terça-feira, 27 de outubro de 2020

Depósito definitivo para rejeitos radioativos: Clédola de Tello fala sobre atrasos, entraves e perspectivas

 


Carioca de nascimento, mineira por adoção, avó, jogadora de esgrima, a engenheira nuclear Clédola Cássia Oliveira de Tello, é quem está no comando do projeto nacional de construção do depósito definitivo para armazenar os rejeitos radioativos de baixa e média atividade, produzidos no país. A libriana de 67 anos, que fala seis idiomas, não concorda que esses rejeitos sejam chamados de “lixo atômico” (leia box). Apaixonada pelo trabalho no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em MG, onde está há 41 anos, ela admite que já sofreu preconceito por ser mulher, mas soube driblar as situações muito bem. Clédola coordena cursos de pós-graduação em energia nuclear, e atribui o pouco interesse das mulheres, à preferência do mercado de trabalho por homens. Preconceito a parte, ela conversou com exclusividade com o BLOG e adiantou porque o projeto, iniciado em 2008, sofreu uma série de atrasos. Finalmente, em 2021, quando a pandemia estiver controlada, Clédola e equipe apresentarão o trabalho completo ao governo. Orçado em R$ 120 milhões, o depósito deverá ser construído no Rio, em São Paulo ou Minas Gerais. Eis a entrevista. 

BLOG: Por que o CDTN, em Belo Horizonte, está à frente do projeto do depósito nacional para rejeitos radioativos de baixa e média atividade? 

CLÉDOLA: O CDTN foi escolhido para coordenar o projeto para a implantação do Repositório – também designado depósito final – Nacional para os Rejeitos de Baixo e Médio Nível de radiação (RBMN), devido à experiência de seu grupo de Rejeitos Radioativos (RR), do qual faço parte. 

BLOG: Como a senhora chegou à coordenação do trabalho? 

CLÉDOLA: Por conta da grande experiência, adquirida ao longo de minha vida profissional. Eu trabalho no CDTN há 41 anos. Sempre fiz parte da equipe do setor de Gerência de Rejeitos. Ao longo do tempo fui me especializando em tratamento de rejeitos radioativos e perigosos. 

BLOG: O acidente com césio 137, em Goiânia, em 1987, teve influência? 

CLÉDOLA: Sim. Trabalhei durante a descontaminação de Goiânia devido ao acidente radiológico com a fonte de radioterapia de césio 137. A partir daí o tema armazenamento e deposição de rejeitos radioativos foi despertando meu interesse. Fiz especialização e mestrado em engenharia nuclear. O mestrado e o doutorado (em engenharia química) tiveram ênfase em rejeitos radioativos. 

BLOG: Conte mais sobre a sua experiência. 

CLÉDOLA: Fiz um curso de especialização na França sobre gerência de rejeitos radioativos no instituto de pesquisas de Saclay; um estágio profissional de 18 meses em Karlsruhe, na Alemanha, onde aprendi técnicas de tratamento de rejeitos e avaliação de rejeitos solidificados e por último outro estágio no BNL, nos Estados Unidos, também na área de rejeitos. Fiz cursos sobre repositórios pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) na Suíça, nos Estados Unidos e na Áustria. De modo que participei como perito de algumas atividades da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), na Espanha, México e Colômbia. 

BLOG:  O projeto do depósito brasileiro é um dos mais importantes no setor nuclear brasileiro, pois é a solução para o armazenamento dos rejeitos. Qual a sua avaliação nesse sentido? 

CLÉDOLA: Sim. Mostra o compromisso e a responsabilidade do País no uso da energia nuclear em diversas atividades, apresentando a solução para o armazenamento final dos rejeitos radioativas, dentro de padrões internacionais. Faz parte da garantia de sustentabilidade da indústria nuclear no Brasil. 

BLOG:  Desde o acidente de Goiânia que se busca essa solução, mas até hoje nada aconteceu de concreto. Por que até hoje o país corre o risco de acidentes, por conta dessa demora? 

