sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Brasil amplia sua capacidade de enriquecer urânio

 


Entre o final do ano e o início de 2022 a capacidade de enriquecimento de urânio no Brasil será ampliada com a inauguração da 9ª Cascata, na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), no município de Resende (RJ), da Indústria Nucleares do Brasil (INB). A inauguração da 8ª Cascata, no dia 29 de novembro de 2019, envolveu investimentos da ordem de R$ 600 milhões. A tecnologia de enriquecimento isotópico de urânio é dominada apenas por um grupo seleto de países.

 Atualmente, em sua primeira fase de implantação, a Usina de Enriquecimento de Urânio conta com quatro módulos construídos, planejados para abrigar um total de dez cascatas de ultracentrífugas. As informações estão em relatórios da INB pesquisados pelo blog. 

“ A implantação da Usina de Enriquecimento deve prosseguir até que, ao final de sua segunda fase, seja alcançada com a Usina Comercial  de Enriquecimento de Urânio (UCEU), com capacidade de suprir com produção nacional, a demanda anual de urânio enriquecido para as usinas de Angra dos Reis: angra 1 e Angra 2, em funcionamento”. 

Com oito cascatas comissionadas a Usina de Enriquecimento encontra-se com uma capacidade nominal instalada de cerca de 54.000kg UTS/ano, o que equivale a aproximadamente 60% da necessidade anual estimada da Usina Angra 1. Com o comissionamento da 9ª Cascata, esta capacidade terá um aumento de cerca de 18%, chegando a 63.500kg de UTS/ano. Com a cascata 10ª Cascata, a capacidade deverá chegar a 70.000 kg de UTS/ano.

 Através da INB, o governo também quer expandir a Usina de Enriquecimento. Para isso, deve concluir o detalhamento do Projeto Básico e Planilhas de Quantitativos para a implantação da segunda fase da unidade. Estão previstos levantamento topográfico cadastral e planejamento georreferenciado do terreno onde se dará a ampliação e a sondagem do solo em profundidade. 

Há dois anos, quando anunciou a inauguração da 8ª Cascata, o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, comentou: “Tivemos altos e baixos. Mas estamos vivendo um momento promissor. Pela primeira vez estamos vendo um governo dizer que a energia nuclear é prioridade de Estado”, afirmou o ministro. Na época, afirmou também que a intenção é viabilizar o ciclo completo do combustível, da mineração até a finalização com o enriquecimento.  

Na mesma época, o presidente da INB, Carlos Freire Moreira, disse que, com a entrada em operação da 8ª Cascata, a empresa aumentava em 20% a produção de urânio enriquecido no país.  “A 8ª cascata faz parte da 1ª fase de implantação da Usina de Enriquecimento de Urânio, prevista para ser concluída em 2021 com a instalação da 9ª e 10ª cascatas”, mas a 10ª não deverá ocorreu este ano. 

A implantação dessa 2ª fase contemplará três etapas. Esse contrato abrange a Etapa 1 que consiste na instalação de 12 cascatas de ultracentrífugas. Quando estiver concluída, a INB alcançará uma capacidade de enriquecimento de urânio que atenderá plenamente as necessidades de combustível nuclear das usinas de Angra I e Angra 2. 

A Unidade da INB, em Resende, está situada no Distrito de Engenheiros Passos, abrangendo uma área total de aproximadamente 600 hectares. Destes, somente 60 hectares eram efetivamente ocupados pela FCN, constituída pelas Unidades de Produção de Serviços de Enriquecimento Isotópico de Urânio, de Produção de Pó e Pastilhas de Urânio e de Produção do Elemento Combustível. A Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio ocupa cerca de 20% da área da FCN, ou seja, cerca de 12 hectares. 

FOTO -Unidade em Resende – INB – 

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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Angra 2: concluída a transferência de combustível usado (urânio) para a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS)


A Eletronuclear do grupo Eletrobras concluiu nesta quarta-feira (27/10) a transferência dos combustíveis usados (urânio) da usina nuclear Angra 2 para a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS). No total, a companhia tem agora nove cascos, conhecidos como Hi-Storms, armazenados no depósito. Cada um contém 32 elementos combustíveis. As informações são da companhia, que está investindo cerca de US$ 50 milhões no projeto para abrigar os elementos combustíveis das usinas até 2045. 

 A atividade de transferência foi iniciada em abri e interrompida por conta do reabastecimento da usina em junho, sendo retomada em seguida. Assim, a estatal começou a retirar combustíveis usados da piscina de Angra 2, que chegou ao limite de sua capacidade, abrindo espaço para os que foram  descarregados do reator durante a parada. 

O próximo passo agora é realizar a transferência dos combustíveis usados de Angra 1 para a UAS. A empresa informou que no momento estão sendo finalizadas as mudanças de projeto na usina, como um “upgrade” (atualização) na ponte do edifício de combustível. O trabalho vai ocorrer de novembro a janeiro. 

Há cerca de um mês, dirigentes da Agência Internacional de Energia atômica (AIEA), visitaram as instalações nucleares brasileiras, entre elas, as usinas e a UAS. Todo o combustível usado nas usinas nucleares pode ser reprocessado para ser usado como plutônio. Plutônio é combustível utilizado para alimentar armas atômicas, mas o Brasil tem declarado o uso pacifico da energia nuclear, com fim exclusivo de geração de energia elétrica. 

TECNOLOGIA NORTE-AMERICANA -

 Inicialmente, a UAS contará com 15 módulos. No total, 288 elementos combustíveis foram retirados de Angra 2 e outros 222 serão retirados de Angra 1, abrindo espaço nas piscinas de armazenamento para mais cinco anos de operação de cada planta. O depósito comporta até 72 módulos, com capacidade para armazenar combustível usado até 2045. A tecnologia é da empresa norte-americana Holtec, que participa da operação com 50 profissionais; outros 20, são da Eletronuclear. 

Chamados de Hi-Storms, (cascos) são recipientes com duas paredes cilíndricas de aço preenchido com 70 centímetros de concreto de alta densidade, empregados para transportar os elementos combustíveis usados das piscinas das usinas à UAS. Segundo a Eletronuclear, os combustíveis usados são inseridos em cânisteres de aço inoxidável, totalmente selado, que, por sua vez, são inseridos nos Hi-Storms. E assim são transportados e armazenados sobre a laje da UAS. 

