A Prefeitura de Angra dos Reis entrará como coautora na ação que o Ministério Público Federal move contra a Eletronuclear por não ter informado imediatamente sobre o vazamento de material radioativo na usina Angra 1 em setembro de 2022. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (23/3) pelo O Globo, em reportagem de Reynaldo Turollo Jr. Nesta quinta-feira (23), o prefeito Fernando Jordão cobrou explicações do presidente da estatal, Eduardo Grivot.
“Em nenhum momento fui informado sobre o caso, nem a Defesa Civil ou o Centro Integrado de Informações Estratégicas em Saúde. As responsabilidades precisam ser apuradas.” Em situações como esta, a notificação é compulsória e imediata, mas a estatal demorou 21 dias para comunicar ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), consta na nota divulgada pela Prefeitura. “Além disso, a Eletronuclear primeiro negou o vazamento, mas depois admitiu que cerca de 90 litros de água contaminada escorreram para o mar”.
Na quarta-feira (22), a Justiça Federal determinou que a estatal avalie possíveis danos causados, faça testes de níveis radioativos e divulgue informações objetivas sobre o acidente e as medidas adotadas.
Sob a presidência de Francisco Rondinelli desde a segunda-feira (20/3), a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) confirmou, em nota, o atraso na divulgação da informação.
“No dia 30/09/2022 a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) recebeu informação, através do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), sobre a liberação de água supostamente contaminada na região da Central Nuclear em Angra dos Reis. Prontamente a equipe residente realizou uma inspeção e coletou amostras no local, com os resultados indicando a presença de radionuclídeos artificiais em níveis que não representavam qualquer risco à população e ou ao meio ambiente”.
O evento ocorreu em 16/09/2022 e ambos os órgãos solicitaram apoio da CNEN para avaliação da situação. A inspetoria residente, “apesar de não ter recebido a notificação da operadora” até então – Eletrobrás/ Eletronuclear – atuou prontamente para apurar o ocorrido, inclusive com o envio imediato ao local de três equipes de inspeção para a avaliação da ocorrência. O resultado das inspeções realizadas evidenciou que, durante uma operação de rotina de recirculação e purificação de água de operação, ocorreu a “falha de uma válvula de isolamento, propiciando a liberação de um volume de água para o canal de descarga da usina, estimado em, no máximo, 90 litros”. Foram coletadas amostras de água do mar em dois locais do Canal Sul e somente no ponto onde ocorreu a liberação “foram detectados radionuclídeos”.
Por fim, a CNEN notificou o operador que eventos dessa natureza devem sempre ser prontamente reportados à Instituição e permanece acompanhando a situação. Angra 1 é uma usina norte-americana Westinghouse. Foi comprada em 1970 e tem capacidade para produzir 656 Megawatts.
A usina já foi desligada cerca de 30 vezes por diversos problemas técnicos, que lhe conferiu o apelido de “vaga-lume”. Angra 1 entrou em operação comercial em 1985.Na década de 90, o então diretor da CNEN, Ayrton Caubit dizia que Angra 1 poderia operar durante 24 anos, mais precisamente até 2018, mas a usina já está sendo preparada para durar ais 20 anos, conforme o blog tem divulgado.
FOTO: Acervo Eletronuclear -
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