quinta-feira, 23 de julho de 2020

Angra 3: o caminho para a retomada das obras

O governo está batendo o martelo para a retomada das obras de Angra 3, em Angra dos Reis (RJ). A Eletrobras deverá publicar nesta sexta-feira (24/7), ou nos próximos dias, comunicado ao mercado sobre o Programa de Aceleração do Caminho Crítico - sequência de atividades que definem a duração total do projeto da usina nuclear. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já aprovou relatório formulado com base em estudos realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que definiu um modelo jurídico e operacional para viabilizar o prosseguimento da construção. 

O empreendimento foi paralisado em 2015, por conta de denúncias de corrupção, na Operação Lava Jato. A resolução do ministro foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta quarta-feira (22), com data retroativa de 10 de junho. A resolução assinada pelo ministro Paulo Guedes sugere que o plano de construção da usina siga com coordenação de um novo Comitê Interministerial Integrado pelo Ministério da Economia, Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e Ministério de Minas e Energia. 

O ato estabelece um prazo de 180 dias - prorrogáveis por igual período a contar de 7 de agosto de 2020 - para realização de novos trabalhos do comitê. 

Em comunicado divulgado esta semana, a Eletrobras informou que o conselho de administração da empresa aprovou adiantamento futuro de aumento de capital da subsidiária Eletronuclear, gestora das usinas, visando providências para a retomada das obras de Angra 3, que envolverá R$ 1,052 bilhão em 2020 e R$ 2,447 bilhões em 2021. 

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS - 

Angra 3 já consumiu R$ 7 bilhões e precisa de outros R$ 14 bilhões para ser concluída. No ano passado, o valor gasto com a manutenção dos equipamentos em depósito de Angra 3 era de R$ 3 milhões por mês. Os equipamentos e serviços contratados no mercado nacional estavam sendo custeados por meio de financiamento obtido pela Eletronuclear junto ao BNDES, no valor de R$ 6,1 bilhões. O contrato foi assinado em fevereiro de 2011. Desse valor, a Eletronuclear já havia sacado R$ 2,7 bilhões, entre junho de 2011 e junho de 2015. Ao BNDES, a empresa pagava R$ 30,9 milhões por mês desde outubro de 2017. 

O financiamento para a aquisição de máquinas, equipamentos importados e serviços realizados no exterior advém de outro contrato entre a Eletronuclear e a Caixa Econômica Federal (CEF), no valor de R$ 3,8 bilhões, assinado em junho de 2013, tornando-se efetivo plenamente em julho de 2015.  Desse valor, foram retirados R$ 2,8 bilhões, entre junho de 2015 e julho de 2017.  À CEF, a empresa pagava R$ 24,7 milhões por mês desde julho de 2018. 

ESTUDO DA FGV – 

Em 2014, a Eletronuclear contratou a FGV Projetos, Fundação Getúlio Vargas, para avaliar os impactos socioeconômicos da construção de Angra 3. O estudo foi concluído em 2015. O efeito total do projeto orçado na época sobre o Produto Interno Bruto (PIB) ultrapassava os R$ 10 bilhões. Em relação aos postos de trabalho gerados diretamente pelo projeto, conforme orçado, entre temporários e empregos permanentes, estavam em torno de 214 mil. Com isto, o total – incluindo indiretos e induzidos - ultrapassava 500 mil. 

O cronograma do ano passado já considerava o reinício das obras para junho de 2021, com a usina pronta em janeiro de 2026. Angra 3 terá 1.405 MW de potência. A usina faz parte do pacote do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, assinado pelo presidente da República, general Ernesto Geisel, em 27 de junho de 1975. Atualmente, estão sendo executadas atividades de preservação das instalações do canteiro de obras e das estruturas e equipamentos da usina. 

Segundo a Eletronuclear, quando Angra 3 entrar em operação, a geração da usina será suficiente para atender 4,45 milhões de pessoas.  Angra 3 tem cerca de 65% de suas obras civis concluídas. 

Foto: Condensador de Angra 3 - divulgação/acervo - Nuclep


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