Nesta sexta-feira (20/09), será realizado o seminário “Caldas deu Urânio para o
Brasil, mas o que restou?”, na cidade de Poços de Caldas (MG), para debater, pela primeira vez, um
dos grandes problemas gerados pela indústria
nuclear brasileira. Especialistas e interessados na questão pretendem
estabelecer uma agenda para acompanhar e divulgar os processos de
descomissionamento da unidade, a cargo da Indústrias Nucleares do Brasil (INB),
vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
A mina do Campo do Cercado ou Mina
Osamu Utsumi, foi o primeiro complexo minero-industrial brasileiro para a
produção de concentrado de urânio. Com slogan “Caldas dá urânio para o Brasil”,
a unidade começou a operar em 1982, mas vinha sendo utilizado como depósito
muito antes. Suas atividades foram encerradas em 1995, devido à baixa
produtividade, alto custo para produção e a descoberta de uma jazida de urânio
muito mais rentável no município de Caetité (BA).
Para se ter ideia do legado
de problemas, a unidade em Caldas armazenava, em 2018, cerca de 16 mil toneladas
de Torta II, resíduo proveniente do tratamento químico da monazita. O material
é resultante de processos industriais realizados desde a década de 40, pela
antiga Usina de Santo Amaro (Usam), em São Paulo. Assim, ao cessar as atividades
da mina do Campo do Cercado, a empresa deixar para trás um grande passivo
ambiental para ser resolvido, como tantos outros, ainda hoje sem solução.
SEMINÁRIO:
Começa às 8h30, na Câmara Municipal, termina por vola das 18h. Realização: Articulação
Antinuclear Brasileira (AAB) em parceria com entidades como o Greenpeace,
Fundação Heinrich Böll, Sindicato dos Professores do Ensino Ocial do Estado de
São Paulo (APEOESP), Sindicato dos Químicos de São Paulo, Associação Nacional dos Trabalhadores da Produção de Energia Nuclear (ANTPEN) e Umverteilen.
Entre
os palestrantes estão o arquiteto, secretário executivo da Comissão Brasileira
de Justiça e Paz da CNBB, cofundador do Fórum Social Mundial, Chico Whitaker, a
Procuradora da República dra. Gabriela Saraiva Vicente de Azevedo Hossri. o
mestre em História e diretor da Associação Hibakusha Brasil Pela Paz, André
Lopes Loula; a especialista em saúde do trabalho, Fernanda Giannasi; presidente da ANTPEN, José Venâncio Alves, entre
outros. Também foram convidados: autoridades e entidades que representam o
interesse das populações da região e aquelas que atuam em defesa das águas.
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