sexta-feira, 26 de julho de 2024

"CNEN pede socorro", segundo nota divulgada por associações representativas de funcionários.

 


“As Associações que representam os trabalhadores da Comissão Nacional de Energia Nuclear/CNEN vêm a público externar sua preocupação com a situação crítica e precária que seus Institutos estão enfrentando, em especial pela falta da recomposição de seus quadros de servidores. Esta situação foi agravada por 10 anos sem concurso – período em que mais da metade de sua força de trabalho atingiu as condições para aposentadoria.

A CNEN é uma Autarquia Federal vinculada ao MCTI, com atuação em 18 localidades em todo o Brasil, onde trabalham 1.408 servidores efetivos. São esses servidores que cumprem as tarefas da Comissão, que é a responsável por estabelecer normas e regulamentos de radioproteção, e pela regulação, licenciamento e fiscalização da produção e uso da energia nuclear. 

O último concurso para a CNEN foi realizado em 2014. Ao longo destes 10 anos, a Instituição vem reiteradamente solicitando, ano após ano, autorização do governo federal para a realização de novos concursos, PORÉM SEM ÊXITO ATÉ A PRESENTE DATA. 

Isso fragiliza, cada vez mais, a Comissão no cumprimento de suas atribuições, o que, na prática, significa uma ameaça para o país. Como exemplo, os casos amplamente noticiados do desaparecimento de duas fontes radioativas de uma mineradora em Minas Gerais em julho/2023, e o roubo de um veículo com carga radioativa em São Paulo julho/2024 – já recuperados. Foi graças a rápida atuação dos servidores da CNEN que garantiu o resgate do material radioativo extraviado e a implementação das medidas necessárias para proteger a população e o meio ambiente. 

Outro exemplo, que significa um risco para toda população, A CNEN através de seus institutos localizados em São Paulo, Minas Gerais e Recife, opera a única Rádio Farmácia Pública do Brasil que atende o sistema SUS e a rede privada, essencial à realização de mais de 2 milhões de exames anuais, em todo país. 

A realização de concurso público para a CNEN é uma urgência nacional. Como continuar a prover o necessário desenvolvimento e uso seguro de nossa área nuclear sem recursos humanos? Os setores burocráticos da área de planejamento e gestão do Estado Brasileiro precisam entender que recursos humanos da CNEN não são gastos, mas investimentos necessários que não podem mais serem contingenciados. A soberania nacional está em risco, pois a escassez de recursos humanos compromete a execução das funções regulatórias, emergenciais e de pesquisa, desenvolvimento e inovação realizadas pela CNEN e por seus institutos de pesquisa. 23/07/2024 “. Assinam a nota: Associação dos Servidores da CNEN de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Poços de Caldas (MG), e IPEN/SP. 

Leia no Blog as matérias sobre o furto de material radioativo para a medicina nuclear e de veículo corrido em SP, no dia 29/6 e divulgado em 4/7.  O desaparecimento de fontes em Minas Gerais também foi amplamente divulgado pelo BLOG no ano passado. 

FOTO: CNEN – LOCAL ONDE PARTE DO MATERIAL RADIOATIVO TERIA SIDO ENCONTRADO -  

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quinta-feira, 25 de julho de 2024

Mais de 11.500 equipamentos de Angra 3 estocados há décadas. Eletronuclear: "estão conservados"

 


Pelo menos 11.500 equipamentos destinados a Angra 3 estão estocados há décadas para serem montados e instalados na usina nuclear, em construção desde 1984. Enquanto uma parte dos equipamentos fica na Nuclep, em Itaguaí, a maioria está mantida em galpões no sítio da Central Nuclear, em Angra dos Reis. Todos os itens são inspecionados e estão conservados, garante o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, que esteve ontem na estatal, percorreu a linha de produção, o local onde encontram-se o vaso do reator e quatro geradores de vapor. 

Não foram divulgadas informações sobre o valor dos equipamentos, quanto custa a manutenção e se tudo é feito sem a participação de técnicos estrangeiros. Angra 3 tem 65% das obras civis concluídas. A usina já consumiu R$ 8 bilhões, depende de R$ 20 bilhões para ser inaugurada até 2030 e deve pelo menos R$ 6.6 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF). 

