terça-feira, 29 de outubro de 2019

Usinas nucleares: construção do depósito de combustível usado vai começar


Estão sendo concluídos os preparativos para o início das obras de construção da Unidade de Armazenamento Complementar a Seco de Combustível Irradiado (UAS), destinada à estocagem, em dois anos, de combustível usado (urânio enriquecido), das usinas Angra 1 e Angra 2I. Conforme o blog antecipou no ano passado, o custo ficará em torno de R$ 246 milhões.

Segundo a Eletronuclear, a Licença de Construção da foi publicada no Diário Oficial. Com aval da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), a Eletronuclear já possui as autorizações necessárias para dar início efetivamente às obras do empreendimento. Na semana passada, o Ibama emitiu a licença de instalação para o UAS e a prefeitura de Angra dos Reis já havia concedido o alvará para uso do solo.

As obras preparatórias do local, que incluíram a remoção do talude, foram finalizadas no mês passado. A empresa americana Holtec já está se mobilizando no canteiro para dar início em breve à construção da unidade. A expectativa é que a UAS fique pronta em 2020.
Como a capacidade de armazenamento das piscinas de Angra 1 e 2 se esgotará nos próximos anos, a Eletronuclear construirá a unidade dentro do próprio sítio da central nuclear de Angra.

 INSTALAÇÃO: Angra 1 e 2 utilizam elementos combustíveis no interior do reator para gerar calor e, consequentemente, produzir energia. Após um período de três a quatro anos, os elementos combustíveis são retirados do reator e armazenados em piscinas localizadas dentro das próprias unidades. À medida que a estocagem atinge a capacidade máxima, há necessidade de construir um novo repositório, de forma a permitir a continuidade da operação das usinas.

A UAS ficará localizada dentro da Central Nuclear, fora das áreas das usinas, com fundação sobre rocha sã. Inicialmente, serão instalados 15 módulos. Na primeira transferência, que acontecerá em 2021, 288 elementos combustíveis serão retirados de Angra 2 e 222, de Angra 1, o que abrirá espaço nas piscinas das usinas para mais cinco anos de operação. No total, a UAS poderá comportar até 72 módulos, com capacidade para armazenar o combustível usado de Angra 1 e 2 até 2045.

É importante ressaltar que combustível usado não é sinônimo de rejeito”, destaca a Eletronuclear. “Num elemento usado, como os que serão armazenados na UAS, apenas 5% da massa de combustível são considerados rejeitos de alta atividade. O restante pode ser reprocessado, como já é feito em diversos países. Trata-se de uma tecnologia em franco desenvolvimento, e o Brasil tem plenas condições de guardar seu combustível nuclear usado com segurança antes que seja necessário tomar uma decisão definitiva sobre a destinação desse material”, informou a empresa.

TECNOLOGIA: O sistema a seco utilizado na UAS é baseado em cânisters (cascos). A empresa optou por esse tipo de tecnologia como solução para o armazenamento complementar dos combustíveis irradiados de Angra 1 e 2. Para chegar a essa definição, a Eletronuclear considerou os seguintes fatores: tecnologia segura, utilização em escala mundial, processo de licenciamento consolidado, prazo de implantação e custos compatíveis com a necessidade da empresa.

A instalação confina os elementos combustíveis dentro de um casco cilíndrico em aço inoxidável fechado hermeticamente, com gás hélio em seu interior. A refrigeração é feita de forma passiva, sem utilização de energia elétrica, pela movimentação do ar exterior. Esse casco fica protegido por um módulo de armazenamento construído com dois cilindros de aço preenchidos com concreto de alta densidade. O módulo mede cerca de 6,0 m de altura x 3,6 m de diâmetro e tem a função estrutural de resistir aos eventos externos.

“A tecnologia da UAS é segura e amplamente utilizada há mais de 30 anos nos Estados Unidos e em outros países. No mundo todo, já existem cerca de 100 mil elementos usados guardados em mais de 2.400 cascos”, assegura a empresa.

OPERAÇÃO DE TRASFERÊNCIA: Um cânister colocado na piscina de combustível recebe os elementos combustíveis que serão transferidos. O recipiente é colocado em uma blindagem especial e levado para fora do edifício da contenção. Em seguida, é transferido para o módulo de armazenamento. Uma meticulosa operação de transporte leva o módulo carregado até a UAS. Lá, esse material é mantido sob vigilância e monitoração permanentes.

INVESTIMENTOS E PRAZOS: Segundo reiterou a empresa, a estimativa de gastos para a construção da UAS é de R$ 246 milhões. Conforme o blog também antecipou no ano passado, para tocar o empreendimento, foi feita uma licitação internacional, cuja vencedora foi a empresa americana Holtec International. A licitação também contemplou a transferência dos elementos combustíveis irradiados para a instalação.

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