De acordo com a estatal, a transferência funciona da seguinte forma. Na piscina, os combustíveis usados são inseridos em um cânister, que, por sua vez, está acondicionado dentro de um recipiente chamado Hi-Trac. Cada cânister tem capacidade para conter 32 elementos combustíveis usados. Em seguida, o conjunto é retirado da piscina, o cânister é fechado e lacrado via solda, a água é removida de seu interior e gás hélio é inserido, para não haver corrosão no elemento combustível. 

Esse container é transferido do Hi-Trac para o Hi-Storm, invólucro de concreto especial reforçado, que recebe uma tampa, parafusada no recipiente. Na sequência, o Hi-Storm é levado à UAS em um carro de transferência, é içado e posicionado numa laje, onde permanecerá, concluindo o processo. 

A construção da UAS foi anunciada pelo blog na edição de 4 de agosto de 2018. Desde então foram movidas ações na Justiça contestando a segurança do empreendimento e a transferência do combustível; enquanto ambientalistas alertavam contra os perigos de contaminação radioativa para a população. 

Leia no blog: Brasil constrói depósito para combustível nuclear de Angra 1 e Angra 2 (04/08/2018); Angra 1 recebe combustível nuclear – Usinas nucleares: construção do depósito de combustível usado vai começar (29/10/2019); Começa em outubro treinamento inédito de pessoal para transferir combustível  usado (urânio) de Angra 1 e Angra 2 para Unidade de Armazenamento a Seco (15/09/2020); Procurador da República quer informações sobre segurança do depósito para urânio irradiado de usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 (16/09/2020); Procurador da República move ação visando parar obras de UAS para armazenar urânio usado de Angra 1 e Angra 2, por falta de licenças ambientais (13/10/2020). 

FOTO: UAS – Eletronuclear - 

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terça-feira, 26 de outubro de 2021

Angra 3: contrato para a retomada das obras está pronto para ser assinado

 


Está pronto o contrato para o início das atividades no canteiro de obras da central nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ), conforme o blog apurou nesta terça-feira (26/10). Para ser assinado com o consórcio vencedor, a Eletronuclear, gestora das usinas, aguarda apenas a autorização do Conselho da holding Eletrobras. Do ponto de vista legal, está tudo concluído para a retomadas das obras, colocando um ponto final no enredo iniciado a partir do acordo nuclear Brasil-Alemanha, em 1975. 

Desde o dia 22 de julho último, em sessão pública, quando a Eletronuclear declarou o consórcio vencedor, é grande a expectativa. Venceu a licitação o consórcio composto por Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz para contratar a empresa que retomará as obras de Angra 3 no âmbito do Plano de Aceleração do Caminho Crítico da usina. O resultado foi divulgado após a documentação do licitante ter sido avaliada e aprovada. 

O lance vencedor foi de R$ 292 milhões, o que representa um deságio de aproximadamente 16% em relação ao valor de referência estabelecido pela Eletronuclear. No total, duas companhias e cinco consórcios participaram da sessão de abertura das propostas, realizada em 29 de junho. 

Entre as principais medidas que constam no Plano de Aceleração do Caminho Crítico está a conclusão da superestrutura de concreto do edifício do reator de Angra 3. Além disso, será feita uma parte importante da montagem eletromecânica, que inclui o fechamento da esfera de aço da contenção e a instalação da piscina de combustíveis usados, da ponte polar e do guindaste do semipórtico. O índice atual de conclusão da construção de Angra 3 é de 65%. A Eletronuclear prevê que a usina entre em operação em novembro de 2026. 

EMPRESA ESPANHOLA - 

Para resgatar um pouco a história recente de Angra 3, lembremos que o consórcio Angra Eurobras NES, formado pelas empresas Tractebel Engineering Ltda (líder), Tractebel Engineering S.A, e Empresários Agrupados Internacional S.A, - empresa espanhola de engenharia), venceu a concorrência para a estruturação do projeto de retomada e conclusão das obras da usina nuclear. 

Em junho, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou o contrato com o consórcio. A Eletronuclear devia R$ 6,6 bilhões ao BNDES e a Caixa Econômica Federal (CEF) por conta de Angra 3. A usina já consumiu cerca de R$ 7 bilhões dos cofres públicos desde o início de sua construção em 1984; e precisaria de mais R$ 15 bilhões para ser inaugurada em 2026.

“O consórcio terá a atribuição de definir a projeção dos investimentos necessários à implementação do projeto, o cronograma detalhado da obra e a especificação de como se dará a contratação de uma ou mais construtoras para a realização dos trabalhos”. A contratação do consórcio faz parte dos serviços técnicos que o BNDES presta à Eletronuclear — proprietária da usina — desde 2019, visando estruturar o modelo jurídico, econômico e operacional de parceria junto à iniciativa privada, para a construção, manutenção e exploração de Angra 3. 

De acordo com modelo proposto pelo BNDES, as obras serão retomadas por meio de EPC (Engineering, Procurement and Construction), modalidade de contratação de serviços de engenharia na qual a construtora contratada ficará responsável ”não só pela execução da obra em si, mas também por eventuais complementos ao projeto de engenharia e pela compra dos materiais e equipamentos necessários à finalização da obra”. Angra 3 poderá ter um ou mais contratos de EPC, dependendo das recomendações técnicas a serem feitas pelo consórcio contratado. 

Segundo Lidiane Delesderrier Gonçalves, superintendente da Área de Estruturação de Empresas e Desinvestimento do BNDES, o Angra Eurobras NES será responsável também por assessorar a contratação das construtoras. "Esse assessoramento, que incluirá a avaliação das propostas técnicas das empresas proponentes, é considerado de suma importância para garantir um processo seletivo bem-sucedido, atraindo empresas de reconhecida qualidade técnica", afirmou. 

Angra 3 vai gerar mais de 10 milhões de MWh por ano, energia suficiente para atender aproximadamente 6 milhões de residências. 

Formado pelas empresas Tractebel Engineering Ltda. (líder), Tractebel Engineering S.A. e Empresários Agrupados Internacional S.A., o consórcio terá a atribuição de definir a projeção dos investimentos necessários à implementação do projeto, o cronograma detalhado da obra e a especificação de como se dará a contratação de uma ou mais construtoras para a realização dos trabalhos.  

O grupo Tractebel, cuja história começa no século XIX, tem experiência em vários países do mundo na atuação com energia nuclear. A espanhola Empresários Agrupados, empresa de engenharia, criada em 1971, é atuante no setor de geração de energia elétrica, com experiência na implantação de usinas nucleares. 