“É importante que o Raul Lycurgo veja de perto o trabalho desenvolvido pela Nuclep e espero que se efetive um programa nuclear com outras usinas no futuro, mas precisamos nesse momento tratar de Angra 3. Ela realmente tem que sair do papel”, comentou o presidente da Nuclep, Carlos Henrique Silva Seixas, que no ano passado foi alvo de funcionários contrários a sua permanência no posto, desde a gestão anterior. No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retirou a Nuclep do programa nacional de privatização. 



ACORDO BRASIL -ALEMANHA - 

A Nuclep nasceu a partir do acordo nuclear Brasil-Alemanha, firmado pelo presidente Ernesto Geisel, em 1975, que originou a holding Nuclebras, e diversas subsidiárias, como a empresa em Itaguaí. Previa-se, na época, a construção de oito usinas atômicas e o enriquecimento de urânio pelo método “Jet nozle”, que sequer a Alemanha dominava. Com o passar do tempo, mais precisamente no final da década de 80, a Marinha conseguiu enriquecer urânio por ultracentrifugação, utilizando verbas secretas, como a “Delta 3”, no Centro Experimental de Aramar, São Paulo. 

A Nuclep já enfrentou muitos problemas porque não havia demandas para as usinas: apenas a norte-americana Angra 1 e a alemã Angra 2 foram inauguradas. Já Angra 3, a segunda unidade pelo acordo, começou a ser erguida em 1984 e permanece em construção. A Nuclep passou a atender às demandas de submarinos convencionais e do protótipo do submarino nuclear. Além disso, expandiu as suas atividades para outras áreas. Produz equipamentos pesados e estratégicos à diversos setores da indústria, atuando nas áreas nuclear, offshore, químico/petroquímico, naval, siderúrgica, mineração, hidrelétrica, termoelétrica, petróleo e gás. 

A empresa ocupa uma área de 1.5 milhão de metros quadrados, com 85 mil metros quadrados de área fabril, localizada no município de Itaguaí, com acesso para três grandes capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.  

(FOTOS: EQUIPAMENTOS E NUCLEP) – 

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sexta-feira, 19 de julho de 2024

ANGRA 3: prorrogado o resultado de consulta pública para retomada das obras iniciadas em 1984

 


As empresas que participam da consulta pública ao contrato de licitação e minutas do edital visando à conclusão das obras da usina Angra 3, terão que aguardar mais 45 dias. Hoje, a Eletronuclear divulgou que prorrogou o prazo da divulgação dos resultados até 19 de agosto, “em função da quantidade e natureza das contribuições recebidas durante a consulta pública”. Especialistas lembram que há exatos 30 dias a Eletronuclear rescindiu contrato com o Consórcio Ferreira Guedes - Matricial - Adtranz, por descumprir cláusulas importantes do negócio. Estariam em desacordo valores de R$ 262 milhões, além de multas ao consorcio, entre outros problemas. 

Sobre a prorrogação anunciada hoje (19/07/2024) a Eletronuclear informou que não impacta o planejamento da empresa. Até porque Angra 3 começou a ser construída em 1984. Portanto, aguardar mais um mês, comentaram especialistas, não causará grandes estragos. “Com apoio técnico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a consulta pública buscou obter sugestões de melhorias nos documentos relacionados aos serviços de Engenharia, Gestão de Compras e Construção (EPC, em inglês), incluindo a Matriz de Risco e outros complementos contratuais”, informou a companhia. Atualmente, a Eletronuclear aguarda a finalização de estudos independentes desenvolvidos pelo BNDES.  Segundo a companhia, os estudos serão analisados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo Ministério de Minas e Energia e pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que ficarão responsáveis por definir a outorga e aprovar a tarifa de comercialização da energia gerada por Angra 3. 

RESCISÃO DE CONTRATO - 

Há um mês (17/06/2024) a Eletronuclear divulgou mais uma notícia nada animadora sobre Angra 3: a companhia havia rescindido o contrato DAN.A-4500052810 com o Consórcio Ferreira Guedes - Matricial - Adtranz, firmado no dia 9 de fevereiro de 2022 com objetivo de reiniciar a construção da central atômica e realizar as obras civis no âmbito do Plano de Aceleração da Linha Crítica da unidade. O consórcio, segundo a companhia, descumpriu cláusulas importantes do negócio. Estariam em desacordo valores de R$ 262 milhões, além de multas ao consorcio, entre outros problemas.

