sexta-feira, 7 de abril de 2023

Cerca de 6.440 tambores enferrujados com material radioativo estão na fila para serem reembalados em Caldas (MG)


Quarenta por cento, ou seja, 6.440 tambores enferrujados, de um total de  16.100, contendo material radioativo denominado Torta II (urânio e tório) continuam na fila para serem reembalados na Unidade de Caldas (MG), da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), sucessora da paulista Nuclemon, que operou no Brooklin. O material é mais conhecido como “herança maldita” do que restou da empresa, fechada em 1993, e foi levado para Caldas na “calada da noite”, como o Blog tem informado. Esta semana, a INB informou que no mês passado, a remediação dos embalados de Torta II atingiu 60%.

 “A remediação consiste na substituição dos embalados de Torta II por novos tambores metálicos e na substituição dos paletes que comportam o material. A atividade, que está em sua segunda fase, foi aprovada e está sendo fiscalizada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)”. O Blog também tem informado a intenção de a INB transferir de Botuxim e Interlagos o restante do material radioativo da Nuclemon para unidade de Caldas. 

Segundo a estatal, a primeira fase de remediação dos 16.100 tambores aconteceu de janeiro a maio de 2022, quando onde foram priorizadas as pilhas instáveis e foi possível superar a meta com menos de dois meses de operação, tendo, por fim, um resultado de sobre-embalagem e substituição de paletes de 3.500 tambores metálicos. 

PRIORIDADE: OS MAIS ENFERRUJADOS - 

A segunda fase da atividade iniciou em setembro de 2022 com meta de remediação de 16.100 tambores metálicos. Após seis meses de operação, foi atingido 60% de embalados remediados. “Na primeira parte da operação foram priorizados os embalados mais oxidados (enferrujados). Logo, a segunda etapa tem sido relativamente mais fácil e sua conclusão está prevista até novembro de 2023”, explicou o Gerente de Descomissionamento de Caldas, João Viçozo da Silva Junior. “Essa sobre-embalagem implica na melhoria da capacidade de contenção desses embalados e também, uma vez que eles estão empilhados, na melhoria da capacidade de sustentação das pilhas”, finalizou o gerente. 

Os profissionais envolvidos na operação passaram por diversos treinamentos antes do início da atividade, segundo a empresa. Para os funcionários do hospital contratado pela INB, foram ministrados treinamentos de proteção radiológica e de atendimento à emergência radiológica.

ANTPEN - 

O material denominado de Torta II é um resíduo proveniente do tratamento químico da monazita. Centenas de trabalhadores da Nuclemon, fechada em 1992, se contaminaram com o material radioativo e muitos morreram com câncer e outras doenças respiratórias. As vítimas e familiares doentes fundaram em 2006, a ANTPEN, Associação Nacional dos Trabalhadores da Produção de Energia Nuclear. Eles lutam na Justiça por indenização e garantia permanente de plano de saúde que conquistavam depois de muita persistência de seus advogados.

PRIMEIRA MINA DE URÂNIO - 

Conforme informações oficiais, a Unidade em Descomissionamento de Caldas - UDC, inaugurada em 06 de maio de 1982, foi a primeira unidade de extração e beneficiamento de minério para a produção de concentrado de urânio no País, a etapa inicial do Ciclo do Combustível Nuclear. As atividades de produção dessa unidade cessaram em 1995 devido à falta de interesse do mercado e a indefinição sobre os rumos do programa nuclear brasileiro.

 A UDC compreende uma área de 1.360 hectares e está localizada no município de Caldas, sul de Minas Gerais. Atualmente é realizado o controle dos materiais remanescentes da mineração e beneficiamento de urânio através do tratamento de água ácida, do gerenciamento de resíduos e rejeitos sólidos, da gestão de segurança de barragens, da gestão ambiental da área, incluindo recomposição da vegetação, da gestão da segurança dos trabalhadores e do monitoramento radiológico e ambiental da região. Tem sido frequentes denúncias de problemas de contaminação nas barragens. 

“A UDC vem executando diversas ações de descomissionamento, como a desmontagem e demolição de áreas industriais, a disponibilização de áreas atualmente usadas no tratamento de águas ácidas para suas recuperações ambientais, assim como a definição das melhores soluções de descomissionamento para a cava da mina, barragens e pilhas de resíduos de mineração”, informa a empresa. E mais: “Essas soluções serão descritas em um Plano de Ambiental de Descomissionamento, nos termos da regulamentação ambiental, e em um Plano de Abandono, nos termos da regulamentação nuclear”. Depós de tanto tempo. 

E Completa: “O comissionamento compreende as ações, ao término da vida útil do empreendimento, para a mitigação de impactos ambientais e recuperação de áreas degradadas, objetivando disponibilizá-las a outros possíveis usos pela sociedade”. Fontes do blog comentam que as medidas já deveriam ter sido tomadas pelas décadas que a herança maldita se arrasta, provocando insegurança e medo na população local. 

FOTO: Acerto INB – 

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