sábado, 31 de agosto de 2024

IPEN comemora 68 anos na liderança da produção de medicamentos para combater o câncer, mas com déficit de pessoal e rejeitos radioativos dos anos 70

 


O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em São Paulo, um dos mais importantes da América Latina, está comemorando 68 anos de fundação esta semana, com atribuições fundamentais para garantir a saúde da população, mas dependendo de reposição no quadro de funcionários: dos cerca de 500, 60% já podem se aposentar. Enquanto o quadro de colaboradores é quase o mesmo. 

Em 2021, o IPEN foi alvo de disputas políticas pelo controle da produção de radioisótopos (medicamentos para diagnóstico e tratamento de combate ao câncer), mas a excelência do Instituto manteve o seu protagonismo do trabalho. O IPEN continua suprindo 85% da demanda nacional: são pelo menos dois milhões de procedimentos por ano via o Instituto. 

E na contramão de tantos avanços, ainda armazena rejeitos radioativos da década de 70, por falta de um depósito definitivo no País. O BLOG conversou com a diretora do IPEN, a engenheira química, Isolda Costa. Ela iniciou sua trajetória no IPEN no início dos anos 1980 como bolsista, e tornou-se a primeira mulher a ocupar o cargo de comando na Instituição. Eis a entrevista: 

BLOG: Como estão as atividades do IPEN no momento? 

ISOLDA: Temos pesquisas e ensino de excelência, dois programas de pós-graduação, o de Tecnologia Nuclear, com a Universidade de São Paulo; outro próprio, o Mestrado Profissional em Tecnologia das Radiações em Ciências da Saúde, além da Iniciação Científica, dos programas de pós-doutorado e estágios para alunos de graduação. Temos também duas áreas de produção, uma é a de radiofármacos, na qual suprimos 85% da demanda nacional, com cerca de dois milhões de procedimentos por ano.

 BLOG: Na área da radiação? 

ISOLDA: Temos também a única fábrica integrada de elemento combustível de toda a América Latina. Além disso, prestamos serviços, que incluem o recolhimento, depósito de rejeitos, serviços de calibração de equipamentos, de fontes, de detectores de radiação. O IPEN/CNEN também presta serviço de resposta à emergência radiológica no estado de São Paulo. 

BLOG: Outras pesquisas? 

ISOLDA: Temos a componente inovação, como parte da pesquisa. Importante salientar que há pesquisas básicas aplicadas, e no âmbito da pesquisa aplicada temos grandes investimentos com recursos orçamentários, usando a lei de inovação para fortalecer essa área.  

BLOG: Planos para o futuro. 

ISOLDA: Há muito a realizar, mas, no cenário atual, uma de nossas principais metas é incentivar, potencializar a área de inovação, que a gente acredita que as parcerias público-privadas serão o futuro. Também estamos estudando a mudança do modelo de gestão que nós temos hoje para a Rádiofarmácia, essa é uma das nossas metas para o futuro. 

BLOG: Como assim? 

ISOLDA: Temos o orçamento da União e projetos financiados pelas várias instâncias, que são parcerias com empresas, FAPESP, FINEP, CNPq. 

BLOG: No caso do radioisótopo houve a quebra do monopólio e o IPEN perderia a produção. Como ficou? 

ISOLDA: O IPEN/CNEN continua na produção como era antes da quebra do monopólio para a iniciativa privada porque nenhuma empresa ainda se capacitou para poder substituir. Eles previam que, em dois anos, teriam já instalação, mas isso não aconteceu. Portanto, o Instituto continua suprindo, abastecendo o mercado. 

BLOG: As importações de insumos continuam? 

ISOLDA: Nada mudou, por enquanto. O Instituto continua importando insumos da Rússia, da África do Sul e da Holanda. A perspectiva para o final deste ano e para 2025 é continuar importando, continuar atendendo a demanda. Inclusive, a gente tem projeto de modernização da área de produção do Iodo, para melhorar as condições de produção. 

BLOG: Como sobreviver? 

ISOLDA: O IPEN não tem repasse ao SUS, todo o nosso recurso que é gerado pela venda dos radiofármacos se transforma em uma GRU, ou seja, volta pro Caixa da União. E temos que esperar, todo ano, a aprovação da LOA, pra liberação dos recursos. 

BLOG: 

Qual a situação do contingente de servidores? 

ISOLDA: O número de servidores não chega a 500, dos quais 60% já podem se aposentar, e o número de colaboradores é praticamente o mesmo, 506. Estamos aguardando o concurso, provavelmente em janeiro, para dar mais fôlego a algumas áreas. Precisamos de, pelo menos, 50 vagas. 

BLOG: Por falta de depósitos, no passado, o IPEN servia também de depósito de material radioativo. E hoje? Onde está sendo armazenado (caso exista) o material radioativo descartado ou produzido pelo IPEN? 

ISOLDA: Na verdade, o IPEN armazena rejeitos desde os anos finais de 70 e continua até hoje recebendo rejeitos do próprio Instituto e do Estado de São Paulo. Então, nós não temos ainda problema de armazenamento. Os nossos depósitos são ativos e têm uma capacidade ainda grande, comparando com os outros depósitos existentes no Brasil, tipo Recife, Belo Horizonte. Somando a capacidade deles hoje, é menor do que o que o IPEN/CNEN ainda tem de espaço. 

BLOG: Novidade no aniversário? 

