privada, ele sai por R$ 17,2 mil. 

FONTE: Agência Câmara de Notícias - Eduardo Piovesan e Geórgia Moraes – FOTO- Alvaro Dias. 

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segunda-feira, 4 de abril de 2022

Prefeito de Angra reitera que usinas nucleares devem ser desligadas; Eletronuclear garante o contrário

 


O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, manteve firme a sua posição nesta segunda-feira (4/4) de que as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 têm que ser desligadas, por conta do temporal  que atingiu a região na sexta-feira (1º/4), provocando quedas de barreiras  e a interrupção de vários pontos nas estradas de aceso à cidade. Já foram contabilizadas 10 mortes e pelo menos quatro pessoas estão desaparecidas. “Se ocorrer um acidente nuclear, precisamos das estradas para retirar a população”, comentou o prefeito hoje cedo. A situação das estradas é a seguinte: BR-101: fechada a partir da Monsuaba, com 4 pontos de obstrução; RJ-155: meia pista liberada; Estrada do Contorno: com retenções. Continua, portanto, o impasse entre a Prefeitura e a Eletronuclear, gestora das usinas atômicas. 

A Eletronuclear divulgou nota informando que o Plano de Emergência Externo (PEE) para a central nuclear de Angra dos Reis não está comprometido por conta das quedas de barreiras nas estradas da Costa Verde. Em nenhum momento, as usinas nucleares da companhia estiveram ilhadas, nem sua segurança foi colocada em xeque. “É preciso explicar primeiro que, se fosse necessária, a evacuação de trabalhadores da empresa e da população seria feita pela BR-101 RJ Sul, tanto no sentido de Angra dos Reis quanto no de Paraty. Acontece que os pontos de obstrução total verificados nessa estrada estão há mais de 60 km da central nuclear, fora das Zonas de Planejamento de Emergência (ZPE) previstas no PEE. Ademais, o caminho até Paraty localizado dentro das ZPE está desobstruído”, garante a empresa. 

Segundo os procedimentos estabelecidos no plano, em caso de emergência, a evacuação poderia abranger pessoas localizadas num raio de até 5 km da central, que seriam levadas para abrigos situados a até 15 km das usinas. Esses abrigos também não foram atingidos pelas chuvas ou por deslizamentos de terra. Dessa forma, no momento, a ação poderia ser realizada com total eficácia. Mas o prefeito Fernando Jordão não aceita a argumentação da Eletronuclear, por considerar que um acidente poderia obrigar a retirada da população muito além do raio de até 5Km, por exemplo. 

A Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) afirma que “se houver situação que inviabilize uma eventual execução do Plano de Emergência previsto para a Central Nuclear caberia considerar a parada das usinas. “Entretanto, apesar da situação decorrente das condições meteorológicas na região de Angra dos Reis, até o presente momento não há comprometimento das vias de acesso do entorno da Central, que pudessem impactar na execução do Plano de Emergência”, consta na nota divulgada pela Comissão.  

Segundo Eletronuclear, as usinas estão operando normalmente. “Desligá-las não teria nenhum efeito prático para a segurança dos municípios de Angra dos Reis e Paraty, mas privaria a matriz elétrica de 2 gigawatts de potência, que são extremamente necessários para o país. Vale ressaltar que a energia gerada por Angra 1 e 2 equivale a 40% do consumo do estado do Rio de Janeiro. Essa geração teria que ser substituída por fontes térmicas mais caras. No final, quem pagaria a diferença seriam os consumidores”, reitera a empresa. Governo Federal reconheceu a situação de emergência em Angra dos Reis. A medida, publicada no Diário Oficial da União, nesse domingo, 3 de abril, visa acelerar as ações de resposta da esfera federal, fornecendo apoio à população e à Prefeitura, que já vem trabalhando bem antes de o município entrar em estado de alerta máximo. 

CONTRAPARTIDAS PARA ANGRA 3

Segundo a Prefeitura de Angra dos Reis, em relação à construção da usina nuclear Angra 3, a Eletronuclear tem que cumprir uma série de condicionantes firmadas por meio de um Termo de Compromisso, na ordem de R$ 187 milhões. Deste valor, a estatal executou o seguinte: R$ 1.970.389,99 milhões em Reaparelhamento da Defesa Civil do Município; R$ 4.995.405,70 milhões para construção da Clínica da Família, que ainda está em execução; cerca de R$ 1 milhão para a reforma da Unidade Mista de Saúde do Frade, em execução; e R$ 4.965.103,08 milhões para ampliação do sistema de abastecimentos de água do Parque Mambucaba e Bracuí , que ainda está em processo de licitação. 

A Eletronuclear admite que há condicionantes a serem cumpridas, que foram interrompidas por conta da paralisação das obras da usina, em 2015. Agora, contudo, depois de editais e licitações, as obras foram retomadas. 

FOTO: Central Nuclear – ABDAN - 

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domingo, 3 de abril de 2022

Prefeito e Sociedade Angrense (SAPE) querem o desligamento das usinas nucleares; cidade está ilhada por causa das chuvas

 




O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, anunciou que vai pedir o desligamento das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, e decretou estado de emergência em função do volume histórico de chuva registrado nas últimas 48 horas. Vários pontos da cidade foram afetados por deslizamentos de terra. Os agentes localizaram seis corpos - aparentes três crianças e três adultos, sendo que outras cinco pessoas, de acordo com os relatos de parentes, estão desaparecidas. 

Segundo a Prefeitura, todas as sirenes do sistema de alerta - 20 blocos de sirenes, distribuídas em 26 bairros que abrangem as áreas de risco - soaram para alertar moradores sobre a possibilidade de deslizamentos e alagamentos. A Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (SAPE) protocolou documento junto a Defesa Civil Estadual, Comissão Nacional de Energia Nuclear CNEN) e a Prefeitura de Angra exigindo o desligamento das usinas até que o Plano de Evacuação tenha condições de ser plenamente realizado. 

A SAPE lembra que a interdição da Estrada Rio-Santos, em vários pontos inviabilizaria a retirada da população em caso de acidente nuclear. Segundo a Prefeitura, deslizamentos de terra ocasionaram a obstrução total da BR 101 no sentido Rio de Janeiro - nos trechos dos Km 447, Km 460 e Km 464. O trânsito na RJ-155 flui em apenas uma das pistas, na altura dos túneis. 

Tanto no continente quanto na Ilha Grande, os moradores estão sendo informados sobre os riscos de deslizamentos por meio do sistema de sirenes e SMS, acionado a partir do monitoramento constante feito pela Defesa Civil no CEMADEN - AR (Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais de Angra dos Reis). A Defesa Civil pede que as pessoas permaneçam em casa e só saiam em caso de ser esta a orientação pelas sirenes, SMSs ou pessoalmente, pelos técnicos que estão nas ruas. 

Em nota divulgada ontem (02/04), a Eletronuclear informou que as usinas nucleares Angra 1 e 2 “operam normalmente, com capacidade total, não tendo sido afetadas pelas fortes chuvas que caíram de ontem para hoje na Costa Verde”. A Empresa acrescentou que há pontos de interdição parcial ou total da BR-101 RJ Sul (Rio-Santos) por conta de deslizamentos de terra, “mas que não afetam as ações de resposta do Plano de Emergência Externo (PEE)”. 

FOTO: Prefeitura de Angra. 

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