A escassez de fiscais na área nuclear abre uma crise sem precedentes levando a uma espécie de “escolha de Sofia”, quando os profissionais se organizam para o trabalho em campo. Na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em seus 67 anos de fundação, a crise de falta de fiscais é evidente, basta observar os números: são 156 inspetores para 3.400 instalações que utilizam fontes radioativas, sendo que 1046 operam com fontes de césio-137. O sinal vermelho de alerta foi acionado mais uma vez no dia 29/6, quando a CNEN foi informada sobre o furto de duas fontes de césio-137, da mineradora AMG, noticiado pelo BLOG.
A falta de fiscais atinge em cheio também a
Agência Nacional de Mineração (ANM)- (Leia abaixo)
Para se ter ideia, o presidente
da CNEN, Francisco Rondinelli, há poucos meses no cargo, solicitou a realização
de concurso público em 2024, ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI),
que analisa a solicitação. No pedido, foram solicitadas autorizações para o preenchimento
de 1052 cargos, uma vez que a CNEN conta com 1802 cargos vagos.
Questionada, a CNEN tenta amenizar o problema. Argumenta que apesar dos pouquíssimos inspetores - “número abaixo do ideal para as tarefas de fiscalização -, todas as atividades estão sendo realizadas, havendo priorização das instalações que possuem fontes de maior risco ainda que sob pena de sobrecarga dos servidores que estão na ativa”. Ou seja, há sobrecarga dos que vão trabalhar em campo.
Trocando em miúdos, das cerca de 3400 instalações que utilizam fontes radioativas, a atuação ocorre nas seguintes áreas: irradiação industrial , perfilagem de poços de petróleo, medidores nucleares, radiografia industrial, técnicas analíticas, radioterapia, irradiação de sangue, medicina nuclear, universidades e institutos de pesquisas, centros produtores de radiofármacos, distribuidores de fontes, informação oficial da CNEN.
MOMENTO CRITICO NA ANM -
A Agencia Nacional de Mineração (ANM) também vive o momento mais crítico de sua história, segundo diretor da Associação dos Servidores da Agência Nacional de Mineração (ASANM), Ricardo Peçanha, operando com o menor ontingente de servidores dos últimos 50 anos. “São mais de 125 mil empreendimentos para apenas 664 servidores. Com o efetivo atual da ANM, seriam necessários mais de 36 anos para fiscalizar todas as áreas de mineração no Brasil”, disse Peçanha. Depois de uma semana de paralisação, eles voltaram ao trabalho nesta sexta-feira (14/7).
Os servidores são responsáveis por vistorias em
barragens, como em duas instalações com problemas no Planalto de Poços de
Caldas (MG). No mês passado, o BLOG divulgou a primeira de uma série de cinco paralisações
contra o sucateamento do órgão. “Com o sucateamento da ANM, a questão não é se
teremos outra tragédia envolvendo rompimento de barragem, mas quando”, alertava
Ricardo Peçanha, diretor da Associação dos Servidores da Agência Nacional de
Mineração (ASANM).
A greve poderá acontecer novamente caso não haja a intenção de solucionar o problema. Os servidores querem a reestruturação da ANM, a abertura de novos concursos e a equiparação salarial frente às outras agências reguladoras.
FOTO: FONTE CÉSIO 137 –
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