segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Ibama renova licença para construção de Angra 3. Prazo de inauguração passa de 2026 para 2028

     


O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu na última quinta-feira (25) a renovação da licença ambiental da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ). Para obter a licença, com validade de seis anos, a Eletronuclear apresentou garantias de que está controlando a obra, como controle dos níveis de ruídos, destinação correta dos resíduos (para garantir que não afetem os córregos e mares da região), investimento na segurança dos trabalhadores e no plano de emergência da central nuclear de Angra.

 A companhia afirmou que tem realizado investimentos em projetos sociais, como programas de saúde, de educação, de saneamento básico e de segurança para a região. 

Angra 3 faz parte do pacote do acordo nuclear Brasil Alemanha, assinado pelo general Ernesto Geisel, presidente da República em 1975. A usina começou a ser construída em 1984. Até recentemente, o governo anunciava que seria inaugurada em 2026, mas agora, a data foi prorrogada para fevereiro de 2028. Em 2018, a previsão anunciada era de inauguração em 2025. 

Angra 3 já consumiu cerca de R$ 7,8 bilhões. Segundo a Eletronuclear, o valor necessário para a conclusão da usina está sendo atualizado pelo trabalho capitaneado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas, de acordo com fontes do mercado nuclear, serão necessários pelo menos R$ 18 bilhões para a finalização das obras. 

Entre as principais medidas que constam no Plano de Aceleração da Linha Crítica está a conclusão da superestrutura de concreto do edifício do reator de Angra 3. Além disso, será feita uma grande parte da montagem eletromecânica, que inclui o fechamento da esfera de aço da contenção e a instalação da piscina de combustíveis usados, da ponte polar e do guindaste do semipórtico. 

O BNDES promoveu uma “due diligence” da usina, ou seja, uma avaliação independente sobre a viabilidade técnica e financeira, que visa a trazer segurança aos futuros parceiros acerca das condições do empreendimento. Para fazer esse serviço, o BNDES contratou o consórcio Angra Eurobras NES, composto por Tractebel Engineering Ltda. (líder), Tractebel Engineering S.A. e Empresários Agrupados Internacional S.A. Posteriormente, será realizada outra licitação para contratar a empresa ou o consórcio que vai finalizar as obras civis e a montagem eletromecânica da usina. Isso será feito via um contrato de EPC – sigla em inglês para engenharia, gestão de compras e construção, que está 65% concluída. 

CAPITALIZAÇÃO DA ELETROBRAS - 

A Eletronuclear informou que a capitalização recente da Eletrobras não afetará a retomada das obras de Angra 3. Por conta do processo, o controle da Eletronuclear passou para a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A. (ENBPar), na medida em que a exploração da energia nuclear é exclusividade da União. Hoje, a ENBPar detém 64,095% das ações ordinárias da empresa, enquanto a Eletrobras tem 35,901% Em compensação, a antiga holding da Eletronuclear tem 99,993% das ações preferenciais. Dessa forma, a Eletrobras permanecerá atuando de forma ativa para garantir a conclusão de Angra 3. 

“É importante destacar que, para obter as ações da Eletronuclear e assumir o controle da companhia, a ENBPar realizou um aporte de R$ 3,5 bilhões na empresa em junho, valor já previsto no acordo de investimentos celebrado entre a nova holding e a Eletrobras”, informou a Eletronuclear. Atualmente, acrescentou a companhia, “o capital social da Eletronuclear é de aproximadamente R$ 15,5 bilhões”. Além disso, no início de julho, o governo federal encaminhou um projeto de lei ao Congresso Nacional pedindo a abertura de um crédito especial de R$ 1,2 bilhão para capitalizar a ENBPar. 

FOTO: Angra 3 – Eletronuclear – 

Este Blog faz Jornalismo Independente. Colabore com o nosso trabalho. PIX: 21 99601-5849.

2 comentários:

  1. Quanto dinheiro já foi afundado na Angra 3? Mesmo sem considerar os gastos futuros em acondicionamento dos materiais radioativos de longa vida. Isso é viável financeiramente?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O BLOG agradece a sua participação. A sua opinião é sempre muito importante.

      Excluir

Em destaque

Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear - Editora Lacre

O livro “Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear”, da jornalista Tania Malheiros, em lançamento pela Editora Lacre, avança e apr...