“A Eletronuclear virou uma empresa problema para o país. Não é uma empresa saneada, dinâmica, enxuta, eficiente para cumprir o seu mister. Vamos ter que achar uma solução para a Eletronuclear. Vamos ter que pensar juntos: o parlamento brasileiro e a política pública do Executivo para mudar a questão da Eletronuclear. Para fazer uma obra de R$ 28 bilhões, sem gestão, é extremamente temerário. Então, essa é uma preocupação, até uma angústia do ministro de Minas e Energia do Brasil”.
Por incrível que pareça, a declaração do ministro Alexandre Silveira, há dias, durante audiência na comissão de Minas e Energia da Câmara, provocou espanto nos bastidores do setor. O que pretende o Ministro ao deixar clara a sua visão tão pessimista sobre o destino da companhia, comentaram alguns especialistas e técnicos experientes que conhecem bem a história da empresa.
Na bolsa de apostas, mesmo indignados, alguns comentaram que Silveira pode estar pensando em fatiar a estatal, criada em 1997, para gerir as usinas nucleares, Angra 1 e Angra 2, em operação, e Angra 3, com as obras paralisadas. No ano passado, o ministro visitou o canteiro de obras da central nuclear em Angra dos Reis e tem sido árduo defensor do final das obras Angra 3; e até mesmo da instalação de usinas na Amazônia; como também da extensão da vida útil de Angra 1, por mais 20 anos.
Quando Silveira coloca “com tristeza” tantas dúvidas sobre a empresa, acaba provocando insegurança no quadro de funcionários, principalmente nos mais antigos e qualificados, segundo especialistas. Fato é que há consenso entre os técnicos no sentido de que o ministro pode estar tentando jogar um balde de água fria sobre as certezas em torno no término de Angra 3, que ele mesmo defende com ardor.
“O discurso do ministro lembra aqueles que precederam uma privatização”, comentou um executivo. Sobre o comentário do ministro de que reportagem mostrou recentemente os super salários da companhia, “basta verificar os balanços anteriores para ver que os problemas atuais se exacerbaram em 2022”, comentou a mesma fonte. Fato é que não há dúvidas de que a Eletronuclear está agora no olho do furacão. A Eletronuclear está sob a presidência de Raul Lycurgo. O Blog tentou, em vão, saber se ele falaria sobre os comentários do ministro.
Na mesma audiência, houve o processo de “morde e assopra”, pois o ministro reiterou que vai defender a retomada das obras de Angra 3 junto ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que é a principal instância decisória do governo no setor de energia, na presença de Lycurgo. "Nós temos a prudência de esperar o estudo do BNDES, mas eu já adiantei ao ministro da Casa Civil que levarei, na reunião do CNPE, a defesa intransigente da continuidade das obras de Angra 3. Nós precisamos assimilar os custos, mas vamos conclui-la", disse.
Silveira lamentou que existe "um estigma injustificável" e preconceito contra a cadeia nuclear no Brasil. "Não tem que discutir o custo-benefício de fazer ou não Angra 3. Essa já foi uma decisão do Brasil tomada lá atrás. Nós temos que ver como uma obra de estado e não uma obra de governo", argumentou. A Eletronuclear, que anda mal das pernas, com base nas declarações do ministro, aguarda a finalização de estudos independentes que estão sendo realizados pelo BNDES para avaliar a viabilidade econômica do empreendimento. Os resultados desse trabalho devem ser divulgados em breve, quando serão analisados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pelo CNPE.
(FOTOS: ELETRONUCLEAR) –
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