quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Governo simula em exercício se instalação nuclear é capaz de reagir a situações de emergência

 


A fim de verificar se a Fábrica de Combustível Nuclear de Resende (RJ), da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), tem condições de reagir a diversas situações de emergência, o Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo (CIASC) foi palco de um exercício de aprimoramento de planos e processos em busca da resposta. O exercício ocorreu entre os dias 17 e 20 deste mês, na Base de Fuzileiros Navais da Marinha, no Rio de Janeiro. Neste ano, o Exercício foi realizado através de um software desenvolvido especificamente para simular cenários fictícios de emergências nucleares.


Na unidade, há mais de duas décadas a INB trabalha com a tecnologia de enriquecimento de urânio por ultracentrifugação, dominada pela Marinha, no Centro Experimental de Aramar, em São Paulo, na década de 80. O urânio enriquecido a cerca de 4,25% segue para a Urenco (consórcio de empresas da Holanda, Alemanha e Inglaterra) para passar por mais uma etapa, até voltar à Resende, onde o processo é finalizado; servindo como combustível para os reatores de Angra 1 e Angra 2.

 Nesta unidade, em Resende, técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), constataram o desaparecimento de duas ampolas do tipo P10 entre áreas de armazenamento na Fábrica. As ampolas – não encontradas até hoje - são pequenos tubos contendo amostras dos cilindros com o material de hexafluoreto de urânio (UF6) utilizado na fabricação dos combustíveis das Usinas Nucleares de Angra 1 e Angra 2. O fato foi noticiado com exclusividade pelo BLOG. Há possibilidade de “risco químico associado à natureza tóxica dos compostos presentes, que podem provocar danos físicos localizados”, alertou a CNEN na ocasião.  Desde 20 de setembro, a INB está sob nova direção, presidida por Adauto Seixas, funcionário antigo da empresa. 

EXERCÍCIO - 

O Exercício Parcial Integrado de Resposta à Emergência e Segurança Física, denominado RESEX, é parte do programa de atividades do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON), coordenado pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), órgão central do SIPRON. Desde a fase de planejamento, os exercícios contaram com o apoio da Marinha do Brasil (MB), em sua coordenação, por meio do Centro de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica. 

De acordo com o Comandante do Centro, Capitão de Mar e Guerra (Fuzileiro Naval) Flávio Lamego Pascoal, “o apoio da Marinha no atendimento a emergências contribui com a integração das capacidades de resposta disponíveis nos mais diversos órgãos públicos”. 

“O RESEX, disse, proporciona melhoria no atendimento da emergência, aprimora procedimentos e demonstra a capacidade da Marinha de operar com efetividade, em parceria com as demais agências, pelo Programa Nuclear Brasileiro (PNB)”. 

SITUAÇÃO REAL - 

Durante a abertura do evento, o secretário de Acompanhamento e Gestão de Assuntos Estratégicos do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron), contra-almirante Francisco André Barros Conde, afirmou que o Exercício é uma oportunidade para testar o limite dos conhecimentos dos participantes para que, caso aconteça uma situação real, o mapa mental do que deve ser feito esteja pronto. E ainda reforçou: “A iniciativa contribui com o esforço nacional de garantia de proteção da população, do meio ambiente, dos funcionários, dos materiais e das instalações nucleares em situação de emergência nuclear”. 

SUBMARINO NUCLEAR - 

O contra-almirante e fuzileiro naval Paulo Roberto Saraiva, que estava representando o  CIASC, destacou que a Fábrica de Combustível Nuclear tem uma importância estratégica para o setor nuclear brasileiro e uma parceria muito forte com a Marinha do Brasil, através da participação da INB na produção do combustível para o reator do Laboratório de Geração Nucleoelétrica (LABGENE) da Marinha e destacou: “A Marinha que simula em terra a planta de propulsão do submarino convencional com propulsão nuclear”. Ao longo dos anos, lembrou, “as Forças Armadas têm participado ativamente desses exercícios, buscando o aprimoramento contínuo do pronto emprego, com foco principal em atender a sociedade e o meio ambiente”.

O Comitê de Planejamento de Resposta a Situações de Emergência no Município de Resende é composto por 18 instituições, entre elas, além do GSI, INB e CNEN: Agência Brasileira de Inteligência (Abin);   Ministério da Defesa;  Marinha do Brasil; Exército Brasileiro; Força Aérea Brasileira (FAB); Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec); Polícia Federal (PF); Polícia Rodoviária Federal (DPRF); Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro (DGDEC/RJ);  Instituto Estadual do Ambiente (Inea); Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ); Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ); Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro;  Diretoria Geral de Defesa Civil de Resende (DGDC/RES); e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

(FONTES: MARINHA/ DEFESA  E INB -  FOTO: INB – MARINHA - PRIMEIRA FOTO DA UNIDADE EM RESENDE - SEGUNDA FOTO - EXERCÍCIO NO CIASC. 

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