A Eletrobras divulgou
nota ontem (04/04), em defesa do diretor-presidente da Eletronuclear, Leonam
dos Santos Guimarães, mencionado esta semana pela Lava-Jato, no caso de
corrupção envolvendo a construção da usina Angra 3. “Os procedimentos de
investigação não detectaram qualquer suspeição sobre a sua conduta ou
envolvimento com o esquema de corrupção”, informa a estatal.
Leonam foi
mencionado em mensagem, de email, enviada em 2011, pelo contra-almirante Othon
Luiz Pinheiro da Silva, então presidente da Eletronuclear, para “Limoeiro”. Este,
por sua vez, é identificado pela operação como o coronel reformado da Polícia
Militar de São Paulo, João Baptista Lima Filho, envolvido em escândalos de
recebimento de propina com o ex-presidente da República Michel Temer.
No email,
resgatado pela Lava Jato, Othon, que está em prisão domiciliar, pede para o
empresário Carlos Alberto Montenegro Gallo, “fazer chegar o currículo (de
Leonam) às mãos do Limoeiro com a maior brevidade”, para que ele ocupasse o
cargo de diretor de operações da Eletronuclear. Leonam admite ter sido sondado
por Othon, afirma que a iniciativa não surtiu efeito e “desconhece o
encaminhamento dado a questão”.
Em julho de 2015, Othon foi preso em uma das
primeiras fases da Lava Jato, por ordem do então juiz federal Sergio Moro, no
Paraná. Condenado a 43 anos de reclusão, voltou a ser preso em 2016, por ordem
do juiz federal Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio, deixando a prisão em 2017,
por ordem do Tribunal. Leonam, que é
capitão-de-mar-e-guerra da reserva, trabalhou com Othon no programa nuclear da
Marinha, de 1986 a 1992. Quando assumiu o cargo de presidente da Eletronuclear,
em 2005, Othon convidou Leonam para ser seu assistente. Leonam ocupou o cargo e
afirma que a relação com Othon foi “sempre profissional, sem laços especiais de
amizade”.
A Eletrobras afirma em nota, publicada no site da empresa, que no
curso da investigação independente contratada pela empresa e conduzida pelo
escritório de advogados Hogan Lovells, entre o início de 2015 e final de 2018,
Leonam foi custodiante, assim como os demais diretores. Ele e os outros, afirmou a estatal, passaram
por todos os procedimentos investigativos e nada suspeito foi detectado.
MAIS
DA NOTA: A Eletrobras realizou investigação abrangente na Eletronuclear e
cooperou com o Ministério Público Federal, informa a nota. As ações resultaram na
condenação de executivos da Eletronuclear - na época - em decorrência da
Operação Pripyat.
“Os atos ilícitos referentes a Eletronuclear, relacionados a
usina nuclear Angra 3, identificados na investigação independente, foram objeto
de medidas administrativas cabíveis, tais como encerramento de contratos e
exoneração de executivos envolvidos, bem como o registro de perdas da ordem de cerca
de R$ 141, 3 milhões”.
Na ação criminal, a Eletrobras atuou como assistente da
acusação. Informa também que continua acompanhando as ações em curso da Lava
Jato no Rio, para avaliar se deve adotar alguma medida adicional. A nota – “Fato
Relevante” – para acionistas e o mercado, está em nome da diretora financeira e
de relações com investidores da empresa, Elvira Cavalcanti Presta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário