A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e o Instituto Americano de Desenvolvimento (IADES) informaram que o edital para o preenchimento de 150 vagas para cargos de pesquisadores, analistas em ciência e tecnologia, por exemplo, previsto para ser publicado ontem (18/2), foi adiado para a próxima terça-feira (25/2), com o início das inscrições. Não foi informado o motivo do adiamento do edital tão esperado e muito aquém das necessidades da Comissão, que até março de 2024 convivia com um déficit de 1000 servidores, segundo a própria direção da instituição.
Na ocasião, com as reiteradas informações prestadas ao BLOG sobre a falta de servidores, incluindo fiscais, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), comandado pela Ministra Luciana Santos, nos informou que já havia encaminhado ao Ministério da Gestão e da inovação em Serviços Públicos (MGI) pedido para a realização de concurso para o preenchimento das vagas existentes na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Mas que não havia previsão de data para o concurso.
O próprio presidente da CNEN, Francisco Rondinelli, falou sobre o déficit de mais de 1000 servidores durante um evento realizado pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico Nuclear (CDTN), no dia 4 de dezembro de 2023.
O fato de o MCTI não ter uma definição sobre o concurso para a CNEN era uma espécie de “balde de água fria” em muitas áreas da Comissão, responsável por um dos mais relevantes trabalhos, que é o de fiscalização do setor nuclear. Segundo fontes do setor, “a situação da fiscalização da utilização da energia nuclear no país é dramática, em função da extrema escassez de recursos humanos”.
Sem concurso há dez anos, do total de 3.254 (ocupadas e vagas) 1447 formam a força de trabalho, sendo que 1.370 são servidores ativos dos quais 675 do total estão aptos à aposentadoria. A situação hoje pode ter piorado, caso servidores tenham se afastado da instituição. A área responsável pelas tarefas de licenciamento e fiscalização de cerca de 3500 instalações – nucleares, radiativas, depósitos de rejeitos e atividades de segurança física e transporte de materiais radioativos contava no ano passado com pouco mais de 150 servidores, 30 % dos quais já podiam se aposentar.
A grande maioria dos servidores contava com mais de 55 anos e, sem a reposição necessária para a transmissão dos conhecimentos acumulados ao longo de anos de experiência, a área de fiscalização. “Mesmo que realizemos um concurso neste ano, tememos que o tempo decorrido entre a aprovação de novos servidores e a sua entrada em exercício já seja insuficiente para que exista tempo hábil de convivência, entre a nova geração e os mais experientes”, diz outra fonte.
A direção da CNEN não tem mais se posicionado sobre a questão. Mas o Brasil não esquece dos problemas agravados pela falta de profissionais em 1987, quando uma cápsula de césio -137 provocou o maior acidente radiológico do mundo, em Goiânia.
(FOTO: GOVERNO DE GOIÂNIA) -
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