“A contratação do consórcio, composto por empresas com vasta experiência em assessoramento à implementação de usinas nucleares no mundo, permitirá que se projete ao mercado a confiança necessária para atrair parceiros construtores de primeira linha e uma ampla gama de agentes financiadores no Brasil e no mundo”, explica Leonardo Cabral, diretor de Privatizações do BNDES. Angra 3 é a segunda usina comprada no pacote do acordo nuclear Brasil-Alemanha, em 1975. Terá potência instalada de 1.405 MW e cerca de 82.000 metros quadrados de área construída, o equivalente a dez campos de futebol. 

FOTO: Angra 3 – Eletronuclear/Eletrobras. 

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INB confirma negócios na Alemanha

 


A estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) confirmou as informações publicadas pelo blog sobre a contratação na Alemanha de uma linha de produção de grades espaçadoras a ser instalada em sua unidade, no município de Resende (RJ).  A empresa admitiu que é obrigada realizar a importação, para a “montagem final do Elemento Combustível para atender à demanda das usinas nuclear de Angra 2 e, futuramente, Angra 3”, da Eletronuclear. 

A INB acabou anunciando seus planos futuros: a instalação de uma linha de fabricação de grades espaçadoras na Fábrica de Componentes da INB em Resende, “um dos projetos de nacionalização, parte do planejamento estratégico da empresa para os próximos anos”. 

A tecnologia dos combustíveis para as usinas nucleares do tipo PWR, utilizada pelo Brasil, usa um componente metálico denominada grade espaçadora. Esta peça tem a função de posicionar e sustentar as varetas combustíveis que contém o material nuclear (sob forma de pequenas pastilhas cilíndricas). 

“A INB quer substituir tecnologias importadas para a completa produção em território nacional, reduzindo riscos logísticos e cambiais no suprimento destes componentes até então importados”, informou a empresa. 

Sobre as negociações da estatal com a empresa Framatome, nas cidades de Frankfurt e Erlangen, na Alemanha, para a compra de contêineres destinados ao transporte de combustível nuclear, a INB respondeu que está prestando suporte à Eletronuclear. “Visamos obter as especificações técnicas para a aquisição de mais contêineres de transporte de combustíveis nucleares (projetos Angra 1 e Angra 2 e Angra 3, no futuro, entre as instalações em Resende e a Central Nuclear de Angra dos Reis (RJ). 

“Os novos embalados permitirão reduzir a quantidade de transportes rodoviários entre as unidades industriais, otimizando custos e também reduzindo a interferência nas rodovias utilizadas, possibilitando a redução da quantidade de comboios em tráfego durante os períodos de recargas dos reatores”. 

A estatal também respondeu sobre a investigação da “causa raiz” que provocou corrosão em tubos de combustíveis (urânio enriquecido) da usina Angra 2, denunciada pelo blog no ano passado.  A INB informou que estudos técnicos foram contratados pela Eletronuclear junto à Framatome. Na qualidade de fabricante dos combustíveis nucleares para as usinas nucleares nacionais, a empresa está acompanhando as “ações diligentes e os respectivos desdobramentos”. Aguardamos as informações sobre as causas e os prejuízos financeiros causados pela corrosão.  

FOTO: Material nuclear transportado de Resende para a central nuclear de Angra. 

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segunda-feira, 25 de outubro de 2021

"Sinal verde" para construção de usinas nucleares nos estados.

 


Se depender da vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, o governo federal está com o caminho aberto para construir a primeira usina nuclear do Nordeste, em Itacuruba, Pernambuco. Na semana passada, a ministra julgou procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade do inteiro teor do artigo 216 da Constituição do Estado de Pernambuco, proibindo a instalação de plantas nucleares na região.  Outros estados estão em situação semelhante.

 “É sinal verde para a construção de usinas nucleares em Pernambuco e outros estados”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), Carlos Mariz. No caso específico de Pernambuco, onde a usina seria construída às margens do Rio São Francisco, podendo haver contaminação radioativa nas águas, ele afirma que esse risco não existe: “Isso é só pra alarmar. Mais de 60% das usinas nucleares do mundo situam-se em rios. Só na França são 44. E rios como o Rio Sena, Rio Loire, apenas para citar alguns”. 

Mas a Articulação Antinuclear, organização que reúne cerca de 30 entidades civis no País, enviou carta aos ministros do STF contestando a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI - 6897) proposta pelo Procurador-Geral da República, Augusto Aras. Para a Articulação Antinuclear, a ADI é uma “investida contra a autonomia dos Estados e ocorre no momento em que o lobby nuclear coloca a questão como “a rota de energia do futuro”. 

“Ainda que o debate internacional sobre a transição energética oriente substituir a energia nuclear por fontes renováveis, face aos desafios climáticos e socioambientais, o governo brasileiro vem escalonando a cadeia produtiva do setor, ampliando negócios privados, como na exploração do urânio”, afirma a entidade em carta. 

Perguntado sobre a importância de maiores investimentos em energias alternativas, como a solar e a eólica, ele disse que são importantes, mas a “intermitência gera insegurança”. E comentou: “uma boa matriz precisa estar bem equilibrada na base dos três pilares fundamentais: segurança energética; segurança econômica; segurança ambiental. Precisamos de uma matriz de energia elétrica, bem balanceada, que comporte hidrelétricas, nucleares, solar, eólica, predominantemente”. 

A Articulação Nuclear contesta e reforça os perigos de acidentes com o uso de energia nuclear. “Os rejeitos radioativos que se acumulam no combustível usado dos reatores nucleares processam ficar isolados durante centenas de anos, expondo a sociedade a riscos de desastres com materiais de alta radioatividade”. Mas o STF mantém a sua posição pelo poder da União sobre os Estados. 

MESMA PROIBIÇÃO - 

Por unanimidade de votos, recentemente, o STF declarou a inconstitucionalidade de dispositivo da Constituição da Paraíba, que veda o depósito de lixo atômico não produzido no estado e a instalação de usinas nucleares em território paraibano. 

Segundo o STF, “a norma estadual invade a competência privativa da União para legislar sobre atividades nucleares”. A decisão foi tomada na sessão virtual encerrada no dia 14 de setembro, nos termos do voto da relatora, ministra Cármen Lúcia. A relatora lembrou que, em caso análogo, o STF julgou inconstitucional norma da Constituição de Sergipe com a mesma proibição. Aras questionou normas semelhantes de mais de 18 estados. 