CLÉDOLA: A questão dos rejeitos gerados pelo acidente radiológico em Goiânia foi solucionada. Estão armazenados em Abadia de Goiás, em áreas de deposição projetadas de acordo com a legislação nacional e internacional. Desde 1992, fazem parte do Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO). Normalmente, esses em empreendimentos são de responsabilidade da alta direção do país. 

BLOG: O depósito nacional será bem diferente... 

CLÉDOLA: O Repositório a ser implantado pelo Projeto que coordeno será construído para receber rejeitos gerados em todo o território nacional, contendo vários radionuclídeos. Houve sempre por parte da CNEN a preocupação da implantação deste repositório. A CNEN é responsável pela parte técnica e vem dedicando-se com sua equipe de servidores de prover todas as necessidades para que o repositório seja implantado. 

BLOG: Mas até hoje não saiu do papel. 

CLÉDOLA: Como a CNEN não é uma empresa e não tem orçamento para uma obra deste vulto, é preciso que haja um compromisso do governo federal para que seja possível sua construção e operação. Porém, embora a parte construtiva seja de média complexidade, as atividades que a antecedem apresentam a maior complexidade, principalmente aquelas ligadas ao licenciamento; neste caso, composto da parte ambiental e da parte radiológica. 

BLOG: Como será feita a seleção do local? 

CLÉDOLA: A seleção de local envolve critérios técnicos, sociais e ambientais que devem ser equacionados para o sucesso do empreendimento. O perigo de acidente com rejeitos por este atraso é muito pequeno. O atraso causa prejuízos maiores nas áreas financeiras, sociais e técnicas. 

BLOG: Esse projeto nacional começou há muito tempo. 

CLÉDOLA: O projeto teve seu termo de abertura assinado em novembro de 2009. Os maiores atrasos foram devido a eventos internos a CNEN, nacionais e internacionais. Exemplos foram as mudanças na Presidência da República e nos Ministérios, consequentemente na Presidência da CNEN e suas diretorias, trazendo descompasso ao projeto. O acidente ocorrido em Fukushima trouxe uma carga negativa para a área nuclear e os orçamentos voltados para a área foram cortados. 

BLOG: O que aconteceu depois? 

CLÉDOLA: Felizmente, em 2018, foi reconhecido como projeto de Estado, graças a um trabalho conjunto da CNEN/MCTI juntamente com o GSI. Durante este período muita coisa foi realizada: Estabelecimento do projeto conceitual do repositório e da deposição; Estudo do inventário de rejeitos radioativos existentes e previsão do inventário futuro; seleção de áreas potenciais para busca de locais candidatos para a implantação do repositório, dentro da normativa nacional e requisitos técnicos reconhecidos internacionalmente; definição e detalhamento de atividades em cada uma das edificações do repositório; Estabelecimento de um plano preliminar para as atividades de pesquisa e desenvolvimento a serem realizadas na Instalação; e a elaboração do plano preliminar para a análise de segurança. 

BLOG: E agora? 

CLÉDOLA: Nosso principal desafio é ter um orçamento próprio, seguro e suficiente para que possamos fazer as aquisições de serviços e materiais no momento em que estes são necessários, independente dos recursos da CNEN. Lidamos também com a diminuição de recursos humanos especializados em geral por aposentadoria. 

BLOG: Os governos anteriores não se importaram com a solução ou não havia recursos? 

CLÉDOLA: Houve um pouco de cada. Na publicação do Ministério de Ciência e Tecnologia, em 2006, já havia o Programa 18.5 “Implementação de uma Política Brasileira de Gerenciamento de Rejeitos Radioativos”. Tinha como objetivo: “Implementar uma Política Brasileira de Gerenciamento de Rejeitos Radioativos, visando garantir o gerenciamento e o armazenamento seguro dos rejeitos radioativos produzidos no território nacional”. 

BLOG: Como era? 

CLÉDOLA: Este programa tinha cinco metas e uma delas era “Projetar e iniciar a construção de um depósito definitivo para rejeitos de baixo e médio níveis de radiação, com entrada em operação prevista para entrar em operação em 2013”. Com expectativa de aplicação de orçamento. Assim em 2008 foi incentivada a criação de um projeto para atingir esta meta e, em novembro de 2009, o Projeto RBMN foi lançado. 

BLOG: O que houve depois? 

