sexta-feira, 5 de abril de 2019

Eletrobras defende presidente da Eletronuclear, mencionado em email, de 2011, segundo a Lava Jato


A Eletrobras divulgou nota ontem (04/04), em defesa do diretor-presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, mencionado esta semana pela Lava-Jato, no caso de corrupção envolvendo a construção da usina Angra 3. “Os procedimentos de investigação não detectaram qualquer suspeição sobre a sua conduta ou envolvimento com o esquema de corrupção”, informa a estatal. 

Leonam foi mencionado em mensagem, de email, enviada em 2011, pelo contra-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, então presidente da Eletronuclear, para “Limoeiro”. Este, por sua vez, é identificado pela operação como o coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo, João Baptista Lima Filho, envolvido em escândalos de recebimento de propina com o ex-presidente da República Michel Temer. 

No email, resgatado pela Lava Jato, Othon, que está em prisão domiciliar, pede para o empresário Carlos Alberto Montenegro Gallo, “fazer chegar o currículo (de Leonam) às mãos do Limoeiro com a maior brevidade”, para que ele ocupasse o cargo de diretor de operações da Eletronuclear. Leonam admite ter sido sondado por Othon, afirma que a iniciativa não surtiu efeito e “desconhece o encaminhamento dado a questão”.

Em julho de 2015, Othon foi preso em uma das primeiras fases da Lava Jato, por ordem do então juiz federal Sergio Moro, no Paraná. Condenado a 43 anos de reclusão, voltou a ser preso em 2016, por ordem do juiz federal Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio, deixando a prisão em 2017, por ordem do Tribunal.  Leonam, que é capitão-de-mar-e-guerra da reserva, trabalhou com Othon no programa nuclear da Marinha, de 1986 a 1992. Quando assumiu o cargo de presidente da Eletronuclear, em 2005, Othon convidou Leonam para ser seu assistente. Leonam ocupou o cargo e afirma que a relação com Othon foi “sempre profissional, sem laços especiais de amizade”. 

A Eletrobras afirma em nota, publicada no site da empresa, que no curso da investigação independente contratada pela empresa e conduzida pelo escritório de advogados Hogan Lovells, entre o início de 2015 e final de 2018, Leonam foi custodiante, assim como os demais diretores.  Ele e os outros, afirmou a estatal, passaram por todos os procedimentos investigativos e nada suspeito foi detectado. 

MAIS DA NOTA: A Eletrobras realizou investigação abrangente na Eletronuclear e cooperou com o Ministério Público Federal, informa a nota. As ações resultaram na condenação de executivos da Eletronuclear - na época - em decorrência da Operação Pripyat.

“Os atos ilícitos referentes a Eletronuclear, relacionados a usina nuclear Angra 3, identificados na investigação independente, foram objeto de medidas administrativas cabíveis, tais como encerramento de contratos e exoneração de executivos envolvidos, bem como o registro de perdas da ordem de cerca de R$ 141, 3 milhões”. 

Na ação criminal, a Eletrobras atuou como assistente da acusação. Informa também que continua acompanhando as ações em curso da Lava Jato no Rio, para avaliar se deve adotar alguma medida adicional. A nota – “Fato Relevante” – para acionistas e o mercado, está em nome da diretora financeira e de relações com investidores da empresa, Elvira Cavalcanti Presta.

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