Os funcionários da Nuclep - Nuclebras Equipamentos Pesados - em Itaguaí, (RJ), fabricante de equipamentos para as usinas atômicas de Angra dos Reis e o prometido submarino nuclear, estão realizando manifestações desde a segunda-feira (13/2), exigindo a exoneração do presidente da empresa, o contra-almirante Carlos Henrique Silva Seixa e de toda a diretoria militar da empresa. Seixas foi nomeado diretor administrativo no governo de Michel Temer, julho de 2016; acumulou a presidência interinamente em abril de 2017; em dezembro do mesmo ano foi nomeado presidente; mantido no cargo durante toda a gestão do então presidente Jair Bolsonaro. Nesse meio tempo, o número de empregados caiu de 1058 para 762.
A diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, em ata da assembleia geral extraordinária dos trabalhadores da Nuclep, consignou o pedido de destituição do presidente e de sua diretoria. O documento endereçado aos parlamentares da base aliada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, manifesta a insatisfação com a permanecia dos dirigentes da Nuclep. Acusam a direção da empresa de responsabilidade pela “perda dos diretos sociais, trabalhistas e financeiros sofridas pelos trabalhadores”. Assinam o documento o presidente do sindicato, Jesus Cardoso dos Reis Santos e o diretor, Melquizedeque Cordeiro Flôr. Ambos estão sendo interpelados judicialmente pelo presidente da Nuclep; o diretor administrativo, contra almirante Oscar Moreira da Silva Filho; e o diretor comercial e Industrial, Nicola Mirto Neto.
No documento enviado à Justiça, Seixas e os dois diretores da Nuclep afirmam que estão se sentindo “ofendidos em sua honra, especialmente quanto à afirmação de violação dos direitos sociais, trabalhistas e financeiros dos trabalhadores”. Pedem explicações em 48 horas. Mas a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), afirmou que apoia integralmente os trabalhadores. A deputada já solicitou audiência ao Ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, para que se busque uma solução para o caso. “Manifesto a minha solidariedade ao Sindicato e trabalhadores da Nuclep. Não pode haver retaliação, muito menos perseguição aos trabalhadores que participam de um projeto de desenvolvimento tão importante para o país, como a Nuclep. Temos que buscar uma solução”, afirmou a parlamentar.
ACORDO NUCLEAR BRASIL -ALEMANHA -
A Nuclep nasceu a partir do acordo nuclear Brasil-Alemanha, firmado pelo presidente Ernesto Geisel, em 27 de junho de 1975, que originou a holding Nuclebras, e diversas subsidiárias, como a empresa em Itaguaí. Previa-se, na época, a construção de oito usinas atômicas e o enriquecimento de urânio pelo método “Jet nozle”, que sequer a Alemanha dominava. Com o passar do tempo, mais precisamente no final da década de 80, a Marinha conseguiu enriquecer urânio por ultracentrifugação, utilizando verbas secretas, como a “Delta 3”, no Centro Experimental de Aramar, São Paulo.
A Nuclep já enfrentou muitos problemas porque não havia demandas para as usinas: apenas a norte-americana Angra 1 e a alemã Angra 2 foram inauguradas. Já Angra 3, a segunda unidade pelo acordo, começou a ser erguida em 1984 e permanece em construção. A Nuclep passou a atender às demandas de submarinos convencionais e do protótipo do submarino nuclear. Além disso, expandiu as suas atividades para outras áreas. Produz equipamentos pesados e estratégicos à diversos setores da indústria, atuando nas áreas nuclear, offshore, químico/petroquímico, naval, siderúrgica, mineração, hidrelétrica, termoelétrica, petróleo e gás.
A empresa ocupa uma área de 1.5 milhão de metros quadrados, com 85 mil metros quadrados de área fabril, localizada no município de Itaguaí, com acesso para três grandes capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Não se pode dizer que a Nuclep deu a “volta por cima”, pois vem reduzindo de forma expressiva o número de empregados. Para se ter ideia, em 2016, quando Seixas assumiu a diretoria administrativa, contava com 1058, trabalhadores, reduzidos para 762 apenas.
FOTO: MANIFESTAÇÃO –
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Há que fazer o mesmo processo posto em prática na Embratur, a desbolsonorização da empresa.
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