O procurador-geral citou a Lei 4.118/1962, que instituiu a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), a Lei 6.189/1974, que regula as normas sobre instalações nucleares e transporte de material nuclear; e a Lei 10.308/2001, que trata de aspectos relacionados aos depósitos de rejeitos radioativos e à seleção dos locais de armazenamento. Segundo Aras, “não há espaço normativo para que estados editem normas paralelas sobre a matéria”. 

AÇÕES PROCEDENTES: AMAPÁ, PARANÁ E PARÁ - 

O STF declarou como procedentes três ações de controle constitucional da Procuradoria-Geral da República (PGR), que questionam legislações estaduais sobre atividades nucleares e materiais radioativos. Nas ações diretas de inconstitucionalidade o órgão ministerial defende que os dispositivos do Amapá, do Paraná e do Pará “invadem a competência privativa” da União para editar leis sobre a implantação e localização de usinas nucleares, além do armazenamento e processamento de material radioativo.

 A questão não é nova na jurisprudência da Corte, tendo o Tribunal decidido em diversas oportunidades pela incompetência dos Estados-membros para legislar sobre o assunto. O julgamento dessas e outras ações ocorreu por meio do Plenário Virtual, entre 8 e 18 de outubro.

 FOTO: Projeto da usina de Itacuruba (PE). 

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quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Material radioativo: a mineira Caldas pode ter depósito semelhante ao de Goiânia (césio-137)

 



O município de Caldas, em Minas Gerais, poderá ter um depósito de longo prazo para armazenar Torta II (material radioativo), semelhante ao existente em Goiânia, onde foram depositadas toneladas de materiais contaminados por césio-137, devido ao acidente ocorrido há 34 anos. O depósito de Caldas também teria estruturas de concreto enterradas, próximas à superfície, como em Goiânia. 

A informação foi dada nesta quarta-feira (20/10) pelo superintendente de desenvolvimento da Diretoria de Recursos Minerais da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Diógenes Salgado Alves, durante audiência pública na Câmara dos Vereadores da cidade, visando discutir a solução para o destino de cerca de 12 mil toneladas de Torta II, material radioativo, estocadas em Caldas. Lá, a INB manteve mina de urânio esgotada há anos, mas o local passou a receber Torta II de outras unidades paulistas. 

“Atualmente a solução proposta para remediar a situação é o armazenamento de toda a Torta II em novos galpões. Nessa proposta todos os tambores e bombonas deverão ser reembalados. O que está a granel deverá também ser acondicionado em tambores. Mas continuará sendo uma solução intermediária”, afirmou o superintendente. Durante a audiência, ele também informou planos para contratação se serviços em 2022, e ações em 2023. 

As ações em curso para o armazenamento da Torta II, segundo ele, são: remediação da situação de 1.100 tambores e 400 bombonas, com prazo de abril de 2022, a troca das coberturas dos silos; contratação do projeto executivo do novo Ponto de controle, estudos para a identificação de local preferencial  para a alternativa de armazenamento de longo prazo. E mais:  reembalar os tambores metálicos deteriorados até dezembro de 2023, por exemplo. 

TERRENOS - 

O mais recente caso envolvendo o material radioativo de Caldas voltou à tona no dia 27/8, divulgado pelo blog. No dia seguinte, a INB confirmou estar dialogando com o Ministério Público Federal de São Paulo e de Pouso Alegre, a transferência de mais Torta II para a sua unidade em Caldas. O material radioativo sairia de sua Usina de Interlagos (USIN) e de Botuxim, em Itu. A intenção, segundo fontes, é a venda dos dois terrenos em locais valiosos. A notícia desagradou à população e os parlamentares de Caldas. A partir daí têm sido frequentes as ações públicas para impedir que a cidade receba a Torta II paulista. 

ANTPEN LUTA NA JUSTIÇA - 

Os rejeitos radioativos fazem parte do estoque acumulado durante mais de 20 anos da Nuclemon, no Brooklin (SP), empresa da INB, que manuseou torta II e outros materiais nucleares, desde a década de 70.  A longa história gerou prejuízos materiais e humanos incalculáveis, como a contaminação de trabalhadores da empresa, que durante décadas, sem saber, manusearam elementos radioativos. Até hoje o caso da Nuclemon gera revolta aos ex-funcionários da empresa, fechada em 1992. 

Abandonados pelo poder público, as vítimas e familiares – pois muitos já morreram-, em 2006, fundaram a ANTPEN (Associação Nacional dos Trabalhadores da Produção de Energia Nuclear), para lugar pela causa. São dezenas de pedidos de indenização na Justiça Paulista. Até hoje, o máximo que as vítimas conseguiram foi o pagamento de um plano de saúde. 

Na Justiça, a INB indica Caldas para receber mais material radioativo, alegando que o lugar é excelente para este objetivo. Indica também o município de Buena, em São Francisco de Itabapoana (RJ). 

Assim como o governo vendeu o terreno da Nuclemon no Brooklin por R$ 12.279,00 o metro quadrado; segundo fontes, a intenção da empresa é esvaziar e fazer o mesmo com o terreno da USIN avaliado hoje em cerca de R$ 3.469,55 por metro quadrado. 

Segundo o cronograma inicial de transferência da INB, conforme documentos do Ministério Público Federal – Procuradoria da República de São Paulo - a Torta II seria transportada para o local neste primeiro semestre de 2021 e primeiro semestre de 2022 e, ainda, no primeiro bimestre de 2023. O transporte efetivo desse material está previsto para o primeiro semestre de 2025. As promessas de buscar soluções para o problema ficaram consignadas em ata na audiência pública realizada ontem.  FOTOS: Unidade Industrial, galpão e tambores.












FOTOS- INB -

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terça-feira, 19 de outubro de 2021

Medicina Nuclear: demora na liberação de verbas ainda afeta tratamento de pacientes com câncer

 


Exames da Medicina Nuclear, tais como, cintilografias ósseas para osteomielite e pesquisas de metástase ósseas; do miocárdio para estratificação de doenças coronárias e infarto agudo do miocárdio; renais para avaliação de cicatrizes renais e obstrução ao fluxo urinário; no hipertireoidismo; no hiperparatireoidismo; e de perfusão cerebral para demências e epilepsia. São alguns dos exames que permanecerão suspensos nos próximos 15 dias, pela demora na liberação de recursos para a importação de radioisótopos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN).

