O
presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, formalizou à Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN), pedido de extensão da vida útil de Angra 1,
de 40 para 60 anos. A documentação com o pedido foi entregue nesta quinta-feira
(7/11) na sede da CNEN, no Rio de Janeiro.
“Considerando que a vida licenciada
pela CNEN de 40 anos de Angra 1 se encerra em 2024, a Eletronuclear apresenta
com cinco anos de antecedência seu requerimento de extensão para mais 20 anos,
com base em programas que implicam em investimentos na usina da ordem de R$1 bilhão.
Esse investimento representa um baixíssimo custo para os 640 MW novos, a partir
de 2025”, comentou o presidente da Eletronuclear.
A usina Angra 1, comprada da Westinghouse, empresa norte-americana,
entrou em operação em 1985. “Seus 40 anos de atividade, portanto, se completam
no ano de 2024. O pedido de extensão ocorre agora porque há um compromisso da
Eletronuclear de fazer esta solicitação cinco anos antes do vencimento da
licença operacional”, informou.
“A CNEN se empenhará para que o processo de
análise do pedido ocorra dentro do prazo adequado, mas com foco na segurança,
radioproteção e no extremo rigor técnico”, frisou a chefe de gabinete da instituição,
Cássia Helena Pereira Lima, representando o presidente da Comissão, Paulo
Roberto Pertusi.
O titular da Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear
(DRS) da CNEN, Ricardo Fraga Gutterres, recebeu a documentação, em formato
digital. Para Gutterres, a Eletronuclear e a DRS/CNEN exercem funções
claramente distintas no setor nuclear, mas “as reuniões realizadas entre
técnicos das duas instituições podem colaborar para troca de informações nos
processos críticos da Central Nuclear”. Ele acredita que o pedido de extensão
da vida útil de Angra 1 também deverá contar com esta forma de relacionamento,
permitindo à CNEN uma análise bastante detalhada e rigorosa da solicitação.
Segundo
o engenheiro Jefferson Borges Araújo, diretor da unidade da CNEN em Angra dos
Reis, as usinas nucleares brasileiras, seguindo um padrão dos Estados Unidos,
foram licenciadas para operar por 40 anos. Conforme o padrão norte-americano
adotado no Brasil, o pedido de extensão de vida útil deve ser feito cinco anos
antes do fim da licença de operação.
Entre os vários itens que serão analisados
na solicitação, estão o Programa de Gestão de Envelhecimento (PGE) e também
procedimentos relacionados à gestão do conhecimento e à obsolescência. Angra 2,
que ainda tem um prazo mais amplo de sua vida útil inicialmente licenciada, já
iniciou estudos para implementar um Programa Integrado de Gestão do
Envelhecimento de Sistemas, Estruturas e Componentes.
De acordo com Jefferson
Borges, as extensões de vida útil de reatores nucleares vêm ocorrendo no mundo
todo e foram possíveis por dois fatores principais. Um deles é o avanço
tecnológico, o que permitiu que novos materiais e técnicas sustentassem a
segurança das usinas por um tempo maior que o inicialmente projetado. Também
pesa na decisão de estender a vida útil o fato de os padrões de segurança
adotados inicialmente serem tão rigorosos que permitam uma ampliação do prazo
de operação licenciado.
Segundo os técnicos, os Estados Unidos, por exemplo, já realizaram extensão
de operação para mais de 70 usinas nucleares, nas quais a vida útil passou, na
maioria dos casos, de 40 para 60 anos. Naquele país, já foram iniciados estudos
que podem estender a operação das usinas para até 80 anos. Procedimentos de
extensão de vida útil de reatores nucleares também ocorreram na França e na
República Checa, entre outros países.
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