ISOLDA: Foi inaugurada a Unidade Móvel com Acelerador de Feixe de Elétrons para tratamento de efluentes industriais para fins de reuso. A unidade representa um avanço significativo na tecnologia de tratamento de efluentes, reforçando o compromisso do IPEN com a inovação e a sustentabilidade. O projeto contou com apoio da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA em sua sigla em Inglês), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), CNPq, Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep) e Truckvan. O diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Wilson Aparecido Parejo Calvo, responsável pelo projeto, abiu a cerimônia de inauguração com uma apresentação na Sala de Seminários do CETER antes da visita às instalações. 

BLOG: Mensagem da direção do IPEN sobre a importância do Instituto para a sociedade, a ciência, estudantes, pesquisadores. 

ISOLDA: O IPEN desempenha um papel crucial na sociedade ao promover avanços significativos na área nuclear e correlatas, com destaque para saúde, meio ambiente, energias renováveis, lasers e aplicações, biotecnologia, ciência dos materiais, engenharia nuclear, metrologia das radiações, reatores, rejeitos e outras. Suas pesquisas e inovações contribuem para o desenvolvimento sustentável, oferecendo soluções que beneficiam tanto a população quanto o meio ambiente. Além disso, o IPEN é um importante centro de formação e capacitação para estudantes e pesquisadores, proporcionando um ambiente fértil para a troca de conhecimentos e o desenvolvimento de novas competências. Agradecemos a todos que colaboram e apoiam essa missão, pois juntos construímos um futuro mais promissor e sustentável. 

FOTO: ISOLDA COSTA - IPEN – CNEN – Produção de Reagentes Liofilizados para Radiognósticos. O PESQUISADOR Demerval Rodrigues participou de parte da entrevista. Colabore com o blog – seis anos de jornalismo independente – contribua via Pix: 21 99601-5849 - 

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Urânio irradiado de Angra 2 é transferido para UAS, orçada em US$ 50 milhões, com tecnologia dos EUA

 


A primeira etapa da segunda fase de transferência de elementos combustíveis irradiados (urânio enriquecido) da usina Angra 2 para a Unidade de Armazenamento a Seco, na central nuclear de Angra dos Reis (RJ), iniciada no dia 26 de abril, foi concluída na terça-feira (27/8), informou hoje (30/08) a Eletronuclear. Em 2018, o empreendimento foi orçado em US$ 50 milhões, com capacidade para armazenar os combustíveis irradiados até 2045. A vencedora da concorrência para a construção foi a Holtec, com sede em Camden, Nova Jersey, nos Estados Unidos. 


O sistema de armazenamento da UAS é semelhante ao utilizado em cerca de 70 locais nos Estados Unidos e é projetado para resistir a eventos como terremotos, tornados e inundações. Trata-se de operação de alta complexidade. Tanto que a desmobilização completa dos profissionais envolvidos na transferência está prevista para 30 de setembro.

Os combustíveis usados não são considerados rejeitos radioativos, pois ainda contêm potencial energético significativo que pode ser reaproveitado no futuro. Uma vez processados podem servir como plutônio; daí estarem sob o crivo da Agência Internacional de Energia atômica (AIEA), com sede em Viena, na Áustria, liderada pelos Estados Unidos. Países como Rússia, França e Japão já utilizam técnicas de reciclagem para esse material. 

SEGUNDA FASE - 


Segundo a companhia, nesta etapa, foram transferidos 480 elementos combustíveis usados da usina Angra 2 para a UAS. A segunda fase, que começará em 2025 e se estenderá até 2026, estará focada em Angra 1. A unidade de armazenamento foi projetada para comportar 72 Hi-Storms, com capacidade para receber combustíveis usados até 2045.

Durante a primeira campanha, que aconteceu entre 2021 e 2022, foram transferidos 15. Na fase inicial da segunda, finalizada nesta semana, foram mais 15. Após a conclusão da atual etapa, incluindo os combustíveis usados de Angra 1, serão ao todo 48 Hi-Storms armazenados. 

TRANSFERÊNCIA - 

Segundo a Eletronuclear, a operação consiste na transferência de elementos combustíveis provenientes das paradas de reabastecimento das usinas, visando abrir espaço para que as piscinas de armazenamento possam receber novas quantidades. 

Primeiro, todas as atividades acontecem dentro do Edifício do Reator UJA (Área Controlada). É a fase do carregamento de elemento combustível no cânister, um subcasco que fica armazenado dentro de um casco, denominado de Hi-trac. 

Depois de receber o elemento combustível, ocorrem as seguintes etapas: solda da tampa do cânister, construídos com aço e concreto; drenagem da água e secagem interna. Nesse momento, o subcasco fica dentro do Hi-Trac, que é um casco temporário. Somente depois, esse subcasco é inserido dentro do Hi-Storm e, por fim, armazenado na UAS, projetada para receber os elementos combustíveis após o processo de resfriamento nas piscinas especiais das usinas. 

(FOTOS: Eletronuclear) – 

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quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Angra 2: vigésima recarga concluída. Dívidas da Eletronuclear com a INB passam de R$ 500 milhões

 


A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) divulgou hoje (28/8) que finalizou no dia 21/08 a 20ª recarga de combustível (urânio enriquecido) para a usina nuclear Angra 2, em Angra dos Reis (RJ), da Eletronuclear, que acumula dívidas de pelo menos R$ 500 milhões, junto à estatal. Até 2018, cada recarga custava cerca de R$ 268 milhões, nada mais foi divulgado depois. 