Embora o Lei nº 14.220 tenha sido sancionada pelo governo na sexta-feira (15/10), liberando R$ 63 milhões para a importação dos insumos, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), a produção do radiofárnaco tecnécio, usado para esses exames, foi bastante afetada. A normalização deverá ocorrer nas próximas semanas, avalia o presidente da SBMN, médico nuclear George Coura.

 Conforme o blog tem informado, a produção dos medicamentos é o carro-chefe do IPEN-CNEN, do Ministério da Ciência, Tecnologias e Inovações. A privatização da produção estaria desagradando servidores comprometidos com o Instituto, um dos maiores da América Latina.Desde 21 de setembro, sem radioisótopos, por falta da liberação de verbas, centenas de pacientes com câncer tiveram o tratamento interrompido, gerando uma grave crise no país.

 Com os insumos importados da África do Sul, Holanda e Rússia, o IPEN produz os medicamentos para o atendimento de pacientes em cerca de 440 clínicas particulares e do Sistema Único de Saúde (SUS). Com a liberação dos R$ 63 milhões, o problema está momentaneamente resolvido, segundo Couta. “O desafio será acompanhar o valor do orçamento de 2022”.

 Para a direção do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado de São Paulo (SINDSEF-SP), a privatização está por trás de toda a engrenagem que ocasionou o atraso na liberação das verbas. O senador Álvaro Dias (Podemos-PR) defende a quebra do monopólio estatal da produção de radiofármacos. O parlamentar é autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, que autoriza a iniciativa privada a produzir, sob regime de permissão, todos os radioisótopos de uso médico.

 FOTO: Portal do IPEN-CNEN. Este blog faz JORNALISMO INDEPENDENTE. A sua colaboração é muito importante para a manutenção do trabalho iniciado em 2018. Agradecemos a contribuição. PIX: 21 99601-5849.

Governo sanciona lei criando a Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN); submarino nuclear ficará com a Marinha

 


O governo federal sancionou a Lei nº 14.222 que cria a Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN). O texto, assinado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, foi publicado na edição desta segunda-feira (18/10) do Diário Oficial da União (DOU). A ANSN será responsável por monitorar, regular e fiscalizar as atividades e instalações nucleares no país, até então sob a responsabilidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). 

Segundo a Presidência da República, a ANSN surgiu a partir de um desmembramento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), a qual agora ficará responsável pelos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento do setor. A CNEN foi fundada pelo presidente da República Juscelino Kubitschek, no dia 10 de outubro de 1956. Teve em seu comando o físico nuclear Rex Nazareth, um dos principais protagonistas do programa nuclear paralelo (militar) brasileiro, de 1982 a 1990. 

De acordo com a Lei agora sancionada, a ANSN usará estrutura e pessoal atualmente previstos para a CNEN, será localizada em sua sede, em Botafogo, no Rio de Janeiro e, por isso, não causará impacto no Orçamento da União. 

Entre as atribuições da nova autarquia estão definir regras sobre segurança nuclear, proteção radiológica, segurança física das atividades e das instalações nucleares; regular e controlar estoques e reservas de minérios nucleares; e conceder licenças e autorizações para usinas nucleares, operadores de reator, pesquisas, e para o comércio interno e externo de minerais e minérios. 

O Centro Experimental da Marinha, em Iperó, São Paulo, onde o Brasil enriquece urânio, será fiscalizado com a participação da Marinha. No dia 4 de setembro de 1987, em cadeia nacional de rádio e televisão, O presidente José Sarney anunciava: “O Brasil já domina todas as técnicas para enrijecer urânio por ultracentrifugação”. O país ingressava, assim, para o restrito “Clube do Átomo”. Também caberá à Marinha a fiscalização do submarino nuclear, cujo projeto de construção está em andamento. 

O Blog tem divulgado artigos e matérias sobre o tema.  Leia “Governo estuda separar funções da Comissão Nacional de Energia Nuclear” (09/08/2019); Senado aprova MP-1049 criando a Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN). Acabou o poder de fiscalização da CNEN – em 21/09/2021; artigos do engenheiro/servidor da CNEN, Sidney Rabello (24/5/2021) e (26/5/2021); e nota oficial da Marinha (25/5/2021). 

FOTO: Uma das Unidades do Centro Experimental Aramar, em Iperó, da Marinha, em SP. 

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Governo realiza exercício simulado de emergência na Central Nuclear de Angra dos Reis para evacuação da população durante a pandemia

 


Um exercício parcial de emergência simulará a evacuação e a necessidade de improvisação de abrigos à população próxima às usinas nucleares, em Angra dos Reis, “diante de uma situação de pandemia”, sem movimentação externa, nos dias 20 e 21/10, quarta e quinta-feira. 

Será uma operação complexa envolvendo várias entidades civis e militares, com a mobilização de uma rede de cerca de 80 instituições, centenas de profissionais, nos três níveis de governo: municipal, estadual e federal.

Órgão central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron), o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR) é o responsável pela supervisão da atividade. 

As informações são da holding Eletrobras e sua subsidiária Eletronuclear, gestoras das usinas Angra 1 e Angra 2, em funcionamento; e Angra 3, em processo de retomada das obras, paralisadas em 2015. Responsáveis também pela Unidade de Armazenamento a Seco (UAS) que armazena os elementos combustíveis usados (urânio) das centrais atômicas. 

simulado tem como objetivo avaliar a estrutura dos procedimentos do Plano de Resposta Integrada a Evento de Segurança Física Nuclear e do Plano de Emergência Externo (PEE) da Central Nuclear. E de que forma seria a interação entre os órgãos envolvidos caso seja necessária uma ação de apoio a um evento de segurança física no local. 

Em geral, nos anos ímpares, são realizados exercícios gerais, que incluem uma simulação da evacuação de áreas vizinhas à central nuclear. Mas por causa da pandemia, este ano, será realizando novamente um simulado parcial (que ocorre nos anos pares), sem movimentação externa. “Não por isso a simulação será menos importante”, informam as empresas.

Serão ativados e testados os centros de emergência nuclear, de forma a avaliar a capacidade de comando, coordenação e controle entre as organizações envolvidas. O cenário é composto de vários desafios criados de maneira que possibilitem à simulação alcançar as diversas classificações de emergência e níveis de segurança física nuclear. Na Central Nuclear haverá um gabinete de crise para coordenar e responder a eventos de segurança física fictícios. 

