sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Governo inaugura oitava cascata de ultracentrífugas para enriquecer urânio


Com investimentos da ordem de R$ 600 milhões será inaugurada na próxima sexta-feira (29/11) a 8ª cascata de ultracentrífugas (máquinas de enriquecimento de urânio), da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende (RJ). O anúncio da inauguração foi feito hoje (22/11) pelo ministro das Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque, durante evento realizado pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), no Clube Naval, Centro do Rio. 
“Tivemos altos e baixos. Mas estamos vivendo um momento promissor. Pela primeira vez estamos vendo um governo dizer que a energia nuclear é prioridade de Estado”, afirmou o ministro. Afirmou também que a intenção é viabilizar o ciclo completo do combustível, da mineração até a finalização com o enriquecimento. 
Segundo o presidente da INB, Carlos Freire Moreira, com a entrada em operação de mais uma cascata, a empresa aumentará em 20% a produção de urânio enriquecido no país, sendo possível produzir 60% do necessário para abastecer a usina nuclear de Angra 1.  A 8ª cascata faz parte da 1ª fase de implantação da Usina de Enriquecimento de Urânio, prevista para ser concluída em 2021 com a instalação da 9ª e 10ª cascatas. 
O presidente da INB também assinou contrato nesta sexta-feira (22/11) com a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa – Amazul para elaboração do detalhamento do projeto básico para ampliação da Usina de Enriquecimento de Urânio localizada na Fábrica de Combustível Nuclear da INB em Resende/RJ, onde estão instaladas as cascatas. 
A implantação dessa 2ª fase contemplará três etapas. Esse contrato abrange a Etapa 1 que consiste na instalação de 12 cascatas de ultracentrífugas. Quando estiver concluída essa etapa, a INB alcançará uma capacidade de enriquecimento de urânio que atenderá plenamente as necessidades de combustível nuclear das usinas de Angra I e Angra II. 
DESATANDO NÓS - O evento da ABDAN reuniu 107 representantes do setor nuclear brasileiro, entre civis e militares. O presidente da ABDAN, Celso Cunha, enfatizou que o setor da geração termonuclear está “desatando nós”, com a perspectiva de início das obras de Angra 3 em 2020 e de outras unidades nucleares, além da quebra do monopólio de mineração de urânio, por exemplo. 
Cunha disse também que “um dos grandes nós” do setor está na regulação e fiscalização, a cargo da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). “O mercado anseia por uma definição sobre a separação das funções regulatórias e de fiscalização da CNEN, que está sendo conduzida pelo Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro (CDPNB). Segundo ele, a separação já ocorre na Argentina há mais de 20 anos. “Vamos fazer valer o paradigma de quem projeta não executa, quem executa não fiscaliza”, afirmou. 
O evento contou com homenagens e entrega do prêmio de reconhecimento nuclear ao almirante-de-esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira; Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho; João Carlos Cunha Bastos e Aldo Malavasi, que se destacam em cargos relevantes em diversas empresas e agências nacionais e internacionais.

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