terça-feira, 21 de julho de 2020

Angra 2: oxidação (ferrugem) excessiva em tubos com pastilhas de urânio está sendo investigada.


Especialistas nacionais e internacionais ainda não descobriram o que provocou uma oxidação excessiva (ferrugem) nos tubos com pastilhas de urânio enriquecido, para o reator de Angra 2, que adiará o retorno da usina ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A usina foi desligada no dia 22/6 para a substituição de um terço dos elementos combustível do núcleo do reator, além de manutenção de equipamentos. 

Como apenas um terço dos elementos é substituído, a maior parte desse material retorna ao núcleo do reator para mais um ciclo de operação. Gestora das usinas, a Eletronuclear informou ao Blog que foi, justamente nesse processo de inspeção, que se verificou a oxidação um pouco maior nos elementos combustíveis carregados na última parada da central nuclear, realizada há treze meses. 

“Essa oxidação ocorre nos tubos feitos de uma liga de zircaloy que contém as pastilhas de dióxido de urânio. Não se trata de nenhum tipo de acidente, mas um evento operacional que necessita ser investigado. Os metais têm a característica de oxidarem na presença do oxigênio, sendo que ferrugem é o processo indesejável de oxidação do ferro”, admitiu a Eletronuclear. Segundo a empresa, nas ligas de zircaloy, a oxidação é esperada e, até um certo nível, benéfica. Nas condições de alta temperatura e pressão do vaso do reator, a liga de zircaloy passa por um processo de oxidação que resulta na formação de um óxido resistente na superfície do tubo. Essa oxidação é desejável, pois ajuda a proteger o próprio tubo, informou.  Mas o que chamou a atenção dos técnicos foi o aumento da oxidação acima do esperado. 

A empresa garante que tudo está sob controle e que não há riscos: “Isso não representa nem representou qualquer risco à segurança da usina durante o último ciclo operacional. Angra 2 possui sistemas de segurança e procedimentos operacionais capazes de detectar qualquer comportamento anormal dos elementos combustíveis. Quanto à possibilidade de um aumento da concentração de hidrogênio, esse parâmetro faz parte da especificação técnica operacional da usina e é monitorado continuamente”. 

A Eletronuclear esclarece que, de acordo com os procedimentos operacionais da usina, está analisando todos parâmetros para identificar qual foi o fator (ou fatores) que contribuiu para essa oxidação excessiva. Além disso, especialistas nacionais e estrangeiros foram chamados pela empresa para estudar o fenômeno e verificar a possibilidade do retorno destes elementos combustíveis ao núcleo para mais um ciclo operacional. 

Os elementos combustíveis são fabricados pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende (RJ). Segundo a Eletronuclear, a liga de zircaloy é altamente segura e utilizada em todas as usinas nucleares do mundo, incluindo as brasileiras, reunindo milhões de horas de operação com total eficiência. A empresa ainda não tem estimativas sobre os prejuízos causados pelo problema. A INB informou que está apurando as causas do excesso de oxidação e que tudo será informado “em momento oportuno”.

PARTE DO ACORDO - 

Angra 2 foi desligada em abril do ano passado para a troca do combustível. O valor de cada carga transportada (combustível mais contêiner) foi de R$ 70 milhões.  

Quando funciona 100% sincronizada ao sistema, Angra 2 produz cerca de 1.300 MW, o equivalente a aproximadamente 20% da energia consumida na cidade do Rio de Janeiro. Essa energia, porém, é distribuída, para a Região Sudeste. Angra 2 é a primeira de uma série de oito usinas previstas no pacote do Acordo Brasil-Alemanha, assinado pelo general Ernesto Geisel, em 27 de junho de 1975.  Em construção em 1976 para entrar em operação em 1982, depois de uma série de atrasos, começou a operar em 2001.

FOTO: ANGRA 2 - DIVULGAÇÃO - ELETRONUCLEAR

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