Mais
uma vez, a usina nuclear Angra 1 apresenta problemas: está operado com 65% de
sua potência desde às 12h36m, desta quinta-feira (18/4), após desligamento de
uma bomba de água do sistema secundário da central atômica. O equipamento
apresentou perda de pressão na sucção de água. O problema foi identificado
pelos técnicos da Eletronuclear, que apuram as causas do evento e trabalham
para normalizar o funcionamento total da usina. As informações são da
Eletronuclear, gestora das usinas. A autorização para funcionamento de Angra 1 expira em dezembro.
As 18h desta quinta-feira (18/4) o BLOG apurou que a decisão de reduzir a potência da usina foi tomada em função da "queima do motor de uma das telas rotativas da Tomada de Água. A outra tela se encontrava isolada para manutenção geral preventiva. Havia troca do motor para estabilizar a potência prevista para ocorrer ainda hoje.
SITUAÇÃO SE
REPETE -
Depois de alguns desligamentos no segundo semestre do ano passado, 2024
mal havia começado e Angra 1 precisou ser novamente paralisada em 16/1, para
realização de um reparo na turbina. Dias depois, a usina foi religada. Angra 1 está sendo preparada para durar mais
20 anos. Leia abaixo alguns episódios sobre a primeira usina nuclear que o
Brasil comprou dos Estados Unidos na década de 70. Voltemos aos fatos recentes.
Angra 1 vinha apresentando outros problemas desde sábado (13/1): “houve uma
falha mecânica em uma das bombas de água de alimentação principal para os
geradores de vapor de Angra 1”, informou a companhia. Segundo a empresa, o
problema nada tinha a ver com o defeito apresentado nesta terça-feira (16/1).
E,
portanto, mais um defeito. “É importante destacar que o evento do final de
semana - que não provocou desligamento da usina - não tem relação com o
episódio mais recente desta terça-feira (16/01/2024)”. E acrescentou: “No dia
13/01/2024, apenas a bomba de água precisou ser desligada e, seguindo
procedimentos operacionais, a carga do reator da usina foi reduzida para 48%
até o domingo (14), conforme programação com o Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS). Este episódio também ocorreu no circuito secundário, ou seja,
sem nenhum perigo radiológico envolvido”.
DESLIGAMENTOS E OUTRAS HISTÓRIAS -
Angra 1 foi mais uma vez desligada na manhã desta
terça-feira (26/3). Sobre esta parada de Angra 1, credita-se aos sensores
elétricos do equipamento que emitiram um alerta como se a bomba de refrigeração
não estivesse ligada, o que posteriormente foi verificado que não procedia.
Dessa forma, o sistema de segurança desligou a usina automaticamente de forma
preventiva, informou a Eletronuclear. Segundo a companhia, o desligamento
temporário ocorreu após um trabalho de manutenção dos transmissores de fluxo de
uma bomba de refrigeração. No dia
19 de julho de 2023, Angra 1 foi desconectada do Sistema Interligado Nacional
(SIN), às 14h32. Segundo a Eletronuclear, “o episódio é resultado do desarme do
reator ocorrido durante teste de operabilidade das barras de controle”.
MAIS
20 ANOS -
Angra 1 foi comprada em 1970 da norte-americana Westinghouse. Depois
de uma série de adiamentos, a central nuclear foi inaugurada em 1981. Outros
entraves fizeram com que a usina entrasse em operação comercial em 1985. Em
1994, preia-se que Angra 1 poderia durar 24 anos, ou seja, até o ano de 2018.
Hoje, a usina está sendo preparada para durar mais 20 anos.
Em março do
ano passado de 2023, o prefeito Fernando Jordão cobrou explicações do então
presidente da estatal, Eduardo Grand Court, sobre vazamento de água radioativa
ocorrido na usina em setembro do 2022, noticiado pelo jornal O Globo. “Em
nenhum momento fui informado sobre o caso, nem a Defesa Civil ou o Centro
Integrado de Informações Estratégicas em Saúde. As responsabilidades precisam
ser apuradas. Em situações como esta, a notificação é compulsória e imediata,
mas a estatal demorou 21 dias para comunicar ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente (Ibama) e à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), consta na
nota divulgada pela Prefeitura. “Além disso, a Eletronuclear primeiro negou o
vazamento, mas depois admitiu que cerca de 90 litros de água contaminada
escorreram para o mar.
OUTRA PARADA -
Angra 1 entrou em estado de Evento
Não Usual, o primeiro da escala de emergência da Central Nuclear, às 8h50, de
22 de novembro do ano passado, quando os operadores da sala de controle
perceberam uma falha na alimentação de um barramento elétrico de 4.16 Kv, que
alimenta equipamentos auxiliares da usina. Angra 1 estava desligada e, segundo
a Eletronuclear, de imediato foram tomadas providências para recuperar a
condição operacional do barramento, o que ocorreu às 11h52. “A usina se
encontra em situação segura e os trabalhos da parada de reabastecimento
prosseguem normalmente. O incidente não representou nenhum risco radiológico
para os trabalhadores e o meio ambiente’, informou a nota da companhia.
VAGA-
LUME -
Angra 1 foi um dos empreendimentos mais criticados do governo
militar. Dados oficiais do governo naquela época estimavam que Angra 1 tenha
custado US$ 2 bilhões. Isso, sem levar em conta os gastos com a manutenção e os
reparos de equipamentos. Ao longo dos anos a central atômica já foi desligada
umas 35 vezes por problemas técnicos, defeitos em equipamentos e ações
judiciais. Por causa desse acede e apaga, a usina ganhou o apelido de
“vaga-lume”.
A Eletronuclear garante que a instalação é uma das mais seguras do
mundo e destaca a sua performance: em 2016, produziu 5,1 milhões de MWh, “a
melhor geração da sua história”. Depois, gerou 4,2 milhões de MWh, “uma de suas
melhores marcas, a despeito de ter ficado parada por quase 60 dias, entre
agosto e outubro de 2017, por conta da troca dos seus transformadores
principais, durante a parada para reabastecimento”.
FOTO: Angra 1 –
Eletronuclear -
Leia no Blog: Em 18/04/2018, “Angra 1 deve ter mais
20 anos de vida útil”; em 08/08/2019, “Angra 1: mais 20 anos de vida útil”; em
06/08/ 2020, “Angra 1: problemas técnicos desligam a usina duas vezes em menos
de 30 dias”, entre outras.
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