O enriquecimento e a produção de pastilhas são feitos na INB, em Resende (RJ). 


O processo passa também pela Urenco, consórcio formado por empresas da Inglaterra, Holanda e Alemanha, criado para enriquecer urânio. Cada recarga trocada – que são os elementos combustíveis irradiados - é transportada para a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS), localizada na própria central nuclear de Angra, local que passa pelo crivo da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pois pode servir de plutônio no futuro. O processo gera também rejeitos de baixa e média atividade, depositados na piscina da usina atômica, que estará esgotada em 2028. 


Segundo a INB, desta vez, foram produzidos 48 elementos combustíveis, que utilizaram aproximadamente 11.000 varetas com pastilhas de urânio enriquecido na fabricação de todos. Os elementos combustíveis são estruturas metálicas com até cinco metros formadas por um conjunto de varetas onde são colocadas pastilhas de urânio enriquecido entre 2% a 5%, informou a INB.

“A recarga é o processo de reabastecimento de uma usina nuclear por meio da substituição de elementos combustíveis descarregados por novos”. A previsão é que o transporte da 20ª recarga para a Angra 2 seja realizado até final de outubro. Segundo a Eletronuclear, Angra 2 está programada para ser desligada no dia 8 de novembro. 

(FOTOS: 1) Angra 2 - ;2) Unidade de Enriquecimento em Resende - 3) UAS - Angra  dos Reis  - Fontes: Eletronuclear e INB) 

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segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Comandante da Marinha debate submarino nuclear na Índia; Brasil tem acordo com a França desde 2008

 


O comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, discutiu sobre a possibilidade de trabalhar em conjunto no setor de submarinos movidos a propulsão nuclear, em sua recente e primeira visita à Índia. “Temos depósitos de urânio suficientes, tecnologia de enriquecimento e estamos em um estágio muito avançado do desenvolvimento de pequenos reatores nucleares. Então, estamos interessados ​​em trabalhar com a Índia na área”, disse o almirante Olsen ao Times Now, canal de notícias na Índia de propriedade e operado pelo The Times Group. Desde 2008, o Brasil mantém um acordo com a França na área da propulsão nuclear. 


Tanto que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e da França, Emmanuel Macron participaram da cerimônia de lançamento do terceiro submarino convencional brasileiro, o Tonelero (S-42), em Itaguaí (RJ), no dia 27/3, fruto de parceria entre os dois países, iniciada em 2008. O fato divulgado pelo BLOG, que vinha sendo guardado a sete chaves é que militares da Marinha brasileira estão embarcados em submarinos nucleares franceses para receber treinamento. Formar a tripulação para comandar o submarino de propulsão nuclear nacional é mais um desafio, além de concluir toda a montagem do submarino, com previsão de lançamento em 2033. 

O Programa de Submarinos (PROSUB) faz parte do programa estratégico do Estado Brasileiro, concebido em 2008 por meio de parceria estabelecida entre Brasil e a França. O projeto baseado na engenhara simultânea contempla a construção desde a infraestrutura industrial e de apoio à operação e manutenção de submarinos, a construção de quatro submarinos convencionais e o projeto e a construção do primeiro submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear brasileiro. 

BRASIL E INDIA - 

O almirante Olsen se encontrou com militares do alto escalão da Marinha Indiana e visitou o estaleiro Mazagon, em Mumbai. Ele expressou seu interesse em trabalhar com a Índia, um país membro do BRICS, em várias áreas, incluindo coleta e compartilhamento de inteligência marítima, segurança cibernética, antipirataria, busca e salvamento, crimes transnacionais, pesca ilegal e HADR (Humanitarian Assistance and Disaster Relief), com toda a gama de cooperação naval, informou o Times Now. A visita do Almirante Olsen é a terceira de altos oficiais militares nos últimos meses e há claramente um desejo de aumentar a cooperação “Sul-Sul”. “O mar nos conectará”, ressaltou o almirante Olsen, segundo o Times Now.

FONTE: Times Now - (FOTOS: Times Now - BLOG - Lula e Macron, foto arquivo da EBC) – 

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sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Angra 1 passará por teste no turbogerador, domingo

 


A usina Angra 1, em Angra dos Reis (RJ), passará por um teste programado no setor secundário da unidade atômica, sem contato com a área nuclear, neste domingo (25/8). O teste visa a verificar “a funcionalidade das válvulas de parada e controle do Turbogerador, - equipamento que faz parte do sistema que converte o calor em eletricidade”. A informação foi divulgada na noite desta sexta-feira (23/8) pela Eletronuclear, gestora das usinas nucleares. 

Segundo a companhia, o procedimento essencial é realizado a cada três meses, e está em conformidade com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). “Para isso, a carga da usina (644 MW) será reduzida gradualmente para 450 MWe, começando à meia-noite de sábado para domingo. O teste ocorrerá entre 1h e 6h, com a elevação da potência iniciando logo após, e o retorno à capacidade máxima de geração está previsto para o meio da tarde”, informou a companhia. 

