terça-feira, 20 de julho de 2021

Diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Rafael Mariano Grossi, percorre instalações nucleares brasileiras

 


A quantas anda o programa de enriquecimento de urânio realizado pela Marinha, em São Paulo? E as instalações nucleares de enriquecimento, da estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil), em Resende (RJ)? O que o país está fazendo para evitar acidentes como o ocorrido em Fukushima, no Japão, em 2011? De que forma estão sendo armazenados os combustíveis usados (urânio enriquecido) de Angra 1 e Angra 2? Estão guardados com segurança os equipamentos comprados há anos para a usina nuclear Angra 3? Foram algumas das questões que justificaram a estada do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o diplomata argentino Rafael Grossi, no Brasil, nos últimos dias. 

O diretor-geral da AIEA visitou o canteiro de obras de Angra 3 e a Unidade de Armazenamento a Seco (UAS), que já está abrigando parte do combustível usado das usinas. Grossi quis conhecer o galpão onde estão guardados os equipamentos portáteis (bombas, compressores e geradores a diesel móveis) adquiridos pela Eletronuclear para garantir o resfriamento dos reatores da empresa “no caso de a central nuclear sofrer as consequências de um desastre natural”, uma das medidas tomadas pela estatal após o acidente nuclear no Japão. 

Em Angra, a visita começou com breve apresentação do presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, no Observatório Nuclear, centro de visitação da empresa. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque participou do evento na central nuclear. 

Segundo a Eletronuclear, motivo da vinda de Grossi ao Brasil é participar das comemorações do aniversário de 30 anos da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (Abacc). “O papel da entidade é oferecer garantias de que todos os materiais e instalações nucleares nos territórios brasileiro e argentino sejam usados apenas para fins pacíficos”, informou a estatal. 

FISCALIZAÇÃO DA EXPANSÃO NUCLEAR- 

A secretária-geral da Abacc, Elena Maceiras, considera que, além de ter um trabalho técnico de fiscalização da expansão nuclear dos dois países, a agência tem um papel simbólico, que representa a cooperação entre ambas as nações. “A Abacc é uma instituição única, que representa o compromisso com a utilização pacífica da energia nuclear”, acrescentou. 

Após a visita à central nuclear, a comitiva de brasileiros e argentinos embarcou para a base de submarinos da Ilha da Madeira, onde visitou o estaleiro de construção do submarino de propulsão nuclear e o submarino Riachuelo S-40, além de conhecer os simuladores para treinamento tático e de sistemas desse tipo de embarcação. No domingo, eles visitaram o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) da Comissão Nacional de Energia Nuclear. 

Na Fábrica de Combustível Nuclear, da INB, em Resende (RJ), na sexta (16/7), Grossi conheceu a Usina de Enriquecimento de Urânio. Lá, recebeu informações sobre de que forma a empresa atua em todo o ciclo de combustível nuclear e as etapas de implantação das cascatas de enriquecimento de urânio. Foi a sua primeira visita à América Latina, desde que assumiu o cargo no dia 3 de dezembro de 2019. Grossi foi também diretor-geral adjunto de politicas e chefe de gabinete da AIEA.    

Além das visitas, fato inédito ocorreu segunda-feira (19/7), quando o diretor da AIEA assinou um acordo com a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), parceria que prevê diversas cooperações na área de tecnologia e aplicações da fonte nuclear, como a  troca de informações, experiências e melhores práticas em diversos segmentos, entre eles, a área de operação de longo prazo de usinas nucleares. O acordo também envolverá a cooperação para a gestão de construção de usinas nucleares e a expansão de programas de energia nuclear.  

Com sede em Viena (Áustria), a AIEA foi fundada sob forte influência dos Estados Unidos, para salvaguardar (controlar), as atividades nucleares mundiais. A AIEA tenta controlar as atividades atômicas no mundo por meio de contabilidade e controle de materiais nucleares, com urânio e plutônio. A AIEA estaria salvaguardando o uso pacífico da energia nuclear, evitando assim a fabricação de artefatos nucleares, como a bomba atômica, de domínio das grandes potências. A fiscalização de países  que chamam a atenção do primeiro mundo, como o Iraque, fica por conta da vice-diretoria de Salvaguardas da AIEA.      

O Estatuo da AIEA foi assinado em Nova Iorque, em 26 de outubro de 1956. O Brasil é signatário da AIEA desde a sua criação. 

FOTO: Eletronuclear. Visita à UAS. 

6 comentários:

  1. Só mesmo a jornalista Tânia Malheiro consegue informar com objetividade sobre assunto tão complexo. Parabéns, Tânia, seu nome é competência.

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    1. Erika, elogio seu é Prêmio! Muito obrigada! Contamos sempre com a sua participação. abs

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  2. Parabéns, Tânia Malheiros! Sempre preocupada em nos atualizar sobre esta questão tão complexa!

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  3. Parabéns, Tânia Malheiros! Sempre preocupada em nos atualizar sobre esta questão tão complexa!

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  4. Parabéns, Tânia Malheiros! Sempre preocupada em nos atualizar sobre esta questão tão complexa!

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  5. Daniella, a sua mensagem engradece o trabalho que realizamos com muita dedicação. Muito Obrigada. Espero contar sempre com a sua participação.

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