“O distrato unilateral ocorre conforme a cláusula 23 do contrato e artigo 95 do Regulamento de Licitações e Contratos da Eletronuclear, com a devida aplicação de sanções, conforme art. 96 do Regulamento, art. 82 da Lei 13.303/2016 e cláusula 24 do vínculo em questão. O Consórcio descumpriu, reiteradamente, as cláusulas 5 e 6, que abordam a ordem de execução e o cronograma, além da 22ª”, informou a Eletronuclear em nota. E mais: “Não cumprimento ou o cumprimento irregular das cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos intermediários e finais; cometimento reiterado de faltas na execução do contrato, devidamente anotadas em registro próprio conforme subitem 10.2.4 e lentidão do cumprimento do contrato, levando a Eletronuclear a comprovar a impossibilidade da sua conclusão no prazo estipulado." 

Conforme a companhia informou na ocasião, além da rescisão, será aplicada uma multa correspondente a 10% do valor do contrato, conforme item 33.2 da cláusula 33 - o valor deste contrato é igual ao seu custo final, considerando eventuais reajustes - e suspensão de seis meses de licitar, com inclusão no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS). A decisão, portanto, afirma a companhia, é consequência de um extenso processo administrativo, que provou a inexecução do projeto contratado e a incapacidade do Consórcio em atingir os níveis de qualidade e exigência para uma obra nuclear. 

 “O escopo originalmente alocado ao Consórcio foi incluído como opcionalidade na minuta do contrato do EPC principal, a ser selecionado em futura licitação e que passou recentemente por uma Consulta Pública, encerrada no dia 17 de maio”. 

A Eletronuclear informou que aguardava a finalização de estudos independentes que estão sendo conduzidos pelo BNDES, para avaliar as condições técnica, econômica e jurídica do projeto. “Após esta etapa, a empresa espera que as obras civis deslanchem”, garantiu a companhia. Tais estudos serão analisados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo Ministério de Minas e Energia e pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que ficarão responsáveis por definir a outorga e aprovar a tarifa de comercialização da energia gerada por Angra 3. As mesmas informações divulgadas hoje, ao mesmo tempo que informa a prorrogação do resultado. 

ANGRA 3 -  

Angra 3 faz parte do pacote do acordo Nuclear Brasil-Alemanha, firmado em 1975, que revia a construção de oito usinas atômicas. Até o momento, apenas Angra 2 funciona. Angra 1, em operação, foi comprada antes da Westinghouse norte-americana. Angra 3 já consumiu R$ 8 bilhões e depende de mais R$ 20 bilhões para entrar em operação, até 2030. A dívida com o BNDES e a Caixa Econômica Federal (CEF), por conta de juros de envolvendo a compra de equipamentos, por exemplo, chega a R$ 6.6 bilhões.  

(FONTE – FOTO: ELETRONUCLEAR - ANGRA 3) - 

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quinta-feira, 18 de julho de 2024

Concurso abrirá 220 vagas na Agência Nacional de Mineração, sem contemplar todas as necessidades. Exigências em vistorias nas barragens de Caldas continuam em análise

 



O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos acaba de autorizar concurso para a contratação de 220 servidores para a Agência Nacional de Mineração (ANM). Serão 180 vagas para especialistas em recursos minerais; e 40, analistas administrativos, ambos com nível superior. Mas o concurso anunciado esta semana no Diário Oficial da União não contempla todas as necessidades da ANM. 

“A Superintendência de Segurança de Barragens de Mineração (SBM) da Agência Nacional de Mineração (ANM), tem em seu quadro 71 Especialistas em Recursos Minerais distribuídos em seis unidades administrativas, entre elas o eixo central que fiscaliza e acompanha as barragens de mineração no município de Caldas/MG. O concurso anunciado não contempla todas as necessidades da ANM”, informou a Agência. 

As barragens da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) INB, que no ano passado foram alvo de diversos questionamentos e denúncias de parlamentares e ambientalistas passaram por três ações de fiscalização nas seguintes datas: 20/06/2023 e 21/06/2023; 26/09/2023 e 27/09/2023; 09/04/2024 e 10/04/2024.”As ações tiveram os objetivos gerais de verificar o estado de conservação e o andamento das adequações legais das estruturas em relação à legislação”, informou a ANM. 

