terça-feira, 4 de setembro de 2018

Recarga de urânio para usina nuclear demanda R$ 268 milhões

A Eletronuclear, empresa do sistema Eletrobras, estatal do governo brasileiro, vai gastar R$ 268 milhões com a troca de combustível de Angra I, no município de Angra dos Reis (RJ). A previsão é de que a usina nuclear seja desligada no dia 27 de outubro - véspera do segundo turno das eleições- para o início dos trabalhos em torno da nova recarga de urânio enriquecido.  O retorno da central atômica ao sistema elétrico nacional deverá ocorrer no dia 2 de dezembro. 

As paradas para a troca de combustível ocorrem uma vez por ano em todas as usinas nucleares, informou a empresa, gestora das centrais atômicas, além de Angra I; Angra II, em funcionamento, e Angra III, com obras paradas desde 2015.  O combustível será pago com a receita de venda de energia, informou a empresa. O custo total da parada, incluindo mão de obra, ficará em torno de R$ 80 milhões; enquanto o custo de uma recarga é de aproximadamente R$ 188 milhões. 

O descarregamento do núcleo do reator (troca de combustível) começa efetivamente às 22h do dia 3 de novembro. O recarregamento será iniciado às 14h do feriado da Proclamação da República, dia 15 de novembro.   

O tempo da operação total para descarregar 121 elementos combustíveis é de 48 horas. A fabricação dos elementos combustíveis é composta das seguintes etapas: mineração do urânio, quando é produzido o yellowcake;  por conta da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende (RJ); além da conversão para o gás hexafluoreto de urânio; enriquecimento; e a reconversão do gás em pó. Finalmente, a produção das pastilhas e a fabricação dos elementos combustíveis, também pela INB. 

Nem tudo é realizado no Brasil. A conversão do urânio é feita atualmente na OREO (ex-Areva) e o enriquecimento, na Urenco, consórcio de empresas na Inglaterra, Holanda e Alemanha. 

Ao mesmo tempo, o governo trabalha para que a vida útil de Angra I seja prorrogada por mais 20 anos. A empresa norte-americana Westinghouse, que vendeu a usina para o Brasil na década de 70, foi contratada para participar do trabalho de avaliação, que deve durar até 2019. Há cerca de duas décadas, a projeção era de que a unidade atômica funcionaria até 2018.  Nos últimos cinco anos foram investidos US$ 27 milhões na modernização do empreendimento.

Angra I produz o equivalente a 10% da energia consumida na cidade do Rio de Janeiro, quando funciona gerando 100% de sua potência, 640 Megawatts. No passado recente, Angra I era conhecida como “vagalume” por ter sido desligada cerca de 30 vezes para a troca de combustível, por problemas técnicos e defeitos em equipamentos, mas desde a década de 90 tem registrado "excelente desempenho", segundo gestores do sistema elétrico.    

"Nós fomos capazes de recuperar Angra I, a antiga usina vagalume, transformando-a numa eficiente unidade", enfatizou o então presidente da Eletrobras, José Luiz Alguéres, em 2016, nos cadernos "Energia Nuclear", publicados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). 



2 comentários:

  1. Só uma observação< desculpem-me a ignorância no assunto, mas...por que enriquecemos urânio no Brasil? Em que a "trilogia" Angra I, II e III contribui para nosso país, em termos energéticos?...

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  2. Vamos encaminhar a sua pergunta a INB. Obrigada por acessar o nosso BLOG.

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