FOTO: Central Nuclear de Angra dos Reis - Eletronuclear - 

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sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Medicina Nuclear: Pacientes com câncer podem ficar novamente sem tratamento semana que vem. Recursos para a produção de radiofármacos ainda não foram liberados para o IPEN-CNEN

 


A partir da próxima semana brasileiros com câncer correm o risco de terem que interromper novamente o tratamento por falta de radiofármacos, utilizados na Medicina Nuclear. O Projeto de Lei (PL-16), aprovado no dia 7/10 pelo Congresso Nacional, liberando R$ 63 milhões para a importação de radioisótopos não foi sancionado pelo presidente Bolsonaro. Segundo informações, estaria ainda fora da pauta para sanção presidencial, apesar da urgência do tema, que envolve milhares de brasileiros doentes. que dependem do tratamento para sobreviver. Para que o problema seja resolvido, os recursos precisam chegar ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN). Com a verba , o IPEN-CNEN realiza a importação dos radioisótopos (material radioativo) para a produção dos radiofármacos. 

A Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN) confirmou a informação sobre a provável falta dos medicamentos. Conforme o blog tem noticiado, a produção dos medicamentos é o carro-chefe do IPEN-CNEN, do Ministério da Ciência, Tecnologias e Inovações.  A possibilidade de privatização da produção dos radiofármacos, que tem sido discutida na Câmara dos Deputados, estaria desagradando servidores comprometidos com o Instituto, um dos maiores da América Latina. 

O problema do desabastecimento começou no dia 21 de setembro. Sem radioisótopos, por falta de verbas para o IPEN-CNEN, centenas de pacientes com câncer tiveram o tratamento interrompido, gerando uma crise sem precedentes no país. Com os insumos importados da África do Sul, Holanda e Rússia, o IPEN produz os medicamentos para o atendimento de pacientes em cerca de 440 clínicas particulares e do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), médico nuclear George Coura, com a aprovação dos R$ 63 milhões, o problema estaria momentaneamente resolvido. Daria para manter o tratamento até o novo orçamento de 2022, informou. 

No Congresso, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) defendeu a quebra do monopólio estatal da produção de radiofármacos. O parlamentar é autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, que autoriza a iniciativa privada a produzir, sob regime de permissão, todos os radioisótopos de uso médico. Atualmente o IPEN-CNEN fornece 25 tipos diferentes de radiofármacos, 85% da produção nacional, o que torna a Radiofarmácia do Instituto extremamente significativa para a Medicina Nuclear brasileira, segundo especialistas do setor. 

De acordo com a direção do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado de São Paulo (SINDSEF-SP), com o orçamento reduzido anualmente, o IPEN-CNEN tem sido forçado a “malabarismos, enquanto busca a aprovação de verbas emergenciais para manter as condições mínimas de funcionamento. 

Em nota, o SINDSEF-SP criticou a proposta do Senador Álvaro Dias de privatização: “A PEC que trata da quebra do monopólio da produção e comercialização de radiofármacos é medida sempre reivindicada por setores empresariais, ávidos por lucrarem, também com esta área da medicina. Mas, eles não querem apenas a quebra do monopólio”, comenta a entidade. E completa: “Reivindicaram, e conseguiram, que o Ministério da Economia, por meio de um Despacho 61, de 03/09/21, autorizasse os Estados a isentarem as empresas de medicina privada de pagarem o ICMS sobre estes produtos”. 

Agora, segundo o Sindicato, “há uma movimentação para isentar o setor também do imposto de importação dos insumos necessários. É parte da política para inviabilizar a produção dos radiofármacos por uma instituição pública como o IPEN-CNEN”. No ano passado, a CNEN contou com um orçamento, já insuficiente, de R$ 270 milhões, sendo 165 milhões para o IPEN; enquanto em 2021, a CNEN recebeu apenas R$ 170 milhões, sendo destinado ao IPEN, R$ 89 milhões. 

“Como seria possível fechar a conta com estes valores? Sem contar, a alta de preços em todos os níveis, com parte significativa dos gastos atrelados ao dólar! Cabe destacar que o IPEN recebeu os 89 milhões, mas teve uma receita (que foi direto para o Tesouro, não pode ser utilizado pelo Instituto) de 60 milhões até agosto. Sem a recomposição do seu orçamento, o Instituto não tem como arcar com nenhuma despesa, e não importará os insumos para a produção dos radiofármacos. Ou seja, sem alguma medida emergencial que reverta mais este quadro de catástrofe da saúde, o desabastecimento destes radiofármacos poderá comprometer de forma irreversível a saúde de milhares de brasileiros que dependem dos mesmos para suas terapias de diversos tipos de câncer”, finaliza a nota. 

Fontes: Agência Câmara de Notícias – SINDSEF-SP- FOTO: Portal IPEN. Este blog faz JORNALISMO INDEPENDENTE. 

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Ameaças cibernéticas à área nuclear estão entre as prioridades em simulação do Ministério da Defesa

 


Ameaças virtuais a setores prioritários para a segurança nacional, como água, energia, telecomunicações, finanças, transporte e nuclear foram simulados no Exercício Guardião Cibernético, coordenado pelo Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), de 5 a 7/10, em Brasília. Segundo o Ministério da Defesa, foi o maior treinamento para proteção cibernética do Hemisfério Sul, com 350 participantes civis e militares de 65 organizações. 

Segundo a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), uma das empresas que participou do evento, no setor nuclear “foram simulados incidentes cibernéticos que se agravaram com o passar do tempo”. As situações exigiam a participação de setores distintos de uma empresa. Por isso, acrescentou a estatal, neste ano, a INB foi representada por uma equipe multidisciplinar, com integrantes das áreas de tecnologia da informação, comunicação social, jurídica e de segurança da informação. 

“Durante o evento tivemos a oportunidade de conhecer com mais detalhes o funcionamento de uma planta nuclear, bem como trocar experiências e conhecimentos com os demais órgãos (Eletronuclear, CTMSP, CNEN) do setor nuclear. Foi uma experiência única e que demonstrou que a INB está comprometida em desenvolver a segurança cibernética e treinar suas equipes para responder a incidentes cibernéticos graves”, afirma Fernando Akira Mogami, da Gerência de Tecnologia da Informação da INB. 

