A Justiça acolheu
o pedido do procurador do trabalho do Ministério Público do Trabalho/PRT 2,
Cristiano Lourenço Rodrigues, que requereu o ingresso na ação civil pública
(ACP) como litisconsorte (coautor) no processo movido pela Associação
Nacional dos Trabalhadores da Produção de Energia Nuclear (Antpen), contra a
Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A decisão ocorreu em audiência realizada
nesta terça-feira (05/11). Outra audiência foi agendada para o dia 28/11, com depoimentos de testemunhas e apresentação de contestação por parte da INB.
O caso envolve ex-empregados da Nuclemon, sucedida
pela INB, expostos à radiação e a agentes químicos. Entre os pedidos do MPT
estão R$ 12 milhões de indenização por dano moral coletivo, a ser revertido a
instituições e/ou projetos de pesquisa que estudam os riscos da radiação
ionizante para a saúde dos trabalhadores e da população em geral. A ACP, proposta
pela Antpen, com pedido de máxima urgência, pela gravidade da situação dos
doentes, requer entre outros, a implementação de assistência médica integral
para todos os ex-empregados da Nuclemon, e não apenas para os 65 trabalhadores,
que obtiveram, através da Justiça, a concessão um plano de saúde.
O pagamento
do plano, lembra a direção da Antpen, ainda sofre reiteradas contestações por
parte da INB; processo este que tramita há mais de uma década e que “não se
vislumbra seu término a curto prazo”. Ao Blog, a INB respondeu que a “Consultoria Jurídica” da empresa “atua no processo, que segue
seu curso na 20ª Vara do Trabalho de São Paulo”.
No processo, a INB alega, por
exemplo, que os ex-empregados da Nuclemon não têm direito ao plano de saúde, embora
sofram de diversas doenças ocupacionais, do aparelho respiratório e diversos
tipos de cânceres, que só se manifestam muitos anos após o primeiro contato com
os agentes tóxicos presentes na empresa, em especial a radiação ionizante.
No
decorrer do processo, dos 65 ex-empregados que promoveram a ação, cerca de 15
vítimas já faleceram, ficando seus familiares responsáveis pela continuidade
dos processos de indenização. “Na ação civil pública, a INB exige que os
trabalhadores sejam submetidos a novas perícias médicas com o objetivo único de
protelar o cumprimento de suas obrigações, incluindo a indenização das vítimas
e dos familiares dos falecidos”, critica a Antpen. O próximo passo da ACP será
uma audiência no dia 28 de novembro, na 20ª. Vara do Trabalho de São Paulo. A ação seguirá seu curso e serão
ouvidas testemunhas para, finalmente, a Justiça formar convicção e decidir se
os ex-empregados têm razão e, com isto, fazer a empresa cumprir com suas
obrigações.
A Nuclemon funcionou no bairro paulistano do Brooklin, entre as
décadas de 40 e 90, período em que chegou a ter entre 500 a 700 empregados na
planta, manuseando material radioativo, extraído de terras raras, como urânio e
tório, sem as mínimas condições de segurança. A empresa fechou no início da década
de 90, após denúncia de contaminação divulgada pela imprensa, deixando como
herança um número incontável de doentes.
O extinto Ministério do Trabalho, a
direção do Sindicato dos Químicos de São Paulo, o CEREST (Centro de Referência
em Saúde do Trabalhador) de Santo Amaro e o Ministério Público Estadual
realizaram várias inspeções no local e comprovaram que os estabelecimentos de
beneficiamento das terras raras do Brooklin (USAM) e de Interlagos (USIN)
estavam totalmente contaminados e identificaram mais de 150 trabalhadores
doentes. A Antpen foi fundada em 2006, e desde então luta na Justiça em defesa
das vítimas.
Estes trabalhadores mereceram justiça pelo que a INB antiga Nuclenom fez com estes trabalhadores deixou,abandonados, com várias doenças causadas pela radiação,sem convênio médico,sem apoio, abandonados pela INB.
ResponderExcluirObrigado jornalista Tania Malheiros, seu apoio e muito importante para todos da Antpen.