O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retirou nesta sexta-feira (07/04) a Nuclep - Nuclebras Equipamentos Pesados - em Itaguaí, (RJ), do programa nacional de privatização. A empresa foi criada pelo acordo Brasil-Alemanha, de 1975, sob o guarda-chuva da holding Nuclebras, para fabricar equipamentos para as usinas atômicas de Angra dos Reis e o prometido submarino nuclear, por exemplo.
Desde fevereiro, os funcionários têm feito manifestações na entrada da Nuclep exigindo a exoneração do presidente da empresa, o contra-almirante Carlos Henrique Silva Seixa e de toda a diretoria militar da empresa. Seixas, segundo eles, foi nomeado diretor administrativo no governo de Michel Temer, julho de 2016; acumulou a presidência interinamente em abril de 2017; em dezembro do mesmo ano foi nomeado presidente; mantido no cargo durante toda a gestão do então presidente Jair Bolsonaro. Nesse meio tempo, o número de empregados caiu de 1058 para 762.
Na terça-feira (4/4), os sindicalistas e representantes da Associação dos funcionários da Nuclep se reuniram em Brasília com o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Marcio Macedo. Eles reiteraram as demandas. “Ouvi as reinvindicações dos representantes e me comprometi no diálogo para buscar soluções”, afirmou o ministro.
EXONERAÇÃO -
O movimento pela saída de Seixas está em curso desde fevereiro, quando a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, em ata da assembleia geral extraordinária dos trabalhadores da Nuclep, consignou o pedido de destituição do presidente e de sua diretoria. O documento endereçado aos parlamentares da base aliada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, manifesta a insatisfação com a permanecia dos dirigentes da Nuclep. Acusam a direção da empresa de responsabilidade pela “perda dos diretos sociais, trabalhistas e financeiros sofridas pelos trabalhadores”. Assinam o documento o presidente do sindicato, Jesus Cardoso dos Reis Santos e o diretor, Melquizedeque Cordeiro Flôr. Ambos estão sendo interpelados judicialmente pelo presidente da Nuclep; o diretor administrativo, contra almirante Oscar Moreira da Silva Filho; e o diretor comercial e Industrial, Nicola Mirto Neto.
No documento enviado à Justiça, Seixas e os dois diretores da Nuclep afirmam que estão se sentindo “ofendidos em sua honra, especialmente quanto à afirmação de violação dos direitos sociais, trabalhistas e financeiros dos trabalhadores”. Ele também está sendo acusado de mandar cortar uma antiga árvore que fazia sombra bem no caminho da Nuclep. Nega o corte da árvore e diz que ingressou na empresa no governo da presidente Dilma Rousseff.
ACORDO BRASIL -ALEMANHA -
A Nuclep nasceu a partir do acordo nuclear Brasil-Alemanha, firmado pelo presidente Ernesto Geisel, em 27 de junho de 1975, que originou a holding Nuclebras, e diversas subsidiárias, como a empresa em Itaguaí. Previa-se, na época, a construção de oito usinas atômicas e o enriquecimento de urânio pelo método “Jet nozle”, que sequer a Alemanha dominava. Com o passar do tempo, mais precisamente no final da década de 80, a Marinha conseguiu enriquecer urânio por ultracentrifugação, utilizando verbas secretas, como a “Delta 3”, no Centro Experimental de Aramar, São Paulo.
A Nuclep já enfrentou muitos problemas porque não havia demandas para as usinas: apenas a norte-americana Angra 1 e a alemã Angra 2 foram inauguradas. Já Angra 3, a segunda unidade pelo acordo, começou a ser erguida em 1984 e permanece em construção. A Nuclep passou a atender às demandas de submarinos convencionais e do protótipo do submarino nuclear. Além disso, expandiu as suas atividades para outras áreas. Produz equipamentos pesados e estratégicos à diversos setores da indústria, atuando nas áreas nuclear, offshore, químico/petroquímico, naval, siderúrgica, mineração, hidrelétrica, termoelétrica, petróleo e gás.
A Nuclep ocupa uma área de 1.5 milhão de metros quadrados, com 85 mil metros quadrados de área fabril, localizada no município de Itaguaí, com acesso para três grandes capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
FOTO: Sindimetal – manifestação -
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