sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Tambores danificados com material radioativo estão sendo reembalados em Caldas (MG)

 


Cerca de 1.500 tambores danificados, contendo Torta II (material radioativo), estão sendo reembalados na unidade mineira de Caldas, da Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A operação começou na segunda-feira (10/1). Um leito do hospital local, destinado à descontaminação, foi contratado em caso de eventual acidente durante o trabalho. No hospital, houve também treinamento de proteção e de atendimento à emergência radiológica. O trabalho deve durar de três a quatro meses e está sendo acompanhado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Em junho do ano passado, o blog divulgou a primeira parte dessa operação: a substituição das coberturas (telhados) dos sítios de Torta II (subproduto de areias monazíticas contendo urânio e tório), na área AA-171 da unidade de Caldas. Documento obtido pelo blog mostra que havia riscos de disseminação radioativa via contaminação do solo, água de chuva e ar. O local abriga um total de 15 mil tambores com Torta II, cobertos por telhados que estavam danificados pelo tempo, chuvas e ventos. Todos foram trocados. O Ministério Público de São Paulo e de Pouso Alegre acompanham o complicado caso. 

ANTPEN NA LUTA 

O material é herança maldita da extinta Nuclemon, em São Paulo, onde durante décadas o Brasil operou com material radioativo das areias monazíticas subtraídas do litoral da Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo. No passado, a China esteve prestes a comprar o estoque, mas as negociações não frutificaram. A INB ainda não decidiu o destino final do material radioativo: toneladas estão estocadas em depósitos em Interlagos e Botuxim (SP). Tentou transferir para Caldas, mas a prefeitura, políticos e ambientalistas impediram. 

Dezenas de ex-trabalhadores da Nuclemon, que durante anos ficaram doentes pela exposição aos materiais radioativos da Nuclemon, lutam da Justiça até hoje para receber as suas indenizações e para manter um plano de saúde, constantemente cortado pela INB. Em 2006, eles fundaram a Associação Nacional dos Trabalhadores da Produção de Energia Nuclear (ANTPEN) em busca de seus direitos. Muitos já morreram, a maioria de câncer. “Mas a luta continua. Não vamos desistir nunca. Vamos lutar até pelos que já morreram, sem nenhuma reparação do governo”, comentou José Venâncio, presidente da ANTPEN.

FOTO: Registro aéreo da Unidade em Caldas -

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