quarta-feira, 15 de abril de 2020

COVID-19: Reforço na segurança do transporte de combustível nuclear para Angra 2


Um forte esquema de segurança está sendo montado para o transporte no próximo mês (maio/2020), da 16ª recarga de combustível (urânio enriquecido) para a usina nuclear Angra 2, no município de Angra dos Reis (RJ). A usina, comprada pelo acordo Brasil-Alemanha, em 1975, será desligada no dia 22 de junho para receber o combustível. Além do aparato normal do transporte, que envolve caminhões e segurança policial, a Eletronuclear vai redobrar os cuidados por conta da pandemia do coronavírus (COVID-19).
A 16ª recarga foi concluída domingo (12/4) pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Segundo a Eletronuclear, gestora das usinas nucleares, o Plano de Transporte está sendo submetido à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A 16ª recarga sairá da Fábrica de Combustível Nuclear, em Rezende (RJ), da INB, para Angra dos Reis. 
No total, foram produzidos 56 elementos combustíveis, com suas varetas, nas quais estão inseridas as pastilhas com urânio enriquecido, no reator de Angra 2. A Eletronuclear pediu a INB para “adiantar a fabricação de componentes para a 26ª recarga de Angra 1”, informou a empresa. A capacidade de armazenamento do combustível usado, que será substituído pelo novo, estará esgotada em 2021. 
EXPECTATIVA DESDE 2018 - 
Desde 2018, conforme o BLOG antecipou, a Eletronuclear tem como uma de suas prioridades a construção da Unidade de Armazenamento a Seco Irradiado (UAS), destinada a receber os combustíveis usados de Angra 1 e Angra 2, que terão a capacidade esgotada no ano que vem.  Informou também há dois anos que a UAS custaria cerca de U$$ 50 milhões. 
A expectativa em 2018 era de que o combustível usado de Angra 2 seria transferido para a UAS em agosto desse ano; e de Angra 1, em janeiro 2021. A mais recente informação oficial é de que as transferências de Angra 2 será também em 2021. 
Na semana passada, a Eletronuclear anunciou que apesar da crise do COVID-19, a construção da UAS estava em “ritmo acelerado”. Inicialmente, a UAS terá 15 módulos. No total, 288 elementos combustíveis serão retirados de Angra 2; e 222, de Angra 1, abrindo espaço nas piscinas de armazenamento para mais cinco anos de operação de cada planta.  A UAS poderá comportar 72 módulos, com capacidade para armazenar combustível até 2045. 
ADAPTAÇÕES - 
Para que tudo corra dentro da nova previsão, Angra 2 passará por adaptações até o fim desse mês de abril, a cargo da Bardella, empresa contratada pela Holtec, que supervisiona o serviço, com o acompanhamento de técnicos da Diretoria Técnica (DT) da Eletronuclear. Serão feitas também modificações na ponte do edifício de elemento combustível de Angra 1. A usina, comprada da norte americana Westinghouse, na década de 70, em operação comercial desde 1985, está passando por mudanças para que tenha vida útil prolongada por mais 20 anos. 
Até novembro, segundo a Eletronuclear, a Cardan Engenharia, outra companhia subcontratada, está efetuando as obras civis, também sob a supervisão da Holtec e fiscalização das equipes da DT. Até lá, serão feitas a concretagem da laje, a construção do almoxarifado e a instalação da cerca dupla, da iluminação externa e da guarita. 
Serão ainda instalados sistemas de monitoração de temperatura e radiação. Até julho deste ano, chegam todos os equipamentos da UAS, garante a estatal. Em agosto, a Holtec realizará o treinamento do pessoal de operação e manutenção de Angra 1 e 2. Em setembro, tem início o comissionamento da movimentação de transferência, que é feito sem elementos combustíveis irradiados. A transferência começa em dezembro por Angra 2. 
A direção da Eletronuclear garante que, por conta da pandemia do COVID-19, estão sendo tomadas todas as precauções para garantir a segurança dos profissionais envolvidos no empreendimento. “Aqueles que fazem parte do grupo de risco – tanto na Eletronuclear quanto nas empresas contratadas – estão em esquema de teletrabalho. Já o pessoal da linha de frente está se revezando em turnos. O objetivo é minimizar ao máximo os riscos”, avisa o superintendente de Engenharia de Projeto, Lúcio Ferrari. 
FOTO: arquivo: elementos combustíveis com suas varetas, nas quais são injetadas as pastilhas com urânio enriquecido.

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