Com investimentos da ordem de R$ 600 milhões será inaugurada na
próxima sexta-feira (29/11) a 8ª cascata de ultracentrífugas (máquinas de
enriquecimento de urânio), da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em
Resende (RJ). O anúncio da inauguração foi feito hoje (22/11) pelo ministro das
Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque, durante evento realizado pela
Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN),
no Clube Naval, Centro do Rio.
“Tivemos altos e baixos. Mas estamos vivendo um
momento promissor. Pela primeira vez estamos vendo um governo dizer que a energia
nuclear é prioridade de Estado”, afirmou o ministro. Afirmou também que a
intenção é viabilizar o ciclo completo do combustível, da mineração até a
finalização com o enriquecimento.
Segundo o presidente da INB, Carlos Freire
Moreira, com a entrada em operação de mais uma cascata, a empresa aumentará em
20% a produção de urânio enriquecido no país, sendo possível produzir 60% do
necessário para abastecer a usina nuclear de Angra 1. A 8ª cascata faz
parte da 1ª fase de implantação da Usina de Enriquecimento de Urânio, prevista
para ser concluída em 2021 com a instalação da 9ª e 10ª cascatas.
O presidente
da INB também assinou contrato nesta sexta-feira (22/11) com a Amazônia Azul
Tecnologias de Defesa – Amazul para elaboração do detalhamento do projeto
básico para ampliação da Usina de Enriquecimento de Urânio localizada na Fábrica
de Combustível Nuclear da INB em Resende/RJ, onde estão instaladas as cascatas.
A implantação dessa 2ª fase contemplará três etapas. Esse contrato abrange a
Etapa 1 que consiste na instalação de 12 cascatas de ultracentrífugas. Quando
estiver concluída essa etapa, a INB alcançará uma capacidade de enriquecimento
de urânio que atenderá plenamente as necessidades de combustível nuclear das
usinas de Angra I e Angra II.
DESATANDO NÓS - O evento da ABDAN reuniu 107
representantes do setor nuclear brasileiro, entre civis e militares. O presidente
da ABDAN, Celso Cunha, enfatizou que o setor da geração termonuclear está “desatando
nós”, com a perspectiva de início das obras de Angra 3 em 2020 e de outras
unidades nucleares, além da quebra do monopólio de mineração de urânio, por
exemplo.
Cunha disse também que “um dos grandes nós” do setor está na regulação
e fiscalização, a cargo da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). “O
mercado anseia por uma definição sobre a separação das funções regulatórias e
de fiscalização da CNEN, que está sendo conduzida pelo Comitê de Desenvolvimento
do Programa Nuclear Brasileiro (CDPNB). Segundo ele, a separação já ocorre na
Argentina há mais de 20 anos. “Vamos fazer valer o paradigma de quem projeta
não executa, quem executa não fiscaliza”, afirmou.
O evento contou com homenagens
e entrega do prêmio de reconhecimento nuclear ao almirante-de-esquadra Eduardo
Bacellar Leal Ferreira; Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho; João Carlos
Cunha Bastos e Aldo Malavasi, que se destacam em cargos relevantes em diversas
empresas e agências nacionais e internacionais.
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