quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Curto circuito causou o desligamento da usina nuclear Angra 1


Um curto circuito na conexão da excitatriz (máquina elétrica que emite corrente) com o gerador elétrico foi a causa do desligamento da usina nuclear Angra 1, no sábado (15/02), um dia após a central nuclear ter sido religada. O problema do curto circuito foi divulgado hoje (20/02). “O episódio foi provocado pelo rotor da excitatriz, componente cuja função é gerar a tensão de campo nos polos do gerador”, informou a Eletronuclear, gestora das usinas em Angra dos Reis. 

A estatal ainda não sabe quando Angra 1 será religada. Para resolver o problema, será necessário importar peças de substituição. Há partes danificadas. “Como o fabricante fez uma revisão na excitatriz – o que envolveu a troca do rotor – durante a recente parada de Angra 1, a Eletronuclear entrou em contato com a empresa para substituir as partes danificadas”. As informações são da estatal, subsidiária da Eletrobras, que o governo quer privatizar. 

A Eletronuclear não divulgou o nome da fabricante. Também não informou se entrará na Justiça para tentar ressarcimento por conta dos danos causados pelo problema, nem os valores referentes a prejuízos. 

MAIS 20 ANOS DE VIDA ÚTIL - 

Angra 1 havia sido desconectada do sistema elétrico no dia 11 de janeiro para o reabastecimento de combustível (urânio enriquecido); e voltou a operar na sexta (14/2). A volta à operação ocorreu com três dias de antecedência em relação ao que foi acordado com o Operador Nacional do Sistema Elétrico.  A usina estava em processo de elevação de potência e devia atingir 100% na segunda-feira (17). Mas precisou ser novamente desligada sábado, por conta do curto circuito, hoje divulgado. 

Vale lembrar que estão em andamento os estudos e trabalhados para que a vida útil de Angra 1 seja prolongada por mais 20 anos.  O Brasil comprou a usina em 1970 da empresa norte-americana Westinghouse, que agora participa do projeto para o prolongamento da vida útil da central atômica.

Com esse objetivo, a Eletronuclear e a Westinghouse assinaram, no último dia 3/2, carta de intenções visando cooperação no programa de extensão da vida útil de Angra 1. A solenidade aconteceu durante o Fórum de Energia Brasil-Estados Unidos, realizado no Rio de Janeiro. O pedido solicitando a ampliação da vida útil da usina por mais 20 anos já foi entregue pela empresa à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). 

OUTRAS USINAS - 

O fórum visava, conforme foi divulgado, “estreitar a cooperação energética entre Brasil e EUA em assuntos técnicos, regulatórios e políticos de interesse mútuo, além de abordar desafios críticos para o comércio e investimentos bilaterais em energia”. O evento contou com a participação do secretário de Energia dos EUA, Dan Brouillett, e do ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque. 


No evento, também foi assinado um memorando de entendimento que amplia a cooperação bilateral entre o Instituto de Energia Nuclear (NEI, na sigla em inglês) e a Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), conforme foi divulgado. 

O Brasil está forte no radar dos norte-americanos. Na ocasião, o secretário de Energia dos Estados Unidos, Dan Brouillete, afirmou que há interesse da indústria americana em participar da construção de eventuais novas usinas nucleares no Brasil e em projetos de exploração de urânio, hoje monopólio estatal. 

"A indústria americana tem uma longa experiência com energia nuclear. Se a decisão do governo brasileiro for construir novas plantas, estaremos prontos a participar desse esforço", declarou o secretário de Energia dos Estados Unidos.

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