Cerca de 15.424 toneladas métricas de material radioativo (Torta II) armazenadas na Unidade em Descomissionamento de Caldas (MG), em Interlagos (USIN) e no sitio de estocagem em Botuxim, ambas em São Paulo, estão sendo colocados à venda pela Indústria Nucleares do Brasil (INB). O edital de Oferta Pública de Torta II (Hidróxido de Urânio, Tório e Terras Raras) foi lançado no último dia 13. A China já tentou comprar o produto em 2013, mas o negócio não prosperou. A Torta II é considerada herança maldita que a INB herdou da Nuclemon, no Brooklin, em São Paulo, sucessora da Orquima, a primeira instalação nuclear brasileira que deixou um rastro de operários doentes e mortos, muitos invisíveis até hoje. A Orquima trabalhava para abastecer o mercado norte-americano, que na década seguinte, já abastecido, perdeu o interesse pelo material brasileiro.
Vários operários da sua sucessora, a Nuclemon, desde então sob a responsabilidade da INB, vêm morrendo ao longo dos anos sem receber indenização e vivem constantemente sob a ameaça da perda do plano de saúde para tratamento contra o câncer e outras doenças, por contaminação radioativa. Em 2006, eles fundaram a Associação Nacional dos Trabalhadores na Produção Nuclear (ANTPEN), para manter o grupo reunido e lutar pelos seus direitos e de muitas outras vítimas, representadas por familiares, todos pobres. Além dos tambores reembalados, a INB guarda ainda estoques de torta II em 3000 tambores de plástico, e em quatro piscinas cada uma com cerca de 20 metros de comprimento, quatro metros de largura e dois metros de profundidade.
O material radioativo preocupa a população da cidade, obrigada a conviver também com o medo de rompimento de barragens contaminadas com urânio procedentes da Mina da Cava, a primeira do Brasil, aberta pela ditadura militar que encerrou as atividades nos anos seguintes. Hoje, a mina da cava é uma enorme escavação provocando contaminação em rios e bacia da região. Ao longo desses pontos, há cerca de um ano, o BLOG se deparou com toras de árvores cortadas, deixadas às margens dos rios contaminados om urânio. A Agência Nacional de Mineração (ANM) realizou vistorias nas barragens, constatou irregularidades e exigiu providências à INB.
(FOTOS: Otaviano, vitima da Nuclemon, morreu há cerca de três anos -
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