De acordo com o Ministério da Defesa, o maior treinamento para proteção cibernética do Hemisfério Sul, está em sua terceira edição. No dia 6/10, “os ministros Walter Braga Netto, da Defesa, e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, prestigiaram o exercício”. Eles estiveram na sala de treinamento do setor nuclear, onde puderam ver de perto como era realizada a simulação. “Repetidas vezes as autoridades reforçaram que é grande a preocupação da nação neste tema e que devemos estar treinados para responder”, informa Mogami. FOTO: INB – RESENDE -RJ - 

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quarta-feira, 13 de outubro de 2021

INB negocia com empresa, na Alemanha, compra de contêineres para transporte de combustível nuclear

 


A estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) está negociando com representantes da empresa Framatome, nas cidades de Frankfurt e Erlangen, na Alemanha, a compra de contêineres para transporte de combustível nuclear; e contratação de uma linha de produção de grades espaçadoras a ser instalada em sua unidade, no município de Resende. Quais combustíveis serão transportados e para onde? E quanto custará a contratação da linha de produção? Quais os valores dos negócios? Por que o Brasil ainda é dependente dessas tecnologias? 

Técnicos da INB têm reuniões agendadas na Alemanha no período de 18 a 24 próximos.  Estará na mesa de negociação a análise da “causa raiz” referente à corrosão encontrada nos tubos de combustíveis (urânio enriquecido) da usina Angra 2, conforme o blog revelou em junho de 2020. 

A causa da oxidação (corrosão) e a responsabilidade pelo problema, além do prejuízo aos cofres brasileiros, são questões nunca reveladas. 

Embora a INB tenha finalizado a produção dos elementos combustíveis para Angra 2, que tem uma parte sob a responsabilidade da Fromatome, a corrosão foi detectada no momento da troca, em junho do ano passado. Para evitar que Angra 2 precisasse permanecer desligada, a Eletronuclear, gestora, com a INB, decidiram utilizar o combustível (urânio enriquecido) que teria sido produzido para Angra 3, também alemã, que estava com as obras paradas desde 2015. Se Angra 3 estivesse em operação, usando o combustível, qual seria a opção para evitar a paralisação de Angra 2? 

GRADES ESPAÇADORAS - 

A montagem dos elementos combustíveis para as usinas nucleares envolve um processo complexo. As pastilhas de urânio são empilhadas em varetas de uma liga super resistente, o zircaloy, informa a INB. Um conjunto destas varetas, mantidas rigidamente por grades espaçadoras, forma o elemento combustível. As usinas Angra 1 e Angra 2 são abastecidas por dois combustíveis diferentes, ambos fabricados pela INB. 

Um elemento combustível permanece no reator durante três ciclos, ou seja, aproximadamente três anos. Após este período eles são armazenados dentro das usinas, nas piscinas de combustíveis usados. A usina Angra 1 (tecnologia Westinghouse), utiliza 121 elementos combustíveis com quatro metros de comprimento, cada um contendo 235 varetas rigidamente posicionadas em uma estrutura metálica, formada por 10 grades espaçadoras, uma grade protetiva, 20 tubos guias e mais um tubo de instrumentação; e dois bocais, um inferior e um superior. 

Na usina Angra 2 (tecnologia Siemens) são utilizados 193 elementos combustíveis com cinco metros de comprimento, cada um com 236 varetas rigidamente posicionadas em uma estrutura metálica, formada por nove grades espaçadoras, uma grade protetiva, 20 tubos guias e dois bocais, um inferior e um superior. 

FOTO: Elementos Combustíveis – Espaçadores – INB – 

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quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Medicina Nuclear: Congresso aprova liberação de R$ 63 milhões para a produção de medicamentos destinados a pacientes com câncer

 


O Congresso Nacional aprovou nesta quinta-feira (7/10) os recursos para produção de radiofármacos (medicamentos) utilizados no diagnóstico e tratamentos de pacientes com câncer, que passaram de R$ 26 milhões no texto original para R$ 63 milhões.  A produção dos medicamentos é o carro-chefe do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN), do Ministério da Ciência, Tecnologias e Inovações. A privatização da produção estaria desagradando servidores comprometidos com o Instituto, um dos maiores da América Latina. 

Desde 21 de setembro, sem radioisótopos (insumos), por falta de verbas para o IPEN-CNEN, centenas de pacientes com câncer tiveram o tratamento interrompido, gerando uma grave crise no país. Com os insumos importados da África do Sul, Holanda e Rússia, o IPEN produz os medicamentos para o atendimento de pacientes em cerca de 440 clínicas particulares e do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), médico nuclear George Coura, com a aprovação dos R$ 63 milhões, o problema está momentaneamente resolvido. “Acreditamos que dá para segurar até o novo orçamento de 2022”, comentou. 

No Congresso, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) defendeu a quebra do monopólio estatal da produção de radiofármacos. O parlamentar é autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 517/10, que autoriza a iniciativa privada a produzir, sob regime de permissão, todos os radioisótopos de uso médico. 

Atualmente o IPEN-CNEN fornece 25 tipos diferentes de radiofármacos, 85% da produção nacional, o que torna a Radiofarmácia do Instituto extremamente significativa para a Medicina Nuclear brasileira, segundo especialistas do setor. 

De acordo com a direção do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado de São Paulo (SINDSEF-SP), com o orçamento reduzido anualmente, o IPEN-CNEN tem sido forçado a “malabarismos, enquanto busca a aprovação de verbas emergenciais para manter as condições mínimas de funcionamento. 

Em nota, o SINDSEF-SP criticou a proposta do Senador Álvaro Dias de privatização: “A PEC que trata da quebra do monopólio da produção e comercialização de radiofármacos é medida sempre reivindicada por setores empresariais, ávidos por lucrarem, também com esta área da medicina. Mas, eles não querem apenas a quebra do monopólio”, comenta a entidade. E completa: “Reivindicaram, e conseguiram, que o Ministério da Economia, por meio de um Despacho 61, de 03/09/21, autorizasse os Estados a isentarem as empresas de medicina privada de pagarem o ICMS sobre estes produtos”. 

Agora, segundo o Sindicato, “há uma movimentação para isentar o setor também do imposto de importação dos insumos necessários. É parte da política para inviabilizar a produção dos radiofármacos por uma instituição pública como o IPEN-CNEN”. 

