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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a Polícia Federal (PF) poderiam contribuir para acabar com as especulações que estão ocorrendo no momento nas redes sociais sobre o destino de duas ampolas, que pertenciam ao lote testemunho da 15ª recarga da usina nuclear Angra 2, com 8 gramas de urânio enriquecido a 4,25% em cada unidade. As ampolas sumiram do Fábrica de Elementos Combustíveis (FEC), da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende (RJ), conforme o BLOG noticiou com exclusividade no dia 16/8. Nas redes, diante da guerra Israel e Irã, espalha-se a desinformação de que as ampolas foram para o Irã, que já enriquece urânio a 60%, conforme a AIEA tem divulgado.
Hoje (17/6/2025), dois anos após a publicação da matéria, Eduardo e Jair Bolsonaro estão usando a reportagem para fazer fakenews com acusações contra o Governo Lula, levantando suspeitas sobre a possibilidade de as ampolas terem ido para o Irã. "Estas ampolas são pequenos tubos contendo amostras dos cilindros com o material de hexafluoreto de urânio (UF6) utilizado na fabricação dos combustíveis das Usinas Nucleares de Angra 1 e Angra 2. São amostras testemunho para a comprovação do material contido nos respectivos cilindros”, informou a CNEN na época. O sumiço ocorreu em julho daquele ano, mas a INB não comunicou a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que teria descoberto o fato através de um inspetor residente da Comissão, da área de salvaguardas nucleares. A CNEN classificou o sumiço como "extravio". E nada mais informou a respeito.
Na época, a Policia Federal arrolou 20 funcionários da INB, que já estava sob a direção de Adauto Seixas, conforme ampla divulgação da imprensa, indicado pelo senador Rodrigo Pacheco. A AIEA nunca se manifestou publicamente sobre o caso, embora uma de suas missões seja a de fiscalizar unidades que operam com enriquecimento de urânio. A PF também não divulgou se desvendou ou não sumiço as ampolas, muito menos a CNEN.
A AIEA, m Viena, na Áustria, fundada sob forte influência dos Estados Unidos, para salvaguardar e controlar as atividades nucleares mundiais. O estatuto da AIEA foi assinado em Nova Iorque em 26 de outubro de 1956. O Brasil e signatário da AIUEA desde a sus acuação. Outra entidade que também poderia contribuir com informações esclarecedoras de casos como este é a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), no Rio de janeiro, criada em 18 de julho de 1991, pelo acordo entre Brasil e Argentina para uso Exclusivamente Pacífico da Energia Nuclear. A missão da ABACC é garantir o uso exclusivamente pacífico da energia nuclear nos dois países.
Eis a nota da CNEN na época:
“Durante o mês de julho, a Indústrias Nucleares do Brasil INB realizou a transferência interna de ampolas do tipo P10 entre áreas de armazenamento na Fábrica de Combustível Nuclear, em Resende (RJ). Estas ampolas são pequenos tubos contendo amostras dos cilindros com o material de hexafluoreto de urânio (UF6) utilizado na fabricação dos combustíveis das Usinas Nucleares de Angra 1 e Angra 2. São amostras testemunho para a comprovação do material contido nos respectivos cilindros. Após a atividade de transferência o inspetor residente da DRS\CNEN, da área de salvaguardas nucleares, foi realizada a verificação de contabilidade e controle das ampolas P10 transferidas e identificou a ausência de duas unidades, pertencentes ao lote testemunho da 15⁰ Recarga de Angra II, com 8 g de urânio enriquecido a 4,25% em cada ampola.
Houve uma segunda contagem que confirmou a ocorrência observada anteriormente e somente após essa recontagem, a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) oficializou o extravio das ampolas junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear. A DRS\CNEN solicitou esclarecimentos e a apresentação de um plano de ação pela INB. As ações da INB foram e permanecem sendo acompanhadas pela CNEN. Inclusive foi realizada pela empresa uma terceira contagem, com a confirmação da ocorrência observada anteriormente.
Ao esgotar as ações internas de buscas no interior das áreas supervisionadas e controladas, escritórios e, principalmente, no trajeto percorrido para transferência dos recipientes, além de outras áreas da Unidade, a INB comunicou o ocorrido ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR) e à Polícia Federal. Conforme informado anteriormente, cabe ressaltar que cada ampola possui 8 g de hexafluoreto de urânio enriquecido a 4,25%. A natureza e quantidade de material presente nas ampolas permitem afirmar que a liberação do conteúdo não acarreta danos radiológicos à saúde de um indivíduo. No entanto, cabe informar a possibilidade de risco químico associado à natureza
tóxica dos compostos presentes, que podem provocar danos físicos localizados”.
DE SALVADOR PARA A RÚSSIA -
Um uma área de 1.700 hectares, localizada em uma província onde estão identificados 17 depósitos minerais, a INB mantém a Unidade de Concentração de Urânio (URA), em Caetité, na Bahia. Na URA está implantada a única mineração de urânio em atividade no país. Nela são realizadas as duas primeiras etapas do ciclo do combustível nuclear: a mineração e o beneficiamento do minério, que resulta no produto chamado concentrado de urânio ou yellowcake. Este material beneficiado há cerca de cinco seguia para a URENCO (consórcio de empresas formados pela Inglaterra, Holanda e Alemanha) para ser enriquecido.
Mas desde então, o yellowcake segue para a Internexco GmbH, do grupo Rosatom, da Rússia, que realiza o enriquecimento. Enriquecido, volta ao Brasil, pelo Porto do Rio, rumo a INB, em Resende, onde é transformado em pastilhas e depois, colocado em varetas, segue para a central Nuclear de Angra a fim de alimentar os reatores de Angra 1 e angra 2.
(FOTOS – Exclusivas do BLOG – e Acervo Comunicação INB) –
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