quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Situação financeira da Eletronuclear pode piorar com o desligamento de Angra 2 em janeiro; e incertezas sobre a contratação de brasileiros e estrangeiros

 


A situação financeira da Eletronuclear tende a piorar e ficar ainda mais complicada em 2026. Além da falta de recursos já mencionada várias vezes pelo Ministério de Minas e Energia (MME), mais um agravante poderá levar à companhia a dias piores: em janeiro, a usina nuclear Angra 2 deverá ser desligada de forma programada para a troca de combustível (urânio enriquecido) e manutenção. Para isto, terá que contratar cerca de 1000 trabalhadores entre brasileiros e estrangeiros. 


O cenário se complica porque em dezembro, dezenas de servidores deixam a companhia via o PDV (Plano de Demissão Voluntária). A empresa se prepara para apresentar uma proposta, mas os trabalhadores já acenderam o alarme da desconfiança. Enquanto isso continua a indefinição sobre como será o acordo envolvendo a parada da central nuclear que possibilite mudança no regime de trabalho em turma. 

Em abril de 2024, sob ameaça de demissão de pelo menos 100 servidores mais antigos, a categoria paralisou as atividades em movimento grevista jamais registrado na empresa. E o comando da companhia teve que desistir das demissões.  

TRANSPORTE DO COMBUSTÍVEL - 

Além das cifras milionárias sobre a parada de Angra 2, o combustível produzido pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), é uma das partes que envolve verbas que podem ultrapassar a R$ 300 milhões. A INB concluiu, em meados de setembro, a fabricação dos 52 elementos combustíveis da 21ª recarga da usina Angra 2. O transporte do material está previsto para ocorrer entre novembro e dezembro, durante operação coordenada pela Eletronuclear com apoio de órgãos externos, como Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). 


Outro desafio financeiro é a manutenção dos elementos combustíveis usados (irradiados) armazenados nas Unidades de Armazenamento a Seco (UAS) da central nuclear. E ainda a construção do Centena, local para abrigar os rejeitos radioativos de baixa e média atividade, conforme reportagens publicadas várias vezes pelo Blog. As piscinas que armazenam os rejeitos dentro das usinas passaram por reformas no ano passado, atendendo a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).

ANO 2020 – OXIDAÇÃO - Em julho, conforme o BLOG divulgou, problemas ocorreram durante o reabastecimento de combustível (urânio enriquecido), em Angra 2, que havia sido desligada no dia 22/6. Segundo a estatal, na inspeção foi detectada, “nos elementos combustíveis carregados no último ciclo, uma oxidação inesperada no revestimento dos tubos que contém as pastilhas de urânio enriquecido”. 

UM POUCO DA HISTÓRIA - Angra 2 começou a ser construída em 1981, mas teve o ritmo das obras desacelerado a partir de 1983, parando de vez em 1986. A unidade foi retomada no final de 1994 e concluída em 2000, para entrar em operação em 2001. A usina conta com um reator de água pressurizada (PWR) de tecnologia alemã da Siemwns/KWU (hoje Areva NP), fruto de acordo nuclear entre Brasil e Alemanha, assinado em 1975. 

O custo da produção da usina não costuma ser revelado, nem as despesas com as paradas por problemas técnicos, muito menos, com a troca de combustível. Há cerca de cinco anos, o combustível custava R$ 286 milhões. Com potência de 1.350 megawatts, produz o equivalente a 20% da energia elétrica consumida na cidade do Rio de Janeiro. 

(FOTO: ELETRONUCLEAR e INB)  - CENTENA/BLOG

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