Angra 1 foi comprada da norte-americana Westinghouse em 1970, mas depois de muitos problemas foi inaugurada em 1985, parando no ano seguinte para uma série de consertos, como reparos no circuito secundário onde houve vazamento de radiação sem atingir o meio ambiente. A usina deveria ter sido desligada, segundo técnicos, cerca de duas décadas depois, mas está sendo preparada para ter mais 20 anos de vida útil.  A autorização de funcionamento de Angra 1 termina no dia 24 dezembro deste ano, mas até lá, segundo fontes, a licença para a extensão da vida útil - não necessariamente por 20 anos -, será concedida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). 

(FOTO: ANGRA 1 - Eletronuclear) – 

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Nuclep assina contrato com empresa Austríaca e compra equipamentos para usina nuclear Angra 3

 


Os negócios envolvendo a usina nuclear Angra 3, da Eletronuclear, em Angra do Reis, continuam a pleno vapor. A Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados), em Itaguaí (RJ), assinou contrato com a empresa Tubacex, na Áustria, para o fornecimento de 67 km de tubos de aço inoxidável e sem solda para as obras da usina nuclear de Angra 3. 

Os equipamentos, projetados para resistir a pressões, calor e transporte extremos, têm a certificação KTA - Nuclear Safety Standards Commission - destinada ao setor nuclear, segundo a direção da Nuclep. 

A entrega final dos equipamentos está prevista para o início de 2025. O deputado federal Júlio Lopes participou da comitiva que visitou a empresa na Áustria, no ano passado. 

Segundo a direção da Nuclep, os tubos farão parte dos trocadores de calor que a Nuclep fornecerá à Eletronuclear. Enquanto isso, a Eletronuclear informou esta semana que recebeu 287 contribuições de pessoas físicas e jurídicas, nacionais e internacionais à consulta pública às minutas do edital e do contrato de licitação que visam a conclusão das obras de Angra 3. 

A consulta pública foi desenvolvida com apoio técnico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e buscou obter “sugestões de melhorias nos documentos relacionados aos serviços de Engenharia, Gestão de Compras e Construção (EPC, em inglês), incluindo a Matriz de Risco e outros complementos contratuais”. 

Como tem sido divulgado, o próximo passo, é “aguardada a finalização dos estudos independentes”, em desenvolvimento pelo BNDES, para avaliar a plausibilidade técnica, econômica e jurídica do projeto”. 

LEIA NO BLOG: 

Em 23/05/2023, Angra 3: aumenta o impasse sobre embargo das obras: prefeitura contesta Eletronuclear e "queda de braço" faz mais de um mês

Em 18/08/2022 e 25/08/2022; BNDES tenta atrair interessados em Angra 3; 

Em 17/06/2024; Angra 3: Eletronuclear rescinde contrato com Consórcio vencedor de edital em 2022; obras iniciadas há 40 anos mantém ritmo de atraso

Em 14/06/2024 -Angra 3: Justiça acolhe recurso da Eletronuclear para retomada das obras da usina nuclear

21/08/2024 - Ameaças cibernéticas: PF busca hackers por ataque à Nuclep; Eletronuclear debate segurança atômica

19/08/2024 - Ministro detona com a Eletronuclear, que "virou uma empresa problema para o pais"; 22/08/2024 - 

Ex-ministro de Lula, Silas Rondeau, assume a ENBPar, no comando da Eletronuclear e INB; expectativa de dança das cadeiras no setor nuclear

(FOTO -NUCLEP) -

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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Ex-ministro de Lula, Silas Rondeau, assume a ENBPar, no comando da Eletronuclear e INB; expectativa de dança das cadeiras no setor nuclear

 


O ministro de Minas e Energia do governo Lula (2005/2007), Silas Rondeau é agora o presidente da ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A), empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Ele foi eleito quarta-feira (21/8) pelo conselho de administração da empresa, criada pela lei nº 14.182, de 2021, e constituída em 2022, com o objetivo de manter sob o controle da União a operação de usinas nucleares e outras funções atribuídas à Eletrobras antes de sua privatização. Passará pelas mãos de Rondeau as decisões sobre o término das obras de Angra 3, a extensão da vida útil de Angra 1 por mais 20 anos, a intenção de abrir as jazidas de urânio para a iniciativa privada, mas também as dívidas da Eletronuclear com a INB, de cerca de R$ 500 milhões, pelo menos.  



Além da Eletronuclear, responsável pela operação das usinas de geração de energia termonuclear Angra 1 e Angra 2 e pela conclusão das obras da usina Angra 3, a ENBPar tem sob seu controle a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que atua no “ciclo do combustível nuclear”, que inclui a mineração, o beneficiamento, o enriquecimento do urânio e a fabricação do combustível que abastece as usinas da Eletronuclear. A ENBPar divide o controle de Itaipu Binacional com a autarquia paraguaia ANDE (Administração Nacional De Eletricidade). 

O poder da ENBPar é incomensurável e partir de agora está nas mãos do engenheiro eletricista, 71 anos, Rondeau; ministro entre 2005 e 2007, antes de presidir a Eletrobras, Eletronorte e distribuidoras de energia elétrica da região Norte. Foi também membro dos conselhos de administração da Petrobras, de Furnas e de Itaipu, que ao lado da Eletronuclear e da INB (Indústrias Nucleares do Brasil), integram a holding ENBPar. 

Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Pernambuco, Rondeau tem 44 anos de trajetória no setor elétrico. E também foi alvo da "operação Lava jato". Rondeau substitui Luis Fernando Paroli, que passou pouco tempo à frente da empresa: desde julho de 2023. Antes, Paroli foi presidente da Light e diretor de Furnas e da CEMIG. 