DOZE EXIGÊNCIAS ESTÃO EM ANÁLISE -

As fiscalizações notificaram a INB a uma série de medidas de proteção. As notificações foram atendidas? Desde o início do processo de fiscalização das barragens da INB, foram emitidas um total de 36 exigências, das quais 24 encontram-se encerradas, quatro encontram-se em prazo de cumprimento e oito, que tiveram prazos encerrados recentemente, encontram-se em análise pela ANM. Ou seja, 12 exigências ainda estão sendo analisadas. 

Mas a população pode ficar tranquila. Segundo a ANM não existe comunidade na ZAS (Zona de Autossalvamento) das estruturas da INB. Segundo a literatura, estas regiões estão imediatamente a jusante da barragem, em que se considera não haver tempo suficiente para uma adequada intervenção dos serviços e agentes de proteção civil em caso de acidente, como rompimento de barragens. “Além disso, na data da última vistoria, as estruturas encontravam-se, em geral, em bom estado de conservação e com obras e estudos em andamento objetivando o atendimento da legislação de segurança de barragens”, garantiu. 

Embora estejam fora das atribuições da ANM, foi constatado que as águas das bacias próximas à Unidade de Descomissionamento de Caldas, da INB, foram contaminadas por urânio ao longo do tempo, com a extração do mineral a partir da mina de cava, desativada. O BLOG vem tentando contato com a INB sobre este e outros assuntos, sem retorno, desde o ano passado. 

LEIA NO BLOG DIVERSAS MATÉRIAS SOBRE AS VISTORIAS DA ANN EM CALDAS. 

(FOTO: BARRAGENS – INB – Caldas) - COLABORE COM O BLOG. SEIS ANOS DE JORNALISMO INDEPENDENTE – CONTRIBUA VIA PIX: 21 99601-5849. CONTATO: malheiros.tania@gmail.com     

terça-feira, 16 de julho de 2024

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação informa os valores destinados ao Reator para Medicina Nuclear

 


O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) acaba de informar os valores já liberados e previstos para o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), destinado à Medicina Nuclear. O total do projeto RMB até 2030 é de R$ 2,7 bilhões. Os recursos no valor de R$ 306 milhões para este ano foram autorizados e serão liberados até o final do ano.

Seguem os valores investidos do Novo PAC (via Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / FNDCT) no projeto do RMB, informou o MCTI: 

2023: R$ 158 milhões (já realizados); 2024: R$ 306 milhões (já autorizado, que será liberado até o final do ano); 2025: R$ 300 milhões (previstos); 2026: R$ 300 milhões (previstos); e 2027: R$ 220 milhões (previstos). De 2023 até 2025. O valor é de R$ 764 milhões. O total do projeto RMB até 2030: 2,7 bilhões. Os resultados do estágio atual são: fase de reformulação de projetos em conclusão, início da fase de compras e importação de insumos e equipamentos.

Leia no BLOG: Em 16/07/2024 – Projeto do Reator para a Medicina Nuclear ainda na dependência de recursos.  

(FONTE: MCTI) – FOTO: maquete do RMB – CNEN- 

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Projeto do Reator para Medicina Nuclear ainda na dependência da liberação de recursos

 


O projeto de construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), destinado à produção de radioisótopos para a medicina nuclear, foi tema de debate durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém do Pará, encerrada esta semana. Participaram o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Wilson Calvo; a especialista em medicina nuclear e membro da atual diretoria da Associação Nacional de Empresas de Medicina Nuclear (ANAEMN), Daniela Oda; e o consultor técnico do RMB no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), José Augusto Perrotta.

 


“A ideia é que nos próximos meses seja construída uma ponte e abertas e pavimentadas as vias de acesso a área do futuro reator e demais prédios auxiliares a serem construídos, mas isso depende da liberação de recursos para a obra que deve ficar pronta em 2030”, revelou Perrotta, um dos pioneiros no projeto estratégico para a CNEN e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). 

O RMB continua orçado em US$ 500 milhões e está em fase de retomada após quatro anos parado. O RMB, como tem sido divulgado, será construído num terreno de 2 milhões de metros quadrados próximo ao município de Iperó, no interior de São Paulo; está com os licenciamentos exigidos para sua construção concluídos. O projeto do RMB recebeu uma injeção de ânimo por ter sido incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como prioridade no financiamento através do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). 