CLÉDOLA: Entretanto, nenhum orçamento foi colocado para a execução de suas atividades. Com as constantes mudanças ministeriais e consequentes mudança nos escalões da CNEN, o projeto não teve apoio suficiente para se estabelecer totalmente. O avanço do projeto ocorreu graças à persistência de seus técnicos, que buscaram soluções, conseguindo progressos significantes, mesmo sem o protagonismo necessário nas esferas superiores. 

BLOG: Caso o governo não decida pela construção, o que poderá acontecer? 

CLÉDOLA:  Teremos uma acumulação de rejeitos nas instalações geradoras e cada gerador terá que dedicar grande parte de seus recursos para construir e licenciar novos depósitos iniciais e cuidar garantir sua guarda, até que no futuro o repositório seja construído. O mesmo ocorrerá com qualquer instalação radiativa ou nuclear que vier a ser licenciada e ou construída no país. De qualquer forma, agora ou no futuro próximo, este empreendimento terá que ser implantado e quanto mais se posterga esta solução, mais caro e mais preocupante é a situação dos geradores. Outra implicação refere-se ao cumprimento de acordo internacional estabelecido na Convenção Conjunta de Rejeitos Radioativos e de Combustível Irradiado, ratificada pelo Brasil em 2005, de construir depósitos definitivos para os rejeitos radioativos gerados em território nacional. Mais uma implicação é a imagem da energia nuclear como um todo, pois cria-se a percepção que não há solução adequada para estes rejeitos, o que é uma inverdade. 

BLOG: Pelo inventário atual de rejeitos, como está a situação brasileira no momento? 

CLÉDOLA: Para os próximos anos os geradores conseguem gerenciar seus rejeitos sem ônus extras, porém depois da metade desta década, precisará pensar em novas construções e licenciamento para continuar cuidando destes rejeitos. Com a entrada em operação de Angra 3 e aumentando as aplicações da energia nuclear e radionuclídeos estas iniciativas serão mais prementes. Tudo isto se o repositório não estiver pronto até lá. 

BLOG: Na sua avaliação, por que o assunto não tem sido amplamente debatido junto à sociedade? 

CLÉDOLA: Acredito que seja porque nos ensinos fundamental e médio fala-se de outras formas de energia, mas não de nuclear. E na mídia quando se fala do assunto é sempre com um viés negativo, dificultando este debate. 

BLOG: A mídia divulga os fatos. O que tem sido feito para mudar essa imagem? 

CLÉDOLA: Nossa equipe tem buscado sempre fazer ações para informar e discutir com diversos públicos sobre a gerência de rejeitos e o repositório. Temos apresentado palestras, seminários e publicações abertas, para estudantes e professores dos diversos níveis de ensino, como também em congressos e seminários. Atualmente estamos buscando mais esta visibilidade, mostrando que este assunto não é tabu, e que casos de sucesso nesta área existem há mais de 25 anos em alguns países. 

BLOG: Se a construção não ocorrer logo, poderá haver possibilidades de acidentes? 

CLÉDOLA: Em princípio não. Como os rejeitos radioativos são tratados, guardados e seu volume é relativamente pequeno, quando comparado a outras atividades, a possibilidade de acidentes com os rejeitos é mínima. A discussão aqui é tornar o uso da energia nuclear mais eficiente trazendo uma solução centralizada para os rejeitos, economizando divisas e aumentando o conhecimento das partes interessadas no assunto, buscando criar essa cultura nas indústrias. 

BLOG: Como as entidades procedem com os seus materiais radioativos hoje? Estão bem armazenados? Quantos fiscais trabalham nessa área? 

CLÉDOLA: Atualmente os maiores geradores são as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, que cuidam e armazenam seus rejeitos tratados. Os pequenos geradores guardam seus rejeitos contendo radionuclídeos de meia-vida curta para decaimento e aqueles classificados como de baixo e médio nível são geralmente enviados aos institutos da CNEN para tratamento e guarda em depósitos intermediários. A fiscalização fica a cargo da Diretoria de Radioproteção e Segurança. 

BLOG: Quantas instituições manuseiam esses materiais? 