Ainda sob responsabilidade agora de Silas Rondeau estão a gestão de políticas públicas como o Programa Luz para Todos, de universalização da oferta de energia elétrica, os contratos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) e as ações do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). A empresa também é responsável pela gestão de bens da União anteriormente sob administração da Eletrobras (BUSA) e por contratos do Fundo Reserva Global de Reversão (RGR), assinados antes de 17 de novembro de 2016 (reversão, encampação, expansão e melhoria dos serviços públicos de energia elétrica). 

A ENBPar tem como principais fontes de receita as geradoras de energia Itaipu e Eletronuclear, sem depender de recursos do Tesouro Nacional. A empresa investe em energia limpa, sem emissão de carbono, e promove projetos de desenvolvimento econômico-social combinados com responsabilidade ambiental. 

(FOTO: ENBPar) – 

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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Ameaças cibernéticas: PF busca hackers por ataque à Nuclep; Eletronuclear debate segurança atômica

 


A Polícia Federal continua investigando a autoria dos ataques cibernéticos ocorridos na estatal Nuclebras Equipamentos Pesados (NUCLEP), em Itaguaí, em 2023, de acordo com o inquerido instaurado nº. 2023.0049482-DPF/NIG/RJ. A chantagem pretendida não deu certo, mas as buscas são prioridades, segundo a PF. Não é a primeira vez que empresas do setor nuclear são alvo de ataques cibernéticos. Os ataques têm motivado ações e debates sobre como se posicionar diante de casos previstos para ocorrer, como a Eletronuclear, por exemplo, que já recebeu até denúncias e ameaças de bomba em suas instalações na central nuclear de Angra dos Reis.

 No caso da Nuclep, em 24 de maio de 2023, após a detecção do ataque de hackers, a investigação identificou atividades maliciosas e tentativas de manipulação de bancos de dados da empresa. “Identificamos a presença de um malware nos nossos sistemas, o que acionou uma resposta imediata da equipe de segurança. Para a investigação, contratamos uma empresa especializada em cibersegurança que conduziu uma análise forense detalhada, utilizando tecnologia avançada para garantir uma avaliação precisa do ocorrido”, informou a direção da Nuclep. 

Garantiu que “dados considerados sigilosos não foram comprometidos, pois estavam armazenados em servidores seguros, não conectados à internet”, informou a empresa, responsável pelo desenvolvimento de partes importantes do primeiro submarino nuclear, equipamentos para usina nucleares, como Angra 3, entre outros. 

FUTUROS INCIDENTES - 


De acordo com a companhia, “embora a exfiltração de dados não tenha sido confirmada devido à falta de logs do roteador do fornecedor de internet, algumas credenciais e informações da NUCLEP foram encontradas na Deep e Dark Web, indicando um possível comprometimento”. A Nuclep reforçou os sistemas de segurança e o monitoramento de suas defesas cibernéticas para evitar futuros incidentes. 

De acordo com a Agência Pública, que divulgou o caso, o grupo que assumiu a autoria do ataque, identificado como Meow Leaks, utilizou um fórum para oferecer o que seriam informações confidenciais da estatal brasileira no dia 14 de julho deste ano. O grupo alega ser especializado em exfiltração e venda de dados e deter informações de grandes empresas estrangeiras, incluindo a Hewlett-Packard, a HP. 

A Nuclep confirmou informações da imprensa de que dois grupos hackers internacionais alegaram estar de posse de 250 GB de informações internas da empresa, de estudos, projetos e até senhas de funcionários no valor de 500 mil dólares – cerca de R$ 2,7 milhões na cotação atual. Nada aconteceu, segundo a Nuclep, e o caso está desde então com a PF. A Nuclep está sob a direção do contra-almirante da reserva Carlos Henrique Silva Seixas desde 2016. 

ELETRONUCLEAR DEBATE INCIDENTES CIBERNÉTICOS -


 Gestora das usinas Angra 1 e Angra 2, em funcionamento e Angra 3, com obras paradas, a Eletronuclear já tem um histórico de ataques cibernéticos e até ameaça de bomba em suas instalações. Por isso, a companhia tenta debater as ações, como está realizando agora, ao realizar um “workshop” prático sobre resposta a incidentes de segurança cibernética, em parceria com a National Nuclear Security Administration (NNSA), do Departamento de Energia dos Estados Unidos. 

O evento iniciado nesta terça-feira (20/8), reunirá até sexta (23/8) especialistas de diversas instituições, como o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), a Marinha do Brasil, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), as Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) e a Internacional Nuclear Security (INS). 

Durante o workshop, a NNSA apresenta cenários simulados de ataques cibernéticos, que são solucionados por cerca de 25 especialistas, incluindo engenheiros nucleares, engenheiros de segurança, analistas de sistemas e técnicos de TI. As atividades, com alto grau de realismo, visam aprimorar a capacidade dos profissionais em enfrentar possíveis ameaças à segurança cibernética no setor nuclear.

NÍVEL DE REALISMO - 

O coordenador do evento, Rodrigo Albernaz, que faz parte do Departamento de Gestão de Processos da Eletronuclear, destacou a importância da capacitação contínua: “Capacitar-se para conhecer os riscos e buscar soluções e prevenção é o melhor caminho”, conta o também  encarregado pelo Tratamento de Dados Pessoais da empresa - na sigla em inglês DPO. Essa foi a primeira vez que um workshop com esse nível de realismo foi realizado na Central Nuclear, refletindo a cultura de segurança da Eletronuclear, que busca preparar os funcionários para enfrentar cenários adversos. 