No ano passado, a CNEN contou com um orçamento, já insuficiente, de R$ 270 milhões, sendo 165 milhões para o IPEN; enquanto em 2021, a CNEN recebeu apenas R$ 170 milhões, sendo destinado ao IPEN, R$ 89 milhões, informou o Sindicato. 

“Como seria possível fechar a conta com estes valores? Sem contar, a alta de preços em todos os níveis, com parte significativa dos gastos atrelados ao dólar! Cabe destacar que o IPEN recebeu os 89 milhões, mas teve uma receita (que foi direto para o Tesouro, não pode ser utilizado pelo Instituto) de 60 milhões até agosto. Sem a recomposição do seu orçamento, o Instituto não tem como arcar com nenhuma despesa, e não importará os insumos para a produção dos radiofármacos. Ou seja, sem alguma medida emergencial que reverta mais este quadro de catástrofe da saúde, o desabastecimento destes radiofármacos poderá comprometer de forma irreversível a saúde de milhares de brasileiros que dependem dos mesmos para suas terapias de diversos tipos de câncer”, finaliza. 

Fontes: Agência Câmara de Notícias – SINDSEF-SP- FOTO: Portal IPEN. 

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Depósito orçado em R$ 6 milhões é para lixo comum, como papel, vidro, metal, segundo a INB. Onde está armazenado o lixo atômico?

 


A estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) informou há pouco (07/10) que o depósito que será construído em sua unidade em Resende (RJ), orçado em R$ 6 milhões, tem como objetivo armazenar lixo comum como papel, vidro, metal, resíduos de construção civil, que podem ser reciclados, e não rejeitos radioativos, conforme o blog informou. A INB não informou onde são armazenados os rejeitos radioativos e material contaminado pela radiação produzidos na unidade. Segundo a INB, a licença de operação concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não é inédita, e sim o tempo dela que, pela primeira vez, foi de dez anos. A INB não esclareceu sobre problemas em sua unidade envolvendo cascatas de ultracentrífugas (máquinas que enriquecem urânio), entre outros. 

FOTO: Fábrica de Combustivel Nuclear (FCN) - Resende (RJ).

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Resende (RJ) terá depósito para lixo comum orçado em R$ 6 milhões. Onde estão armazenados os rejeitos radioativos?

 


A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) tem licença de dez anos para construir um “depósito temporário”, orçado em R$ 6 milhões, para armazenar lixo comum, como papel, vidro, metal, que podem ser reciclados, produzidos em suas unidades em Resende, município do Estado do Rio de Janeiro. A determinação é do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que concedeu a licença de Operação para a Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), à INB.  

As licenças anteriores tinham entre três a seis anos de validade. Esta, de agora, inclui a Fábrica de Componentes e Montagem, a Fábrica de Reconversão e Pastilhas de Dióxido de Urânio e a Usina de Enriquecimento e vai até julho de 2031. 

A licença conta com algumas condicionantes: continuidade dos programas ambientais realizados pela empresa e a construção de um depósito temporário de resíduos sólidos, cujo projeto básico está em andamento. 

De acordo com o coordenador de Meio Ambiente e Proteção Radiológica Ambiental (COMAP.N), Rodney Santos, a INB trabalha para “se adequar aos assuntos mais críticos” do ponto de vista do Ibama. 

“O conteúdo dessa licença contempla exigências que estão em execução desde a anterior e ainda com exigências para o aperfeiçoamento de alguns programas como o de Monitoração Ambiental, o de Reflorestamento e o de Educação Ambiental”, disse. E avisou: “O envio de informações falsas ou imprecisas, podem levar a cassação da licença, paralisação das atividades e outras penalizações por parte do Ibama”, reforçou Rodney. 

"MUITO EM VOGA" - 

Segundo o gerente de Qualidade, Meio Ambiente, Proteção Radiológica, Licenciamento e Salvaguardas, Franklin Palheiros, o maior desafio para os próximos dez anos é a construção do depósito. “Na Diretoria de Produção do Combustível Nuclear (DPN) isso é um investimento que compete com outros e temos uma metodologia de priorização”, disse o gerente. 

Porém, Franklin ressaltou a importância do investimento em Meio Ambiente para a empresa. “Temos que pensar também que, além das condicionantes impostas pelo IBAMA, a área nuclear está muito em voga por questões ambientais, por combater o efeito estufa. Então essa questão de fazermos a gestão da licença ambiental é o mínimo, e não podemos falhar, porque isso repercute no negócio”, avisou.

 FOTO:  FCN - 

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Relatórios apontam: enriquecimento de urânio sofreu impactos negativos. Covid-19 afetou produção em Resende (RJ)

 


A produção de urânio enriquecido sofreu impactos negativos devido a “problemas operacionais inopinados”, seguidos da suspensão temporária das atividades envolvendo material nuclear, “em função do afastamento dos supervisores de radioproteção de suas funções laborais decorrentes da covid-19”. Os problemas ocorreram na Unidade de Enriquecimento de Urânio da Indústria Nucleares do Brasil (INB), no município de Resende, considerado Lar do Parque Nacional do Itatiaia, no Sudoeste do Estado, com cerca de 133.244 habitantes. 

As informações estão registradas em relatórios da INB, de 2020, pesquisados pelo blog. Em 2019, a produção foi comprometida, principalmente pela “forte chuva, atípica para a região, que ocorreu em dezembro de 2018, danificando grande quantidade de UC (cascatas de ultracentrífugas, máquinas para enriquecer urânio). 

Em 2020, a Usina alcançou uma produção de 5.684 Kg de UF6 enriquecido a 4,25% de Urânio 235. Segundo o documento, “um esperado incremento de produção, proporcionalmente ao avanço da implantação da usina, não tem sido observado”. E mais: “A necessidade de ajustes nas cascatas (compostas por ultracentrífugas), problemas técnicos ou fatores extrínsecos têm impedido o referido incremento, conforme o cenário da produção dos últimos cinco anos”. 

A transformação do urânio enriquecido em elemento combustível para as usinas Angra 1 e Angra 2, em funcionamento, passa por outros processos na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), da INB, no mesmo local. Sua implantação foi planejada para alcançar, por etapas, a demanda nacional. Foi projetada por módulos, formando edificações com sistemas de infraestrutura industrial, com cascatas de ultracentrífugas (UC). A tecnologia do processo de enriquecimento por ultracentrifugação foi desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP). 

FOTO: FCN - 

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