“Estamos desenvolvendo um diálogo tanto no MCTI quanto na Casa Civil, quem coordena o PAC, para juntos verificarmos como fazer a implantação tendo em vista os números grandiosos do projeto”, comentou Perrotta. A especialista em medicina nuclear, Daniela Oda, apresentou um panorama sobre a aplicação da medicina nuclear teranóstica (para fins de diagnóstico e tratamento) e os desafios do mercado que envolve a medicina nuclear brasileira em clínicas particulares. Ela chamou a atenção para a necessidade da modernização e ampliação da produção de radiofármacos e o papel do IPEN, da CNEN e do RMB no futuro deste processo. Também apresentou números que indicam uma diminuição de tratamentos, principalmente de câncer no Brasil, enquanto a doença cresce em muitos países.

 Para o diretor de pesquisa e desenvolvimento da CNEN, Wilson Calvo, que apresentou as questões legais e normativas que envolvem o setor nuclear brasileiro, o RMB é essencial para propiciar custos mais baixos aos insumos, e consequentemente, aos tratamentos da população, conseguindo assim atingir um número maior pessoas que não podem esperar muito tempo pelos procedimentos médicos envolvidos. “Vimos aqui que os radiofármacos são um insumo extremamente estratégico e nós precisamos deles para que um número maior de pacientes seja atendido e ainda para que possamos evitar os riscos de desabastecimentos, como ocorreu no passado devido a uma série de fatores”, ressaltou. 

(FONTE: IPEN-CNEN) 

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76ª Reunião Anual da SBPC registra recorde de público, na UFPA, em Belém do Pará

 


A 76ª Reunião Anual da SBPC registrou o maior público estimado pela Comissão Local Organizadora em torno de 50 a 60 mil pessoas circulando pelas centenas de atividades realizadas de 8 a 13 de julho no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, o evento colecionou recordes. E o mais importante: conseguiu, de fato, colocar a região amazônica no centro das atenções de todo o País (veja aqui os números da RA). 

Na sessão de encerramento, na última sexta-feira, Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, celebrou os resultados da semana de superlativos e a efervescência no campus, com pessoas de todas as idades participando com entusiasmo nas tendas, nos auditórios, nos debates, por todo o campus, todos os dias. “Acho que poderia até dizer que foi a maior e melhor Reunião Anual que a SBPC já realizou”, avaliou. Janine Ribeiro destacou a participação das três ministras na Reunião Anual, Luciana Santos, Nísia Trindade e Marina Silva no evento. Todas falaram para auditórios lotados, ovacionadas pelas plateias e trazendo mensagens importantíssimas. 

O presidente da SBPC também ressaltou a abrangência de públicos e de temas discutidos ao longo da semana. Desde o espaço inédito “Infâncias Mairi”, uma tenda com atividades de iniciação científica exclusivamente voltadas a crianças de até cinco anos de idade, até as quase 160 discussões da programação científica. “Tivemos educação científica, políticas públicas, meio ambiente, novas tecnologias, saberes tradicionais, saúde, muitas trocas de conhecimentos. Porque todos nós somos leigos em alguma coisa e é importante que nos embebamos nas outras especialidades. Essa é uma das funções das Reuniões Anuais e da SBPC”, disse. 

O tema central desta 76ª Reunião Anual foi “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo contrato social com a natureza”, e sobre isso, Janine Ribeiro refletiu sobre a crise climática e a importância de uma reconexão do homem, da ciência com a natureza da qual somos parte. “Com a natureza, a gente aprende a viver melhor. Aqui na Amazônia, a gente reúne a riqueza real e potencial dessa natureza.

O objeto de estudo da ciência diz respeito a esse potencial. Essa é uma região que abriga mais de 300 campi de ensino superior e pesquisa. Uma expertise de altíssima qualidade, que precisamos para enfrentar os desastres climáticos que vemos se intensificar em todo o País”. O presidente da SBPC lembrou da situação trágica no Rio Grande do Sul e em outras regiões do País, e apontou a necessidade de proteger quem mais sofre os efeitos do descaso ambiental – as populações mais vulneráveis –, justamente quem menos impacto negativo provoca sobre a natureza. Outra função central da SBPC e seus encontros, conforme ressaltou Janine Ribeiro, é a de incentivar a participação pública na vida política do País, na elaboração de políticas públicas. “Este é um espaço de discussão plural, com base científica. É isso que defendemos”, concluiu. 