“O conceito de cibersegurança que adotamos é que não se trata de ‘se’ um ataque vai acontecer, mas ‘quando’ e ‘como’. Por isso, é fundamental estarmos todos preparados para defender nossas usinas, que são de segurança nacional”, afirmou o analista de sistemas do Departamento de Arquitetura e Segurança de TI da Eletronuclear, Thiago Bisquolo, com 16 anos de experiência na empresa. 

Esse workshop segue uma série de iniciativas da Eletronuclear para fortalecer a segurança cibernética no setor nuclear brasileiro. Em março de 2023, a empresa sediou um workshop sobre gestão de riscos cibernéticos, organizado pelo GSI/PR e conduzido por especialistas do INS, reunindo 21 profissionais para a troca de experiências e qualificação contra ameaças digitais. 

ATAQUES TEM ACONTECIDO - 


Os ataques e ameaças cibernéticas já estão na biografia das empresas do setor nuclear do país. Nos primeiros dias de fevereiro de 2021, um ataque cibernético alcançou servidores administrativos da Eletronuclear, sem atingir usinas nucleares. A empresa detectou um ataque por software nocivo (ransomware) que alcançou parte dos servidores da rede administrativa da empresa na noite desta quarta-feira (03/02). Mais conhecido como ataque cibernético, o problema foi comunicado pela holding Eletrobras aos acionistas e mercado em geral. O incidente não afetou as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, que não se conectam com os sistemas atingidos. Por razões de segurança, as unidades atômicas estão isoladas da rede administrativa. 

Segundo a Eletrobras, o ataque não causou prejuízos para o fornecimento da energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional. Por medidas preventivas, a estatal suspendeu temporariamente o funcionamento de alguns dos seus sistemas administrativos para proteger a integridade dos seus dados. A Eletronuclear comunicou o fato ao Centro de Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos de Governo (CTIR.Gov), com cópia para representante do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON), subordinado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. 

Em outubro do mesmo ano (2021) as ameaças cibernéticas à área nuclear estavam  entre as prioridades em simulação do Ministério da Defesa. Ameaças virtuais a setores prioritários para a segurança nacional, como água, energia, telecomunicações, finanças, transporte e nuclear foram simulados no Exercício Guardião Cibernético, coordenado pelo Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), de 5 a 7/10, em Brasília. 

Segundo o Ministério da Defesa, foi o maior treinamento para proteção cibernética do Hemisfério Sul, com 350 participantes civis e militares de 65 organizações. Em 15 de junho de 2023, a Eletronuclear garantia: é falsa a denúncia de bomba nas usinas nucleares de Angra. Mais uma vez a Eletronuclear se via às voltas com denúncias de ataques às suas instalações nucleares. A denúncia fora recebida na segunda-feira (12) à noite, e, apesar de “não ser considerada confiável”, foram cumpridos todos os protocolos de segurança, como a varredura total da central nuclear, que não identificou nenhum material explosivo no local, informou a empresa. 

Até julho de 2022, ações “maliciosas” contra instalações nucleares do Brasil foram registradas no primeiro Relatório Nacional das Ameaças à Segurança Físico Nuclear (Renasf) elaborado pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), que teria sido concluído na época. “A ABIN realiza o acompanhamento de grupos ou indivíduos com capacidade e intenção de cometer ações maliciosas contra instalações nucleares selecionadas, como sabotagem e obtenção ilegal de agentes selecionados, descritas no Renasf”. 

 (FONTE: NUCLEP-ELETRONUCLEAR – 2024 – ABIN/2022 ) – 

FOTOS – NUCLEP E ELETRONUCLEAR) – 

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terça-feira, 20 de agosto de 2024

Primeira mulher comanda centro de tecnologia nuclear, que comemora 72 anos de fundação

 




Doutora em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com experiência em estudos sobre rejeitos radioativos de baixa e média atividade, Amenônia Maria Ferreira Pinto, é a primeira mulher no cargo de direção do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), em Belo Horizonte, nos 72 anos de fundação da entidade, comemorados nesta quinta-feira (22/8). No setor desde 1977, ela defende “o papel emergencial dos concursos públicos para a manutenção e continuidade das atividades do CDTN”. 


Com experiência na área de Engenharia Sanitária e Engenharia de Petróleo, Amenônia atua na aplicação de traçadores radioativos na indústria, meio ambiente e agricultura. Atualmente, ela coordena quatro projetos em parceria com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e outro com a Petrobras. Em 2000, a gestora recebeu uma bolsa financiada pela AIEA para estudar reservatórios de petróleo na Universidade do Texas, nos Estados Unidos. O CDTN é uma unidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia subordinada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. 

“Em 1968, escolhi o Ensino Médio. Não foi uma época fácil. Na minha família, qualquer mulher que chegasse àquela idade seria professora e teria um bom marido. Esse era o máximo que se esperava para uma mulher. Na época, quem me defendeu foi o meu pai, que optou por me mudar de escola para seguir o estudo nas Ciências Exatas e, em seguida, optar pela Engenheira Química”, contou. Em 1977, ela passou no concurso da Nuclebras, e não parou mais. Mas logo percebeu as diferenças. ‘Descobri que não era um ‘lugar para mulher’. Todos os engenheiros faziam trabalho de campo, iam para alto mar, em navios, e uma mulher só ia atrapalhar porque não ia carregar peso. Os marinheiros tinham o mito de que mulher na embarcação trazia azar. Eu era a única candidata para a única vaga que tinha e ainda corri o risco de não atuar neste trabalho. Mas deu certo. Trabalhei no mar, no campo, no barco. O meu erro foi provar que era mulher e dava conta de fazer o que eles faziam. Hoje faria diferente.”

