sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Prefeito de Caldas (MG) avisa ao presidente da INB: "não vamos aceitar mais lixo atômico em nossa cidade"

 


A Prefeitura de Caldas (MG) deixou bem claro que não vai aceitar receber mil toneladas de rejeitos radioativos (Torta II) armazenados há 20 anos num galpão da Usina de Interlagos (USIN), em São Paulo, da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A intenção da INB de transferir o material radioativo para Caldas foi divulgada pelo blog no dia 27/8, com exclusividade. O prefeito de Caldas, Ailton Goulart se reuniu nesta quinta-feira (02/09) com o presidente da INB, Carlos Freire, na sede da estatal, no Rio. O prefeito avisou que não aceitará receber mais materiais radioativos no município. Ele também quer mais segurança para o material já armazenado em Caldas. Carlos Freire prometeu visitar o local no próximo dia 14/9. No próximo dia 16/9, o prefeito terá reunião com a equipe do governador Romeu Zema.

Além de Caldas, a INB visa transferir o material radioativo para o distrito de Buena, em São Francisco de Itabapoana (RJ). Documentos da Procuradoria da República do Ministério Público Federal (MPF-SP), obtidos pelo blog mostram que este ano a transferência deve começar para Buena, porque “existe orçamento federal para os cursos da logística” e já foram tomadas as providências junto ao Ibama e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

A USIN estoca rejeitos radioativos, herança maldita da Nuclemon, no Brooklin (SP), onde desde os anos 1970, o governo operou com urânio e tório extraídos das terras raras das areias monazíticas subtraídas do litoral brasileiro. Com o encerramento das atividades da Nuclemon, em 1992, uma grande parte do material radioativo foi levado para Caldas. Lá, recentemente, INB teve que trocar o telhado de galpões que se deterioraram com o tempo.

Segundo o cronograma de transferência da INB, conforme documentos do Ministério Público Federal – Procuradoria da República de São Paulo - a Torta II será transportada para o local neste primeiro semestre de 2021 e primeiro semestre de 2022 e, ainda, no primeiro bimestre de 2023. O transporte efetivo desse material está previsto para o primeiro semestre de 2025. “Não vamos aceitar nenhum lixo atômico em Caldas”, garantiu o prefeito. 

Leia no blog: Destino de mina de urânio em Poços de Caldas é tema de seminário (18/9/2019); Lixo radioativo enterrado em Poços de Caldas tem que ser eliminado, exigem especialistas (21/09); Primeira mina de urânio é “herança maldita”: barragem pode se romper (20/11/2019); Primeiro exercício simulado em Caldas, para caso de acidente em barragem e mina e urânio desativada (17/12/2019); Risco de contaminação radioativa na troca de cobertura que abriga 15 mil tambores com Torta II, em MG (10/06/2021) – FOTO –Locais contaminados, que teriam sido descontaminados – INB.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Em destaque

Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear - Editora Lacre

O livro “Bomba atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear”, da jornalista Tania Malheiros, em lançamento pela Editora Lacre, avança e apr...