A Associação Nacional dos
Trabalhadores da Produção de Energia Nuclear (Antpen) venceu mais uma vez ação
na Justiça do trabalho paulista, em favor das vítimas de doenças, como o
câncer, adquiridas no trabalho na Nuclemon (Nuclebras-Minero Química), fechada
em 1992, que durante décadas operou com materiais radioativos. A Nuclemon foi sucedida
pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), ré na ação civil pública movida
pela Antpen. A informação foi confirmada na sexta-feira (19/7) pela advogada Érica
Barbosa
Coutinho Freire de Souza, Coordenadora em São Paulo do
escritório Mauro Menezes & Advogados.
Segundo a advogada, a juíza do
Trabalho, Mylele Pereira Ramos Seidl, acolheu as razões apresentadas nos
“embargos de declaração interpostos pela Associação”. Assim, tornou sem efeito
o arquivamento do processo, referente à decisão anterior, quando considerou que
o direito à reclamação estava prescrito, com o fechamento da Nuclemon na década
de 90.
AÇÃO RETOMADA.
Com a reforma da sentença, respaldada em parecer do
Ministério Público do Trabalho (MPT), a juíza deferiu o prosseguimento da ação,
visando à assistência integral à saúde das vítimas, como também a reparação dos
danos patrimoniais e morais dos ex-empregados. A decisão incluiu os herdeiros,
já que muitos morreram, em decorrência da exposição aos agentes genotóxicos e
cancerígenos produzidos pela empresa.
"Com
esta decisão, o Poder Judiciário Trabalhista demonstra preocupação em relação a
trabalhadores expostos a substâncias tóxicas, as quais causam doenças com alto
prazo de latência e que surgem anos após o término do vínculo de emprego. A Antpen
espera que a ação civil pública dê visibilidade à luta social que já trava há
anos pelo direito à saúde e à reparação integral dos danos sofridos pelos
trabalhadores oriundos das péssimas condições de trabalho”, comenta a advogada.
LIXO RADIOATIVO.
A Nuclemon,
atual INB, teve duas unidades em São Paulo: a Usina de Santo Amaro (USAM), que beneficiava
a areia monazítica para extração de suas frações minerais, em especial a zirconita
e monazita, e a Usina de Interlagos (USIN), produtora do concentrado de terras
raras, ambas fechadas na década de 90 e transferidas para Buena, no litoral
fluminense. As empresas deixaram para trás uma herança de milhares de toneladas
de lixo radioativo, espalhados em diversas localidades do estado de São Paulo e
Minas Gerais.
A Justiça também confirmou outro processo movido pela Antpen, há
mais de uma década, para cerca de 60 vítimas da Nuclemon, visando o pagamento
de plano de saúde vitalício para as vítimas, embora a INB tenha buscado
interromper a concessão em diversas ocasiões. Esses ex-empregados, em sua
maioria, fazem tratamento contra o câncer, silicose e outros tipos de doenças degenerativas,
insidiosas, progressivas e fatais.
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