RADIOFARMACOS - 


CDTN atua na pesquisa e desenvolvimento, ensino (pós-graduação) e prestação de serviços na área nuclear e em áreas correlatas. As principais atividades do Centro hoje envolvem as áreas de tecnologia nuclear, minerais, materiais, saúde e meio ambiente. Nas aplicações das radiações e técnicas nucleares destacam-se a monitoração e remediação ambiental, a metrologia das radiações, o desenvolvimento e produção de radiofármacos e a gerência e tratamento de rejeitos radioativos, onde a instituição é considerado referência na América Latina. Nas demais áreas, pode-se apontar a otimização de processos de extração e purificação mineral, nanotecnologia, integridade estrutural e gerenciamento do envelhecimento de componentes mecânicos de instalações de grande porte. Há forte cooperação com os setores de energia, saúde, indústria do petróleo e meio ambiente. 

No nível regional, o CDTN tem atuação de destaque no desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços especializados para os setores mineral e metalúrgico, além da prestação de serviços radiológicos e da produção de radiofármacos para aplicações em tomografia por emissão de pósitrons (PET). Ocupando uma área de 240 mil m², sendo 42 mil m² de área construída, o CDTN possui o reator nuclear de pesquisa TRIGA, a Unidade de Pesquisa e Produção de Radiofármacos e o Laboratório de Irradiação Gama, Instalações Piloto para Processamento de Bens Minerais, além de um campus com cerca de 50 laboratórios. O CDTN tem forte atuação na formação de recursos humanos em áreas estratégicas, por exemplo. 


REATOR TRIGA - 

Como Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR), o CDTN foi fundado na Escola de Engenharia da UFMG, em 1952, após a nomeação pelo então Governador de Minas Gerais Juscelino Kubitscheck de um grupo para estudar a constituição de um ‘centro atômico’, com a participação dos professores Francisco de Assis Magalhães Gomes, Djalma Guimarães, Domício de Figueiredo Murta e Eduardo Schmidt Monteiro de Castro. As atividades iniciais do novo Instituto incluíam a pesquisa de ocorrências minerais radioativos e estudos em física e química nuclear, metalurgia e materiais de interesse nuclear. Seu reator de pesquisa TRIGA (sigla, em inglês, para Treinamento, Pesquisa, Isótopos e General Atomic) Mark 1, dedicado à pesquisa, à produção de radioisótopos e ao treinamento de pessoal, foi inaugurado em 1960

APOIO AO ACORDO BRASIL ALEMANHA - 

O IPR passou a integrar o Plano Nacional de Energia Nuclear em 1965, a partir da assinatura de convênio entre a UFMG e a CNEN. Separado da UFMG e transferido para a Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear (CBTN) em 1972, agregou às suas finalidades o desenvolvimento da tecnologia nuclear. Em 1974, foi incorporado pela companhia estatal Empresas Nucleares Brasileiras S/A (NUCLEBRÁS), e em 1977, teve sua denominação alterada para Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, com o papel de apoiar as unidades da NUCLEBRÁS na absorção da tecnologia nuclear transferida no âmbito do acordo Brasil-Alemanha (1974-1988). 

Neste período, o CDTN atuou intensamente na prospecção de urânio, no licenciamento das instalações de mineração, de beneficiamento do minério de urânio e de fabricação de elementos combustíveis, bem como do treinamento de operadores de reatores para as Usinas Nucleares de Angra 1 e 2. É desse período o desenvolvimento de tecnologia para solidificação dos rejeitos radioativos de baixo nível das usinas de Angra 1 e 2 e o apoio técnico à implantação da fábrica de enriquecimento de urânio em Resende, RJ. Destacou-se, ainda na década de 1980, a cooperação com instituições alemãs (KWU, NUKEM, KFA) para estudos da utilização de tório em reatores nucleares de potência do tipo de Angra 1, projeto bem sucedido na sua primeira fase, tendo chegado ao teste de irradiação do combustível desenvolvido em reator de pesquisa.

Com a extinção da NUCLEBRÁSem 1988, voltou a fazer parte da CNEN com uma atuação mais voltada para pesquisa, desenvolvimento e formação especializada na área nuclear e em áreas correlatas. Nesta nova fase, o CDTN estabeleceu maior cooperação com outras instituições de pesquisa, com a indústria e órgãos de governo, expandindo sua interação com a sociedade. Na década de 1990, implantou-se laboratórios que consolidaram essa nova orientação, com destaque para a Irradiação Gama, a Calibração de Dosímetros e o Trítio Ambiental. Essa nova fase levou ao fortalecimento das competências chamadas “correlatas”, aquelas que reúnem conhecimentos essenciais à tecnologia nuclear trazidos de outras áreas da tecnologia. Cita-se, como exemplos, os estudos de física dos materiais, que deram origem aos laboratórios de nanotecnologia, entre eles de química do carbono e de nanobiotecnologia, e o processo de flotação em coluna para concentração de minérios, uma tecnologia difundida no país pelo CDTN. Expandiram-se as aplicações de técnicas nucleares à hidrologia e hidrogeologia, firmando, nesse último caso, ações iniciadas na década de 1970. 

