A estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), do Ministério de Minas e Energia (MME), confirmou no início da noite desta quinta-feira (30/3) a reportagem exclusiva divulgada pelo BLOG nesta quarta-feira(29/3) sobre problemas em armadilhas (equipamentos) que causaram vazamento de ácidos como o HF, resultado da reação do UF6 - hexafluoreto de urânio (material radioativo), parte do processo de enriquecimento na Fábrica de Elementos Combustíveis (FEC), em Resende (RJ). A INB confirma a informação, mas tenta minimizar o problema: informa que quantidade que vazou foi “ínfima”, mas não revela quanto. Afinal, foi quanto? E durante quanto tempo?
A INB, segundo comentários ao BLOG, deveria pedir desculpas aos funcionários e à população que vive assustada com os riscos ocorridos e dar maiores explicações, porque uma unidade de enriquecimento de urânio não deve ter nenhum vazamento. Além disso, a INB só se pronunciou após denúncia do BLOG.
Na nota, a INB informa que as armadilhas, uma vez preenchidas, são retiradas da linha de produção, substituídas por outras e estocadas na área fabril, em local licenciado pelo órgão regulador e estabelecido para esse fim. Perguntamos: por que as armadilhas permaneceram no local com o material vazando? Onde estão as outras armadilhas com problemas? De quanto é o volume de hexafluoreto estocado e onde? A empresa afirma que esta área possui detetores e sistemas de exaustão de ar capazes de identificar e deflagar ações de modo que qualquer escape de material seja tratado com segurança e sem repercussões para as pessoas e o meio ambiente. Quando armazenadas, as “armadilhas” passam a ser submetidas, rotineiramente, a inspeções e controles. Trabalhos de manutenção, decorrentes destas inspeções, quando necessário, são feitos regularmente, não permitindo a permanência de “armadilhas” defeituosas. Mas não foi o que ocorreu. É possível observar as armadilhas com problemas operando na sala.
A INB não respondeu ao Blog as seguintes perguntas: por que permitiu o funcionamento dos equipamentos com problemas? Quais as medidas que foram e estão sendo adotadas? Origem das armadilhas? Desde quando o problema vem sendo observado? Algum problema poderá afetar o meio ambiente? E os trabalhadores.
Conforma o blog publicou, cada armadilha de aço tem 45 centímetros por 10 centímetros de diâmetro. O equipamento é usado para purgar, recolher os subprodutos do processo do enriquecimento de urânio realizado nas ultracentrífugas. Segundo fontes, nos últimos dias foram 15 armadilhas com defeito, e a situação exige cautela. Por isso, um grupo de técnicos da companhia faz um alerta. “
Descrevemos uma situação que a utilização de um recipiente inadequado para o armazenamento de material residual do processo de enriquecimento, resultou em uma série de incidentes; A situação apresentada é preocupante e exige uma solução imediata”, alertaram. Segundo eles, existe um agravamento do problema, culminando neste último evento ocorrido no início de março, onde não havia sequer um limite de enchimento estabelecimento de resíduos pra cada armadilha. Há denúncias de que dado o número de armadilhas com problemas ter aumentado, mesmo assim, ainda não há um plano para a limpeza dos equipamentos. Nesse caso, a medida tomada foi a seguinte: para aliviar a pressão interna das armadilhas, foi usado um processo de despressurização, um sistema próprio de lavagem dos gases.
De acordo com a denúncia enviada ao blog, a Fábrica é segura, mas “persistindo a negligência pode se colocar tudo a perder”. Eles alertam que nas primeiras inspeções, o responsável pela vistoria usava jaleco comum de trabalho, embora atualmente, seja necessária a utilização de roupa nível A, máscara P3 panorâmica dado o avanço dos problemas envolvendo o aumento de vazamentos. As armadilhas precisam ser trocadas. A Unidade da INB está localizada na Rodovia Presidente Dutra Km 330 – Engenheiro Passos – Resende, considerado Lar do Parque Nacional do Itatiaia, no Sudoeste do Estado, com cerca de 133.244 habitantes.
EIS A ÍNTEGRA DA NOTA DIVULGADA PELA INB nesta quinta-feira (30/3) -
“Em atenção à reportagem veiculada na mídia, em 29 de março de 2023, a Indústrias Nucleares do Brasil – INB vem a público esclarecer alguns pontos: O termo “armadilha” refere-se aos equipamentos “armadilhas criogênicas”, usados no processo de enriquecimento de urânio, e que têm a finalidade de recolher pequenas quantidades de hexafluoreto de urânio (UF6) e ácido fluorídrico (HF), oriundos de diversos pontos do processo produtivo, por ocasião de manutenção do sistema. As “armadilhas criogênicas” são equipamentos especificamente projetados para a finalidade na qual são empregados no processo de enriquecimento de isótopos de urânio.
As “armadilhas”, uma vez preenchidas, são retiradas da linha de produção, substituídas por outras e estocadas na área fabril, em local licenciado pelo órgão regulador e estabelecido para esse fim. Esta área possui detetores e sistemas de exaustão de ar capazes de identificar e deflagrar ações de modo que qualquer escape de material seja tratado com segurança e sem repercussões para as pessoas e o meio ambiente. Quando armazenadas, as “armadilhas” passam a ser submetidas, rotineiramente, a inspeções e controles. Trabalhos de manutenção, decorrentes destas inspeções, quando necessário, são feitos regularmente, não permitindo a permanência de “armadilhas” defeituosas. O acesso a esse local de armazenamento é controlado e autorizado apenas a pessoal técnico com equipamentos de proteção individual.
O vazamento ocorrido numa destas “armadilhas”, embora tenha sido de quantidade ínfima, foi devidamente comunicado ao órgão de controle (CNEN) e, como a própria reportagem informa, não gerou consequências para o pessoal ou ao meio ambiente, ratificando a adequabilidade dos sistemas, das medidas de monitoração e de proteção e da efetividade do local projetado para esse armazenamento.
FOTO – SALA COM AS ARMADILHAS –
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