CLÉDOLA: Existem muitas instituições que usam materiais radioativos, como por exemplo instalações médicas, industriais, de pesquisa e desenvolvimento, os reatores nucleares, etc. Cada uma produz rejeitos que são classificados diferentemente e cuja gerência e destinação serão também diferentes. Não sei precisar o número de instalações que temos no Brasil. Para o tratamento de rejeitos radioativos, além dos grandes geradores, os institutos da CNEN estão habilitados para tratar e armazenar rejeitos radioativos e fontes fora de uso em suas instalações. 

BLOG: Com ocorreu a participação da empresa francesa ANDRA nesse projeto? 

CLÉDOLA: Diversos países possuem empresas públicas que têm a responsabilidade da gerência dos rejeitos radioativos, incluindo a deposição. Na França, a gerência de rejeitos radioativos está a cargo da empresa ANDRA – Agence Nationale pour la gestion des Dechets Radioactifs – que foi responsável pela construção de dois repositórios, L’Aube e CIRES, na França e colaborou e colabora com a construção de outros em países da Europa e da Ásia. Uma vez que o conceito selecionado para o nosso repositório, conforme recomendado pelas normas brasileiras, é semelhante ao de L’Aube, e tendo ANDRA experiência comprovada na área, ela foi contratada para a elaboração do projeto conceitual. Este projeto está pronto e terá sua versão final tão logo se tenha o local para a construção do repositório. 

BLOG: Como avalia o tamanho de sua responsabilidade nesse projeto? 

CLÉDOLA: A responsabilidade neste projeto é muito grande, pois vai além da responsabilidade técnica. Durante o tempo em que o projeto não teve reconhecimento nas esferas decisórias, a responsabilidade de manter a equipe motivada e de buscar recursos humanos e financeiros propôs desafios maiores do que conhecimento técnico, passando pelas áreas administrativas, financeira, de comunicação, chegando até às esferas políticas. Durante um tempo a responsabilidade passou principalmente por meu lado cidadã, sabendo que se o projeto fosse esquecido, demoraria muito mais para que fosse retomado, principalmente, devido à falta de recursos humanos com a capacitação nesta área, que estão diminuindo com o tempo. 

BLOG: Por ser mulher, à frente de um projeto tão importante, já sofreu algum preconceito? 

CLÉDOLA: Sim, principalmente no início do projeto. Está diminuindo, mas ainda existe. Porém não percebi nenhum preconceito da parte da equipe que trabalha comigo. 

BLOG:  A senhora chefia uma equipe com quantas pessoas? É fácil? 

CLÉDOLA: Fácil não é. Como se diz, se fosse fácil era outro que estaria fazendo. Nossa equipe é multidisciplinar e a coordenação é matricial, quer dizer, administrativamente não tenho cargo de chefia. Dentro do projeto procuro os perfis que são adequados para executar as tarefas e negocio com os servidores e seus chefes administrativos o trabalho que necessitamos. Atualmente estão trabalhando diretamente no projeto cerca de 20 pessoas. A maior parte do pessoal é compromissado e capaz, trazendo tranquilidade para a coordenação. A dificuldade maior é que, como a equipe não pode dedicar-se exclusivamente ao projeto, muitas vezes demandas concorrentes impedem que as atividades aconteçam no prazo esperado. Tarefas dependentes de setores não técnicos são no momento minha maior preocupação. 

BLOG: Por que se interessou por energia nuclear (rejeitos)? 

CLÉDOLA: Nos dois últimos anos da universidade fiz alguns estágios na área ambiental e na área de petróleo e mineração, mas sempre com processos inovadores. Sempre gostei da pesquisa tecnológica, que tem aplicação nos processos e produtos agregando valor. Quando me inscrevi para o concurso da Nuclebrás, fiquei seduzida pela ideia de trabalhar em algo novo e desafiador como a energia nuclear. Duas áreas chamaram mais a minha atenção, a operação de reatores e o cuidado que era dedicado ao setor de rejeitos. No CDTN já havia um grupo formado para o tema de gerência de rejeitos e durante alguns encontros com este e outros grupos foi natural a escolha. 

BLOG: Conte sobre o seu projeto para estimular estudantes mulheres a se interessarem pelo tema. 

