sexta-feira, 14 de abril de 2023

Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) visita barragem contaminada com material radioativo em Caldas (MG)

 


Pela primeira vez, que se tenha noticia, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com sede em Viena, na Áustria, e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), levam especialistas internacionais, de segunda-feira (17/4), a 26/4, para vistoriar as barragens com rejeitos radioativos, na Unidade de Caldas (MG), administrada pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB), sucessora da extinta paulista Nuclemon. Esta empresa do governo, foi a estatal que operava com material radioativo e contaminou centenas de operários, muitos, que morreram abandonados pelo poder público. 

Coincidentemente, 26 de abril marca os 37 anos da explosão de um dos quatro reatores de Chernobyl, na Ucrânia, ex-União Soviética. Caldas matem mais de 16 mil tambores com Torta II (material radioativo), dos quais, 6.400 enferrujados; além de problemas sérios de contaminação, conforme o blog tem informado ao longo de seus cinco anos de existência.

As informações oficiais sobre a evento que começa segunda-feira dão conta que os engenheiros geotécnico, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Andrew Whittle; e o especialista da Canadian Nuclear Safety Commission (CNSC), Grant Su, farão palestra “com o objetivo de ampliar o conhecimento do problema em questão e abordar possíveis soluções”. Extra oficialmente, circula que é uma forma branda de a AIEA ver de perto o problema crônico das instalações de Caldas, para onde a INB planeja transferir o restante dos rejeitos da Nuclemon, que permanecem em depósitos paulista em Interlagos ((USIN) e um sítio em Botuxim, contra a vontade da população, ambientalistas e parlamentares.

O blog contatou a CNEN sobre a visita dos especialistas e porque nada foi noticiado ao público, imprensa e governo de Caldas. 

“A CNEN participa do projeto BRA9061 – Strengthening National Infrastructure for Radiation Safety junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) com o objetivo de fortalecer a cultura de segurança radiológica no Brasil. Como parte do projeto BRA9061, estamos organizando o evento EVT2208107 – Expert Mission on Monitoring and risk assessment of mining dams and ponds containing radionuclidesEsse evento consistirá em um workshop a ser realizado entre os dias 17 e 26 de abril de 2023, que terá a participação de dois especialistas com experiências expressivas e destaque internacional na área de barragens de rejeitos radioativos”, informou a CNEN. 

Os especialistas foram sugeridos pela AIEA aceitos pela CNEN, informou a Comissão. Mas por que ficou sem divulgação? “O evento tem como público-alvo servidores da CNEN, e de alguns outros órgãos com relação direta com o tema, quais sejam: da Agência Nacional de Mineração (ANM), das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). A programação do evento inclui uma visita técnica à instalação da Unidade de Descomissionamento de Caldas (UDC/Caldas), com objetivo de conhecer uma barragem de rejeitos radioativos. Os custos dos especialistas convidados, com passagens e hospedagens, ficaram a cargo da AIEA. Os demais custos relacionados às diárias e passagens são de responsabilidade dos participantes junto às suas instituições”. 

O blog quis saber também quem banca financeiramente o evento. “A AIEA financia passagens e hospedagens dos especialistas convidados e cabe aos demais participantes obterem o financiamento de suas respectivas instituições. A INB está apoiando o evento viabilizando a visita técnica à UDC/Caldas, onde também serão realizadas palestras entre os dias 24e 26/04/2023.  A CNEN está arcando apenas com os custos dos deslocamentos de seus servidores para a visita à instalação em Poços de Caldas (MG), com objetivo de permitir uma maior troca de experiências com os especialistas”.  

Os especialistas foram indicados pela AIEA em função do objetivo do projeto. Os critérios de escolha foram também da AIEA, “baseados no conhecimento científico”, aprovados pela Comissão. A Unidade de Caldas foi a primeira mina de urânio do País e hoje está executando um conjunto de ações para o seu descomissionamento, que deve “cumprir os requisitos aplicáveis das Normas da CNEN e possuir Planos de Proteção Radiológica Ambiental e Ocupacional”.  

FOTO: BARRAGEM – CALDAS – 

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