A
76ª Reunião Anual da SBPC registrou o maior público estimado pela Comissão
Local Organizadora em torno de 50 a 60 mil pessoas circulando pelas centenas de
atividades realizadas de 8 a 13 de julho no campus Guamá da Universidade
Federal do Pará (UFPA), em Belém, o evento colecionou recordes. E o mais
importante: conseguiu, de fato, colocar a região amazônica no centro das
atenções de todo o País (veja aqui os números da RA).
Na sessão de
encerramento, na última sexta-feira, Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC,
celebrou os resultados da semana de superlativos e a efervescência no campus,
com pessoas de todas as idades participando com entusiasmo nas tendas, nos
auditórios, nos debates, por todo o campus, todos os dias. “Acho que poderia
até dizer que foi a maior e melhor Reunião Anual que a SBPC já realizou”,
avaliou. Janine Ribeiro destacou a participação das três ministras na Reunião
Anual, Luciana Santos, Nísia Trindade e Marina Silva no evento. Todas falaram
para auditórios lotados, ovacionadas pelas plateias e trazendo mensagens
importantíssimas.
O presidente da SBPC também ressaltou a abrangência de
públicos e de temas discutidos ao longo da semana. Desde o espaço inédito
“Infâncias Mairi”, uma tenda com atividades de iniciação científica
exclusivamente voltadas a crianças de até cinco anos de idade, até as quase 160
discussões da programação científica. “Tivemos educação científica, políticas
públicas, meio ambiente, novas tecnologias, saberes tradicionais, saúde, muitas
trocas de conhecimentos. Porque todos nós somos leigos em alguma coisa e é
importante que nos embebamos nas outras especialidades. Essa é uma das funções
das Reuniões Anuais e da SBPC”, disse.
O tema central desta 76ª Reunião Anual
foi “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo
contrato social com a natureza”, e sobre isso, Janine Ribeiro
refletiu sobre a crise climática e a importância de uma reconexão do homem, da
ciência com a natureza da qual somos parte. “Com a natureza, a gente aprende a
viver melhor. Aqui na Amazônia, a gente reúne a riqueza real e potencial dessa
natureza.
O objeto de estudo da ciência diz respeito a esse potencial. Essa é
uma região que abriga mais de 300 campi de
ensino superior e pesquisa. Uma expertise de altíssima qualidade, que
precisamos para enfrentar os desastres climáticos que vemos se intensificar em
todo o País”. O presidente da SBPC lembrou da situação trágica no Rio Grande do
Sul e em outras regiões do País, e apontou a necessidade de proteger quem mais
sofre os efeitos do descaso ambiental – as populações mais vulneráveis –,
justamente quem menos impacto negativo provoca sobre a natureza. Outra função
central da SBPC e seus encontros, conforme ressaltou Janine Ribeiro, é a de
incentivar a participação pública na vida política do País, na elaboração de
políticas públicas. “Este é um espaço de discussão plural, com base científica.
É isso que defendemos”, concluiu.
A Secretária-geral da SBPC e coordenadora da
76ª Reunião Anual, Cláudia Linhares Sales ressaltou a grandeza do evento. “Nós
ainda vamos comparar os números de participantes e de atividades desta edição
com as edições anteriores. O que podemos adiantar é que são números
impressionantes, é uma Reunião Anual que já entrou para a história. Não há
dúvidas de que, se essa não foi a maior edição, foi uma das maiores edições da
Reunião Anual da SBPC entre as suas 76 edições!” Linhares Sales também
agradeceu à equipe da SBPC pelo auxílio na condução do evento. “A nossa equipe
sabe da minha gratidão pessoal à dedicação e ao empenho de cada um. É uma garra
e um amor que eles têm, e esse amor é pela missão da SBPC, de difundir a
Ciência, e isso é muito mais importante do que um amor ao nome da SBPC. É uma
missão que apaixona, que mobiliza essa equipe e que mobiliza nós da Diretoria
também.” A secretária-geral agradeceu nominalmente a equipe técnica da UFPA
envolvida na 76ª Reunião Anual e as instituições patrocinadoras e apoiadoras do
evento (ver no final da matéria).
“Uma escuta que nunca tivemos antes”
O reitor da
UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, falou da importância do evento para a
comunidade científica da Amazônia. “Significou muito para nós, para todas as
pessoas da UFPA e das outras instituições da Amazônia. Significou, de modo
especial, uma escuta que possivelmente nunca tivemos antes. Obrigado por nos
ouvirem tão atentamente”, disse Tourinho. Além de ouvidos, o reitor destacou a
importância de também abrir as mentes para conhecer a Amazônia e integrá-la na
busca das soluções para os problemas da sociedade brasileira, desde as mais
básicas, como acesso a água, energia e internet, até as mais avançadas, como
saúde, educação, segurança e cidadania.
Tourinho enfatizou ainda a diversidade
do Brasil como sua maior força, capaz de gerar soluções inovadoras para
problemas globais. “Vimos nesta reunião que não faltam criatividade e capacidade
técnica no Brasil para vencer os desafios da sustentabilidade e da inclusão. A
ciência brasileira é potente, é capaz de sustentar um projeto de nação com
conquistas civilizatórias avançadas para todas e todos.” O reitor também
expressou entusiasmo com os resultados do evento. “Saímos daqui animados com o
que ouvimos, com o que vimos, com os encontros, conversas e, quiçá, até com a
chuva, que deu o ar de sua graça – afinal, estamos em Belém do Pará.”
Próxima
parada: UFRPE .
Também foi anunciada na cerimônia a próxima sede
do encontro: Recife. A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) foi
escolhida para receber a 77ª da Reunião Anual da SBPC e a reitora Maria José de
Sena foi pessoalmente à Belém apresentar a instituição. Sena falou do papel da
universidade que corta o estado e transformou a região. “A UFRPE tirou da
miséria vários jovens a partir do programa de interiorização, o que mostra a
importância da Ciência”, afirmou. Sena agradeceu a confiança da SBPC em
escolher a UFRPE para sediar a próxima Reunião Anual, e afirmou que
corresponderá à grandeza desse evento. “Eu acho que a gente demonstra a força
da Ciência em momentos como a Reunião Anual da SBPC. E a gente também repassa
para a sociedade o quão importante é o investimento em Ciência. Sem investir na
Ciência, não existe a menor possibilidade de termos um País desenvolvido, forte
e combativo.”. A reitora encerrou sua fala convidando todos a se programarem
para, em julho de 2025, participar e conhecer essa universidade de 112 anos,
quatro campi, 1200 professores e mais de 15 mil estudantes.
“Teremos muita ciência, muito frevo no pé e muita tapioca no prato!”.
Apoiadores .
A
76ª Reunião Anual foi uma realização da UFPA e da SBPC, que tem como sócios
institucionais a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do
Rio de Janeiro (Faperj), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação
de Maricá (ICTIM). Os patrocinadores foram a Fundação de Amparo e Desenvolvimento
da Pesquisa (Fadesp), a Finep, Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e
Pesquisas (Fapespa) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp). Essa edição teve como parceiros institucionais a Universidade do
Estado do Pará (Uepa), o Instituto Federal do Pará (IFPA), a Universidade
Federal do Oeste do Pará (Ufopa), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do
Pará (Unifesspa), a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e o Museu
Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Contou, também, com o apoio da Prefeitura de
Belém, da Semec, da Secretaria de Estado de Cultura-SECULT-PA, da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Educação,
do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Ministério de Desenvolvimento
Social.
(FONTE: Transcrição reportagem de Daniela
Klebis e Rafael Revadam – Jornal da Ciência. FOTO: SBPC )