A Eletronuclear informa a demissão, a partir dos próximos dias, de cerca de 90 dos mais antigos funcionários. Eles trabalham na central nuclear de Angra dos Reis e na sede. Chama a atenção a companhia assegurar que “nenhum empregado essencial à operação das usinas será desligado sem que haja um sucessor, garantindo a transferência de conhecimento e a continuidade segura das atividades”.
A companhia não informou de que forma substituirá cada um dos trabalhadores qualificados, com experiência de atuação na rotina das usinas, mesmo que na parte administrativa. Os funcionários têm se manifestado contra a política de austeridade da companhia, que provoca insegurança em todas as áreas. Segundo a Eletronuclear, o processo de desligamento será conduzido ao longo de 2025, dependendo das especialidades de cada trabalhador, segundo a companhia.
QUALIFICAÇÃO LEVA ANOS
Fontes disseram ao BLOG que o clima nunca foi tão pesado e frustrante, um “verdadeiro balde de água fria”, comentaram. Lembraram que na área nuclear leva-se “muitos anos para qualificar um funcionário e que os mais antigos não deveriam ser descartados da forma que está sendo anunciada”. A Eletronuclear justifica as demissões, que segundo a companhia, é para “garantir o equilíbrio econômico-financeiro da empresa e sua sustentabilidade a longo prazo”, com a implantação do Plano de Desligamento Complementar (PDC) para cerca de 90 empregados aposentados, dentro de um universo de dois mil funcionários concursados que a empresa possui.
“A medida visa adequar os custos da companhia à remuneração da energia gerada por Angra 1 e Angra 2, assegurando sua perenidade e a manutenção dos postos de trabalho”. A companhia informou que o PDC será direcionado aos já aposentados que estavam contemplados no Plano de Demissão Voluntária (PDV), lançado anteriormente, mas que não aderiram ao programa. “O PDV, autorizado para até 485 colaboradores aposentados ou elegíveis à aposentadoria, registrou a adesão voluntária de apenas 133 funcionários, representando menos de 30% do total estimado”.
Segundo a Eletronuclear, “a decisão segue as exigências legais e regulamentares aplicáveis às empresas estatais e está em conformidade com a reforma da previdência de 2019, que determinou a extinção do vínculo empregatício nas empresas públicas no momento da concessão da aposentadoria”.
CONTA NÃO FECHA
Um estudo apresentado pela Diretoria Executiva aponta que a Eletronuclear possui 3.600 empregados, sendo 2.000 diretos e 1.600 terceirizados para operar seus dois reatores nucleares (Angra 1 e Angra 2) e realizar a preservação de Angra 3. Ao desconsiderar os empregados relativos à Angra 3, a empresa totaliza 2.959 trabalhadores (diretos e indiretos) para Angra 1 e Angra 2.
Assim, informou, há uma relação de cerca de 1.500 empregados (diretos e indiretos) por reator nuclear, enquanto o estudo de benchmark aponta que as centrais nucleares mais eficientes operam com cerca de 600 empregados (diretos e indiretos) e a mediana estaria em 737 empregados (diretos e indiretos) para cada reator.
Se há excesso de funcionários, segundo o estudo colocado pela Eletronuclear, quem são os responsáveis? Como ocorreu? Vale lembrar que a companhia contrata mais de mil pessoas, inclusive estrangeiros, quando troca o combustível das usinas. Fontes comentaram que esta é uma conta que não fecha.
Na próxima semana os trabalhadores voltarão ao debate sobre as demissões e a falta de acordo junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) sobre o dissidio coletivo que continua na pauta, sem solução.
(FOTO: SINDICATOS) –
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O que é engraçado fou que criaram um monte de cargos de salários elevados inclusive da diretorias totalmente desnecessárias como uma só para Angra 3 e outra desmembrada da administrativa e agora querem demitir. Esse é o grande problema que só existem em estarais. Criam cabides de emprego e depois os outros funcionários pagam a conta.
ResponderExcluirO argumento usado que é o comparativo com outras usinas é falacioso! O Brasil não dispõe de empresas, onde a Eletronuclear possa “terceirizar” alguns serviços! Simples: não tem economia de escala e necessita de Licitação com menor preço!
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