sábado, 7 de dezembro de 2024

ANGRA 2: peça subtraída da área controlada chegou a ser colocada debaixo da veste de proteção; depois, foi atirada no lixo

 


Muito grave”, foi como a Eletronuclear classificou para a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) o caso do trabalhador terceirizado, que subtraiu uma junta metálica do gerador de vapor da área controlada de Angra 2, no dia 27/11. Segundo a Eletronuclear, o problema ocorreu, “na tentativa de retirada não autorizada da peça de dentro da área de contenção por debaixo da veste de proteção”. Por baixo da veste, como assim? Ninguém viu? 

E mais: “Após entrevista com os técnicos de proteção radiológica, foi constatado que a peça havia sido jogada no lixo depois de acionamento dos alarmes”. Jogada no lixo? Como aconteceu? A gravidade do fato que tem sido minimizada pela Eletronuclear é o primeiro que se tem notícia desde que a entrada em operação da usina em 2001.

A remoção da peça foi divulgada pela Companhia em seu site no dia 29/11, quando o blog solicitou as primeiras informações por WhatsApp, sem respostas, e também publicou a primeira reportagem. No dia seguinte, o BLOG contatou diversas fontes confirmando a informação da Eletronuclear. “O profissional temporário foi prontamente advertido com Relatório de Violação Radiológica e, devido à gravidade, foi desligado da empresa prestadora de serviço contratada para a vigésima parada de manutenção” da usina, informou a companhia, na primeira nota, dois dias depois do acontecido. 

Em nenhum momento o BLOG perguntou a identidade do trabalhador, que a companhia demitiu. O BLOG enviou uma relação de perguntas à Eletronuclear, por e-mail, e informou que fez a solicitação por WhatsApp, sem resposta até o presente momento. Fez também perguntas pelo WhatsApp. A Eletronuclear, portanto, se manteve em silêncio, em relação às perguntas enviadas, limitando-se a divulgar em seu site uma outra nota, no dia 3/12, informando que o trabalhador recebeu uma “dose em função do evento de 1% do limite anual permitido pela CNEN”.  

Em suas respostas, a CNEN informou que o caso foi classificado pela Eletronuclear como “muito grave”, o que havia sido confirmado antes por fontes. 

PEÇA COLOCADA DEBAIXO DA VESTE DE PROTEÇÃO - 

“A contaminação ocorreu por ato irregular e não autorizado perpetrado deliberadamente pelo prestador de serviço, na tentativa de retirada não autorizada de peça de dentro da área de contenção por debaixo da veste de proteção”, informou a Eletronuclear no site. Como a peça foi colocada “por debaixo da veste de proteção”, sem que ninguém percebesse?

“Apesar da contaminação superficial, o evento está dentro da normalidade dos parâmetros radiológicos das paradas de manutenção das Usinas. A diferença se dá apenas pela ação deliberada do trabalhador, que foi advertido com um Relatório de Violação Radiológica”, informou a Eletronuclear em seu site. E ação deliberada poderia ter provocado prejuízos maiores aos trabalhadores e ao meio ambiente, comentaram técnicos do setor nuclear. 

POLÍCIA E ACIDENTE DO TRABALHAO - 

A Eletronuclear deixou também de prestar esclarecimentos ao Sindiptro-RJ, conforme reportagem publicada pelo Sindicato no dia 4/12. “O que se pode refletir sobre essa ocorrência em Angra 2 é que muitas perguntas ainda não foram respondidas nos comunicados oficiais emitidos pela Eletronuclear e também nas indagações enviadas por esta reportagem para a Assessoria de Comunicação da empresa, que se limitou somente a nos enviar um link de uma nota publicada no site”, divulgou o Sindipetro-RJ. 

Segundo o Sindipetro-RJ, entre as perguntas enviadas destacam-se as seguintes: “qual é o nome da empresa contratada que opera o serviço? Se o fato é considerado acidente de trabalho, se foi emitida a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e sendo assim, se o trabalhador poderia ser desligado? Se foi aberto algum registro policial? Qual a qualificação exigida para esse tipo de serviço”, entre outras.

EIS AS PERGUNTAS ENCAMINHADAS PELO BLOG A ELETROCLEAR: 

Solicitamos informações para esta segunda-feira (02/12) sobre o caso do trabalhador terceirizado que removeu peça da usina nuclear Angra 2, como seguem: 1 – Como o trabalhador teve acesso à área controlado? 2 – Qual a função dele e atividades que desempenhava?3 – Há quanto tempo trabalhava para a companhia? 4 - Como teve tempo e condições e atirar a peça na lixeira?  5 - Pode ter havido tentativa de “furto”? A polícia foi comunicada? 6 – A companhia garante que outros trabalhadores não foram contaminados? 7 – Se o material era rejeito radioativo, por que estava em outro lugar fora da piscina? 8 – Qual a classificação do rejeito radioativo: de baixa ou média atividade? 9 – A empresa prestadora de serviço responsável pelo trabalhador foi advertida? Quais os critérios para a contratação de profissionais para trabalhar nas usinas nucleares? 10 – O profissional terceirizado foi afastado; qual a responsabilidade pela saúde dele, já que foi contaminado? 

(FOTO: ELETRONUCLEAR – ANGRA 2 - Carregamento do núcleo do reator) – 

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