domingo, 24 de novembro de 2024

Evento debate opção por reator nuclear modular de pequeno porte

 


“Os reatores modulares pequenos (SMRs) poderão desempenhar um papel crucial na descarbonização de setores de difícil redução de emissões, como as indústrias siderúrgicas, de cimento, alumínio e no transporte marítimo e aéreo, de várias maneiras: fornecimento de calor de alta temperatura; produção de hidrogênio limpo; eletrificação e cogeração; descarbonização do transporte marítimo; fornecimento de energia para processos de captura e armazenamento de carbono (CCUS); transporte aéreo e combustíveis sintéticos”. Quem garante é o engenheiro nuclear Leonam dos Santos Guimarães, Assessor da Diretoria da Amazul – Amazonia Azul e diretor técnico da Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan). O especialista vai participar do 2º Workshop SMR Brasileiro, que começa nesta segunda-feira (25/11) e se estende até o dia 26 de novembro, na sede da Seaerj, no Rio (Rua do Russel, Nº 1, Glória).  

Segundo Leonam Guimarães, os SMRs têm o potencial de desempenhar um papel transformador na descarbonização de setores de difícil redução ao oferecer fontes de calor de alta temperatura, eletricidade limpa e produção de hidrogênio. “Sua flexibilidade, modularidade e capacidade de operar em locais mais diversos tornam-nos particularmente adequados para apoiar a transição energética nesses setores intensivos em carbono”. 

O SMR BRASILEIRO - 


Parceria da Aben, Amazul e Casa Viva, o 2º Workshop SMR Brasileiro acontecerá de forma integrada ao Seminário Múltiplas Aplicações da Energia Nuclear e das Radiações, que vai debater os benefícios socioeconômicos e ambientais da tecnologia nuclear e terá como tema central “O projeto do pequeno Reator Modular Brasileiro (SMBR), Aplicações, Licenciamento, Financiamento e Aceitação Pública”. 

A proposta é dar seguimento ao debate iniciado no 1º Worrkshop realizado durante o XV SIEN, em agosto, e avançar mais nessa discussão rumo à consolidação do projeto do primeiro SMR Brasileiro. A tecnologia de SMRs e suas possibilidades têm sido amplamente discutida, no Brasil e no exterior, e mais de 80 projetos de SMR estão em avaliação no exterior.  

"Diante da necessidade de conter o aumento da temperatura no planeta, os Pequenos Reatores Modulares (SMRs) vem ganhando papel estratégico. A tecnologia traz uma mudança de paradigma com a oportunidade de reduzir o tempo de construção e os custos iniciais de implantação associados às grandes centrais nucleares. Em consequência, levará a uma maior participação da energia nuclear na matriz energética global, com efeitos positivos para atual necessidade de redução de emissões de carbono, com segurança energética pela diversificação das fontes e garantia do abastecimento para atendimento das pessoas e da economia", segundo os organizadores do evento. 

Fonte de calor para a indústria - Eles defendem que muitas indústrias, especialmente a siderúrgica e a de cimento, requerem calor em altas temperaturas para seus processos produtivos. “Os SMRs, particularmente aqueles projetados para fornecer calor além de geração de eletricidade, como os reatores de alta temperatura (HTRs), podem suprir essa necessidade. O uso de calor nuclear substitui combustíveis fósseis em processos industriais, como a produção de aço e cimento, reduzindo significativamente as emissões de carbono”. 

“A captura e armazenamento de carbono (CCUS) é uma tecnologia que pode ser aplicada em indústrias como a de cimento e siderurgia, mas demanda grande quantidade de energia. SMRs poderiam fornecer a energia necessária para esses processos de forma sustentável, contribuindo para a redução líquida de carbono desses setores. Os SMRs também podem ser utilizados para gerar hidrogênio através da eletrólise da água ou processos termoquímicos, sem a emissão de carbono, ao contrário da produção de hidrogênio a partir de gás natural (a forma predominante atualmente). Esse hidrogênio pode ser usado como insumo em processos industriais, como na produção de aço com base em hidrogênio (DRI - Direct Reduced Iron), e também como combustível para transporte marítimo e aéreo, promovendo a descarbonização desses setores”. 

Outro ponto positivo, segundo eles, é o fato de que os SMRs podem fornecer eletricidade limpa e calor simultaneamente (cogeração), atendendo a indústrias que demandam ambas as formas de energia. Isso não só proporciona uma fonte de energia livre de carbono, como também pode aumentar a eficiência energética dos processos industriais. A eletrificação de processos industriais intensivos em energia e asubstituição de fontes fósseis por energia nuclear pode reduzir consideravelmente as emissões de CO₂. 

Descarbonização dos transportes - Defendem também que, no transporte marítimo, que depende fortemente de combustíveis fósseis, os SMRs poderiam ser usados para fornecer energia nuclear a embarcações, similar ao que já ocorre em submarinos e navios quebra-gelo. “Essa abordagem poderia ser expandida para navios comerciais, reduzindo drasticamente as emissões associadas ao transporte marítimo”. 

Transporte aéreo e combustíveis sintéticos - “Embora o transporte aéreo seja um dos setores mais difíceis de descarbonizar diretamente com energia nuclear, SMRs poderiam apoiar a produção de combustíveis sintéticos, como combustíveis líquidos a partir de CO₂ capturado e hidrogênio produzido com energia nuclear. Isso ofereceria uma alternativa de baixo carbono para a aviação, que atualmente depende de combustíveis fósseis”.  

Em defesa da opção pelos reatores modulares, informam que a Petrobrás, inclusive, “já está estudando a possibilidade de usar reatores nucleares modulares de pequeno porte (SMRs) como fonte de energia de baixo carbono para as atividades de produção de petróleo e gás. A informação foi divulgada no Site da Agência EPBR e é parte do esforço da companhia para reduzir as emissões nas operações e ganhar competitividade com a extração de um petróleo com menos emissões associadas. No momento, o trabalho está na fase de levantamento de potenciais rotas tecnológicas e os desafios associados, assim como as potenciais aplicações nas operações. 

(FOTO: ACERVO PESSOAL E ARQUIVO GAZETA DO POVO) – FONTE: CASA VIVA 

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