Na área de formação especializada, em 2003, o CDTN iniciou o Programa de Pós-Graduação, em nível de mestrado, e, em 2010, o de doutorado, de significante relevância para a formação de novas gerações de pesquisadores. Em 2020, o CDTN lançou o primeiro curso em nível de pós-graduação especialização (Lato Sensu) na área de gerência de rejeitos radioativos. No ano de 2008, a Instituição acentuou sua atuação na saúde, no suporte à área de Medicina Nuclear, com a instalação de um Cíclotron e implantação da Unidade de Pesquisa e Produção de Radiofármacos. Foi criado o Laboratório de Radioproteção em Mamografia, voltado para o controle de qualidade desses exames. RMB E CENTENA - Foi nesta mesma época que o CDTN se engajou no empreendimento nacional do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e passou a exercer a coordenação técnica do projeto do Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação, depois denominado Centro de Tecnológico Nuclear e Ambiental – CENTENA.

Nos anos seguintes, o CDTN procurou dar especial destaque ao relacionamento com outras instituições de Ciência & Tecnologia, tanto nacionais quanto internacionais, por exemplo. A partir da década de 2010, ganhou destaque no CDTN a área de materiais nanoestruturados, com projetos como o MGGrafeno, em parceria com a empresa estatal CODEMGE e com a UFMG para o desenvolvimento de processo de produção de grafeno e suas aplicações, e a implantação do laboratório de Materiais Avançados e Minerais Estratégicos – Granioter, este por demanda do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. 

(FONTE: ASCOM CDTN - Deize Paiva) -  FOTOS: CDTN) – 

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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Ministro detona com a Eletronuclear, que "virou uma empresa problema para o pais".

 


“A Eletronuclear virou uma empresa problema para o país. Não é uma empresa saneada, dinâmica, enxuta, eficiente para cumprir o seu mister. Vamos ter que achar uma solução para a Eletronuclear. Vamos ter que pensar juntos: o parlamento brasileiro e a política pública do Executivo para mudar a questão da Eletronuclear. Para fazer uma obra de R$ 28 bilhões, sem gestão, é extremamente temerário. Então, essa é uma preocupação, até uma angústia do ministro de Minas e Energia do Brasil”. 

Por incrível que pareça, a declaração do ministro Alexandre Silveira, há dias, durante audiência na comissão de Minas e Energia da Câmara, provocou espanto nos bastidores do setor. O que pretende o Ministro ao deixar clara a sua visão tão pessimista sobre o destino da companhia, comentaram alguns especialistas e técnicos experientes que conhecem bem a história da empresa.


Na bolsa de apostas, mesmo indignados, alguns comentaram que Silveira pode estar pensando em fatiar a estatal, criada em 1997, para gerir as usinas nucleares, Angra 1 e Angra 2, em operação, e Angra 3, com as obras paralisadas. No ano passado, o ministro visitou o canteiro de obras da central nuclear em Angra dos Reis e tem sido árduo defensor do final das obras Angra 3; e até mesmo da instalação de usinas na Amazônia; como também da extensão da vida útil de Angra 1, por mais 20 anos.

Quando Silveira coloca “com tristeza” tantas dúvidas sobre a empresa, acaba provocando insegurança no quadro de funcionários, principalmente nos mais antigos e qualificados, segundo especialistas. Fato é que há consenso entre os técnicos no sentido de que o ministro pode estar tentando jogar um balde de água fria sobre as certezas em torno no término de Angra 3, que ele mesmo defende com ardor. 

“O discurso do ministro lembra aqueles que precederam uma privatização”, comentou um executivo. Sobre o comentário do ministro de que reportagem mostrou recentemente os super salários da companhia, “basta verificar os balanços anteriores para ver que os problemas atuais se exacerbaram em 2022”, comentou a mesma fonte. Fato é que não há dúvidas de que a Eletronuclear está agora no olho do furacão. A Eletronuclear está sob a presidência de Raul Lycurgo. O Blog tentou, em vão, saber se ele falaria sobre os comentários do ministro. 

Na mesma audiência, houve o processo de “morde e assopra”, pois o ministro reiterou que vai defender a retomada das obras de Angra 3 junto ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que é a principal instância decisória do governo no setor de energia, na presença de Lycurgo. "Nós temos a prudência de esperar o estudo do BNDES, mas eu já adiantei ao ministro da Casa Civil que levarei, na reunião do CNPE, a defesa intransigente da continuidade das obras de Angra 3. Nós precisamos assimilar os custos, mas vamos conclui-la", disse. 

Silveira lamentou que existe "um estigma injustificável" e preconceito contra a cadeia nuclear no Brasil. "Não tem que discutir o custo-benefício de fazer ou não Angra 3. Essa já foi uma decisão do Brasil tomada lá atrás. Nós temos que ver como uma obra de estado e não uma obra de governo", argumentou. A Eletronuclear, que anda mal das pernas, com base nas declarações do ministro, aguarda a finalização de estudos independentes que estão sendo realizados pelo BNDES para avaliar a viabilidade econômica do empreendimento. Os resultados desse trabalho devem ser divulgados em breve, quando serão analisados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pelo CNPE. 

(FOTOS: ELETRONUCLEAR) – 

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