A Eletronuclear do grupo Eletrobras concluiu nesta quarta-feira (27/10) a transferência dos combustíveis usados (urânio) da usina nuclear Angra 2 para a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS). No total, a companhia tem agora nove cascos, conhecidos como Hi-Storms, armazenados no depósito. Cada um contém 32 elementos combustíveis. As informações são da companhia, que está investindo cerca de US$ 50 milhões no projeto para abrigar os elementos combustíveis das usinas até 2045.
A atividade de transferência foi iniciada em abri e interrompida por conta do reabastecimento da usina em junho, sendo retomada em seguida. Assim, a estatal começou a retirar combustíveis usados da piscina de Angra 2, que chegou ao limite de sua capacidade, abrindo espaço para os que foram descarregados do reator durante a parada.
O próximo passo agora é realizar a transferência dos combustíveis usados de Angra 1 para a UAS. A empresa informou que no momento estão sendo finalizadas as mudanças de projeto na usina, como um “upgrade” (atualização) na ponte do edifício de combustível. O trabalho vai ocorrer de novembro a janeiro.
Há cerca de um mês, dirigentes da Agência Internacional de Energia atômica (AIEA), visitaram as instalações nucleares brasileiras, entre elas, as usinas e a UAS. Todo o combustível usado nas usinas nucleares pode ser reprocessado para ser usado como plutônio. Plutônio é combustível utilizado para alimentar armas atômicas, mas o Brasil tem declarado o uso pacifico da energia nuclear, com fim exclusivo de geração de energia elétrica.
TECNOLOGIA NORTE-AMERICANA -
Inicialmente, a UAS contará com 15 módulos. No total, 288 elementos combustíveis foram retirados de Angra 2 e outros 222 serão retirados de Angra 1, abrindo espaço nas piscinas de armazenamento para mais cinco anos de operação de cada planta. O depósito comporta até 72 módulos, com capacidade para armazenar combustível usado até 2045. A tecnologia é da empresa norte-americana Holtec, que participa da operação com 50 profissionais; outros 20, são da Eletronuclear.
Chamados de Hi-Storms, (cascos) são recipientes com duas paredes cilíndricas de aço preenchido com 70 centímetros de concreto de alta densidade, empregados para transportar os elementos combustíveis usados das piscinas das usinas à UAS. Segundo a Eletronuclear, os combustíveis usados são inseridos em cânisteres de aço inoxidável, totalmente selado, que, por sua vez, são inseridos nos Hi-Storms. E assim são transportados e armazenados sobre a laje da UAS.
De acordo com a estatal, a transferência funciona da seguinte forma. Na piscina, os combustíveis usados são inseridos em um cânister, que, por sua vez, está acondicionado dentro de um recipiente chamado Hi-Trac. Cada cânister tem capacidade para conter 32 elementos combustíveis usados. Em seguida, o conjunto é retirado da piscina, o cânister é fechado e lacrado via solda, a água é removida de seu interior e gás hélio é inserido, para não haver corrosão no elemento combustível.
Esse container é transferido do Hi-Trac para o Hi-Storm, invólucro de concreto especial reforçado, que recebe uma tampa, parafusada no recipiente. Na sequência, o Hi-Storm é levado à UAS em um carro de transferência, é içado e posicionado numa laje, onde permanecerá, concluindo o processo.
A construção da UAS foi anunciada pelo blog na edição de 4 de agosto de 2018. Desde então foram movidas ações na Justiça contestando a segurança do empreendimento e a transferência do combustível; enquanto ambientalistas alertavam contra os perigos de contaminação radioativa para a população.
Leia no blog: Brasil constrói depósito para combustível nuclear de Angra 1 e Angra 2 (04/08/2018); Angra 1 recebe combustível nuclear – Usinas nucleares: construção do depósito de combustível usado vai começar (29/10/2019); Começa em outubro treinamento inédito de pessoal para transferir combustível usado (urânio) de Angra 1 e Angra 2 para Unidade de Armazenamento a Seco (15/09/2020); Procurador da República quer informações sobre segurança do depósito para urânio irradiado de usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 (16/09/2020); Procurador da República move ação visando parar obras de UAS para armazenar urânio usado de Angra 1 e Angra 2, por falta de licenças ambientais (13/10/2020).
FOTO: UAS – Eletronuclear -
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