CLÉDOLA: Há cerca de quatro anos, verifiquei que na busca de vagas para bolsas de iniciação científica e pós-graduação, quando homens e mulheres tinham o mesmo desempenho, havia uma tendência geral pela escolha de homens. A partir de então resolvi fazer o inverso e assim proporcionar mais oportunidade às mulheres. Atualmente trabalho com um grupo de estudantes de graduação e pós-graduação, composto em sua maioria de mulheres, que têm tido excelente desempenho e do qual tenho muito orgulho de orientar. 

BLOG: Por que poucas mulheres se interessam por energia nuclear nas faculdades? 

CLÉDOLA: O que mais dificulta o interesse das mulheres pela energia nuclear são as oportunidades de trabalho, pois temos ainda poucas empresas trabalhando na área. Na medicina nuclear há mais espaço para mulheres. Porém para a Engenharia Nuclear, como acontece para todas as demais engenharias, embora sejamos muitas, talvez numericamente mais que os homens, a maioria das empresas dá preferência aos homens, mesmo quando menos qualificados. Ainda existe muito preconceito. 

BLOG:  Como se define pessoalmente? 

CLÉDOLA:  Sou brasileira, de uma família de seis irmãos; mãe de um filho e uma filha e avó. Sou esposa e tia. Apaixonada pela família e encontros familiares. Meus prazeres são ler, falar e aprender idiomas, dançar e cozinhar. Amo esportes, a maioria para assistir, e esgrima para praticar: paixão descoberta aos 50 anos. 

BLOG: Profissionalmente? 

CLÉDOLA:  Como engenheira, contei com professores em todo o tempo de formação (Norma, Heloísa, Paulo, Maria Augusta) para saber exatamente que eu amo a engenharia. Por isto, a felicidade de poder ir para o CDTN todos os dias sem sentir o peso que muitos sentem. Gosto muito do que faço e tento fazê-lo da melhor forma que consigo. Busco ser justa, mas sou exigente. Diversos colegas de trabalho são amigos e companheiros de vida, pois começamos juntos nossa trajetória profissional, e aí fomos crescendo, namorando, casando, tendo filhos, separando, tendo netos, acumulando dores do corpo e da alma e apoiando-nos uns aos outros e ficando cada dia mais fortes. 

CLÉDOLA DESAPROVA O USO DA EXPRESSÃO POPULAR LIXO ATÔMICO - 

“Primeiramente quero dizer que o termo lixo atômico é totalmente inapropriado. Pela definição de lixo estaria incorreto, pois lixo joga-se fora e toda e qualquer matéria é atômica (contém átomos). O rejeito radioativo por sua vez é gerenciado, tratado e armazenado adequadamente. Eles são classificados como: Isentos, podem ser descartados sem restrição; meia-vida muito curta, contêm elementos com meia-vida até 100 dias e, portanto, deixam de ser radioativos entre poucas horas até dois ou três anos. (São guardados nas instalações até que possam ser descartados sem restrição); Baixo e médio nível de radiação, contêm elementos com meia-vida maior do que 100 dias até cerca de 30 anos, provenientes da operação das usinas nucleares (luvas, filtros, soluções etc.), de trabalhos de PD&I, usos na medicina, na indústria etc. Representam o maior volume. Estão incluídos nesta classe materiais que apresentam radionuclídeos da série natural do urânio e do tório. E também: Alto nível de radiação, rejeitos com potência térmica superior a 2 kW/m3 e com concentrações de radionuclídeos de meia-vida longa. No Brasil ainda não há nenhum material nesta classificação". FOTO: CLÉDOLA DE TELLO - ARQUIVO PESSOAL.  


2 comentários:

  1. Me preocupa o tratamento que se dá aos residuos usados na medicina. Como descartam. Pelo que li demoram até 100 dias para perder seu efeito.

    ResponderExcluir
  2. Obrigada por participar com o seu comentário. Depende muito do potencial de atividade de cada material de baixa e média atividade.

    ResponderExcluir

Em destaque

Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear - Editora Lacre

O livro “Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear”, da jornalista Tania Malheiros, em lançamento pela Editora Lacre, avança e apr...