A Secretária-geral da SBPC e coordenadora da 76ª Reunião Anual, Cláudia Linhares Sales ressaltou a grandeza do evento. “Nós ainda vamos comparar os números de participantes e de atividades desta edição com as edições anteriores. O que podemos adiantar é que são números impressionantes, é uma Reunião Anual que já entrou para a história. Não há dúvidas de que, se essa não foi a maior edição, foi uma das maiores edições da Reunião Anual da SBPC entre as suas 76 edições!” Linhares Sales também agradeceu à equipe da SBPC pelo auxílio na condução do evento. “A nossa equipe sabe da minha gratidão pessoal à dedicação e ao empenho de cada um. É uma garra e um amor que eles têm, e esse amor é pela missão da SBPC, de difundir a Ciência, e isso é muito mais importante do que um amor ao nome da SBPC. É uma missão que apaixona, que mobiliza essa equipe e que mobiliza nós da Diretoria também.” A secretária-geral agradeceu nominalmente a equipe técnica da UFPA envolvida na 76ª Reunião Anual e as instituições patrocinadoras e apoiadoras do evento (ver no final da matéria).

 “Uma escuta que nunca tivemos antes” 

O reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, falou da importância do evento para a comunidade científica da Amazônia. “Significou muito para nós, para todas as pessoas da UFPA e das outras instituições da Amazônia. Significou, de modo especial, uma escuta que possivelmente nunca tivemos antes. Obrigado por nos ouvirem tão atentamente”, disse Tourinho. Além de ouvidos, o reitor destacou a importância de também abrir as mentes para conhecer a Amazônia e integrá-la na busca das soluções para os problemas da sociedade brasileira, desde as mais básicas, como acesso a água, energia e internet, até as mais avançadas, como saúde, educação, segurança e cidadania. 

Tourinho enfatizou ainda a diversidade do Brasil como sua maior força, capaz de gerar soluções inovadoras para problemas globais. “Vimos nesta reunião que não faltam criatividade e capacidade técnica no Brasil para vencer os desafios da sustentabilidade e da inclusão. A ciência brasileira é potente, é capaz de sustentar um projeto de nação com conquistas civilizatórias avançadas para todas e todos.” O reitor também expressou entusiasmo com os resultados do evento. “Saímos daqui animados com o que ouvimos, com o que vimos, com os encontros, conversas e, quiçá, até com a chuva, que deu o ar de sua graça – afinal, estamos em Belém do Pará.” 

Próxima parada: UFRPE .

Também foi anunciada na cerimônia a próxima sede do encontro: Recife. A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) foi escolhida para receber a 77ª da Reunião Anual da SBPC e a reitora Maria José de Sena foi pessoalmente à Belém apresentar a instituição. Sena falou do papel da universidade que corta o estado e transformou a região. “A UFRPE tirou da miséria vários jovens a partir do programa de interiorização, o que mostra a importância da Ciência”, afirmou. Sena agradeceu a confiança da SBPC em escolher a UFRPE para sediar a próxima Reunião Anual, e afirmou que corresponderá à grandeza desse evento. “Eu acho que a gente demonstra a força da Ciência em momentos como a Reunião Anual da SBPC. E a gente também repassa para a sociedade o quão importante é o investimento em Ciência. Sem investir na Ciência, não existe a menor possibilidade de termos um País desenvolvido, forte e combativo.”. A reitora encerrou sua fala convidando todos a se programarem para, em julho de 2025, participar e conhecer essa universidade de 112 anos, quatro campi, 1200 professores e mais de 15 mil estudantes. “Teremos muita ciência, muito frevo no pé e muita tapioca no prato!”. 

Apoiadores . 

A 76ª Reunião Anual foi uma realização da UFPA e da SBPC, que tem como sócios institucionais a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM). Os patrocinadores foram a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), a Finep, Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Essa edição teve como parceiros institucionais a Universidade do Estado do Pará (Uepa), o Instituto Federal do Pará (IFPA), a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Contou, também, com o apoio da Prefeitura de Belém, da Semec, da Secretaria de Estado de Cultura-SECULT-PA, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Educação, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Ministério de Desenvolvimento Social. 

(FONTE: Transcrição reportagem de Daniela Klebis e Rafael Revadam – Jornal da Ciência. FOTO: SBPC )  

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