quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Combustível usado (urânio) de Angra 2 é transferido para Unidade de Armazenamento a Seco (UAS)

 


O sétimo casco com combustíveis usados (urânio enriquecido) da usina nuclear Angra 2, em Angra dos Reis (RJ), acaba de ser transferido para a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS). A transferência dos elementos combustíveis abre espaço na piscina de Angra 2, e também abrirá na usina Angra 1, para que outros elementos combustíveis usados possam ser armazenados nesses locais. As informações foram confirmadas pela Eletronuclear, gestora das usinas atômicas, que garante a segurança do empreendimento e das operações de transferência de combustíveis.  A construção da UAS envolve US$ 50 milhões. . 

Inicialmente, a UAS contará com 15 módulos. No total, 288 elementos combustíveis serão retirados de Angra 2 e 222, de Angra 1, abrindo espaço nas piscinas de armazenamento para mais cinco anos de operação de cada planta. O depósito comporta até 72 módulos, com capacidade para armazenar combustível usado até 2045. A tecnologia é da empresa norte-americana Holtec, que participa da operação com 50 profissionais; outros 20, são da Eletronuclear.

Chamados de Hi-Storms, os cascos são recipientes com duas paredes cilíndricas de aço preenchido com 70 centímetros de concreto de alta densidade, empregados para transportar os elementos combustíveis usados das piscinas das usinas à UAS. Segundo a Eletronuclear, os combustíveis usados são inseridos em cânisteres de aço inoxidável, totalmente selado, que, por sua vez, são inseridos nos Hi-Storms. E assim são transportados e armazenados sobre a laje da UAS. 

De acordo com a estatal, a transferência funciona da seguinte forma. Na piscina, os combustíveis usados são inseridos em um cânister, que, por sua vez, está acondicionado dentro de um recipiente chamado Hi-Trac. Cada cânister tem capacidade para conter 32 elementos combustíveis usados. Em seguida, o conjunto é retirado da piscina, o cânister é fechado e lacrado via solda, a água é removida de seu interior e gás hélio é inserido, para não haver corrosão no elemento combustível. 

“Esse container é transferido do Hi-Trac para o Hi-Storm, invólucro de concreto especial reforçado, que recebe uma tampa, parafusada no recipiente. Na sequência, o Hi-Storm é levado à UAS em um carro de transferência, é içado e posicionado numa laje, onde permanecerá, concluindo o processo. 

A construção da UAS foi anunciada pelo blog na edição de 4 de agosto de 2018. Desde então foram movidas ações na Justiça contestando a segurança do empreendimento e a transferência do combustível; enquanto ambientalistas alertavam contra os perigos de contaminação radioativa para a população. 

Leia no blog: Brasil constrói depósito para combustível nuclear de Angra 1 e Angra 2 (04/08/2018); Angra 1 recebe combustível nuclear – Usinas nucleares: construção do depósito de combustível usado vai começar (29/10/2019); Começa em outubro treinamento inédito de pessoal para transferir combustível  usado (urânio) de Angra 1 e Angra 2 para Unidade de Armazenamento a Seco (15/09/2020); Procurador da República quer informações sobre segurança do depósito para urânio irradiado de usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 (16/09/2020); Procurador da República move ação visando parar obras de UAS para armazenar urânio usado de Angra 1 e Angra 2, por falta de licenças ambientais (13/10/2020). 

FOTO: Eletronuclear – Cascos UAS.

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