sábado, 20 de dezembro de 2025

Terras raras: ativista fala de sua tristeza quanto ao avanço dos projetos de empresas australianas

 


A ativista ambiental Helena Sasseron, membro da CARACOL, Organização da Sociedade Civil em Andradas, município mineiro, conta o seu sentimento de tristeza quanto às decisões do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) de Minas Gerais que aprovou ontem (19/12) as licenças prévias dos projetos de mineração de terras raras no Sul do Estado, das empresas australianas Viridis Mining and Minerals e Meteoric Resources.

“Definir o sentimento perante à forma como foram votados hoje os pareceres únicos dos Projetos Colossus (Viridis) e Caldeira (Meteoric), aprovando a Licença Prévia dos empreendimentos na reunião do COPAM, é muito difícil. Ele habita entre a tristeza, a raiva, a revolta e a incompreensão do que aconteceu. Mesmo com todas as informações e questionamentos trazidos por pessoas com vasto conhecimento da área de mineração, as inseguranças e denúncias faladas por representantes da sociedade civil, os órgãos responsáveis por defender o meio ambiente e escutar a população, simplesmente ignoraram as nossas vozes, as vozes de vereadores e Câmaras Municipais, e o MPF, e disseram sim às empresas. 

Os estudos hídricos ficaram para a fase seguinte, de licenciamento ambiental, mas mesmo assim as Licenças Prévias foram aprovadas - e se não tiver água suficiente para o volume absurdo que eles dizem precisar, eles voltarão atrás? Os órgãos responsáveis irão paralisar o projeto? Ou seguirão secando nascentes e o nosso ponto de recarga hídrica até que o projeto termine, e a gente fique sem água e com os rejeitos, como as mineradoras costumam fazer? 

Existem lacunas nos EIA e nos pareceres dos projetos, e existe uma pressa que nunca foi explicada para que isso seja aprovado antes de que haja uma legislação específica para terras raras, hoje inexistente no nosso país. Além disso, todo o estudo dos impactos ambientais parece desconsiderar o fato de que habitamos um planeta vivo, em que a natureza e os ecossistemas estão vivos e em constante transformação e movimento. Parece ignorar que as águas se movem, encontram o seu caminho, não são inertes e não respeitam fronteiras e divisas inventadas pelo ser humano. Me questiono como viverão as próximas gerações... que água irão beber? em que solo irão cultivar? E os nossos agricultores, como seguirão com as suas culturas, de onde tiram o seu sustento e alimentam a população, como ficam? Como ficará o nosso ar? Nós também não somos inertes, e não é uma questão de ser contra ou a favor dos empreendimentos, é apenas uma questão de querer que todas as possibilidades sejam levantadas, investigadas, e devidamente respondidas antes que se aprove qualquer projeto. As empresas e os órgãos têm pressa, nós, sociedade civil, temos precaução.”

   
ARTIGO DE HELENA SASSERON - Membro da CARACOL, Organização da Sociedade Civil em Andradas, MG. Formada em Comunicação pela FAAP (SP) e em Agricultura Biodinâmica pela Biodynamic Association USA.

LEIA NO BLOG: 

Em 20/12/2025 - Terras raras: APS alerta sobre liberação do caminho para empresas australianas em "território ambientalmente sensível", por José Edilberto; 

Em 20/12/2025 - Terras raras: empresas australianas querem a riqueza cobiçada por Donald Trump. Copam mineiro vai abrindo as portas, apesar das críticas

Em 09/09/2023 - Herança maldita da ditadura – 

(FOTO: ACERVO PESSOAL) – 

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